Artigo com referência à queda de meteoritos em Portugal:
" (...) Ainda em 1796, Robert Southley, poeta Inglês veio a Portugal
para visitar seu tio que residia em Lisboa e aproveitou para conhecer o País. Um ano depois, de regresso a Inglaterra, escreveu um livro onde descrevia um fenómeno testemunhado em Évora: “Na tarde do dia 19 de Fevereiro de 1796, próximo de Évora, uma pedra de 10 libras caiu do céu”, chegou mesmo a descrever a amostra como de cor de chumbo da qual hoje se desconhece o paradeiro. Esta seria a primeira referência à queda de um meteorito em território Nacional.
Em 1845, eram descritas pelo Professor António Macedo Pinto num periódico local, duas pedras que teriam caído em Picote, Miranda do Douro, no final do mês de Setembro de 1843. Pesavam 1125 g e 440 g e tinham 3.45 e 3.61 de densidade respectivamente, também destas amostras se desconhece o paradeiro.
Em 1877, no decurso de trabalhos agrícolas, foi encontrado em S. Julião de Moreira, perto de Ponte de Lima, enterrado na camada superficial de granito desagregado, um meteorito já muito alterado com aspecto ferruginoso que pesava na altura da sua descoberta cerca de 162 kg. A maior parte das amostras provenientes deste meteorito estão em parte incerta, algumas encontram-se em exposição em Museus de todo o Mundo. Em Portugal existe uma no Instituto Superior Técnico pesando aproximadamente meio quilograma.
Em finais de 1924 ocorreu uma chuva de meteoritos na zona fronteiriça de Olivença. Alguns fragmentos caíram em território Português, um em Castelo de Vide que se encontra no Museu Mineralógico da Universidade de Coimbra e outros menores em exposição nos Museus de Elvas, da Universidade do Porto e da Universidade de Lisboa. O conhecido meteorito de Chaves caiu em Vilarelho da Raia a 3 de Maio de 1925 com uma massa total de 2.9 kg.
A 23 de Agosto de 1950, acompanhada de forte explosão deu-se a queda de um meteorito no Concelho de Santiago de Cacém, mais precisamente em Monte das Fortes. Os fragmentos dispersaram-se entre Alvalade e Ferreira do Alentejo. Cinco destes estão conservados no Museu do extinto Instituto Geológico e Mineiro, agora parte Integrante do INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação.
A penúltima queda de meteoritos em Portugal aconteceu em 1968, a 14 de Novembro, segundo o relatório do Serviço Meteorológico Nacional, o corpo terá caído na Herdade de Tenazes, no Alandroal e o meteoro que o precedeu fez-se avistar pelo clarão produzido durante 1 a 3 segundos. O meteorito foi encontrado cerca de 10 minutos depois, ainda incandescente e assim continuou até 4 horas depois do embate com o solo. Foi retirado no dia seguinte ainda quente, pesava 25,25 kg.
A última queda de que há registo aconteceu no dia 28 de Dezembro de 1998, pela 1 hora da madrugada caiu, a Sul de Ourique, no Monte Carapetel, Aldeia de Palheiros, um meteorito que ao embater na atmosfera terá provocado um grande clarão e dois estrondos audíveis pelos habitantes, um mais forte e outro mais fraco que poderão corresponder à passagem na baixa atmosfera e o impacto no solo, podendo, no entanto, também corresponder à queda de dois fragmentos.
Depois do impacto o corpo fragmentou-se em vários pedaços ficando dispostos em leque, o maior pedaço recolhido pesava 2.6 kg, entre outros que terão sido recolhidos pelos habitantes. Calcula-se que o meteorito tivesse um diâmetro de 25 cm e pesasse 30 kg. O Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa conseguiu recuperar quatro fragmentos dos quais o maior que se encontra à guarda do Museu Nacional de História Natural. (...)"
Fonte:
http://studiobox.pt/revista/meteoritos/