Pelo que entendi, foi no topo de uma torre eólica onde o vento é sempre superior e a mesma estava aos 150 metros de altitude, pelo que pode não ser assim tão surpreendente. A única coisa mais estranha foi eventualmente o carácter isolado, mas pode acontecer.
Um dado destes pode sempre ser utilizado se fosse necessário para validar alguma coisa, teriam é que estudar as circunstâncias e fazer a respectiva redução para o vento aos 10m. Recordo-me duma palestra da EDP, REN e APMG sobre o ciclone do Oeste onde um dos intervenientes chamou a atenção que os ventos que estava a mencionar eram do topo das torres e ainda havia uma diferença significativa para os 10m. Pelo que qquando se fala destes valores na televisão deviam mencionar este pormenor, não falamos da mesma ordem de grandeza, e viu-se até ontem um dos meteorologistas numa entrevista até um pouco incomodado e a salientar que até aquele momento a maior rajada tinha sido de 112km/h.
Os menos habituados talvez não saibam, mas estes dados são importantes, tenho ideia que na reanálise pós-temporada do furacão Gordon de 2006 a intensidade do mesmo foi revista em baixa com os dados locais e eventualmente outros que foram observados.
Mas tem que ser estações standard, a usar outros dados, os mesmos tem que ser estudados e ajustados. Neste caso teriam que estudar o equipamento, que condições havia nesse exacto momento, etc que justificasse o que registou. Num furacão com ventos médios por exemplo de 100km/h, se houver convecção violenta a esse vento soma-se o vento de outros fenómenos como downburst's e localmente o vento pode ser muito mais intenso, podem ocorrer meso-vórtices muito intensos devido à turbulência do vento, etc.
Não é raro numa tempestade qualquer a mesma ter sido moderada em todo o lado menos numa zona qualquer com menos sorte que assistiu a mais destruição que todos as restantes. Podem não acreditar, mas após anos a acompanhar estes fenómenos, sei que a maioria das pessoas quando acaba ficam com a sensação que foi mais fraco que se esperava. A maioria, porque muita vez há uma pequena "minoria" que teve muito azar e se lixou.
Os anemómetros das torres devem ter qualidade porque afinal o negócio delas é o vento, e a operação das mesmas, até por causa destes eventos mais extremos, depende do rigor dos dados, um registo errado dos vento podia significar a destruição da torre que como todos sabem, a partir de certa intensidade são imobilizadas. Agora, erros podem sempre acontecer em qualquer equipamento....
Há uma historia curiosa sobre estas coisas. Quando foi o infame Furacão Andrew de 1992 o NHC precisava de dados para validar informação pós tempestade para fins científicos/climatológicos.
Um dos poucos dados que tinham de certo quadrante do furacão era duma rajada duma estação pessoal, que registou 184kt antes de ser destruída, tal como a casa onde estava.
Na altura o NHC comprou 3 anemómetros iguais e estudou-os (e destruí-os) em túnel de vento para aferir o rigor e margem de erro nestas condições extremas.
Como o vitamos referiu tudo tem certa margem de regular de operação e nos limites pode haver mais erro e falhas.
The strongest gust reported from near the surface occurred in the northern eyewall a little more than a mile from the shoreline at the home of Mr. Randy Fairbank. He observed a gust of 184 kt moments before portions of a windward wall failed, preventing further observation. The hurricane also destroyed the anemometer. To evaluate the accuracy of the instrument, three anemometers of the type used by Mr. Fairbank were tested in a wind tunnel at Virginia Polytechnic Institute and State University. Although the turbulent nature of the hurricane winds could not be replicated, the results of the wind tunnel tests suggest that the gust Mr. Fairbank observed was less than 184 kt and probably near 154 kt. Of course, stronger gusts may have occurred there at a later time, or at another site. Damage at that location was significantly less than the damage to similar structures located about 2 miles south of this neighborhood, implying even stronger winds than observed at this location.
Strong winds also occurred outside of the eyewall, especially in association with convective bands (Fig. 6). A peak gust to 139 kt was observed at a home near the northern end of Dade County (Fig. 5) on an anemometer of the brand used by Mr. Fairbank. Applying the reduction suggested by the wind tunnel tests to 139 kt yields an estimate close to the 115 kt peak gust (a five-second average) registered on a National Ocean Survey anemometer located not far to the east, at the coast.
http://www.nhc.noaa.gov/1992andrew.html