Árvores e Florestas de Portugal



Paulo H

Cumulonimbus
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Desconhecia a existência de cerejeiras bravas (além das espécies que dão fruto cereja e ginja, existem as ditas de jardim, mas bravas desconhecia).

Quando coloquei num post anterior, na mesma alínea, a macieira, a pereira e o marmeleiro, é porque são enxertaveís entre si (mesma família, tal como o pessegueiro/amendoeira, ou os citrinos). Mas para mim a existência de uma espécie silvestre (brava) que se distingue das "mansas" pelo seu aspecto com bons frutos e sem espinhos, é razão suficiente para afirmar que a espécie é autoctone, pois que outra utilidade teria a espécie se fosse importada?! Certo, também existem figueiras bravas, não dão fruto comestível, mas das sementes de macieira ou de pereira não nascem árvores ditas silvestres, digo eu, nasce um meio termo, sem espinhos embora com frutos pequenos!
 
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24 Ago 2016
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Nativas que me parece ainda não terem sido referidas:

Prunus padus
Prunus mahaleb
Prunus lusitanica
Prunus spinosa
Prunus insititia

Sorbus aria
Sorbus aucuparia
Sorbus torminalis
Sorbus domestica

Amelanchier ovalis

Acer monspessulanum

Buxus sempervirens

Cornus sanguinea

Crataegus monogyna

Euonimus europaeus

Frangula alnus

Ilex aquifolium

Ligustrum vulgare

Nerium oleander

Phillyrea angustifolia
Phillyrea latifolia

Pistacia lentiscus
Pistacia terebinthus

Populus alba (?)

Pyrus bourgaeana
Pyrus communis
Pyrus cordata

Retama monosperma

Rhamnus alaternus
Rhamnus cathartica

Rhododendron ponticum

Salix alba
Salix atrocinerea
Salix caprea
Salix neotricha
Salix purpurea
Salix repens

Tamarix africana
Tamarix canariensis

Ulmus glabra
Ulmus minor

Viburnum lantana
Viburnum opulus
Viburnum tinus


A lista é tirada (embora não tenha referido todas as espécies) de um pdf do ICNF.

Primeiro tentei listar as que tenho mas depois passei ao copy/paste...
 
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frederico

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Quanto a oliveira ser ou nao nativa isto e o que penso com base no que fui lendo aqui e acola.

O zambujeiro e sem duvida nativo contudo a cultura da oliveira tera sido desenvolvida lentamente ao longo de muitos seculos de Sul para Norte.

Os autores da Antiguidade referem que no Norte da Peninsula Iberica a gordura utilizada era a manteiga e que no Sul era o azeite. Sabe-se tambem que a introducao da oliveira a norte do Mondego e tardia, tera ocorrido apos a Fundacao do Reino.

Na minha opiniao a cultura da oliveira tera comecado no litoral, especialmente no sotavento algarvio, pois foi a primeira regiao a ter contactos com povos orientais, e a ter colonias fenicias. Uma das oliveiras mais antigas de Portugal esta perto de Tavira, tem 2000 anos. Quando os romanos chegaram a cultural da oliveira ja estaria algo desenvolvida no Algarve e Alentejo, ou na Andaluzia, mas depois os romanos e os arabes ainda a desenvolveram mais a sul do Tejo.

Quanto a alfarrobeira penso ser nativa, mas a alfarrobeira bravia seria mais um arbusto, terao sido povos como os arabes a desenvolver a sua cultura.

O Algarve exportava dos melhores figos do Imperio no tempo dos romanos, e possivel que esta cultura tal como a da amendoeira ja estivesse estabelecida devido ao contacto com os povos mediterranicos, fenicios, gregos e cartagineses.

Ja a nogueira e o castanheiro sao arvores que geram muita polemica, terao sido introduzidas ou serao nativas?
 

belem

Cumulonimbus
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Quanto a oliveira ser ou nao nativa isto e o que penso com base no que fui lendo aqui e acola.

O zambujeiro e sem duvida nativo contudo a cultura da oliveira tera sido desenvolvida lentamente ao longo de muitos seculos de Sul para Norte.

Os autores da Antiguidade referem que no Norte da Peninsula Iberica a gordura utilizada era a manteiga e que no Sul era o azeite. Sabe-se tambem que a introducao da oliveira a norte do Mondego e tardia, tera ocorrido apos a Fundacao do Reino.

Na minha opiniao a cultura da oliveira tera comecado no litoral, especialmente no sotavento algarvio, pois foi a primeira regiao a ter contactos com povos orientais, e a ter colonias fenicias. Uma das oliveiras mais antigas de Portugal esta perto de Tavira, tem 2000 anos. Quando os romanos chegaram a cultural da oliveira ja estaria algo desenvolvida no Algarve e Alentejo, ou na Andaluzia, mas depois os romanos e os arabes ainda a desenvolveram mais a sul do Tejo.

Quanto a alfarrobeira penso ser nativa, mas a alfarrobeira bravia seria mais um arbusto, terao sido povos como os arabes a desenvolver a sua cultura.

O Algarve exportava dos melhores figos do Imperio no tempo dos romanos, e possivel que esta cultura tal como a da amendoeira ja estivesse estabelecida devido ao contacto com os povos mediterranicos, fenicios, gregos e cartagineses.

Ja a nogueira e o castanheiro sao arvores que geram muita polemica, terao sido introduzidas ou serao nativas?

Sim, o consumo de azeitonas, já é bastante antigo na P. Ibérica (existem vestígios de tal ter acontecido («Almagra pottery») já desde há (pelo menos) uns 8.000 anos atrás.:.

«They also consumed large amounts of olives but it's uncertain too whether this tree was cultivated or merely harvested in its wild form.»

https://en.wikipedia.org/wiki/La_Almagra_pottery

Quanto às origens da oliveira doméstica, penso que é um tema algo complexo...

Por exemplo:
https://www.researchgate.net/public...s_using_nuclear_RAPDs_and_mitochondrial_RFLPs

Tanto nogueira como castanheiro, são espontâneos na P. Ibérica. Existem desde há dezenas de milhares de anos (pelo menos), no nosso território.
Agora existem várias possibilidades, sobre se entretanto teriam ficado extintos (e depois foram reintroduzidos), ou se teriam sobrevivido em alguma parte (e posteriormente se usaram essas estirpes locais, para cultivo). Também há a hipótese de terem sobrevivido em algum lugar ou lugares, mas a variedade que se cultiva, ser a que foi reintroduzida. Neste último caso, a ser verdade, alguma mistura entre estirpes locais e não locais, também não pode ser posta de parte, pelo menos em algumas regiões (através da polinização, por exemplo).
É uma questão de consultar o que está disponível online, que até é considerável... Mas não sei se já existe algum consenso, sobre esta matéria.
 
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Paulo H

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2 Jan 2008
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Por acaso vi hoje, de madrugada, parte de um programa, na RTP3 sobre a cultura ancestral da oliveira. Influencia dos Fenícios, Romanos e outros povos que por cá passaram. Fiquei a saber que Alvito (no alentejo) pode ter origem latina "Olivetto" que significa olival.

Falou-se também da origem do zambujeiro (oliveira silvestre), sendo que pode ser encontrado não apenas no mediterrâneo. A azeitona serve de alimento a várias aves migratorias que vão "largando" as sementes. O zambujeiro vai instalar-se onde quer que se encontrem condições edafo-climáticas adequadas, não apenas no mediterrâneo, sendo até possível em Africa do Sul.

Até onde podem chegar as aves migratórias? Daí que seja difícil apurar se o zambujeiro é nativo, pois como sabemos o clima mudou muito na peninsula ibérica, sendo que o zambujeiro tem origens no quaternário, portanto, anterior à humanidade.
 

belem

Cumulonimbus
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A oliveira parece ter uma presença algo antiga na P. Ibérica, isso sim, parece ser certo. Quanto à influência de certos povos, no seu cultivo, isso penso que precisa de alguma cobertura científica (ainda que seja bastante provável, resta saber qual a amplitude). Porque em algumas zonas, a sua expansão pode ter sido muito mais recente.

Mas não restam dúvidas que o zambujeiro é nativo (mesmo no auge da Idade do Gelo, crescia na Estremadura (Portuguesa), por exemplo.
 
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Paulo H

Cumulonimbus
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A oliveira parece ter uma presença algo antiga na P. Ibérica, isso sim, parece ser certo. Quanto à influência de certos povos, no seu cultivo, isso penso que precisa de alguma cobertura científica (ainda que seja bastante provável, resta saber qual a amplitude). Porque em algumas zonas, a sua expansão pode ter sido muito mais recente.

Mas não restam dúvidas que o zambujeiro é nativo (mesmo no auge da Idade do Gelo, crescia na Estremadura, por exemplo).

O azeite era um bem valioso, tanto para gregos como para romanos (usado para fins religiosos, saúde e alimentação). Os fenícios eram comerciantes, não praticavam agricultura noutros povos. De acordo com Estragão (historiador e filósofo grego), na Peninsula ainda se usava a gordura do porco em vez de azeite. A influências dos vários povos foi importante, em termos de implementação da enxertia nos zambujeiros.

Zambujeiros já existiam (sem necessidade de propagação, pelo homem), mas para ter oliveiras teriam de ser enxertados, por gente com conhecimento.
 
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belem

Cumulonimbus
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Atenção às datações dadas para o consumo de azeitonas, na P. Ibérica. Tudo aconteceu muito antes dos Romanos ou Gregos se tornarem potências no Mediterrâneo.
Parece também que esta prática antecedeu ao uso do fruto para a produção de azeite.
Banha de porco, ainda é muito utilizada nas zonas rurais do nosso país (mesmo até no Alto Alentejo, por exemplo).


A influências dos vários povos foi importante, em termos de implementação da enxertia nos zambujeiros.

Zambujeiros já existiam (sem necessidade de propagação, pelo homem), mas para ter oliveiras teriam de ser enxertados, por gente com conhecimento.

A domesticação de variedades locais é também um tema interessante, sem dúvida. Espero que se saiba mais sobre esse assunto.
 
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Paulo H

Cumulonimbus
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Atenção às datações dadas para o consumo de azeitonas, na P. Ibérica. Tudo aconteceu muito antes dos Romanos ou Gregos se tornarem potências no Mediterrâneo.
Parece também que esta prática antecedeu ao uso do fruto para a produção de azeite.
Banha de porco, ainda é muito utilizada nas zonas rurais do nosso país (mesmo até no Alto Alentejo, por exemplo).




A domesticação de variedades locais é também um tema interessante, sem dúvida. Espero que se saiba mais sobre esse assunto.

Um historiador romano, referia que na lusitanea, eram recolhidos frutos e conservados secos para consumo ao longo do ano, tais como a cereja e a azeitona.

Lembro-me disto, a respeito do n.º de variedades de cerejeira ancestrais. Diria que nesse tempo, havia umas 5 variedades na europa, sendo que na peninsula eram conhecidas 2 ou 3. Ainda hoje existem 2 ou 3 variedades de cereja preta, vermelha (ambas pequenas) originarias dessas que os romanos referem.
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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Bem mas a Lusitania era muito extensa, incluia zonas mais secas e quentes como a Estremadura espanhola e zonas mais humidas e frescas como as nossas Beiras. A cereja cresce em qualquer serra alta, ainda hoje ha boa producao nas serras de Huelva, na famosa serra de Aracena.

Na Coreografia do Algarve do seculo XIX e referido que os vales das ribeiras de Odeleite ou do Vascao nas zonas mais ocidentais como a serra de Tavira havia ainda extensas zonas com nogueiras e castanheiros, mas que os locais cortavam as arvores para madeira e nao replantavam. Ja procurei castanheiros e nogueiras nas referidas zonas e nao encontrei nada, mas conheco vales no concelho de Odemira que ainda tem castanheiros e nogueiras.

EDIT:

Num documento do seculo XVIII e referida a producao de castanha na serra do antigo concelho de Cacela, numa zona que hoje correspondera as partes mais altas da zona do Fazfato. Numa aldeia daquela zona ainda ha memoria da existencia de castanheiros. Sei que um emigrante plantou alguns e estao a dar-se bem, mas sao regados no Verao. E conveniente nao esquecer que 200 ou 300 anos atras o Algarve era provavelmente menos quente e mais chuvoso.

EDIT 2:

Os fenicios tiveram forte presenca por exemplo em Tavira, nao seria de admirar que ao longo de seculos de trocas comerciais nao tivesse havido tambem a troca de sementes e de conhecimentos agricolas, ja que houve influencias religiosas, pensa-se por exemplo que o forte culto mariano na Andaluzia podera vir afinal da introducao do culto a Isis vindo do Oriente e trazido pelos mercadores fenicios.
 
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MSantos

Moderação
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3 Out 2007
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Aveiras de Cima
Portugal chegou a ser o 2º maior produtor do mundo de derivados de resina natural nas décadas de 70 e 80 do século XX, posteriormente entrou em declínio devido a um conjunto de factores a que não é alheio a entrada de resinas chinesas muito mais baratas.

No entanto sector está a renascer, já se começam a ver de novo os púcaros ou sacos pendurados nos pinheiros em algumas zonas, nomeadamente aqui em Leiria. A resinagem é uma importante forma de criar emprego no meio rural e valorizar as florestas, contribuindo para a vigilância e prevenção de incêndios florestais, já que a actividade implica uma grande presença humana na floresta durante os meses de Verão.

http://www.agronegocios.eu/noticias/resinagem-esta-de-regresso-a-serra-da-lousa/
https://www.facebook.com/resipinus
 

Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)


"Estamos apenas a aprender que os incêndios em torno de, grande e Góis, que começaram no fim-de-semana e continuam a arder, foram classificados como a primeira tempestade natural da Europa. Um ex-Chefe de bombeiros local disse que não viu nada como isso em 30 anos de luta de fogo. A causa próxima a ser dada para o fogo foi um ataque relâmpago durante uma tempestade sem chuva, mas a verdadeira causa não é um desastre natural. Isto foi um acidente de 100 % feito pelo homem, à espera de acontecer.

As florestas que cobrem esta área são plantações de Pinheiros e eucalipto. Ambas as espécies têm uma ecologia de fogo. Em outras palavras, eles evoluíram com fogo e usam fogo para se reproduzir. Não podes cultivar estas árvores e não esperar incêndios! Durante as condições de seca e as altas temperaturas, estas florestas dão origem a óleos voláteis que formam uma mistura explosiva que só leva uma faísca para inflamar.

Mesmo em condições menos incendiário, estas espécies foster uma ecologia de floresta seco seca com bosque igualmente inflamáveis. Estas florestas acontecer muito menos água do que as florestas de caducifólias caducifólias. Isto, por sua vez, significa menos chuva. O que, por sua vez, significa um ambiente mais seco. É um círculo vicioso.

Como Ernst Götsch disse tão sucintamente, " um chuva, é planta-la!" a chuva deve ser plantada.

Esta foto mostra graficamente a diferença entre o que acontece em um incêndio florestal a pinho e eucalipto e às florestas de carvalhos original originais desta região. Não é necessário fazer mais comentários."

Os incendios mais preocupantes pelo distrito de Santarém são os de Constancia, em Santa Margarida da Coutada, que está com 88 operacionais e 20 veiculos e o da Chamusca, Ulme com 41 operacionais e 11 veiculos.
 

Agreste

Furacão
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29 Out 2007
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Terra

que outras culturas se mostram aptas para substituir o eucalipto com alguma rentabilidade para os proprietários?
ninguém vai ficar sentado na soleira da porta 50 anos à espera dos carvalhos ou dos castanheiros.

estas aldeias só existem se tiverem gente.
a terra só é ocupada se tiver rentabilidade.

um projeto de rentabilidade. Os eucaliptos servem esse propósito.