Cabra-montês (Capra pyrenaica)



MSantos

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3 Out 2007
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Aveiras de Cima
Deixo aqui mais um exerto de "El hombre y la Tierra" de Felix Rodríguez de la Fuente.

Um cabrito montês a ser caçado e transportado por uma impressionante águia real na Sierra de Cazorla em Espanha.:shocking:

 
Editado por um moderador:

Johnny

Nimbostratus
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19 Dez 2007
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Agora... em Braga (Tibães, a 50m alt.)
Cabras selvagens na Serra do Gerês ( por Rui C. Barbosa, em "Blog dos Carris"- http://carris-geres.blogspot.com/):

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Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Que espectáculo de vídeos Johnny :shocking:, só é pena estarem muito tremidos.

O Gerês já parece o Serengeti com manadas de milhares de gnus. Aqui ainda não serão milhares, mas já umas boas centenas de cabras montês.

Como será que se dá a dispersão de indivíduos nesta espécie? De certeza que aquele grupo teria tanto machos como fêmeas, por isso não será como noutras espécies onde um macho controla um harém e todos os outros têm de dispersar por outras áreas.

Não sei quantos grupos diferentes há no PNPG, mas tinha impressão de haver pelo menos um grupo na Serra Amarela e talvez dois no Gerês (Portela do Homem e Pitões das Junias). Pelo que se percebe no vídeo, este grupo tem mais que uma centena de animais, o que parece indicar que esta espécie ocorre em poucas populações, tendo estas uma grande densidade. Bem diferente da situação do corço por exemplo, onde temos animais solitários espalhados por uma grande extensão, mas com baixa densidade de efectivos. Diferentes espécies, diferentes formas de organização.
 

lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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Alguém tem dados se a Cabra já passou para o lado do PNPG, mas no concelho de Montalegre?

Será interessante perceber para onde se irá dar a expansão desta população, uma vez que a sua presença está directamente associada aos afloramentos rochosos de altitude.

Como é na Galiza o padrão de distribuição em função do habita?
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Sim, há indicações de um grupo em Pitões das Junias, extremidade do PNPG do lado de Montalegre.

Na Galiza penso que esta espécie apenas se encontra no Xurês (a mesma população portuguesa) e no parque do Invernadeiro, que fica a uns 20 km do Montesinho.

Ainda não consegui tirar a dúvida se no Invernadeiro os animais estão apenas em cercados ou se também há populações em liberdade (já vi as duas indicações).
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Já se sabia que esta espécie também não ia escapar à caça furtiva. :(


El Equipo del Servicio de Protección de la Naturaleza (Seprona) de la localidad ourensana de Lobios localizó en las proximidades del Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés, en un basurero del paraje conocido como Alta do Couto, siete cráneos de cabras montesas (capra pyrenaica) y uno de Muflón (Ovis Musimon).
http://www.laregion.es/noticia/114761/lobios/parque/natural/xures/geres/hallazgo/animales/muertos/


Um ponto curioso nesta notícia é o crânio de muflão que também foi encontrado. De onde será que veio? Há muflões no lado espanhol do Gerês? Nunca tinha encontrado nenhuma indicação disso.
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Capra_range_map2.jpg



As diferentes espécies de cabra que existem no mundo. Neste momento só existem duas espécies nativas da Europa, a nossa pyrenaica e a ibex dos Alpes.

A cabra doméstica que se espalhou por todo o mundo tem origem na espécie aegagrus da Pérsia.
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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INVENTÁRIO DOS REBANHOS DE CABRAS ASSILVESTRADAS NO PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS
2010

A presença de cabras domésticas pode ter efeitos negativos nas populações de cabra montês, quer por competição, quer pela transmissão de agentes patogénicos partilhados por ambas as espécies. Sabendo-se que no PNPG existem alguns rebanhos de cabras assilvestradas na proximidade de zonas de ocorrência da cabra montês, torna-se urgente avaliar a população das primeiras.

A informação foi obtida através de entrevistas informais com habitantes locais que conhecem a história e o estado actual dos rebanhos de cabras assilvestradas. Sempre que possível o efectivo de cada rebanho foi confirmado por observação directa.

Na área do PNPG foram identificados 10 rebanhos de cabras assilvestradas, sendo 5 confirmados por observação directa, 4 dados como prováveis e 1 como possível. De acordo com a informação recolhida, a população total de cabras assilvestradas no PNPG deverá ter cerca de 73-76 indivíduos. A aparente tendência não expansiva dos rebanhos parece ser devida à falta de recrutamento devido a uma baixa taxa de sobrevivência dos cabritos e ausência de machos em vários rebanhos.

A existência de rebanhos de cabras assilvestradas parece ser relativamente recente no PNPG e ter origem no declínio da caprinicultura tradicional. A gestão desta população deve ter em conta a forte ligação dos antigos proprietários a estes rebanhos. São discutidas as seguintes hipóteses de estratégia de gestão:

1) Não actuação: esta abordagem tem a vantagem de não criar conflitos com a população local, mas o risco para as espécies selvagens declinaria lentamente.

2) Remoção total: esta abordagem permitiria eliminar a curto prazo o risco para as espécies selvagens, no entanto encontraria a oposição, previsivelmente forte, da população local.

3) Remoção selectiva:
i) Eliminação dos machos: permitiria acelerar um pouco o declínio dos rebanhos, no entanto não deveria ter grande impacto na redução dos riscos para os ungulados selvagens.
ii) Eliminação dos rebanhos mais problemáticos: esta hipótese permitiria reduzir rapidamente os riscos para os ungulados selvagens, mantendo-se no entanto o médio prazo para a eliminação total dos rebanhos.
http://80.172.226.68/NR/rdonlyres/C...EB9CC1BAD6/0/Est_popul_cabras_assilv_PNPG.pdf

Não conhecia este problema.

Penso que a eliminação dos machos seria suficiente para resolver a situação em pouco tempo. Sem reprodução e com lobos por perto, esses rebanhos desapareceriam sem grande dificuldades.
 

Seattle92

Nimbostratus
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Eram 75 e agora já são 450 cabras do Gerês
QUARTA-FEIRA, 9 DE FEVEREIRO DE 2011

A cabra do Gerês está em franca recuperação existindo já 450 indivíduos quando, em 2003, eram apenas 75 exemplares — revela um estudo publicado na revista National Geographic deste mês.
No terreno, a bióloga Gisela Moço descreveu, em 2003, 75 cabras na região entre Pitões das Júnias e o Gerês.

“Quatro anos mais tarde, a população já seria de 300 animais e os últimos dados obtidos no início de 2010 apontam para um total de perto de 450 indivíduos” da “Capra Pyrenaica victoriae” que esteve quase em extinção.

Em 1998, existiam apenas vinte animais em dois cercados espanhóis, muito perto da nossa fronteira, e a “fuga de três indivíduos num destes cercados e a libertação, entre 2000 e 2001, de mais 25 animais, terão constituído o núcleo da espécie em território português”.

O relevo do terreno e uma dieta generalista facilitaram o seu reaparecimento rápido e aumento da população — escreve o estudo da revista National Geographic que conclui: “a população está segura e o futuro parece garantido” para a cabra do Gerês no vale onde corre a ribeira dos Fornos e vai pastar ao Pitão da Carvalhosa.

O biólogo Armando Loureiro revela à revista a existência de três núcleos de cabras, um a poente com a Serra Amarela-Cabril, outro nos picos mais altos do Gerês e outro a nascente, em Pitões das Júnias.
http://terrasbouro.blogspot.com/2011/02/eram-75-e-agora-ja-sao-450-cabras-do.html


As últimas contagens de 2009 falavam de um número entre 300 e 400. Pelos vistos continuam a aumentar.

Um pormenor importante é que existem 3 núcleos bem distintos. É importante quando se fala de uma população ainda com tão poucos elementos, um surto de qualquer doença podia eliminar toda a população de uma só vez...
 

Seattle92

Nimbostratus
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Aqui está um depoimento engraçado, mas ao mesmo tempo triste sobre as atitudes de pessoas com responsabilidades nesta área.

Aí por volta de 1994/95 (o erro não pode ser grande), eu, um colega meu e um responsável do PNPG, de quem esse colega era amigo, fomos visitar a cerca, em Torneros (Lobios), Espanha, onde estavam em estudo e adaptação alguns exemplares da “capra pyrenaica victoriae”, trazidos precisamente de centros de recuperação espanhóis.

O que recordo dessa visita são, sobretudo, as críticas - profunda, ecológica e cientificamente sentidas - do sr. engenheiro que nos acompanhava, acusando os nossos vizinhos galegos de insensibilidade ambiental, de ignorância e de trapalhice, por introduzirem (nas proximidades do santuário geresiano, deus nosso!) uma espécie trazida dos Pirenéus, parente mais ou menos afastada da autóctone cabra do Gerês, é certo, mas exógena às caractrerísticas florestais, ambientais, climáticas... desta região, e que viria, por certo (na sua mui douta sapiência), provocar desequilíbrios no ecossitema presente!

Podeis estar absolutamente seguros de que aquilo que, inicialmente, foi malquisto pelo purismo ambientalista do PNPG é, agora, a menina dos seus olhos, a pérola mais valiosa, o único troféu que tem para exibir em 40 anos de existência... afinal, fruto de um "crime" ambiental dos nossos amigos galegos.

A introdução - animal, planta ou calhau - jamais poderia ter acontecido por iniciativa do Parque Nacional, cuja política se tem cingido a não intervir, mesmo que a intervenção seja de valorização, a não mexer, a não fazer nada... São dezenas e dezenas de técnicos, entre biólogos, zoólogos, botânicos... engenheiros ambientais, florestais, paisagísticos... só para proibir, proibir, proibir...
http://passaarao.blogspot.com/



PS: "Engraçado" no sentido de nos provar uma suspeita que já tínhamos. Se depender de Portugal, nada será feito. Pode ser que a história se repita com a camurça.