Boa noite
Agora está a chover em PDL...
Realmente o IM dos Açores anda a falhar muito. Mas não creio que seja por falta de competência nem desleixo de certeza. Aposto que isto já serão efeitos dos "cortes" que há uns tempos ouvi falar que estavam a acontecer aqui no IM... Não sei bem, mas da próxima que encontrar alguém do IM pergunto mesmo. Mas o mais provável é mesmo ser consequência de alguma poupança...graças a Deus que a Protecção Civil é da competência regional e que, pelo menos até hoje e tanto quanto sei, nunca se poupou na segurança da população apesar dos apertos, porque se começam a cortar aí também, este país perdeu todo e qualquer valor em nome da dívida! Valha-me Deus...
Não querendo minimizar o papel dos meteorologistas, temos que reconhecer que há limites para a predictabilidade dos fenómenos atmosféricos.
Muitas vezes somos tentados a abusar dos modelos numéricos de previsão como se fossem reproduções fieis da realidade. No caso em concreto, trataram-se de aguaceiros fortes e localizados cuja extensão horizontal era certamente inferior a 15 km. Os modelos numéricos como os que o IM utiliza (T1279 do ECMWF) na sua rotina operacional têm resoluções horizontais da ordem dos 16km. A latitude dos Açores essa resolução é cerca de 24 km, ou seja, cerca da dimensão máxima horizontal da ilha Terceira. Isto significa que não seria correcto esperar que este modelo reproduzisse fenómenos de escala tão reduzida.
Por outro lado, os modelos com maior resolução como o MM5, WRF, AROME ou ALADIN são inicializados com modelos de larga escala que filtram as eventuais perturbações de escala inferior a sua resolução. Nestas condições, não é linear que estas perturbações venham depois a aparecer "miraculosamente" nestes modelos de alta resolução.
Não me parece que as falhas que eventualmente se verificaram na previsão destes fenómenos tenham a ver com falta de competência nem de meios económicos. Trata-se apenas de limitações físicas que só com o avanço da ciência e da tecnologia poderão ser um ultrapassadas.