UNESCO baptiza centro em Olhão

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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
O Algarve vai ter um centro internacional de investigação na área da gestão dos recursos hídricos. Minimizar impacto de um tsunami é um dos objectivos.
Peritos da organização estão hoje no Algarve a avaliar as condições para instalar na região um centro UNESCO na área da ecohidrologia costeira, um projecto que envolve três ministérios e outras entidades.
No mundo inteiro, existem apenas 17 centros do género sob a égide daquela organização internacional, um conjunto restrito que vai contar agora com mais um equipamento, cujos laboratórios ficarão instalados em Olhão.
Segundo o responsável pela proposta apresentada à UNESCO, Luís Chícharo, o centro, apesar de ter o apoio científico da instituição que impulsionou o projecto, será autónomo da Universidade do Algarve.
Um edifício está a ser construído em Olhão para acolher os laboratórios, que de início funcionarão num outro espaço, prevendo-se que em Faro funcione o secretariado e que haja uma estação de campo em Vila Real de Santo António.
Esta estação de campo deverá estar preparada para receber cursos internacionais e servir como zona para ensaiar algum trabalho prático na área da ecohidrologia, cujas aplicações se estendem a vários níveis.
Como exemplo, Luís Chícharo comparou a abordagem usada na ecohidrologia à medicina alternativa, onde em vez de se ministrar antibióticos e agir de forma drástica, se age de forma preventiva para melhor gerir os recursos.
"A ideia é melhorar o funcionamento dos sistemas aquáticos usando os processos internos dos próprios ecossistemas", referiu, acrescentando que a aposta está na prevenção e não em agir drasticamente.

'Sentido proibido' para tsunamis

Uma das aplicações possíveis é, segundo aquele docente da Universidade do Algarve, por exemplo, a plantação de árvores junto às zonas costeiras para a protecção contra tsunamis.
"Se houver árvores plantadas perto das zonas costeiras, forma-se uma barreira natural que pode minimizar o impacto da onda e atenuar uma possível catástrofe", exemplificou.
Outras aplicações que usam os mecanismos naturais do próprio ecossistema para solucionar problemas hídricos podem ser a utilização de bivalves para filtrar a poluição ou de plantas para reter excesso de nutrientes.
"A vantagem é que são sistemas muito baratos e que podem ser exportados para países em desenvolvimento, uma questão que tem merecido a atenção da UNESCO", sublinha Luís Chícharo.
Segundo o professor, a instalação de um centro do género em Portugal assume uma grande importância porque representa quase uma mudança de paradigma, já que vez de importar, como habitualmente, Portugal poderá exportar conhecimento.
A candidatura portuguesa à instalação do centro da UNESCO foi apresentada em Janeiro deste ano e desenvolvida pela Comissão Nacional do Programa Hidrológico e contou com o apoio científico da Universidade do Algarve.
Em Abril, deverá ser apresentado o relatório elaborado pelos peritos que estão de visita ao Algarve, que se encontram no terreno já na fase final do estudo de viabilidade para a implantação do centro.
A proposta deverá merecer aprovação definitiva e formal na próxima reunião da Conferência Geral da UNESCO, altura em que se juntam os 193 países da organização, que têm que ratificá-la.
Nas avaliações que estão em curso no Algarve, participam representantes de três ministérios, Ciência e Tecnologia, Ambiente e Negócios Estrangeiros, a par de autarquias e entidades locais de gestão da água.

Fonte: Observatório do Algarve