Fruta pode atrasar porque estações ‘estão a fugir aos padrões’

Mário Barros

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Fruta pode atrasar porque estações ‘estão a fugir aos padrões’

Esta primavera os frutos podem aparecer nas árvores mais tarde que o habitual porque as estações do ano estão a fugir aos padrões normais, avisou Lurdes Carvalho, docente e investigadora em fruticultura

A professora da Escola Superior Agrária de Castelo Branco acompanha
pomares desde 1986 e refere que há cada vez mais anos com condições meteorológicas afastadas do típico clima temperado de Portugal, o que vem trazer consequências nas árvores fruteiras.

«O Outono arrasta-se até Novembro ou Dezembro, depois há vagas de frio, com picos de calor» e a chuva que devia cair no inverno «desloca-se para os meses de primavera e até para Junho».

Como consequência, a floração está atrasada duas a três semanas e aumenta o risco dos frutos não serem tão carnudos e saborosos. Lurdes Carvalho aponta o exemplo da cereja, fruto típico do distrito na zona da Cova da Beira e a sul da Gardunha.

«O consumidor pode sentir que a cereja não corresponde ao que está habituado. Pode não ser tão firme e doce», porque o período de colheita, que antes ia de Abril a Julho, está cada vez mais concentrado em Maio e Junho.

«Há 15 anos a colheita da cereja iniciava-se em fins de Abril no sul da Gardunha e ia final de Julho no norte da Serra. Especialmente nos últimos cinco anos assistimos à concentração em Maio e Junho», descreveu.

A instabilidade das estações do ano traz os mesmos problemas para outros frutos e todos ficam mais expostos a doenças e deformações, o que acarreta prejuízos.

«Se um produtor investe no pomar para ter 100 unidades de um fruto e no final só colhe 20, obviamente que vai sofrer», resume a investigadora.

Mesmo a fruta que é colhida está mais sujeita a estragar-se em casa de quem a compra por causa da instabilidade atmosférica no ciclo de maturação.

A instabilidade na meteorologia está também a mudar o mapa dos pomares. Exemplo disso é o desaparecimento dos pomares de maçã do lado sul da Gardunha. «Passaram para norte, onde agora há zonas mais frescas e onde há mais água para o fruto vingar», referiu Lurdes Carvalho.

A área de pereira é também reduzida, sobretudo por questões comerciais, mas também por causa dos problemas causados pelo acentuado arrefecimento nocturno.

«Se esse arrefecimento ainda acontece com gravidade quando já há fruto, na manhã seguinte vemo-lo caído no chão, com grandes prejuízos», sublinha.

Algumas frutas sofrem, outras adaptam-se melhor. O pessegueiro é das culturas que menos se queixam das variações da meteorologia, assim como a vinha.

«Temos assistido a um crescimento de área de vinha», refere Lurdes Carvalho. Outras culturas têm também aparecido a sul da Beira Baixa, caso do damasqueiro, que apesar dos sobressaltos, gosta do tempo ligeiramente mais quente dos últimos anos.

Lusa / SOL
 


stormy

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O argumento dessa especialista parece-me ilógico e simplista....se é factual que teem havido modificações, umas mais rapidas e influentes que outras, num contexto de aquecimento, que não me parece gravoso e que seria de esperar dados varios factores, tambem é verdade que o aumento de temperatura aliado ao aumento da precipitação deveria potenciar o desenvolvimento das culturas e não retarda-las, até porque o nosso clima nem sequer é o de origem de muitas especies e, portanto, leva-las a ter comportamentos a nivel do seu ciclo anual, menos comuns.
Por outro lado essa senhora esta a fazer uma observação pouco solida....em termos gerais a precipitação e o " tempo de inverno" não se está a prolongar primavera adentro....pelo contrario, a tendencia é exatamente a inversa; logo se a senhora esta a basear-se nos ultimos dois anos para afirmar que o tempo está estranho posso concerteza dizer que esta noticia é baseada é erronea.