Portugal será um dos países mais afectados pelas alterações climáticas em termos de perda da biodiversidade, avisou hoje a associação ambientalista Quercus, alertando para a vulnerabilidade dos ecossistemas às secas e incêndios devido à subida das temperaturas.
No Dia Internacional da Biodiversidade, que hoje se assinala, a Quercus relembrou que o planeta está a perder biodiversidade a uma taxa sem precedentes, sendo as alterações climáticas uma das maiores ameaças à diversidade da vida, juntamente com a destruição de habitats, poluição e proliferação de espécies invasoras.
«Os ecossistemas mediterrânicos, incluindo os de Portugal, estão entre os mais vulneráveis a uma subida de 2 a 5 graus centígrados, sob um efeito combinado da seca e dos fogos florestais», referem os ambientalistas num comunicado.
Igualmente alarmante para Portugal, acrescentam, é a diminuição do potencial hidroeléctrico entre 20 a 50%, no Sul da Europa, até 2070.
Na Europa, a subida do nível do mar poderá ser até 50% mais acentuada do que a média global e cerca de 20% das zonas húmidas correm o risco de desaparecer até 2080.
«Os anfíbios na Península Ibérica serão especialmente afectados e condenados a viver em áreas cada vez mais limitadas, tal como os répteis, que dependem de charcos e pântanos para a sua reprodução. Quanto às florestas, já estão a sofrer dos Verões excessivamente quentes e consecutivos incêndios florestais, aos quais se irá juntar a problemática da escassez de água», sublinhou a Quercus.
Mais de 40% dos vertebrados existentes em Portugal enfrenta algum grau de ameaça, sendo os peixes o grupo com mais espécies em perigo, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal publicado em 2006.
A avaliação, que abrangeu 512 espécies selvagens de vertebrados no Continente, Açores e Madeira, apurou que 42% das espécies estudadas estão ameaçadas ou quase ameaçadas relativamente ao risco de extinção, 46 por não estão consideradas como ameaçadas (categoria Pouco Preocupante) e sobre os restantes 12% não existe conhecimento suficiente.
Os peixes de água doce e migradores apresentaram a percentagem mais elevada de animais classificados em categorias de ameaça (Criticamente em Perigo, Em Perigo, Vulneráveis) ou quase ameaça: 69%.
A Quercus aponta várias medidas a adoptar para preservar a biodiversidade, como a criação de refúgios e a preservação de habitats que permitam uma adaptação de longo termo, o estabelecimento de redes de áreas protegidas terrestres, aquáticas e marinhas e o reforço da investigação sobre as ligações entre alterações climáticas e biodiversidade.
As alterações climáticas já estão a obrigar as espécies a adaptar-se, seja através de mudanças de habitat, alterações nos ciclos de vida, ou o desenvolvimento de novas características físicas.
Porém, nem todas conseguirão fazê-lo. As previsões indicam que cerca de um milhão de espécies serão extintas devido ao aquecimento global.