Corço (Capreolus capreolus)

Seattle92

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Parque Internacional Gerês/Xurés tem 400 cabras selvagens
02.11.2009
Lusa

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Na área protegida está também a aumentar a população de corços, tal como sucede em toda a região norte, devido ao abandono da agricultura nas regiões serranas e à regressão da caça furtiva.

O corço, uma espécie cinegética que há alguns anos se encontrava em dificuldades, está agora - garante o especialista - em franca expansão na região norte, havendo populações em crescimento na zona do rio Douro internacional, em Bragança - no Parque Natural de Montesinho, na serra do Marão e noutras zonas montanhosas. “É um animal que come pequenas folhas e que não provoca a rejeição das populações”, sublinhou.
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http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1407911
 


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Distribuição dos ungulados (corço, veado e javali) na Reserva Natural da Serra da Malcata
Junho 2006
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A presença de ungulados na RNSM estava confinada ao javali, no entanto, recentemente a presença de corço e veado começou a ser observada. Em 2002, a ocorrência de um incêndio em Aldeia Velha, concelho do Sabugal, onde existia um cercado com corços, levou a que se efectuasse a abertura das suas portas libertando-se assim os animais aí confinados. Este acontecimento poderá estar na origem dos corços que actualmente se encontram na Serra da Malcata.

http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/...5D6984D/0/RNSMUngulados_Distribuicao_2006.pdf
 

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Seguindo as pistas da distribuição dos corços em Portugal, encontrei uma boa notícia (apesar de ser apenas um dialogo num fórum)

Assunto: Bonelli na Serra do Açor Seg Jul 02, 2007 10:24 pm
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A presença deste casal poderá ter como causa o aumento de disponibilidade alimentar na região, principalmente coelho. Não sei se se alimentam de corço (porventura das crias), que tem sido uma espécie que tem registado uma expansão significatica a partir da vizinha Serra da Lousã e que neste momento já se encontram instalados na Mata da Margaraça.
http://aves.team-forum.net/aves-de-portugal-f1/bonelli-na-serra-do-acor-t99.htm

A Mata da Margaraça situa-se na serra do Açor, já a leste de Arganil e muito perto da Serra da Estrela (cerca de 15km da fronteira do parque natural).

Se este testemunho de 2007 for verdadeiro, será que já temos hoje em dia corços na serra da Estrela? :)
 

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Estava eu aqui a seguir a rota do corço pela serra da Lousã e Açor em direcção à serra da Estrela, e esqueci-me do outro lado.

Também do lado direito da serra da Estrela o corço anda perto (se é que não anda lá dentro já).

Este artigo do ICNB situa corços a cerca de 15/20 km do parque natural.

De acordo com a Federação de Caça e Pesca da Beira Interior, entre Novembro de 2005 e Fevereiro de 2007 morreram mais de 20 corços afogados no canal de regadio da Cova da Beira, na área entre Caria (Belmonte) e Casteleiro (Sabugal)

http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/...-DBAC22AB3F38/0/manual_apoio_infra_linear.pdf
 

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Aqui vai uma notícia de Dezembro de 2000 que fala de reintroduções na zona da serra da Estrela.

Depois de um dia dedicado ao debate sobre a situação do lobo, o Sábado foi para verificar no terreno o que se tem feito no sentido da conservação ou, há quem acredite, da reintrodução do lobo na região. A primeira paragem foi na Quinta dos Lamaçais, onde a DRABI está a desenvolver um projecto de reintrodução do corço, uma das principais presas do lobo. O cercado onde foi reintroduzida a espécie foi concluído em Fevereiro do ano passado, tem uma área de 150 hectares e foram introduzidos 5 corços, um macho e quatro fêmeas, sendo que uma morreu. As restantes fêmeas estavam prenhes e, esclareceu o técnico da DRABI, já foram vistas três crias. O cercado de produção é semelhante aos de Aldeia Velha e Manteigas, e está prevista a sua abertura para dentro de dois anos, o que necessita, anteriormente, de um trabalho de sensibilização das populações, que, como referiu o técnico, está prevista no projecto mas que ainda não aconteceu. «É complicado ir de terra em terra falar com as pessoas que nem sequer conhecem um corço, chamam-nos de "cabras selvagens"», explicou. A apresentação do projecto não agradou de todo aos visitantes, defensores acérrimos da conservação e protecção da espécie lupina, que acusaram o projecto de visar apenas a valorização cinegética da região e que não garante a estabilização da população de lobo. Afirmaram ainda que «ninguém garante que estes corços que vêm de França não tenham raiva, que pode ser transmitida ao lobo». Defenderam ainda que «teria mais lógica que estes projectos fossem instalados em zonas de ocorrência de lobo» e que «mais valia não importarem os corços, uma vez que depois não há um trabalho posterior de acompanhamento e monitorização». O técnico da DRABI, confrontado, referiu que tem «garantias que os animais estão em condições» e que por isso «não foi feita qualquer quarentena aos animais». Admitiu ainda que «realmente falha a parte de acompanhamento, mas está prevista no projecto».
http://www.freipedro.pt/tb/211200/reg3.htm


A tal Quinta dos Lamaçais é na Caria (Belmonte). O post anterior (dos 20 corços afogados em 2005) devia referir-se a corços que vieram deste cercado de reprodução. Pelos vistos foi um projecto que resultou :thumbsup:

Do cercado de Aldeia Velha já falei há uns 3 ou 4 posts atrás. Pelos vistos tiveram de o abrir por causa de um fogo e os corços supostamente foram para a Malcata. Outro projecto que deve ter resultado :thumbsup:

O de Manteigas... 10 anos depois não encontro nenhuma indicação que hajam corços em Manteigas (em pleno coração da Serra da Estrela), o projecto deve ter falhado :(


Um ponto que referem nesta notícia. Foi preciso importar corços de França? Bem, convém lembrar que a notícia tem 10 anos, e a disponibilidade não era a mesma que existe actualmente, mas mesmo assim...
 

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ocorrenciacoronortedour.jpg


Imagem retirada do artigo: DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS PRESAS SELVAGENS DO LOBO IBÉRICO (Canis lupus signatuS CABRERA,1907) A NORTE DO RIO DOURO

http://www.secem.es/GALEMYS/PDF de Galemys/12 (NE).pdf/21. Oliveira (257-268).pdf



Estudo é de 1996, por isso podemos assumir que muitas das zonas que na altura ainda estavam a vermelho (ocorrência desconhecida), actualmente já apresentam populações de corços.

Os parques do Gerês, Alvão e Montesinho não entraram no estudo, mas nesses já sabemos que a presença está confirmada.
 

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Um pouco mais abaixo...

Vale do Coa

Fauna
Em relação à fauna, e segundo o Atlas da Fauna do Vale do Côa publicado em 2008, a sua diversidade é elevada, e foram identificadas 186 espécies de vertebrados. Entre as 33 espécies de mamíferos (cerca de 36% das espécies que ocorrem em Portugal) destacam-se a lontra (Lutra lutra), espécies associadas à paisagem em mosaico, alguns carnívoros, tais como o toirão (Putorios putorios), a fuinha (Martes foina), a gineta (Genetta genetta) e o gato-bravo (Felis silvetris), e também os ungulados, corço (Capreolus capreolus) e o javali (Sus scrofa

http://www.atnatureza.org/actividad...picolas_zpe_vale_coa_2009-joao_godinho_ua.pdf
 

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Bem, com tanta informação já recolhida... o próximo passo vai ser transformar todos estes dados num mapa de Portugal onde ficará visível a distribuição do Corço no nosso país.

Um mapa do género do que temos visto sobre a distribuição dos diferentes animais em Espanha.

Depois é uma questão de se ir actualizando à medida que se encontram mais zonas onde o bicho apareça :D

Já que o ICNB ou o Ministério do Ambiente não é capaz de fazer uma compilação deste género (mas bastante mais cientifica)... temos de ser nós a pôr as mãos na massa.
 

DRC

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15 Set 2008
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Póvoa de Santa Iria
Este texto é de de 2006, do Diário de Notícias acerca do esquilo-vermelho e do corço.

Esquilo-vermelho e corço estão de regresso à serra da Malcata


Há boas notícias na serra da Malcata. Depois de ausências muito prolongadas, duas novas espécies emblemáticas regressaram àquelas paragens e parece que estão para ficar. São o corço e o esquilo, que agora voltam a fazer parte da fauna selvagem local. "É um importante enriquecimento para a biodiversidade nesta zona", diz satisfeito Pedro Sarmento, biólogo e director da Reserva Natural da Serra da Malcata.

O primeiro a aparecer por aquelas paragens, há cerca de ano e meio, foi o esquilo. Mais exactamente o esquilo-vermelho. Hoje tornou-se já um animal comum na região. "Esta era uma situação esperada há algum tempo", explica o director da reserva, sublinhando que havia já sinais nesse sentido. "É agora normal encontrarmos pinhas roídas e outros indícios da sua presença, o que mostra que há uma população fixada", conta Pedro Sarmento.

Durante a última campanha de monitorização de mamíferos, há alguns meses, o esquilo também foi fotografado, como aqui se mostra.

É preciso dizer que o esquilo- -vermelho tinha sido dado como extinto em Portugal em meados do século XVI, ou seja, há quase 500 anos.

Não admira por isso que, em 1992, quando voltou a ser avistado (e fotografado) na serra do Gerês, isso tenha sido motivo de festa, sobretudo para os biólogos. "Houve reportagens na televisão e nos jornais", recorda Pedro Sarmento. Desde então, a espécie expandiu-se e progrediu para sul no território continental, adaptando-se bem à floresta, e estabelecendo-se de forma estável.

Em 1998, o director da reserva da Malcata chegou a considerar a hipótese de fazer ali a reintrodução do esquilo. "Na altura, um especialista inglês com quem falei do assunto tinha a opinião que provavelmente não seria necessário. Tinha razão".

Foi há sete anos que se percebeu que já havia populações de esquilo na Beira Interior. "Agora devemos estar no limite sul da sua fixação populacional, aqui na reserva", admite o biólogo, prevendo que a espécie possa continuar ainda a expandir-se mais para sul, apesar de a floresta se tornar aí mais esparsa. "Historicamente, o esquilo também existia a sul da Malcata."

Além do enriquecimento da região do ponto de vista da biodiversidade, o facto de este roedor ser agora residente cria também condições para a fixação de outras espécies suas predadoras, como algumas rapinas raras.

É o que Pedro Sarmento espera que aconteça igualmente com o regresso do corço à região. "É possível que isso favoreça também a fixação de populações de lobo".

Depois de ter desaparecido da região na década de 20 do século passado, o corço tem vindo progressivamente a regressar à reserva. Produto da reintrodução na Beira Interior, conduzida há uma década pelos Serviços Florestais, ou colonização natural oriunda de Espanha, "ainda não conseguimos perceber bem", confessa o director da reserva, o certo é que o corço está também para ficar. "Inclusivamente, sabemos que já se reproduzem, porque já fotografámos as mães com as crias", conclui.
 

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Apesar da informação disponível apontar para que a singularidade genética da população de corços a norte do Douro seja pouco provável, revela-se fundamental conhecer com precisão a 18 distribuição, estatuto e estrutura genética das populações autóctones de corço de forma a permitir assegurar uma gestão mais adequada e salvaguardar a integridade das mesmas. Neste ponto importa referir que, não existindo quaisquer condicionantes no que respeita à origem dos animais a utilizar em repovoamentos a sul do Douro (Portaria nº 466/2001 de 8 de Maio), na eventualidade de estudos genéticos virem a detectar a existência de diferenças entre os corços que ocorrem a norte do Douro e as restantes populações europeias, nomeadamente a francesa, a possibilidade de manutenção de uma única variante genética ou ecótipo da espécie a nível nacional já se encontra totalmente eliminada. Acresce ainda, que caso isso se verifique, e uma vez que não existem estudos que confirmem que o rio Douro representa uma barreira efectiva à passagem destes animais, a própria integridade dos núcleos populacionais existentes no região Norte do país se encontra ameaçada.
http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/..._Distribuicao_FactoresCondicionantes_2001.pdf



Os autores do estudo "Distribuição do Corço (Capreolus capreolus) no Parque Natural do Douro Internacional" realizado no ano 2001, fizeram esta consideração relevante.

A existência de corços a sul do Douro é um acontecimento recente, já que estes tinham desaparecido já há muito tempo. As populações que neste momento existem são fruto de reintroduções com animais vindos de França.

Na altura do estudo, apenas alguns animais existentes a sul do Douro (ainda no parque do Douro Internacional) eram populações ibéricas. Neste momento já as duas populações devem estar misturadas, por isso se tínhamos corços portugueses/galaicos com alguma especificidade em relação à população europeia... essa diferença genética já deve estar diluída e perdeu-se.
 

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A situação do Corço (Capreolus capreolus) no Noroeste de Portugal
Luísa Machado
(CIBIO - Universidade do Porto)

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No Nordeste de Portugal o Corço encontra-se distribuído um pouco por toda a área correspondente ao Parque Nacional da Peneda Gerês, estando os principais núcleos localizados em Rio Mau/Tourém, Serra do Gerês (Matas de Albergaria e Cabril), Mezio (Mata do Ramiscal) e Peneda (Ferreira, 2003). Pode também ser encontrada nas zonas menos perturbadas dos concelhos de Paredes de Coura e Ponte de Lima, inclusivamente na Serra d’ Arga.

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Agora que há corços na Serra de Agra, duvida-se que ainda lá esteja o núcleo de lobos que há alguns anos lá existia. Pode ser que ainda lá estejam ou então voltem.