Tempestade Vento Região Oeste (23 Dezembro 2009)

Chingula

Cumulus
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"Alguém consegue resumir/identificar assim por alto as áreas afectadas pelo downburst?"...

Não me parece que a situação que originou o temporal na Região Oeste, vizinhança de Torres Vedras, se enquadre num "downburst" mas numa situação decorrente da aproximação e passagen de uma depressão muito cavada em que, a variação do campo da pressão foi muito brusca, no movimento da perturbação e em relação à pressão atmosférica das regiões vizinhas da sua trajectória...
As autoridades de Protecção Civil devem ter o rasto de destruição no percurso do chamado "low level jet" associado a este fenómeno (depressão muito cavada).
 


barts

Cirrus
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Para os que ainda não sabem eu repito, o que se passou, segundo Carlos Bernardes (Vice-presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras e responsável da Protecção Civil de Torres), foi um ciclone extra-tropical de grau 3 com ventos superiores a 200 km/h com picos de 250 lm/h.
 

blood4

Cumulus
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27 Nov 2009
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Para os que ainda não sabem eu repito, o que se passou, segundo Carlos Bernardes (Vice-presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras e responsável da Protecção Civil de Torres), foi um ciclone extra-tropical de grau 3 com ventos superiores a 200 km/h com picos de 250 lm/h.

qe??
isso é possivel?
ventos com essa intensidade sao tufoes de grau 5 :O:O:O
 

barts

Cirrus
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27 Dez 2009
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Torres Vedras
qe??
isso é possivel?
ventos com essa intensidade sao tufoes de grau 5 :O:O:O

se e tecnicamente possivel ou nao, eu nao sei porque percebo pouco disto, mas foi o que eu ouvi do vice-presidente e sem duvida o que eu presenciei naquela madrugada e os estragos que vi no dia seguinte batem certo com isso, porque o estado em que estao estufas, arvores, postes, etc. nao e provocado por ventos ditos comuns ate porque, por exemplo, as estruturas das estufas estao construidas para resistir a ventos de 120 km/h para ficarem no estado em que ficaram tiveram que ser sujeitas a rajadas bem mais fortes que isso...
 

Vince

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23 Jan 2007
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"Alguém consegue resumir/identificar assim por alto as áreas afectadas pelo downburst?"...

Não me parece que a situação que originou o temporal na Região Oeste, vizinhança de Torres Vedras, se enquadre num "downburst" mas numa situação decorrente da aproximação e passagen de uma depressão muito cavada em que, a variação do campo da pressão foi muito brusca, no movimento da perturbação e em relação à pressão atmosférica das regiões vizinhas da sua trajectória...
As autoridades de Protecção Civil devem ter o rasto de destruição no percurso do chamado "low level jet" associado a este fenómeno (depressão muito cavada).



Seria importante o IM estudar bem o evento para sabermos o que se passou. Nós temos poucos meios para tentar perceber.

Do que fui juntando, é isto que tenho:

1) Uma depressão que à partida seria idêntica a outras que temos tido nos últimos tempos acabou por evoluir de forma diferente das restantes, passou por um processo de cavamento não previsto por exemplo pelo GFS. A maioria das depressões que nos tem afectado apesar das pressões baixas tinham alguma estabilidade relativa da mesma estando integradas em zonas alargadas de baixas pressões.

A previsão deste modelo (GFS) era que a depressão tivesse 987hPa e do cruzamento de várias estações, localizações em relação ao centro e alguns erros de calibragem de algumas, estimei que a depressão cavou no seu centro até aos 977 ou 978hPa, ou seja, terá no seu centro cavado 10hPa num curto espaço de tempo, talvez entre 3 a 6 horas, e terá chegado a terra num momento pujante desse processo, mas é difícil saber se assim foi.


Previsão (errada) do GFS, da pressão e vento à superfície e aos 850hPa (onde costuma estar o LLJ que referes)

gfs.gif



2) Estação Lapa/Cartaxo
A estação amadora que aguentou estoicamente o vento e milagrosamente não teve corte de electricidade como aconteceu com quase todas as estações das regiões afectadas.
Esta estação registou quase 160km/h e mostra que foi um evento de vento tipicamente ligado a uma depressão cavada, com aumento do vento de forma gradual, um pico e o rodar do mesmo a partir de certa altura, e não um evento por exemplo convectivo muito localizado. Contudo segundo relatórios, por exemplo da EDP, houve uma zona de ventos superiores a isto, os falados 200 ou 220km/h.

estacao.gif



3) Animação satélite



4) Célula convectiva
Para finalizar, um pormenor que julgo importante. Além da depressão cavada e dos respectivos ventos associados, gerou-se uma célula numa área mais limitada que penso poder estar relacionada com os ventos mais fortes de 200 ou 220km/h, os que causaram o maior grau de destruição.

 

franco

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27 Ago 2009
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Abrigada
Viva,

só para deixar uma imagem da "destruição" que passou por aqui no dia 23/12/2009.

[/IMG]

Não tenho estação meteorológica, mas não tenho duvidas que os ventos atingiram pelo menos 150km/h por aqui...

Freguesia de Abrigada, concelho de Alenquer.
 

franco

Cirrus
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Abrigada
Parece que ainda há por ai muita gente sem "televisão"...

Foi assim que as coisas ficaram na zona das antenas retransmissoras da Serra de Montejunto...





 

rufer

Cumulus
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15 Set 2007
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Alcobaça.
Informação oficial disponibilizada no site do IM.

Situação de Tempo Severo na Região Oeste
2009-12-28 (IM)

Na madrugada do dia 23 de Dezembro de 2009, a região do Oeste de Portugal Continental foi atravessada por uma depressão muito cavada, tendo sido registado um valor mínimo da pressão ao nível médio do mar de 969.4 hPa às 04:20 horas locais na estação do Cabo Carvoeiro.

De acordo com uma análise preliminar, no presente episódio e considerando a rede de estações do IM (cuja distância média entre estações é inferior a 30 km), verificou-se que foi também na mesma estação que se registaram os valores mais elevados da intensidade do vento. Em particular, o vento médio atingiu cerca de 90 km/h às 4:40 e a rajada 140 km/h às 4:50 de dia 23.

O cavamento da depressão, ou seja, a diminuição da pressão no seu centro, foi muito acentuado, em particular no momento da passagem sobre o território. Uma análise preliminar permite estimar um cavamento de cerca de 20 hPa num período de 24 horas, o que à latitude de Portugal Continental permite classificar este evento como um episódio extremo.

O presente episódio é semelhante a outros que ocorreram em Portugal Continental no passado, como são exemplos os temporais de 5 a 6 de Novembro de 1997 no Alentejo e de 6 a 7 de Dezembro de 2000 no litoral Norte e Centro.

É importante clarificar que este fenómeno não se enquadra na classe de ciclones tropicais, cuja natureza é distinta da do fenómeno actual. Por exemplo, é de notar, que um ciclone tropical de categoria 1 apresenta vento médio superior a cerca de 120 km/h, valor que não foi registado em nenhuma das estações da rede do IM.
 

Chingula

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De Vince - "Seria importante o IM estudar bem o evento para sabermos o que se passou. Nós temos poucos meios para tentar perceber."

Concordo com o que dizes, tenho receio que os relat´orios n~ao sejam tornados p´ublicos...se forem feitos...
No Satrep (imagem 230600) classificam a depress~ao como r´apida ciclogenese e, como a depress~ao cavou muito mais do que estava previsto pelos modelos, possivelmente tratou-se de uma ciclogenese explosiva que atingiu o seu m´aximo de cavamento ao entrar na Regi~ao costeira de Torres Vedras.
1 - Estabilidade atmosf´erica junto `a superf´icie
2 - Forte baroclinicidade em altitude
3 - Descida da press~ao ( no centro) igual ou superior a 1 hPa por hora em 24 horas...

No perfil vertical da sondagem de Lisboa de 221200 foi observado vento se Sudoeste (ainda no sector quente antes da depress~ao) com 50 n´os, ou seja 90 km/h na camada entre os n´iveis de 950 hPa a 850 hPa...(n´iveis junto `a superf´icie) na sondagem de 23 1200...apenas ´e significativo o vento em altitude, entre os 300 hPa e os 150 hPa, superior a 100 n´os...(180 km/h)...associado ao jacto em altitude.
Pena ´e que, por raz~oes econ´omicas, n~ao se façam as sondagens da meia noite...ou seja, sem a sondagem de 230000 ´e muito dificil acrescentar mais qualquer coisa em termos de perfil vertical.
 

Vince

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Num fórum estrangeiro sugeriram-me a possibilidade de um fenómeno denominado «Sting Jet» que pode ocorrer em ciclogeneses explosivas, agora mais do que confirmada com esse registo oficial de 969.4 hPa no Cabo Carvoeiro. Talvez o nome do que tenhas referido ontem Chingula.

Sting jet
A sting jet is a meteorological phenomenon which is believed to be the cause of the most damaging winds in European windstorms.

Following reanalysis of the Great Storm of 1987, led by Professor Keith Browning at the University of Reading, researchers identified a mesoscale flow where the most damaging winds were shown to be emanating from the evaporating tip of the hooked cloud head on the southern flank of the cyclone. This cloud, hooked like a scorpion's tail, gives the wind region its name the "Sting Jet".[1]

It is thought that a zone of strong winds, originating from within the mid-tropospheric cloud head of an explosively deepening depression, are enhanced further as the "jet" descends, drying out and evaporating a clear path through snow and ice particles. The evaporative cooling leading to the air within the jet becoming denser, leading to an acceleration of the downward flow towards the tip of the cloud head when it begins to hook around the cyclone centre. Windspeeds in excess of 80 kn (150 km/h) can be associated with the Sting jet.[2]

It has since been reproduced in high-resolution runs with the mesoscale version of the Unified Model. The Sting jet is distinct from the usual strong-wind region associated with the warm conveyor belt and main cold front. There are indications that conditional symmetric instability also plays a role in its formation but the importance of these processes remains to be quantified.

http://en.wikipedia.org/wiki/Sting_jet


stingjet.gif
 

Chingula

Cumulus
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Vince gostei do artigo irei ler com mais atenç~~ao.
Realmente com uma press~~ao de 969,4 hPa em Cabo Carvoeiro estabeleceu-se um elevado gradiente de press~~ao com Regi~~oes vizinhas.
Curioso, n~~ao se atingiram os valores (de pressao) de 15 de Fevereiro de 1941 (pr´´oximos de 930 hPa), mas a intensidade do vento mais elevada na Regi~~ao de Torres Vedras, que no evento referido, pode ser justificada pela referida diferença de gradiente de press~~ao ``a superf´´icie.
 

blood4

Cumulus
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27 Nov 2009
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Ponte de Lima
eu bem disse xD
segundo os registos do IM a rajada maxima do vento foi de 140 km e a velocidade média 90 km
portanto isso dos mais de 200 km acreditem que so em tufoes de grau 5
se 140 km faz os estragos que faz entao imaginem os tufoes
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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Lisboa
eu bem disse xD
segundo os registos do IM a rajada maxima do vento foi de 140 km e a velocidade média 90 km
portanto isso dos mais de 200 km acreditem que so em tufoes de grau 5
se 140 km faz os estragos que faz entao imaginem os tufoes

A rajada maxima de 140 km/h foi registada no Cabo Carvoeiro (Peniche) onde nao ha noticia de estragos, como os reportados na Regiao de Torres Vedras, onde o vento soprou certamente com maior intensidade.
Quanto a intensidade de vento de 200 km/h ser so em tufoes (furacoes, ciclones tropicais)...isso nao corresponde a verdade...surgem ventos desse "calibre" associados a fenomenos convectivos da mesoscala e da escala local como os tornados (por exemplo) assim como em depressoes extra-tropicais e nos chamados ciclones brancos...nas regioes polares.