Diferença de temperatura (In)explicável

dgstorm

Nimbostratus
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3 Fev 2008
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Vila Verde (79m) - Braga
Bom tópico :)

Não raras vezes no Inverno em situações de inversão témica, quando vou de Melgaço para Braga à noite, é ao chegar à zona de Vila Verde onde registo a mínima de toda a viagem. Já há muitos anos que constato sucessivamente esse "fenómeno". Isto leva-me a pensar que o vale do Rio Homem funcionará como uma espécie de drenagem do ar frio da zona do Gerês fazendo-o descer desde as serras do interior e encaminhando-o até à zona de Vila de Verde.

Coloco uma imagem do Google Earth usando um terrain exageration de 3 para se poder ver melhor.

00003nov151624ii1.jpg

Nunca tinha pensado nessa situação... De facto poderá ser uma possível explicação :intrigante:
Essa imagem e as do filipept estão muito porreiras, consegue-se observar toda a imensidão do vale e das montanhas :thumbsup:
 


HotSpot

Cumulonimbus
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20 Nov 2006
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Moita, Setubal
Deixo aqui os gráficos com o máximo detalhe das últimas 2 noites.

Foram noites na sua grande maioria sem vento, mas mesmo quando apareceu fraco o resultado:

14vd6.jpg


15gy8.jpg


A apenas 1 km daqui a escola secundária da Moita que está 10 metros mais elevada e mais perto do rio, teve um vento constante de aprox 5 km/h e a minima não desceu dos 5ºC. Mais 1 vez, 1 km.

Acontecem n situações destas no país em centenas de locais, nestas condições de céu limpo e ausência de vento.
 

rozzo

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11 Dez 2006
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Como diz o HotSpot, isto basta andar uns metros ao lado nestas noites para tudo mudar, por isso teremos sempre 1001 sítios para discutir em relação a isto!
:rolleyes:
Só para exemplo, esta noite estive em Sintra, e então como tinha termómetro no carro e estava mesmo ali ao lado.. Deu-me a curiosidade de finalmente ver porque raio a estação da Base Aérea de Sintra tem mínimas tão mais baixas..
E pronto realmente toda aquela planície vasta no meio dos montes, está brutalmente mais fria do que logo ao lado. Bastou descer nem 5km da saída de Sintra em direcção a Mafra para a temperatura descer de cerca de 10º para 5º ali onde é a base. E subindo de volta em direcção a Mira-Sintra onde o Gilmet tem a sua estação, também num ápice a temperatura subiu uns 4º.
Já de volta a Oeiras, mais do mesmo. Aqui onde está a estação do fsl a temperatura marca 10/11º, e nem 500m ao lado, num pequenissimo vale da ribeira que por aqui passa, estavam 7/8º.. Em 500m no máximo!
Daqui se conclui mais uma vez que é muito "inglório" escolher ou afirmar que determinado local é ou não bom sítio para representar a temperatura da zona envolvente neste tipo de condições.. As mudanças são demasiado grandes em espaços demasiado pequenos!
:D

E também.. Que podemos passar a nossa vida a arranjar exemplos destes que estão a ser discutidos neste tópico! ;)
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Só para exemplo, esta noite estive em Sintra, e então como tinha termómetro no carro e estava mesmo ali ao lado.. Deu-me a curiosidade de finalmente ver porque raio a estação da Base Aérea de Sintra tem mínimas tão mais baixas..


Hehe, podias ter avisado. Nas últimas 2 madrugadas fiz um circuito pela zona a medir temperaturas, por volta das 2:30/3:00 da manhã depois de ir beber um copo ao Mourisca Bar. Se calhar até passámos um pelo outro :lmao:

A madrugada de ontem foi fraca, pelo menos às 3:00 algum vento mesmo muito fraco impediu uma boa inversão, aos 300m de altitude na encosta da serra (junto ao Mourisca) a temperatura era a mesma que 100 ou 150 metros abaixo. Ontem sim, já se notou a diferença de uns 2ºC. Da IC19 até Mem Martins como vai subindo gradualmente, a temperatura sobe 1ºC e depois passado um alto quando se desce para BA Sintra vai sempre descendo bem, uns 2/3ºC.

maprm2.jpg
 

rozzo

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11 Dez 2006
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Vai na volta andávamos de carro ao pé um do outro a olhar para o termómetro! ehehe
Pois, esse mapa ilustra bem o que disse ;)
Onde é mais significativo é ali no espaço curto entre a Base Aérea e a zona Algueirão-Mem Martins. Há ali uma estrada nacional que passei ao acaso que vai da zona baixa junto à base, e depois sobe rapidamente em direcção a Mira-Sintra/Belas, e aí é notável a diferença em centenas de metros. Não parei o carro para ver, mas pareceu-me bastante ver os carros nessa zona baixa com geada. Afinal depois a mínima foi mesmo à volta dos 2º esta madrugada na BA. Pena ao f-d-s não terem registos na net das 00h :angry:
Como o mapa mostra é mesmo uma zona ali metida no meio, semelhante àquela que aqui foi posta de Braga (claro com elevações menores). E também aqui desconfio que este frio que se forma na zona é escoado para W em direcção ao litoral a N de Sintra, pois há uma larga "abertura" entre a serra de Sintra e os montes mais a Norte..

Agora falta fazer uma "saída de campo" semelhante na Margem Sul, para desmistificar a da Praia da Rainha..
:lmao:
E muitas outras, situações destas há ao pontapé..
E aqui já tou a excluir as óbvias dos pequenos vales de riachos, como Jamor, Lage, etc.. Isso é mesmo só uma faixa estreita..
Casos como estes que tamos aqui a falar são muito mais interessantes, pois são áreas largas, não apenas pequenos vales, e que ainda por cima acabam por "escoar" o frio lá formado para zonas à partida esperadas menos frias..
:p
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Sim, embora estes casos aqui mais próximos sejam mais fascinantes do que regiões com vales e montanhas por esse país fora onde é tudo mais óbvio que para estes lados com relevos bem mais modestos, o UHI dos centros urbanos e proximidade do mar. Mas também estou em pulgas para saber da Praia da Rainha, embora aí como falámos noutro dia, deve entrar na equação o solo eventualmente arenoso onde está a estação.

Já agora outra coisa interessante, nesta zona de Sintra pratica-se muito o voo de planadores, presumo que a mesma zona tenha excelentes térmicas, ou seja, a mesma terra que arrefece bem nas noites longas de céu limpo e sem vento durante o dia deve gerar umas boas térmicas quando os solos aquecem.
 

stormy

Super Célula
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7 Ago 2008
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Vai na volta andávamos de carro ao pé um do outro a olhar para o termómetro! ehehe
Pois, esse mapa ilustra bem o que disse ;)
Onde é mais significativo é ali no espaço curto entre a Base Aérea e a zona Algueirão-Mem Martins. Há ali uma estrada nacional que passei ao acaso que vai da zona baixa junto à base, e depois sobe rapidamente em direcção a Mira-Sintra/Belas, e aí é notável a diferença em centenas de metros. Não parei o carro para ver, mas pareceu-me bastante ver os carros nessa zona baixa com geada. Afinal depois a mínima foi mesmo à volta dos 2º esta madrugada na BA. Pena ao f-d-s não terem registos na net das 00h :angry:
Como o mapa mostra é mesmo uma zona ali metida no meio, semelhante àquela que aqui foi posta de Braga (claro com elevações menores). E também aqui desconfio que este frio que se forma na zona é escoado para W em direcção ao litoral a N de Sintra, pois há uma larga "abertura" entre a serra de Sintra e os montes mais a Norte..

Agora falta fazer uma "saída de campo" semelhante na Margem Sul, para desmistificar a da Praia da Rainha..
:lmao:
E muitas outras, situações destas há ao pontapé..
E aqui já tou a excluir as óbvias dos pequenos vales de riachos, como Jamor, Lage, etc.. Isso é mesmo só uma faixa estreita..
Casos como estes que tamos aqui a falar são muito mais interessantes, pois são áreas largas, não apenas pequenos vales, e que ainda por cima acabam por "escoar" o frio lá formado para zonas à partida esperadas menos frias..
:p

é o mesmo que acontece em bucelas, loures e na depressao do sado .
 

rozzo

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11 Dez 2006
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Pois é, pelo que tive a ver, a estação do IM em Setúbal penso que seja um nada a Norte da cidade, a uns 3km do mar em direcção a Palmela..
Daí as grandes diferenças para estações como a do Miguel.
Há ali um grande gradiente entre mar e terra mesmo.
E se for assim, mais uma a comprovar que a zona da margem Sul onde se extende a "bolha de ar frio" nestas noites de inversão é bastante vasta.. Aliás, provavelmente prolonga-se para E,NE e SE ao longo de toda aquela vasta planície.

Sim a da Praia da Rainha mata-me de curiosidade, mas realmente imagino que ali entre muito factor muito local do solo onde está situada a estação.. É como a do Cabo Raso, que está basicamente sobre pedra, e em períodos da noite que o vento pára, isolando um pouco o local de toda a envolvente marítima, também há valores um pouco mais baixos do que seria de esperar..

Pois Vince, é frequente realmente no Verão ver ali pessoal na zona da Praia Grande, Magoito, etc a fazer voos desse tipo. Lembro-me de no Magoito (penso eu) estar montes de tempo um tipo na arriba em cima da praia, sinceramente já não me lembro bem com que material, mas penso que sem motor, ali montes de tempo parado a planar!
Deve ser mesmo propício por vários factores. Há quase sempre ar a convergir para terra por causa das brisas. Que logo de seguida já é obrigado a subir por causa das encostas, e depois ainda mais com o solo aquecido, ainda mais favorável.. Imagino que seja isso..
;)
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Encontrei um estudo sobre este assunto mesmo para a minha zona:


CONTRASTES TÉRMICOS NOCTURNOS E ACUMULAÇÃO
DE AR FRIO EM ÁREAS URBANAS DO SUL DA PENÍNSULA DE LISBOA

António Lopes
Finisterra, 1998

Resumo
A moderna topoclimatologia ajuda a reconhecer algumas das limitações climáticas
locais e a resolver problemas que hoje se colocam ao planeamento urbano e ao ordenamento bio-
fisico do território. Com o recurso a um SIG, este trabalho pretendeu reconhecer alguns dos
padrões térmicos nocturnos do sul da península de Lisboa. O arrefecimento radiativo em áreas
topograficamente deprimidas pode ocasionar episódios de frio que levam ao desconforto térmico
dos indivíduos e a um excessivo consumo de energia para aquecimento. Estimou-se que 35% das
áreas urbanas estão no fundo dos vales, onde há forte probabilidade de ocorrência de lagos de ar
frió, e que as temperaturas são, em média, 1°C mais baixas do que ñas urbanizações que se
encontram noutras posições topográficas



Introdução
Através de vários estudos efectuados em áreas urbanas e suburbanas, tem-se pro-
curado identificar algumas limitações climáticas que afectam os indivíduos e que o pla-
neamento urbano e o ordenamento biofísicp do território não devem ignorar. Em tra-
balhos anteriores, procurou-se reconhecer alguns fenómenos atmosféricos locáis, como
os ventos induzidos termicamente e o sistema de drenagem e acumulação de ar frío no
fundo dos vales (LOPES, 1994b e 1995).
Em primeiro lugar, o arrefecimento nas noites anticiclónicas de inverno pode oca-
sionar episódios de frio, nas áreas topograficamente deprimidas, que levam ao descon-
forto térmico dos indivíduos (sobretudo daqueles que habitam em casas que nâo estäo
preparadas para o frió) ou a um excessivo consumo de energia para aquecimento.
Por outro lado, as noites anticiclónicas, calmas, sem nebulosidade e com urna forte
estabilidade atmosférica, são propicias ao aparecimento de ventos fracos (inferiores a
3m/s), que podem transportar gases extremamente nocivos para áreas ocupadas pelo
homem (BLUMEN, 1990, p. 2).
Os vales situados a oeste da cidade de Lisboa merecem urna atenção particular
porque, para além da forte ocupação humana, são atravessados por urna das vias de
maior tráfego automóvel da região: a auto-estrada Lisboa-Cascais (fig. la). A estabili-
dade atmosférica e a circulação automóvel são dois dos principais factores que contri-
buem para o aparecimento dos níveis mais elevados de poluição nas cidades e áreas
suburbanas (ANDRADE, 1996, p. 64), tornando-se, portante, imperioso conhecer o com-
portamento da camada limite da atmosfera e, sobretudo, a sua relação com o relevo e
com as componentes humanas e naturais que ocupam a superfície.
Neste trabalho procura-se determinar quais são as principais variáveis topoclimáti-
cas que explicam a variação espacial das temperaturas nas noites anticiclónicas de
arrefecimento radiativo e a extensão, em área, de um dos padrões térmicos mais carac-
terísticos: os lagos de ar frio no fundo dos vales.
Por outro lado, pretende-se dar continuidade à criação de documentos com interes-
se para o planeamento urbano. Por este motivo a área sobre a quais este estudo incide
corresponde aos limites da folha 430 (Oeiras) do mapa na escala 1:25 000.
Esta área do sul da península de Lisboa é caracterizada por vales orientados no
sentido norte/sul, com um relevo mais movimentado a leste e relativamente mais plano
a oeste (fig. la, p. 26). Os topos nao ultrapassam 220 m de altitude, observando-se, local-
mente, um desnível superior a 100 m entre as áreas mais elevadas e o fundo dos vales.
No sul, o litoral contacta com o oceano Atlântico e o estuário do Tejo. Os maiores aglo-
merados urbanos (Cascais, Oeiras, Queluz e a cidade da Amadora) servem, sobretudo,
de dormitórios a milhares de pessoas que se deslocam diariamente para a capital.

pic-1.jpg
Link: (PDF)
http://www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/1998-66/66_02.pdf
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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E mais um do mesmo autor, parece que gosta desta zona
Este parece muito interessante pois aborda os processos com algum detalhe, com algumas coisas que desconhecia.

DRENAGEM E ACUMULAÇAO DE AR FRIO EM NOITES DE
ARREFECIMENTO RADIATIVO.
UM EXEMPLO NO VALE DE BARCARENA (OEIRAS)

António Lopes
Finisterra, 1998

Resumo - O sistema de drenagem do ar frio em noites anticiclónicas, calmas e sem
nebulosidade, é um fenómeno climático ainda pouco estudado em Portugal. Esta
nota apresenta os primeiros resultados de urna investigação levada a cabo no vale
de Barcarena, através de duas campanhas de medição. A drenagem do ar frio ocor-
re intermitentemente desde o por ao nascer do Sol. Os lagos de ar frio possuem urna
dupla alimentação: in situ, por irradiação e por alimentação do ar frio que drena
nas vertentes. A flutuação da espessura destes lagos deve-se à maior ou menor
intensificação da drenagem e à rugosidade do solo.


Link (PDF):
http://www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/1995-5960/5960_09.pdf
 

rozzo

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11 Dez 2006
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Já estive a dar uma olhada nos dois, e gostei particularmente do segundo..
Não tanto pelos resultados, pois estão bem, mas são apenas a confirmação do que a teoria do trabalho refere antes. Não tentam inventar ou descobrir a pólvora.
;)
Gosto particularmente da "teoria". Acho que está muito bem estruturado e acima de tudo numa linguagem fácil de compreender, e com muito boas ilustrações. Explica coisas "básicas" disto que provavelmente não saberíamos, e que vão "desmistificar" e explicar muita coisa falada neste tópico, nomeadamente comportamentos estranhos de estações em encostas..
Acho que todos os interessados deste tópico deviam ler o trabalho com atenção, pois não é "chato" de ler, e vai elucidar muito.
Sem dúvida! ;)

Quanto ao primeiro, tenho de ver com mais atenção para comentar melhor, mas em termos de ideia parece-me interessante, e também em objectivo, certo.. Mas parece-me demasiado pretensioso obter resultados tão específicos como os que são concluídos, com apenas 2 dias de resultados!
:unsure:
Certo que no outro trabalho também só há 2 dias de estudo. Mas como disse, não pretendem descobrir nada, apenas fizeram medições em 2 dias que de facto são bons exemplos da teoria. E que não saíram das expectativas.
No caso do primeiro estudo, para tentar elaborar algo assim, teriam de ter uma base de dados e observações longa, e muito mais fiável.. Dois dias não são nada.. A meu ver parece-me absurdo tentar obter um modelo estatístico que preveja comportamento das temperaturas, quando na verdade não há base estatística, apenas 2 dias!!!! Se de facto houvesse uma série longa de dados, aí sim, teríamos estatística, e sim, era plausível, é sem dúvida verdade, que acoplar modelos estatísticos para previsão e afins pode ser uma ferramenta muito útil...
E além disso, os métodos, pelo que entendi numa primeira abordagem, são ferramentas de Sistemas Informação Geográfica que a meu ver embora óptimos para tratar e apresentar dados espaciais, não chegarão para dar aqueles "saltos" que dão até às conclusões..
Daí parecer-me menos credível este, não em conceito, nem em objectivo, mas sim em veracidade das conclusões específicas..
Mas vou ler melhor...
:thumbsup:
 

Fil

Cumulonimbus
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26 Ago 2005
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Bragança (740 m)
Mas Carrazêda de Ansiães deve ser de facto a estação mais "estranha" da rede do IM, veja-se o gráfico desta última noite:
carrazedaky2.png


Às 20h já tinha apenas 3ºC e 3h depois, em plena noite, a temperatura sobe para 9ºC :confused: Depois a temperatura volta a descer durante a madrugada mas já não alcança o valor das 20h, e parece que está a acontecer mais ou menos o mesmo esta noite...

Aljezur (entre outras localidades) voltou a ter mínima negativa esta noite.
 

Dan

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26 Ago 2005
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Bragança (675m)
Parece ter havido uma boa relação com a intensidade do vento.



Falta, no entanto, explicar esse comportamento do vento. Principalmente quando este comportamento se vai repetindo.
Parece observar-se um período de calma que se segue ao pôr-do-sol, para depois a intensidade do vento voltar a subir. Esta situação de calma poderá estar relacionada com o momento em que se dá a passagem de uma brisa ascendente, predominante no período diurno, para uma brisa descendente, predominante no período nocturno. Ou seja, o momento em que a primeira já cessou e segunda ainda não se faz sentir.

Mas sem o conhecimento do local é complicado avançar com qualquer tipo de explicação.
 

vitamos

Super Célula
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11 Dez 2007
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Estarreja
Estou a acompanhar este tópico atentamente, e é de facto muito interessante. Tanto quanto intrigante.

Desde sempre foi prática corrente, fazermos referências neste fórum aos valores do IM. Não menos vezes observamos membros a referirem que as suas temperaturas se aproximam da referência dos valores do IM e que por isso os valores são reais. Por vezes afastam-se e existe uma certa frustração e a desconfiança dos seus valores. Por outro lado observamos dois factos: Que mesmo estações do IM próximas podem divergir bastante e que estações de membros do fórum também divergem entre si. Fomos vendo também que estas discrepâncias, na sua maioria, não são causadas por qualquer limitação técnica significativa.

Nem de propósito temos vindo a assistir a pormenores impressionantes nestes últimos dias, que sendo calmos e algo desesperantes para nós, têm-se revelado contudo extremamente interessantes do ponto de vista da temática aqui descutida. Por um lado valores negativos da temperatura mínima, sobretudo em vales e lugares mais "isolados", temperaturas mais altas em algumas zonas montanhosas e ambientes citadinos. Por ventura nada de especial, não fosse as diferenças serem muito significativas e a acontecerem de Norte a Sul do país.

Mais duas achegas à discussão: Vivi em Lisboa durante muitos anos. Embora durante esse período não tivesse conhecimento das temperaturas nos diversos locais, era quase empírico (mesmo em conversas banais do dia a dia) que o Centro era mais quente que a periferia, que quando se chegava ao Lumiar indo para Norte que era ver os termómetros a descer, que quem vivia em zonas ainda em desenvolvimento na Linha de Sintra ia vendo geadas e congelava pela manhã, dos "brióis" matinais da Costa da Caparica.
Ora quem fala destas variações numa zona como Lisboa e todo o caos citadino existente, que poderá dizer de "n" locais de diferentes características no país?

Só mais um exemplo final: O sítio onde vivo - Coimbra.

À partida pareceu-me uma cidade desinteressante do ponto de vista meteorológico, mas rapidamente mudei de opinião, à medida que fui tendo registos e os fui comparando com outras estações. Entre as duas estações do IM existem variações significativas que se acentuam para a minha estação e para, por exemplo, a estação amadora de São Silvestre. Mesmo na área mais urbana, é visível muitas vezes que no local onde habito em zona abrigada pelos prédios existentes, as manhãs são mais amenas e que menos de 1000 metros mais à frente na encosta dos Montes Claros, existe frequentemente geada nos dias mais frios... Nesse curto espaço existem certamente diferenças de temperaturas. Por outro lado, ainda no Domingo me desloquei da parte mais alta da cidade para a Estação de Coimbra B junto ao rio e a diferença era algo de bastante surpreendente, do "agradável" ao "nitidamente mais frio". Só faltou o termómetro para comprovar :(

Isto tudo para uma pequena reflexão/conclusão: Isto das temperaturas é mesmo muito complicado, por mais rigor que possamos aplicar aos nossos registos. Dizer, por exemplo, que a mínima na cidade de X é Y,YºC é algo de muito subjectivo. E embora não totalmente esclarecedores, os estudos do tipo dos que foram aqui postados, parecem ser o melhor caminho para compreensão dos fenómenos específicos que ocorrem ao nível local ;)
 

rozzo

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11 Dez 2006
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Alcochete/Lisboa
Parece ter havido uma boa relação com a intensidade do vento.
Falta, no entanto, explicar esse comportamento do vento. Principalmente quando este comportamento se vai repetindo.

Em relação a isso, e não que seja explicação para todos os casos, mas uma boa e provável possibilidade, está muito bem explicada no 2º artigo que o Vince aqui colocou ontem.
Lê com atenção a parte dos CICLOS que ocorrem várias vezes à noite nos vales, e dos "cinturões térmicos"..
;)