Relíquias florestais: restos de laurissilva em Portugal Continental



belem

Cumulonimbus
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10 Out 2007
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Sintra/Carcavelos/Óbidos
No terreno de Óbidos já comecei a plantar algumas espécies que existiram na área antes das desflorestações maciças.
Sobretudo espécies da laurissilva, pois esta região (assim como outras zonas da Estremadura) é conhecida por ter servido de refúgio climático para florestas de loureiros (e a espécies associadas) durante a Idade do Gelo.
Hoje, este tipo de floresta já estaria a expandir-se desde os seus locais de abrigo glaciário, sobretudo durante os períodos mais húmidos e amenos (em que uma boa vegetação arbustiva conseguia proteger as árvores jovens de desidratação) sobretudo nos vales mais abrigados.
Mas também se vão cultivar espécies de zonas temperadas húmidas que existiram na região (como aveleiras, azevinhos, carvalhos-roble e tílias, por exemplo) que existiam em zonas mais frescas e húmidas e mediterrânicas (como a oliveira silvestre (zambujeiro), que permaneceu aqui, mesmo na fase mais fria do último e maior período glacial). Em montanhas pouco altas, cresciam pinheiros-silvestres, por exemplo.
Esta discrepância de tipos de vegetação, que ocorreu em zonas relativamente pouco altas da Estremadura, nos últimos 50.000 anos, demonstram como as mudanças climáticas podiam ser rápidas e como o tipo de geografia da região, permitia a subsistência de um variado puzzle florístico, mesmo se considerarmos um certo período específico.
Conforme as condições, um ou outro tipo florestal se expandia em detrimento de outro, etc...

Fica aqui lançada a sugestão: se algum de vocês quiser naturalizar um terreno ou mesmo uma pequena área, o melhor será informar-se sobre que espécies realmente existiram na região, antes do Homem destruir a vegetação natural.
E penso que se devia optar por utilizar variedades com origem nacional, pois essas seguramente sobreviveram a diferentes períodos climáticos e pressões seletivas, que existiram na mesma zona.
Seria interessante localizar núcleos florestais em que se sabe que a sua origem é local e que as árvores utilizadas não vieram de outro lado e foram colocadas ali por humanos.
Em Sintra existe vinhático, o feto de botão, e o til (por exemplo), e ainda não se sabe se são sobreviventes da Era Glaciária ou se são reintroduções recentes, oriundas das Ilhas Macaronésicas.
Penso que o mesmo tipo de dúvidas existe, para certos núcleos de castanheiro ou videira silvestre e para tantas outras árvores ou plantas.
Acho que dada a evidente importância desta matéria (pois seria um novo património genético que seria descoberto e que está bem adaptado ao nosso país, requerendo muito menos cuidados para sua manutenção) algum estudo deveria ser feito neste sentido.
Já reparei que certos institutos, dedicam milhões ou milhares de euros a estudar coisas que só quase servem para saciar a curiosidade, mas que praticamente nenhuma utilidade têm e isto em tempo de crise acho que é uma verdadeira aberração.


PS: Interessante este tópico: http://www.meteopt.com/forum/biosfera-atmosfera/floresta-nativa-portuguesa-7100.html