Neve a cotas baixas em Portugal

Sanxito

Nimbostratus
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18 Nov 2006
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Santa Marta do Pinhal - Corroios
Boas...
Eu tenho aki na minha casa a minha avó da parte do meu pai k vive na zona da serra da estrêla, mais precisamente nas Minas da Panasqueira, e ela recorda-se de anos com muita neve, conta k num ano do céu só veio neve, assim k apareciam nuvens nevava e nada de chuva, e num outro ano k ela não se lembra qual foi em k nevou no dia 9 de Junho... A memória já vai falhando, são quase 90 anos:)
Bela pesquisa granNevada...
 


Weatherman

Cumulus
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27 Nov 2006
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Vouzela
O ultimo grande nevão em vouzela foi a 3 de janeiro de 1997, já são 10 anos:sad:
 

Minho

Cumulonimbus
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6 Set 2005
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Melgaço
Grande grannevada :thumbsup:

Eu não vos tinha dito que na cidade de Braga não coalha desde 1987 ;)
 

Fil

Cumulonimbus
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Bragança (740 m)
Grande mês o de dezembro de 1950! :D Só acho estranho é Braga ter somente um dia de neve em janeiro de 1945, quando Lisboa teve nesse mesmo mês 4 dias de neve. A década de 40 foi realmente espectacular para os amantes da neve, em Lisboa para além de 1945, também nevou em 1944 (no dia de natal! :w00t:) e 1947, nas terras mais altas do interior devem ter caido grandes nevões.

Por certo, fez no passado dia 8 dez anos desde o grande nevão de 1997. Nesse evento a cota não esteve própriamente baixa, mas lembro-me que nevou em Vila Real que está a menos de 500m. Para além do dia principal em que caiu o grosso do nevão durante a madrugada (a cotas mais altas), houve vários outros dias de neve durante o mês e ainda uns dias com mínimas baixíssimas.

O monstro de 990 hPa!
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O articulo do jornal Terras da Beira referente a esse dia:

A neve teima em não se ausentar da cidade mais alta. Esta terça-feira nevou praticamente em toda a região e espalhou o caos nas estradas. Desta vez, com temperaturas abaixo de zero, a situação agravou-se devido ao gelo. Um rigoroso inverno, à moda antiga, que começa a dar dores de cabeça às autoridades.

«Não fica por aqui». Tinha razão um dos mais antigos comerciantes da cidade da Guarda quando, na passada segunda-feira, comentava com o TB as suas previsões sobre o tempo para os dias seguintes. Com a voz da experiência, de quem vive na cidade mais alta há quase 70 anos, Júlio Espigado deu "um tiro certeiro" e até parece que adivinhava o que estava para vir. Menos de 24 horas depois, uma autêntica tempestade de neve assolou a Guarda e toda região, fazendo esquecer os nevões que, em menos de um mês, invadiram a cidade por duas vezes.
No dia 5 de Dezembro a Guarda acordara branca como nunca. Dizem os mais velhos que há mais de 20 anos não caía um nevão assim por estas bandas. Na altura foi o caos. A cidade esteve isolada, o IP5 transformou-se num verdadeiro pandemónio, as escolas fecharam, os serviços trabalharam parcialmente... Um transtorno inesperado que desencadeou um reboliço na vida quotidiana do distrito, deixando a zona urbana praticamente inactiva. Mesmo a estrutura montada pela Protecção Civil, organizada em conjunto com os bombeiros, GNR, PSP, Câmara da Guarda e Junta Autónoma de Estradas (JAE), teve que "medir forças" com a situação climatérica que, em determinados momentos, foi mais forte do que a própria massa humana.
Mal refeita do maior nevão das últimas duas décadas, a cidade volta a ficar completamente branca na madruga do passado dia 2 de Janeiro. Com o ano novo chegam também as baixas temperaturas - atingindo mesmo a escala negativa - em quase toda a região do interior. Da Guarda a Bragança, passando por Viseu, Vila Real, Marão, Lousã, Caramulo, e, claro, a Serra da Estrela, o panorama foi idêntico com um manto de neve, uniforme, que durante uma semana consecutiva causou os já habituais transtornos. As situações mais delicadas verificaram-se na Guarda e em Bragança, onde a formação de gelo manteve, intacta, a camada branca de mais de meio metro de altura nas duas cidades. Os problemas repetiram-se: Escolas com férias prolongadas, acessos interditos, comércio e serviços a meio gás. Enfim, uma situação que já não era nova.
O pior é que ninguém contava com mais uma "avalanche" de neve quando ainda se mantinham, um pouco por todo o interior, os vestígios do último nevão. Instalou-se, novamente, o caos. O distrito, particularmente a cidade da Guarda, acordou, na manhã desta terça-feira, com mais um intenso nevão. Um cenário igual em todo o interior, norte e centro, que em nada destuou do panorama europeu.

Do caos à normalidade

O dia amanheceu branco. A cidade estava praticamente deserta e os apelos, para que as pessoas deixassem as viaturas em casa, sucediam-se. As autoridades temiam o pior. Porque os perigos do piso escorregadio eram evidentes. Por isso, desde as primeiras horas da manhã de terça-feira que a prevenção da GNR e da Brigada de Trânsito levou ao encerramento de um significativo número de estradas do distrito. Ainda assim, aqui e ali, houve "chapa batida". A neve faz desta coisas: apanha os desprevenidos e vinga-se nos mais atrevidos. Por ser sempre assim é que as forças de segurança não se cansaram de aconselhar os automobilistas a ficarem em suas casas, à excepção dos transeuntes em veículos todo-o-tereno e, mesmo estes, não escaparam ao piso escorregadio junto ao cruzamento para o Bairro da Luz. Aconteceu com duas viaturas dos bombeiros da Guarda. Nada a fazer. Tanto mais que a corporação da Guarda teve que "deitar a mão" a tudo, acudindo a diversas circunstâncias como o «transporte de oxigénio para o hospital, de doentes, médicos, enfermeiros, enfim, de tudo um pouco», disse o comandante António Sequeira, lamentando, em declarações à "Antena 1", «a falta de equipamentos capazes, nomeadamente, por parte da polícia».
Simultâneamente, a JAE, a Câmara, e as forças de segurança, desencadearam uma exaustiva operação de emergência, à qual se manteve sempre atento o governador civil, Ferando Lopes. Não obstante, o trabalho desta estrutura «não foi fácil», particularmente para os 30 funcionários da JAE. Com a ajuda de cinco limpa-neves e cinco espalhadores de sal-gema, os trabalhadores, tiveram «dificuldades em remover a neve devido ao gelo se já se encontrava nas estradas», explicou o responsável máximo da JAE no distrito, Alexandre Quaresma. Apesar disso, a meio da tarde já se transitava no IP5, bem como em algumas das outras estradas do distrito, onde a circulação também esteve interrompida, causando os mesmos problemas. Os contratempos causados pela neve afectaram, igualmente, as zonas de Sabugal, Vilar Formoso, Pinhel, Trancoso e Aguiar da Beira, o mesmo sucedendo em localidades dos distritos visinhos.
À hora do fecho desta edição o trânsito voltava, lentamente, à normalidade, mas permaneciam os alertas das entidades responsáveis que mantinham de pé a operação desencadeada durante o dia. Na zona urbana da Guarda a situação mantinha-se mais complicada, devido à maior espessura do manto branco. Algumas artérias continuavam encerradas ao trânsito e já estava garantida a continuadade do encerramento das escolas. As aulas só não estiveram suspensas (terça-feira) na Escola Superior de Enfermagem, onde a maioria dos alunos e professores conseguiram chegar ao edifício, situado no recinto do antigo Sanatório.

Paula Pinto


Eu estive 2 semanas sem ir às aulas. Infelizmente não tenho quaisquer fotos desse nevão. O mês seguinte, fevereiro de 1997, esteve muito acima da média.
 

dj_alex

Nimbostratus
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14 Dez 2005
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Grande mês o de dezembro de 1950! :D Só acho estranho é Braga ter somente um dia de neve em janeiro de 1945, quando Lisboa teve nesse mesmo mês 4 dias de neve. A década de 40 foi realmente espectacular para os amantes da neve, em Lisboa para além de 1945, também nevou em 1944 (no dia de natal! :w00t:) e 1947, nas terras mais altas do interior devem ter caido grandes nevões.

Por certo, fez no passado dia 8 dez anos desde o grande nevão de 1997. Nesse evento a cota não esteve própriamente baixa, mas lembro-me que nevou em Vila Real que está a menos de 500m. Para além do dia principal em que caiu o grosso do nevão durante a madrugada (a cotas mais altas), houve vários outros dias de neve durante o mês e ainda uns dias com mínimas baixíssimas.

O articulo do jornal Terras da Beira referente a esse dia:

A neve teima em não se ausentar da cidade mais alta. Esta terça-feira nevou praticamente em toda a região e espalhou o caos nas estradas. Desta vez, com temperaturas abaixo de zero, a situação agravou-se devido ao gelo. Um rigoroso inverno, à moda antiga, que começa a dar dores de cabeça às autoridades.

«Não fica por aqui». Tinha razão um dos mais antigos comerciantes da cidade da Guarda quando, na passada segunda-feira, comentava com o TB as suas previsões sobre o tempo para os dias seguintes. Com a voz da experiência, de quem vive na cidade mais alta há quase 70 anos, Júlio Espigado deu "um tiro certeiro" e até parece que adivinhava o que estava para vir. Menos de 24 horas depois, uma autêntica tempestade de neve assolou a Guarda e toda região, fazendo esquecer os nevões que, em menos de um mês, invadiram a cidade por duas vezes.
No dia 5 de Dezembro a Guarda acordara branca como nunca. Dizem os mais velhos que há mais de 20 anos não caía um nevão assim por estas bandas. Na altura foi o caos. A cidade esteve isolada, o IP5 transformou-se num verdadeiro pandemónio, as escolas fecharam, os serviços trabalharam parcialmente... Um transtorno inesperado que desencadeou um reboliço na vida quotidiana do distrito, deixando a zona urbana praticamente inactiva. Mesmo a estrutura montada pela Protecção Civil, organizada em conjunto com os bombeiros, GNR, PSP, Câmara da Guarda e Junta Autónoma de Estradas (JAE), teve que "medir forças" com a situação climatérica que, em determinados momentos, foi mais forte do que a própria massa humana.
Mal refeita do maior nevão das últimas duas décadas, a cidade volta a ficar completamente branca na madruga do passado dia 2 de Janeiro. Com o ano novo chegam também as baixas temperaturas - atingindo mesmo a escala negativa - em quase toda a região do interior. Da Guarda a Bragança, passando por Viseu, Vila Real, Marão, Lousã, Caramulo, e, claro, a Serra da Estrela, o panorama foi idêntico com um manto de neve, uniforme, que durante uma semana consecutiva causou os já habituais transtornos. As situações mais delicadas verificaram-se na Guarda e em Bragança, onde a formação de gelo manteve, intacta, a camada branca de mais de meio metro de altura nas duas cidades. Os problemas repetiram-se: Escolas com férias prolongadas, acessos interditos, comércio e serviços a meio gás. Enfim, uma situação que já não era nova.
O pior é que ninguém contava com mais uma "avalanche" de neve quando ainda se mantinham, um pouco por todo o interior, os vestígios do último nevão. Instalou-se, novamente, o caos. O distrito, particularmente a cidade da Guarda, acordou, na manhã desta terça-feira, com mais um intenso nevão. Um cenário igual em todo o interior, norte e centro, que em nada destuou do panorama europeu.

Do caos à normalidade

O dia amanheceu branco. A cidade estava praticamente deserta e os apelos, para que as pessoas deixassem as viaturas em casa, sucediam-se. As autoridades temiam o pior. Porque os perigos do piso escorregadio eram evidentes. Por isso, desde as primeiras horas da manhã de terça-feira que a prevenção da GNR e da Brigada de Trânsito levou ao encerramento de um significativo número de estradas do distrito. Ainda assim, aqui e ali, houve "chapa batida". A neve faz desta coisas: apanha os desprevenidos e vinga-se nos mais atrevidos. Por ser sempre assim é que as forças de segurança não se cansaram de aconselhar os automobilistas a ficarem em suas casas, à excepção dos transeuntes em veículos todo-o-tereno e, mesmo estes, não escaparam ao piso escorregadio junto ao cruzamento para o Bairro da Luz. Aconteceu com duas viaturas dos bombeiros da Guarda. Nada a fazer. Tanto mais que a corporação da Guarda teve que "deitar a mão" a tudo, acudindo a diversas circunstâncias como o «transporte de oxigénio para o hospital, de doentes, médicos, enfermeiros, enfim, de tudo um pouco», disse o comandante António Sequeira, lamentando, em declarações à "Antena 1", «a falta de equipamentos capazes, nomeadamente, por parte da polícia».
Simultâneamente, a JAE, a Câmara, e as forças de segurança, desencadearam uma exaustiva operação de emergência, à qual se manteve sempre atento o governador civil, Ferando Lopes. Não obstante, o trabalho desta estrutura «não foi fácil», particularmente para os 30 funcionários da JAE. Com a ajuda de cinco limpa-neves e cinco espalhadores de sal-gema, os trabalhadores, tiveram «dificuldades em remover a neve devido ao gelo se já se encontrava nas estradas», explicou o responsável máximo da JAE no distrito, Alexandre Quaresma. Apesar disso, a meio da tarde já se transitava no IP5, bem como em algumas das outras estradas do distrito, onde a circulação também esteve interrompida, causando os mesmos problemas. Os contratempos causados pela neve afectaram, igualmente, as zonas de Sabugal, Vilar Formoso, Pinhel, Trancoso e Aguiar da Beira, o mesmo sucedendo em localidades dos distritos visinhos.
À hora do fecho desta edição o trânsito voltava, lentamente, à normalidade, mas permaneciam os alertas das entidades responsáveis que mantinham de pé a operação desencadeada durante o dia. Na zona urbana da Guarda a situação mantinha-se mais complicada, devido à maior espessura do manto branco. Algumas artérias continuavam encerradas ao trânsito e já estava garantida a continuadade do encerramento das escolas. As aulas só não estiveram suspensas (terça-feira) na Escola Superior de Enfermagem, onde a maioria dos alunos e professores conseguiram chegar ao edifício, situado no recinto do antigo Sanatório.

Paula Pinto


Eu estive 2 semanas sem ir às aulas. Infelizmente não tenho quaisquer fotos desse nevão. O mês seguinte, fevereiro de 1997, esteve muito acima da média.

O artigo de jornal e de que dia FIL??
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Braga
Neve a cotas baixas, penso que o exemplo mais notável foi o da costa algarvia em Fevereiro de 1954, mesmo em locais como Tavira e Vila Real de Santo António .

Fiz umas pesquisas na Net, e encontrei estes textos dos Blogues Lembrar Tavira e A Defesa de Faro


Neve cobriu Tavira em 1954

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Neve no jardim público

O mês de Fevereiro de 1954, está a passar meio século, começou com uma vaga de frio por toda a Europa (os parisienses não sofriam temperaturas tão baixas desde 1895, em Itália, centenas de pequenas aldeias ficaram isoladas, em Espanha um frio intenso assolou o país). Toda a primeira semana de Fevereiro desse ano foi de frio e neve. Grandes nevões e espessas camadas de gelo interrompem a circulação terrestre e fluvial em vários países.
Por cá, noticiava o Diário de Notícias (DN) de dia 1/2/54 (segunda-feira) que "forte ventania pôs em risco barco de pesca em Olhão". No dia seguinte, num artigo intitulado: "Grande nevão sobre Portugal" referiam-se vários locais do país onde se verificara o acontecimento. Neste dia, a única referência ao Algarve, é Aljezur, onde em relato do dia 1/2/54, se escrevia: "Hoje, de manhã, a população foi surpreendida, com queda de flocos de neve, fenómeno que nunca se verificara nesta região".
No jornal do dia seguinte, voltam as referências ao "nevão sobre Portugal". O que era pouco vulgar foi que em Lisboa caiu neve durante algumas horas, assim como no sul (Almada, Setúbal, entre outras localidades). Escrevia-se ainda que "no Algarve a neve fez concorrência às amendoeiras em flor", que "não há memória de um nevão assim no Algarve" e que "entre gente idosa da terra não se viu nada semelhante ao que agora se presenciou e o assunto é contado como estranho fenómeno nestas paragens".

Neve cobre o Algarve

O Algarve coberto de neve só era conhecido pela «Lenda das Amendoeiras em flor». Segundo a lenda, um rei mouro teria mandado plantar milhares de amendoeiras para uma princesa nórdica pela qual se tinha apaixonado e que morria de saudades das montanhas cobertas de neve do seu país. Um dia, numa manhã de Fevereiro, o rei levou-a à janela para lhe mostrar o tapete branco que cobria a paisagem: as belas amendoeiras em flor. E viveram felizes para sempre.
Neve natural, era conhecida apenas nos pontos mais elevados da Serra de Monchique (Foia - 902 metros), onde podem cair pequenas quantidades de neve, de vez em quando. Mas, por estes dias, o Algarve ficou coberto de branco. São citados locais algarvios onde nevou, como: Armação de Pêra, Portimão, Tunes, Porches, Alcantarilha, Bensafrim, Odeceixe.

Temperaturas do ar

Consultando o «Anuário Estatístico de 1954», relativo ao clima, constata-se que as temperaturas negativas assolaram o Continente na primeira semana de Fevereiro, atingindo-se os valores mais baixos de temperatura do ano, em vários pontos do País. No Sul, como a temperatura mais baixa, há registos de 4 graus negativos em Campo Maior (1 de Fevereiro) e no dia 5 o termómetro marcou 3,6 graus negativos em Évora e 1,1 negativos em Lisboa. Também no observatório da Praia da Rocha se registaram os valores mais baixos do ano.
Note-se que, no sul, as temperaturas mínimas raramente descem tanto. Nos mesmos dias do ano anterior, tinham rondado os dez graus positivos.

Também nevou em Tavira

No dia 2/2/54, nevava em Tavira. A alguns tavirenses, os pais ou os avós já contaram a ocorrência, mas outros nem faziam ideia. Nesta altura, grande parte dos actuais residentes não tinha nascido (perto de sessenta por cento da população) ou era ainda criança, pois a população do concelho com idade inferior a 65 anos é de 76,4 por cento, de acordo com o último Censos da população portuguesa.
A notícia do espectáculo que deslumbrou a população, pela raridade da situação, foi publicada no DN apenas a 4/2/54. Em nota de primeira página, escrevia-se, em prosa datada de dia 3: "Desde as 18 horas de ontem, até às 23 horas nevou abundantemente sobre esta cidade e em todo o concelho, do que não há memória nesta região. Em alguns pontos, a neve atingiu mais de 30 centímetros de altura e na freguesia de Cachopo atingiu cerca de 60 centímetros. Nalgumas estradas esteve interrompido o trânsito, não se fazendo por isso as carreiras ordinárias de camioneta. Hoje, normalizou um pouco, mas apesar de o sol ter estado muito quente, esta noite, a maior parte dos telhados ainda se apresentavam cobertos de neve. A parte mais atingida do concelho foi Cachopo e Santa Catarina. Deste último lugar, foram chamados os bombeiros desta cidade, a fim de desobstruírem os telhados e varandas, visto recear-se que abatessem. No campo, todas as árvores parecem amendoeiras em flor".

«Povo Algarvio» - Fevereiro de 54

A queda de neve em Tavira, em 2 de Fevereiro de 1954, foi notícia do «Povo Algarvio», à data, o único jornal tavirense. Em relação ao nevão, o referido semanário, na edição de dia 7, escrevia, sob o título ”No Algarve – caiu neve”: “No passado dia 2, dia de Santa Maria, caiu neve intensamente durante algumas horas sobre esta região.
A cidade de Tavira ficou coberta de neve, o que lhe dava um aspecto surpreendente. Fenómeno jamais visto nestas paragens, onde o sol acaricia e doira os frutos. De entre os tavirenses vivos nenhum tinha assistido ainda a um espectáculo desta natureza. Na manhã de 3, o povo subiu às diversas colinas da cidade para apreciar o panorama da neve que a cobria toda, bem como os campos vizinhos e a Serra de Santa Maria. Um frio glacial tem-se feito sentir desde que começou o degelo. Muitos telhados e locais há, onde, à hora do nosso jornal entrar na máquina, ainda existia neve. Muito embora o seu aspecto seja belo, as baixas temperaturas têm incomodado os algarvios, pouco habituados a elas. A floração das amendoeiras ainda não atingiu o ponto culminante, talvez por influência do frio extraordinário”.
Na edição da semana seguinte, para que os tavirenses ausentes fizessem ideia do que foi o nevão que caiu na cidade no dia 2, o mesmo jornal publicava duas vistas da cidade com neve e bonecos de neve que a rapaziada fez (instantâneos colhidos na manhã de dia 3). Isto comprova que houve pontos da cidade onde a camada de neve foi bastante espessa.

A neve de 2/2/54 noutros locais do Algarve

Ainda segundo o DN, em Olhão interromperam-se a luz eléctrica e as comunicações telefónicas. Durante toda a tarde, até cerca das 21 horas, nevou abundantemente. O frio era intenso e a ventania tinha rajadas fortes. Há referência a São Brás, onde durante dez horas consecutivas caiu neve, que nas ruas atingiu 30 centímetros e em alguns sítios um metro. Em Faro, durante parte do dia e da noite caiu forte nevão, facto que despertou curiosidade, pois a maior parte da população nunca vira neve. Em muitos outros locais do Algarve são referidos: em Lagos "caiu neve com abundância"; na Fuzeta "não há memória de espectáculo tão deslumbrante"; em Silves "caiu neve sobre esta cidade e arredores, durante toda a tarde proporcionando um espectáculo de extraordinária beleza". Nota-se ainda Aljezur, São Bartolomeu de Messines e Estoi (onde o termómetro marcou zero graus).

Texto publicado em Janeiro de 2004, no jornal «Algarve Informação».
http://lembrartavira.blogspot.com/2005/07/neve-cobriu-tavira-em-1954.html

FARO - AO LONGE A NEVE NOS MONTES
faroneve1.jpg

Fotografia de Tony

Esta é uma imagem da cidade de Faro, vendo-se ao longe os montes brancos de neve, tomada – certamente - no dia 2 de Fevereiro de 1954, antes da carnificina urbanística que ainda se não tinha iniciado.

Na passagem do dia 1 para 2 de Fevereiro de 1954, ao contrário do calor destes dias, nevou a sul o que permitiu obter fotografias únicas da cidade de Faro como estes exemplares, de autoria de Matos Cartuxo (Tony), que agora se publicam .

Estas são imagens perfeitas do lugar da minha infância, uma cidade rectilínea, com a traça e os cheiros do sul, ostentando as fortes influências mediterrâneas e árabes que são uma marca distintiva das cidades do sul.

Faz bem exercitar a memória para acalentar esperança que seja possível defender uma política da cidade mais fiel aos valores da sua história fundadora e da cultura autêntica dos seus cidadãos.
http://adefesadefaro.blogspot.com/2006_08_01_adefesadefaro_archive.html
 

Fil

Cumulonimbus
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26 Ago 2005
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Bragança (740 m)
Excelente Vince! :w00t: E impressionante as acumulações de neve alcançadas, eram outros tempos! :D No dito blog ainda existem mais duas fotos de Faro com neve:

faroneve2ii9.jpg


faroneve3cn5.jpg


Se os antigos moradores de Faro vissem a sua cidade no seu estado actual morriam de susto :lol:

Tenho aqui também uma foto de Alvito (Beja) datada de 3/02/1954:
neveemalvito19540203zm3.jpg


E estas de Sintra também de Fevereiro de 1954:
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GranNevada

Cumulus
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Braga
Fabulosos dados e fotos , FIL e VINCE ;)

Miguel : em Braga , no Sameiro , não cai neve todos os anos , mas ano sim , ano não , cai . Claro que cai sem coalhar - apenas um aguaceiro ou dois .
Não é assim tão raro como isso . Por vezes até neva em 2 ou 3 anos seguidos . Também é preciso ver que o Sameiro está a cerca de 560 ou 570 metros de altitude ...
Quem mo confirma é um amigo que tenho e que trabalha lá no posto da GNR .

Abraço ;)