Esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris)

DMigueis

Cumulus
Registo
22 Jun 2011
Mensagens
138
Local
Figueira da Foz/Aveiro
Já muitas vezes pensei nisso, infelizmente nunca vi nenhum estudo sobre o tema.

Esta espécie pode ser a base alimentar de uma enorme variedade de mamíferos e aves de rapina. Mas não temos dados sobre as consequências da sua recolonização nas restantes espécies.

Há uma pequena excepção, pelo que li as martas começaram (ou recomeçaram) a aparecer no norte do país mais ou menos pela mesma altura que os esquilos. Pelo menos em relação a esta espécie parece haver uma ligação óbvia.

Essa relação não é, à partida, assim tão óbvia. São muitos os factores que podem influenciar a distribuição de uma espécie, seja ela qual for. E o facto de o esquilo estar presente, e seja uma potencial presa da marta, isso não quer dizer que a marta a consiga caçar, ou pelo menos, com facilidade. Há muito a ter em conta.

Mas o facto de haver essa relação, já é qualquer coisa, e não deixa nunca de ser uma tese plausível.
 


Seattle92

Nimbostratus
Registo
22 Set 2010
Mensagens
668
Local
Portugal
Essa relação não é, à partida, assim tão óbvia. São muitos os factores que podem influenciar a distribuição de uma espécie, seja ela qual for. E o facto de o esquilo estar presente, e seja uma potencial presa da marta, isso não quer dizer que a marta a consiga caçar, ou pelo menos, com facilidade. Há muito a ter em conta.

Mas o facto de haver essa relação, já é qualquer coisa, e não deixa nunca de ser uma tese plausível.

Bem, que o esquilo é presa comum da marta é mais que conhecido. Não digo que em Portugal tenham feito esse estudo, até porque que provavelmente nem há nenhum estudo sobre a marta no nosso país. Seja como for no resto da Europa a ligação entre as duas espécies está mais que documentada.

Quando falei em relação óbvia, referia-me ao facto de ambas as espécies terem começado a aparecer no norte de Portugal mais ou menos na mesma altura (final dos anos 80, princípios de 90).

Se em habitats em que ambas as espécies existem, uma é presa e outra predador e se por cá o predador começou a aparecer pouco depois da presa...
Parece-me uma ligação óbvia.

Não digo com isto que a distribuição da marta vá acompanhar totalmente (ou nem sequer perto disso) a do esquilo.
 

Seattle92

Nimbostratus
Registo
22 Set 2010
Mensagens
668
Local
Portugal

lreis

Cumulus
Registo
22 Dez 2010
Mensagens
185
Local
Lisboa
Excelente notícia. Nada como deixar a natureza tratar dos seus próprios equilíbrios.

Claro q uma pequena ajuda humana tb pode ser indispensável em casos de pragas, mas muitas vezes a própria natureza tem a solução.).

Agardeço a informação.
Relativamente ao esquilo a Sul, fico agora com a curiosidade de antever a margem de progressão da população, nos habitats existentes a Sul.
A referência a observações de marta a Norte, podem servir para se estar mais alerta à dinâmica de evolução deste população animal.
Quem sabe até alguém pegar na matéria e esboçar um esquiço de distribuição da espécie, se isto "tiver pés para andar"?
 

Seattle92

Nimbostratus
Registo
22 Set 2010
Mensagens
668
Local
Portugal
A progressão a sul do Tejo não será tão rápida como até agora. Não há grandes dúvidas acerca disso. As manchas florestais de uma e outra área são incomparáveis.

Mesmo assim diria que não serão os distritos de Portalegre/Santarém que irão parar a colonização a sul.

Talvez Évora e Beja se tornem mais difíceis. Mas também quando já estiverem a essas latitudes terão na zona da costa (distrito de Setúbal) uma infinidade de pinheiros mansos para aproveitarem :lol:
 

lreis

Cumulus
Registo
22 Dez 2010
Mensagens
185
Local
Lisboa
Talvez Évora e Beja se tornem mais difíceis. Mas também quando já estiverem a essas latitudes terão na zona da costa (distrito de Setúbal) uma infinidade de pinheiros mansos para aproveitarem :lol:

Tomando essa linha de raciocínio, será provavelmente assim.
Eu diria que a progressão para Sul, vai ter dois vectores de progressão em função do coberto florestal: um pelo interior e outro pelo litoral.
Se calhar o interior até será mais favorável que o litoral, isto porque se passará do distrito de Portalegre, onde ainda vão existindo resinosas (essencialmente Pb), para um hiato no distrito de Évora e da albufeira do Alqueva onde de facto não existem muitas resinosas, para finalmente se entrar no corredor de Beja, em redor do Guadiana, pejado de pinheiro manso, até quase à foz no Algarve.
O litoral se calhar não será mais favorável: percorrendo o distrito de Santarém e o de Setúbal, culminado nas margens do Sado, vai havendo uma boa percentagem de pinhal manso e bravo, mas passando a Serra do Cercal para baixo, tenho ideia que as resinosas diminuem muito, e depois aparece a albufeira da barragem de Santa Clara e o maciço de Monchique pejado de eucaliptos, que deverá ser um forte desafio para o esquilo.
Estaremos atentos para a progressão.
 

Seattle92

Nimbostratus
Registo
22 Set 2010
Mensagens
668
Local
Portugal
Em relação a progressão da espécie para sul.

Exatamente há um ano atrás meti aqui a indicação de observações da espécie na zona sul do parque de Serra D'Aire e Candeeiros. Era a zona mais a sul que conhecia.

Recentemente vi indicações de observações de esquilos na serra de Montejunto. Já são uns 15 km mais para sul.

Será esta a fronteira natural da espécie neste momento?
 

DMigueis

Cumulus
Registo
22 Jun 2011
Mensagens
138
Local
Figueira da Foz/Aveiro
  • Gosto
Reactions: Thomar e CptRena

lreis

Cumulus
Registo
22 Dez 2010
Mensagens
185
Local
Lisboa
Estudo interessante. I LIKE IT :D

Parabéns, muito interessante.
Será que este modelo não podia ser alargado para outras espécies animais?
Cada espécie é um referencial e se calhar existem prós e contras a ter em conta, mas no global a ideia é simples e bem conseguida.
 

Seattle92

Nimbostratus
Registo
22 Set 2010
Mensagens
668
Local
Portugal
Ainda em relação à tal página do facebook, vamos ver se com esta notícia o projecto ganha algum fulgor.

Onde está o esquilo? É o que investigadora da Universidade de Aveiro tenta descobrir

O pequeno esquilo-vermelho já povoou todo o país, há muitos séculos. Mas com os bosques a caírem para que a sua madeira levasse os portugueses para outras paragens, o pequeno bicho perdeu o seu habitat e desapareceu. Entretanto voltou mas por onde andará? É isso que um estudo da Universidade de Aveiro pretende descobrir.

Rita Gomes Rocha criou o projecto Esquilo-Vermelho em Portugal com o objectivo de “conhecer melhor esta espécie, os seus padrões de comportamento e identificar os factores que podem influenciar a sua expansão”, disse ao PÚBLICO. Os dados recolhidos serão o objecto de estudo no âmbito do curso de pós-doutoramento que frequenta na Universidade de Aveiro.

“O primeiro passo é fazer o levantamento de dados com a ajuda dos inquiridos”, diz Rita Gomes Rocha. Inicialmente, em Setembro, quando o projecto arrancou, foram divulgados inquéritos em papel através do Corpo Nacional de Escutas. “A intenção era que estes inquéritos fossem usados nas actividades dos escuteiros”, explica a investigadora.

Sem muitos resultados obtidos, seguiu-se a criação de uma página no facebook. De momento com 455 likes, é a ferramenta que usa para também divulgar informações sobre o animal e onde todos podem deixar o seu testemunho. Mas faltam ainda muitos dados. “Sabemos genericamente onde os esquilos habitam. O objectivo é comprovar aquilo que ainda é pouco fundamentado”, explica Rita Gomes Rocha.

O esquilo-vermelho vive maioritariamente a norte do rio Tejo e não existem certezas se também mora a sul. “Queremos perceber se de facto apenas existe nas zonas que já sabemos”, explica. Até agora os parques urbanos de Gaia, Coimbra, Leiria e Lisboa são as zonas com mais relatos enviados, acrescentando pouco ao que já se conhecia até porque em alguns destes locais foram reintroduzidos recentemente.

Esta espécie ainda está pouco estudada no nosso país porque se extinguiu durante dezenas de anos e esteve outras centenas em vias de extinção. Foi no século XVI que o esquilo-vermelho desapareceu porque perdeu grande parte do habitat. “Com os Descobrimentos e o aumento da construção dos navios, houve um grande corte de árvores”, conta a investigadora. Vinte anos depois começou-se a introduzir este animal em algumas florestas, mas só nos anos 1980 é que se expandiu notoriamente entre árvores e pinhas pelo norte do país.

Agora, na passada segunda-feira, foi lançado um inquérito online para se conseguir mais testemunhos. As perguntas incidem essencialmente sobre observações de esquilos, há quanto tempo ocorreram, e qual foi a primeira e a última vez. Receberam 30 respostas até agora.

Este projecto de longo prazo recolhe não apenas informações sobre os avistamentos de esquilos, mas também de ninhos, pinhas roídas e atropelamentos destes animais. Pretende-se desenhar um mapa o mais preciso possível sobre a distribuição do esquilo-vermelho em Portugal, descobrir quais os seus comportamentos típicos, as suas deslocações migratórias, um número aproximado da sua população e, por fim, perspectivar o futuro desta espécie.
http://www.publico.pt/local/noticia...ersidade-de-aveiro-tenta-descobrir-1627258#/0
 
  • Gosto
Reactions: CptRena

Thomar

Cumulonimbus
Registo
19 Dez 2007
Mensagens
2,915
Local
Cabanas - Palmela (75m)
  • Gosto
Reactions: CptRena e DMigueis