Ciclone de 15 Fevereiro 1941 em Portugal

nimboestrato

Nimbostratus
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8 Jan 2008
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Pedras Rubras-Aeroporto
Também o meu pai que era maluco pela meteorologia (aliás foi ele que me transmitiu este bicinho) falava o quão extraordinário tinha sido aquele 15 de fevereiro.Inclusive lembro-me de uma foto dele com alguns colegas de turma sobre um grande eucalipto que tinha tombado entre um pequeno amontoado e outro deixando um vão de mais de 20 metros.E ele contava-me sempre que foi sobretudo à noite que o fenómeno foi extremo e assustador.Vento.Muito Vento...O Ciclone.
Não sei onde pára essa foto.mas vou tentar descobri-la na família.
 


BeiraTejo

Nimbostratus
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7 Abr 2008
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Alcochete (6m)
A violent hurricane that swept across Portugal from the Atlantic, killing, and injuring hundreds and causing millions of dollars in damage, spent its fury today in Northern Spain, where more were killed and entire provinces...

Source: http://pqasb.pqarchiver.com/latimes...Los+Angeles+Times&desc=Storm+Takes+Heavy+Toll


outra noticia que fala de uma explosao em espanha provocada por este temporal: http://news.google.com/newspapers?i...AAIBAJ&pg=3583,2106458&dq=storm+portugal+1941
tambem e dito que o vento atigiu as 125 milhas em sintra, que sao 201 km :surprise:
os custos de reparações em portugal estimaram-se nos 100,000 contos


Aqui esta o que se passou ao pé do rio Tagus (penso que seja tejo)e tambem fala na alhandra:
http://news.google.com/newspapers?i...AAIBAJ&pg=4360,5500113&dq=storm+portugal+1941
 

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Braga
O "furacão" de 1941 foi primeira página de muita imprensa internacional, aqui vão alguns exemplos:

13421750.jpg


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21670507.jpg
 

vifra

Cirrus
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31 Out 2008
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Alverca do Ribatejo/ Gralheira de Montemuro (1127m
Este ciclone faz parte das histórias terriveis que ouvia quando era pequeno. Isto porque este ciclone foi muito trágico na Gralheira, já que ceifou a vida a dois dos seus habitantes.
Intimados a responder em tribunal no concelho de Cinfães, foram vários os homens que ali se deslocaram, percorrendo a pé os 31 km que separam a freguesia da Gralheira da sede do Concelho. Também o meu avô foi intimidado mas, como estava muito doente não pode ir. Como não estavam reunidas as condições para fazer o julgamento, este foi adiado, acelarando o regresso à sua terra natal as pessoas que aí se tinham deslocado.
Na viagem de regresso, o temporal e a morte, às portas da aldeia.
Uns ficaram na vila, já que o temporal se fazia sentir, mas outros sabendo que a sua presença junto dos seus era necessária, decidiram subir a serra. Só que estes não sabiam que este seria dos mais terríveis temporais que assolariam este país.
Estes dois homens já perto da aldeia, cansados e sem forças, ao passar por uma elevação, foram atirados pelo vento encosta abaixo, ficando enterrados na neve. a cerca de 100 metros de casa, sendo auxiliados tarde demais.
Assim para que este triste episódio jamais fosse esquecido, foi erigida uma cruz, assinalando o local, onde foram encontrados.

vc1.jpg
 

vitamos

Super Célula
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11 Dez 2007
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Estarreja
Este ciclone faz parte das histórias terriveis que ouvia quando era pequeno. Isto porque este ciclone foi muito trágico na Gralheira, já que ceifou a vida a dois dos seus habitantes.
Intimados a responder em tribunal no concelho de Cinfães, foram vários os homens que ali se deslocaram, percorrendo a pé os 31 km que separam a freguesia da Gralheira da sede do Concelho. Também o meu avô foi intimidado mas, como estava muito doente não pode ir. Como não estavam reunidas as condições para fazer o julgamento, este foi adiado, acelarando o regresso à sua terra natal as pessoas que aí se tinham deslocado.
Na viagem de regresso, o temporal e a morte, às portas da aldeia.
Uns ficaram na vila, já que o temporal se fazia sentir, mas outros sabendo que a sua presença junto dos seus era necessária, decidiram subir a serra. Só que estes não sabiam que este seria dos mais terríveis temporais que assolariam este país.
Estes dois homens já perto da aldeia, cansados e sem forças, ao passar por uma elevação, foram atirados pelo vento encosta abaixo, ficando enterrados na neve. a cerca de 100 metros de casa, sendo auxiliados tarde demais.
Assim para que este triste episódio jamais fosse esquecido, foi erigida uma cruz assinalando o local dessa do local onde foram encontrados.

testemunho interessante e impressionante :shocking:
 

trepkos

Nimbostratus
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10 Out 2008
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Eborae
O meu avô relatou-me que estava com a familia em casa quando o telhado da casa voou, tiveram de fugir para casa de um tio lá perto, o Alentejo ficou destruido... Montemor foi arrasado, nenhuma árvore ficou de pé, eu li um artigo sobre esta ciclone num jornal local, irei procurar para colocar aqui e vou procurar jornais da Altura, sei que em que montemor edificios inteiros foram arrasados.
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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Lisboa
Ciclogénese explosiva de 15 de Fev. 1941 – Cavamento extraordinário de uma depressão que se deslocou, numa fase inicial, dos Açores em direcção à Península Ibérica e, posteriormente paralelamente à costa ocidental de Portugal Continental, de Sul para Norte.
Afectou todo o território, durante mais de 12 horas. A pressão atmosférica, em Portugal Continental, desceu mais de 24 hPa em 24 horas, condição necessária para se considerar uma Ciclogénese explosiva. O tempo associado, mais significativo, foi a intensidade do vento com rajadas que, em muitas regiões, ultrapassaram os 100 km/h:
Dois Portos 97 km/h, Santo Tirso 96 km/h (0900UTC); Penhas Douradas 148 km/h, Coimbra 133 km/h, Lisboa 129 km/h, Guarda 126 km/h, Praia da Rocha 130 km/h, Évora 97 km/h, Abrunhosa (Mangualde) 91 km/h, Santiago do Cacém 119 km/h (15 UTC), Portalegre 104 km/h (18 UTC), Penhas Douradas – 104 km/h e Montalegre – 200 (?) km/h (21UTC), são os registos mais significativos deste episódio que ficou conhecido pelo nome de Ciclone de 15 de Fevereiro de 1941.
Nas zonas costeiras há notícia de temporal no mar. Houve enormes prejuízos, não se sabendo se houve vítimas mortais, como relatava a imprensa da época (Diário de Notícias).


Este apontamento é uma curiosidade, tipo achega, mas dá para perceber que esta situação correspondeu ao mínimo dos valores da pressão atmosférica registados em Portugal Continental e ao registo das rajadas do vento mais fortes, de forma generalizada a todo o Território.
A maré de tempestade (storm surge) deve ter "varrido" toda a faixa costeira.
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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Lisboa
Como complemento da informação anterior:

O mínimo da pressão foi atingido durante a tarde:
Rêgo da Murta – 935,3 hPa
Coimbra (Geofísico) – 937,3 hPa (descida de 49,3 hPa/ 14 horas)
Lisboa (Geofísico) – 950,0 hPa (descida de 42,9 hPa/ 13 horas)
Porto (Geofísico) – 953,6 hPa
Évora – 954,7 hPa
Tavira – 982,6 hPa

De notar que em 1941 não existiam normas nem critérios tão rigorosos como actualmente...por isso estes valores têm de ter em conta esse facto.
O rigor e os cuidados exigidos pela Ciência também não podem ignorar este tipo de informação associada a um fenómeno ocorrido e que pode repetir-se de forma ainda mais gravosa. Tudo tem de ser contextualizado.
 

Lightning

Cumulonimbus
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25 Jul 2008
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Algures
Como complemento da informação anterior:

O mínimo da pressão foi atingido durante a tarde:
Rêgo da Murta – 935,3 hPa
Coimbra (Geofísico) – 937,3 hPa (descida de 49,3 hPa/ 14 horas)
Lisboa (Geofísico) – 950,0 hPa (descida de 42,9 hPa/ 13 horas)
Porto (Geofísico) – 953,6 hPa
Évora – 954,7 hPa
Tavira – 982,6 hPa

De notar que em 1941 não existiam normas nem critérios tão rigorosos como actualmente...por isso estes valores têm de ter em conta esse facto.
O rigor e os cuidados exigidos pela Ciência também não podem ignorar este tipo de informação associada a um fenómeno ocorrido e que pode repetir-se de forma ainda mais gravosa. Tudo tem de ser contextualizado.

Mesmo não existindo normas nem critérios na época e tendo em conta esse facto (e também supondo que essa descida brutal tenha tido esses valores que referiste) a descida registada na estação do Geofísico em Lisboa é BASTANTE significativa :surprise:

Nunca vi a pressão descer TANTO em TÃO POUCO TEMPO :shocking: (supondo que os valores estão certos)
 

Snifa

Furacão
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16 Abr 2008
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Porto-Marquês:145 m Mogadouro:749 m
Tempestade de uma violência rara no nosso País.......:surprise:

E segundo o IM o maior valor (oficial) de rajada de vento observado em Portugal foi precisamente registado no Porto (Observatório da Serra do Pilar) no dia 15/02/1941...falam num valor superior a 167 km/h.....:surprise::shocking:

não se sabe se chegou a mais pois pelos vistos o anemómetro avariou nessa tempestade....

O registo do IM:


EXTREMOS

Maior valor da rajada >167 km/h * Porto/S. Pilar 15/02/1941

(*) maior valor registado pelo anemómetro que avariou (ciclone de 1941)



Link:

http://www.meteo.pt/pt/oclima/extremos/


Pena que na época ainda não existiam os satélites meteorológicos, seria bem interessante consultar hoje o arquivo com a evolução por satélite desta ciclogenese explosiva de 1941.....
 

fsl

Nimbostratus
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6 Ago 2007
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Oeiras
Um contributo pessoal.
Lembro-me perfeitamente desse dia de 1941. Tinha 8 anos e lembro-me da grande devastaçao de arvores, especialmente oliveiras , na regiao de Castelo Branco. Foi uma tempestade medonha.
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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Temos de ter em conta que em 1941 ainda não existia Serviço Meteorológico Nacional (criado em 1946) e as observações de rotina, eram garantidas pelos Institutos Geofísicos das Universidades do Porto, Coimbra e Lisboa dependentes do Ministério da Educação Nacional, existindo observações em Estações dependentes do Ministério da Economia - através dos serviços ligados à Agricultura e observações feitas por sectores Militares - Marinha e Exército.
Como facilmente se compreende cada um destes sectores, estabelecia os critérios, para as Observações e seu tratamento futuro, em função da sua actividade específica.
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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327
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Lisboa
Mesmo não existindo normas nem critérios na época e tendo em conta esse facto (e também supondo que essa descida brutal tenha tido esses valores que referiste) a descida registada na estação do Geofísico em Lisboa é BASTANTE significativa :surprise:

Nunca vi a pressão descer TANTO em TÃO POUCO TEMPO :shocking: (supondo que os valores estão certos)

Pois, salvaguardando as limitações dos registos - quantidade de observações e a sua qualidade - uma coisa é certa, foi um fenómeno meteorológico muito violento e raro em Portugal Continental...o que não quer dizer que não volte a acontecer...e até de forma mais gravosa...recordo que os registos e estudos dedicados à Meteorologia são muito recentes e que a evolução, dos conhecimentos e das técnicas adoptadas, tem sido exponencial nos últimos anos.
Gostaria de acrescentar que a descida acentuada da pressão atmosférica, no tempo, nas estações existentes se deveu (recorrendo a cartas sinópticas reconstituídas) à aproximação da depressão e, cumulativamente, ao forte cavamento do campo da pressão atmosférica...situação semelhante ocorreu em 5 de Novembro de 1997 (aqui com a diferença de os valores da pressão, à partida, serem mais elevados) - por este facto estas duas situações inserem-se no conceito de Ciclogénese Explosiva.
A situação de 25/26 de Novembro de 1967, já foi diferente...deslocação relativamente lenta, de uma depressão pouco cavada, da região da Madeira em direcção à Península Ibérica, atravessando Portugal Continental de SW para NE, pela região de Lisboa.
A massa de ar era tropical marítimo (com elevado conteúdo em água).

Cumpts