Tornado em Carvoeiro, Lagoa e Silves – 16 de Novembro de 2012

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Cumulonimbus
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26 Jun 2010
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Ponte de Lima (centro)
No meio deste caos e desgraça toda que claro que lamento, há que reparar numa certa árvore que se ve bem nas fotos que está mais que preparada pra isto, a Palmeira, impressionante como ficam sempre direitas, incrível sobrevivência destas árvores contra estes fenómenos..
 


Agreste

Furacão
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29 Out 2007
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Artigo do www.público.pt:

Portugal terá tido pelo menos 87 tornados nos últimos 80 anos, segundo uma base de dados europeia sobre eventos climáticos extremos.

O número confirma que este tipo de ocorrência é pouco frequente em Portugal, em comparação com outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre 1991 e 2010, há registo de 1253 tornados por ano, em média, segundo a agência norte-americana para a Atmosfera e o Oceano (NOAA, na sigla em inglês). Ou seja, num mês há mais tornados nos EUA do que houve em oito décadas em Portugal.

Calcular a frequência exacta de tornados num país ou numa região não é, no entanto, tarefa fácil. É difícil prever exactamente onde e quando ocorrerão. Além disso, são fenómenos muito localizados, que normalmente escapam à detecção das estações meteorológicas fixas.

Os dados dependem, por isso, de testemunhos concretos. É em grande parte a partir destes relatos que uma base de dados europeia – a European Severe Weather Database, mantida por uma organização não-governamental alemã – regista 87 ocorrências em Portugal. Cinco testemunhos não foram alvo de qualquer tipo de confirmação; 65 são considerados plausíveis; nove foram confirmados; e oito eventos foram “totalmente confirmados”.

O registo mais antigo é de 1936, em Ponte de Sôr. O mais recente é o desta sexta-feira, no Algarve, que já está na base de dados.

O maior até agora registado ocorreu em Castelo Branco, no dia 6 de Novembro de 1954. Cinco pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas. Foi um tornado de categoria F3 – na escala de Fujita, que mede este tipo de fenómeno meteorológico. A escala baseia-se nos danos observados – numa filosofia semelhante à da escala de Mercalli, para os sismos. Vai de F0 (poucos danos) a F5 (danos impensáveis). O nível F3 aplica-se a um tornado “severo”.

O Instituto de Meteorologia (IM) ainda não tinha, até sábado à hora do almoço, uma avaliação definitiva sobre o tornado do Algarve. As imagens parecem indicar que houve efectivamente uma tromba marinha – ou seja, um tornado sobre o mar, com o funil que desce da nuvem até à água. Há imagens também a sugerir que o tornado avançou sobre a terra. Mas uma avaliação definitiva ainda está por fazer.

A meteorologista Ângela Lourenço, do IM, explica que os tornados têm uma assinatura própria nos danos causados por onde passa. Na zona abrangida pelo funil, a pressão é muito baixa, provocando muitas vezes a pulverização dos materiais que encontra pela frente.

Mas danos semelhantes aos dos tornados, como tectos arrancados e árvores derrubadas, podem ocorrer noutras situações meteorológicas. Em Outubro de 2011, o aeroporto de Faro foi severamente afectado por um temporal, que fez cair parte da sua cobertura.

Nalgumas situações, diz Ângela Lourenço, os danos são causados por um fenómeno conhecido como “down burst” – um forte movimento do ar de cima para baixo, que depois se dissemina com grande velocidade no sentido horizontal.

Rede de dados do tempo severo na europa...

http://www.essl.org/cgi-bin/eswd/eswd.cgi
 

Agreste

Furacão
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29 Out 2007
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Tarde e a más horas mas...

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Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)

Relativamente ao artigo do Público, é necessário referir alguns aspectos:

1. A área de superfície terrestre dos EUA é 101.76 maior que Portugal. Partindo do princípio que os EUA registou em média 1253 tornados por ano, e que Portugal tenha registado em média 87tornados/80anos, então considerando a diferença de tamanhos, conclui-se que nos EUA os tornados são 11x mais frequentes que em Portugal.

2. De forma grosseira, podemos também referir que a maior parte dos tornados ocorre numa faixa de 1/3 no interior dos EUA (midwest), o tão chamado corredor de tornados. Excluindo esta faixa crítica, não será muito, muito mais frequente a ocorrência de tornados em relação a Portugal. O terço mais a norte, nos desertos e nas montanhas, são pouco prováveis mesmo.

3. Portugal não tem nem 1/10 da densidade de rede de observação meteorológica existente nos EUA desde há muitos anos. Só agora mais recentemente existem tantas estações amadoras e agrometeorológicas. Radares temos 2!

4. Quantas cidades, vilas, aldeias tem Portugal? Centenas, senão milhares! Não acredito que exista algum local povoado em Portugal, que nos últimos 100 anos não tenha ocorrido pelo menos um dos seguintes fenômenos severos:
- Tornado
- Downburst
- Gustnado

Existe muito fenómeno ocorrido em todas as terras portuguesas, que pertence à memória popular, mas que não foi registado nem classificado!
 

Chingula

Cumulus
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16 Abr 2009
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O que teria acontecido de diferente se ontem o IM tivesse aviso laranja ou tivesse dito haver condições para formação de tornados ? Eu por acaso acho que sim, que o IM devia ter laranja, mas não por causa do Tornado, por causa da sucessão de células que começaram a surgir. E se tivesse laranja isso mudaria alguma coisa ? Não. Nada. Niente. Zero.

Há muita coisa que pode melhorar, mas eu preferiria uma discussão construtiva com algum nível, de preferência, com algum conhecimento.

Falemos de Tornados. E olhemos para 3 áreas:

1) Previsão
Tornados não são previsíveis, a única coisa que podemos prever é condições favoráveis à sua formação. Ontem havia algumas condições, mas nem foi nada por aí além, todos os anos há toneladas de dias bem mais agressivos em que não acontece absolutamente nada. O Estofex nem um nível 1 tinha. E não me falem do stormy, que esse fala das condições favoráveis a tornados praticamente em todos os eventos convectivos, chega a ser todas as semanas, o que nem é disparate, pois um tornado efectivamente pode formar-se em quase todas as situações de tempo instáveis, e falar da possibilidade de tornados chega a ser informação irrelevante exceptuando dias em que existam condições mesmo especiais, o que nem era o caso de ontem. Mas não podemos prever a sua ocorrência nem aonde, dada a pequena escala do fenómeno e a rapidez com que tudo acontece. Os pormenores que levam à formação de um tornado ainda hoje são objecto de imensa investigação cientifica.

2) Detecção
Outro problema, já abordei esse assunto umas vezes, boa parte dos tornados em Portugal são pouco percepiveis mesmo em radar modo doppler. Aliás, os Tornados nem se conseguem ver em radar de tão pequenos que são, o que se vê é o mesociclone, e pode haver meso sem tornado, o que até acontece a maioria das vezes. Só em tornados excepcionalmente graves que provoquem uma nuvem de detritos (debris cloud) é que se identifica mesmo um tornado em radar, quer dizer, mais uma vez não vemos o tornado, vemos é a reflectividade dos detritos. Acredito que o de ontem até fosse excepção, que tivesse um mesociclone bem definido. Mas mesmo que sejam detectados, o que podemos fazer ? O IM até criou o Meteoglobal precisamente por causa deste tipo de problema, precisa de mais olhos em todo o lado.

3) Aviso/actuação
Nos EUA estes são os chamados 10/20 minutos decisivos que salvam as vidas, é identificado um tornado, disparam sirenes por toda a região em causa, rádios e televisões entram imediatamente no ar a avisar do Tornado. Mas atenção, isto apenas acontece em 5 ou 6 dos estados americanos, precisamente dos que são atingidos mais violentamente por tornados. Uma realidade que nada tem a ver com Portugal ou qualquer outro país europeu. E mesmo nesses Estados americanos apesar de todo um arsenal preparado para isso e uma população bastante sensibilizada, muitas vezes acontecem tragédias na mesma.

Pensem bem em tudo isto, e percebem que não é matéria tão simples e linear como alguns a querem dar a entender. E muitos outros problemas há. Imaginem o cenário de alguém a telefonar para uma entidade a dizer que existe um tornado no local x. Logo aqui começam os problemas, é um relato credível, é um equivoco, é alguém a brincar, é um boato ? E supondo que sim, que é verdadeiro, para aonde vai o tornado, quem o vê consegue no meio da confusão explicar ou descodificar uma informação tão importante como essa ? Julgo que não, aposto que ontem só umas horas depois se percebeu melhor por onde andou o Tornado, e afinal quantos eram, se era o mesmo ou não. E a entidade que recebe a chamada faz exactamente o que ? São minutos caóticos em que só gente muito treinada e com bastante informação pode desencadear acções verdadeiramente úteis em tão pouco tempo. Sabem que não estamos preparados para isso.

Hoje em dia as diversas entidades (IM, Protecção civil, bombeiros, etc) até tem uma coisa que não existia no passado e que pode ser muito útil a fazer chegar a informação de forma muito rápida a um grande número de pessoas. As redes sociais. A própria rede depois propaga a informação para as pessoas que eventualmente possam estar ameaças. Mas mesmo aqui, se pensarem bem, também podem nascer outros problemas, como os boatos, ou rumores maldosos, etc, como de resto já aconteceu várias vezes em eventos meteorológicos, na Madeira, nos Açores, no continente e mesmo ontem aconteceu no Algarve.

Seguramente que há muito a discutir e a melhorar. Mas resumir este assunto à crítica fácil sobre previsões ou avisos do IM sem compreender e discutir toda esta realidade, peço desculpa, mas não é uma discussão honesta.

Palavras certas e sensatas, falta só acrescentar que o IM, deixou de existir e agora oficialmente é um departamento do IPMA...passando por momentos difíceis...
 

Gerofil

Furacão
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21 Mar 2007
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Estremoz
Estofex.JPG

Storm Forecast; Valid: Fri 16 Nov 2012 06:00 to Sat 17 Nov 2012 06:00 UTC
Issued: Thu 15 Nov 2012 19:39 Forecaster: TUSCHY

SYNOPSIS

Once again a cut-off west of Portugal moves east and phases with a deepening trough over the E/NE Atlantic.

DISCUSSION

... Portugal and parts of Spain ...

Yet another cut-off approaches the area of interest during the day. Well structured warm conveyor belt (WCB) taps into rich moisture of a (sub) tropical air mass and therefore an healthy precipitation shield is forecast to affect most of the W/S-Iberian Peninsula.
Given history of similar events in the past with minor activity of electrified DMC in a similar air mass, we kept the 50-% lightning area quite narrow. Weak lapse rates are forecast and embedded convection within the WCB is possible all day long and the main risk will be heavy rain. During the night however, mid-levels cool down from the west, which may increase CAPE in the graupel zone and electrified convection somewhat. An isolated tornado event can't be excluded along the W-coast of Portugal with significantly enhanced LL shear and surface based CAPE offshore/along the coast.

Fonte: http://www.estofex.org/
 

algarvio1980

Furacão
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21 Mai 2007
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Olhão (24 m)
Hoje na sua edição em papel, o Correio da Manhã escreve isto:

Algarve: Previsão para tornado anunciada em fóruns na Internet

Perigo do mau tempo foi ignorado

O Instituto de Meteorologia (IM) sabia que o Algarve ia viver, na sexta-feira, uma situação meteorológica "perigosa e sensível". Mas manteve o alerta amarelo e só informou a Protecção Civil para chuva e ventos fortes até 70 km/h. Estranhamente, o tornado era anunciado em fóruns na internet uma hora antes de acontecer. Muitos danos e ferimentos mais graves podiam ter sido evitados. O Ministério da Administração Interna (MAI), apurou o CM, já exigiu um relatório para apurar possíveis falhas.

"A região sul estava ontem [anteontem] numa situação perigosa e sensível, mas não sabíamos se ia acontecer um fenómeno extremo como um tornado", assumiu ao CM a meteorologista Ângela Lourenço. Na dúvida, o IM entendeu não elevar o nível de alerta para laranja (o segundo mais grave numa escala de cinco). Apesar da forte possibilidade de um fenómeno anómalo com características extremas, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) colocou meios em prontidão apenas "para a ocorrência de chuvas e ventos fortes e agitação marítima", segundo explicou ao CM João Verde, comandante adjunto de operações da ANPC.

Esta informação, que podia ter ajudado a minimizar muitos estragos e ferimentos mais graves, nomeadamente nos turistas que estavam dentro de autocaravanas, em Silves, foi transmitida à população apenas através de um comunicado colocado no site da ANPC, na noite anterior ao tornado, e enviado aos órgãos de comunicação social. Já sobre a previsão de um tornado que circulava nos fóruns da internet, o responsável da Protecção Civil referiu ao CM que "não se pode actuar com base em informações não oficiais".

Reais e oficiais foram os severos estragos que o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, viu ontem à tarde em Silves e Lagoa. Questionado pelo CM sobre os alertas do IM, o ministro assumiu apenas que os recebeu, mas "não para tornados", apenas para a "possibilidade de mau tempo".

Fonte: CM

O Correio da Manhã escreve também para a possibilidade de um tornado nesse mesmo dia, em Esteval dos Mouros, Concelho de Loulé, onde arrancou árvores.

Mas na dúvida, não é normal jogar-se pelo seguro, se o próprio IM admite que havia forte possibilidade de acontecer algo extremo, só ficou pelo amarelo.

Não ficava nada surpreendido, se o fórum fosse consultado neste inquérito, aliás a comunicação social está a dar grande relevância ao fórum e tem gerado algumas críticas e discussões que são bem-vindas para que no futuro, possamos estar mais preparados, para estes eventos mais extremos e tanto o IM acho se uma situação parecida ocorrer no futuro não hesitará.
 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Na minha opinião, ninguém aqui duvida da forte imprevisibilidade destes fenómenos extremos. Contudo, penso que há muito a melhorar, com bom senso, sem alarmismos desnecessários:
1. O aviso mais indicado seria o laranja.
2. Os avisos e os alertas deveriam ser alterados a todo o momento (sempre que necessário) e não apenas de 12 em 12horas!
3. O tornado foi avistado do mar em forma de tromba de água. Pergunto se não existem bóias marítimas nas proximidades, ou se as embarcações em alto mar não alertaram a proteção civil. Digamos que seria bastante exequivel o alerta da população com pelo menos 15min de antecedência.
4. Nestas situações é bem visível a direcção em que avançam estas perigosas supercélulas mesociclones, no radar são núcleos ao longo de uma linha que não deixa dúvidas, que em toda a extensão da linha de trajecto deveria haver um plano de proteção civil posto em ação!

Conclusão: meia-hora pode não significar nada em termos de colocação dos meios no terreno, mas pode significar tudo para a prevenção da própria população!
 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Então não há ninguém que se oponha à minha sugestão? Se os avisos do IM são lançados de 12 em 12horas, então para que servem as atualizações de modelos? Para que servem os registos horários das estações? Para que servem os radares meteorológicos? Para que servem as bóias marítimas? Para que servem os alertas de qualquer pessoa/entidade situada num determinado local??

É assim.. Não se pode evitar os estragos atempadamente, mas e se as pessoas se puderem abrigar a tempo, não é preferível? Às vezes por 1min ou menos, deixamos de estar na momento errado, no local errado, certo?
 

Blizzard

Cirrus
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8 Dez 2007
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Em relação ao célebre video do tornado e como curiosidade tentei, isolando frame a frame, perceber a velocidade dos ventos do tornado quando passou pelo estádio do Silves F.C.
A unica forma possivel de o fazer sem recurso a software especifico, era tentar perceber, com base em objectos cujo comprimento se conheçe (neste caso a baliza de futebol), quanto tempo levava a passar por ela algum objecto na sua proximidade.
Consegui ao segundo 55 do video, encontrar um objecto que, segundo os meus cálculos e com todo o erro associado, viajava a cerca de 130 km/h.
E ainda faltavam cerca de 10 segundos até o muro do estádio se partir (minuto 1:05 do video), momento a partir do qual julgo que o vento começou a abrandar.
Não consegui perceber nada nesse intervalo de tempo que tivesse como referência pois a baliza deixou de ver devido ao vento e chuva extremos mas comparando a intensidade do vento nesse pequeno intervalo de tempo percebesse que se esta foi muito superior.
Na minha opinião é bem possivel que este tornado tenha chegado à classificação F2 na escala de Fujita (velocidades de vento entre 182 e 252 km/h).

 

Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Em relação ao célebre video do tornado e como curiosidade tentei, isolando frame a frame, perceber a velocidade dos ventos do tornado quando passou pelo estádio do Silves F.C.
A unica forma possivel de o fazer sem recurso a software especifico, era tentar perceber, com base em objectos cujo comprimento se conheçe (neste caso a baliza de futebol), quanto tempo levava a passar por ela algum objecto na sua proximidade.
Consegui ao segundo 55 do video, encontrar um objecto que, segundo os meus cálculos e com todo o erro associado, viajava a cerca de 130 km/h.
E ainda faltavam cerca de 10 segundos até o muro do estádio se partir (minuto 1:05 do video), momento a partir do qual julgo que o vento começou a abrandar.
Não consegui perceber nada nesse intervalo de tempo que tivesse como referência pois a baliza deixou de ver devido ao vento e chuva extremos mas comparando a intensidade do vento nesse pequeno intervalo de tempo percebesse que se esta foi muito superior.
Na minha opinião é bem possivel que este tornado tenha chegado à classificação F2 na escala de Fujita (velocidades de vento entre 182 e 252 km/h).


Bom trabalho! Essa velocidade que calculaste seguindo a trajectória do objecto e daí cruzando o deslocamento e tempo decorrido, é um aferidor de uma velocidade média, estabelecida por baixo, pois temos de ter em conta o atrito e outras perturbações (choques, etc..). Podemos afirmar que a velocidade média do vento nesse local, nesse intervalo de tempo, foi superior e nunca inferior a 150km/h, com um erro de quê? 30 frames por segundo? Se conhecemos o comprimento do campo, o objecto percorreu na diagonal? Podemos calcular mais ou menos o erro de espaço percorrido, e mais ou menos 1 frame no tempo decorrido.
 

Iuri

Cumulus
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24 Dez 2009
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Na minha opinião, ninguém aqui duvida da forte imprevisibilidade destes fenómenos extremos. Contudo, penso que há muito a melhorar, com bom senso, sem alarmismos desnecessários:
1. O aviso mais indicado seria o laranja.
2. Os avisos e os alertas deveriam ser alterados a todo o momento (sempre que necessário) e não apenas de 12 em 12horas!
3. O tornado foi avistado do mar em forma de tromba de água. Pergunto se não existem bóias marítimas nas proximidades, ou se as embarcações em alto mar não alertaram a proteção civil. Digamos que seria bastante exequivel o alerta da população com pelo menos 15min de antecedência.
4. Nestas situações é bem visível a direcção em que avançam estas perigosas supercélulas mesociclones, no radar são núcleos ao longo de uma linha que não deixa dúvidas, que em toda a extensão da linha de trajecto deveria haver um plano de proteção civil posto em ação!


Conclusão: meia-hora pode não significar nada em termos de colocação dos meios no terreno, mas pode significar tudo para a prevenção da própria população!

Concordo com o teu ponto de vista.
A monitorização com reacção em tempo real é o que se espera.
Depois temos a articulação com as autoridades locais. Se o radar apresentava (como apresentou) valores extremos, porque não foram os bombeiros destacados para a costa ou a marinha para o mar para fazer observação directa?
 

joocean

Cirrus
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3 Dez 2010
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Almada
Se sempre que aparecesse um ponto vermelho no radar tivéssemos que fazer isto tudo, o país estava desgraçado.

Anda muito disparate por aqui. Em primeiro lugar, mesmo que o IM tivesse lançado o aviso laranja um pouco antes do tornado, tudo se teria passado da mesma forma. Não há ninguém que altere a sua vida por um aviso meteorológico mudar de cor. Excepção das autoridades de protecção civil, mas o que poderiam estas fazer? Evacuava-se o Algarve? Ia toda a gente para dentro de bunkers? Fechava-se o comércio, mandavam-se os trabalhadores e alunos para casa?

O ponto essencial é o bom senso. Mesmo que se soubesse que iria passar um tornado no Algarve durante o dia de ontem com uma antecedência de 24 horas, o que poderia ser feito? Pensem nisso, e não se esqueçam que os danos pessoais foram marginais e os materiais não poderiam ser evitados, na sua esmagadora maioria.

Já lá vão uns anos estava eu no Algarve e em Faro ficou tudo louco com um alerta da ANPC devido a um aviso do IM, até houve escolas evacuadas e depois o mau tempo "descarregou" todo em cima do mar. Foi bom ver da praia todo aquele temporal!
 

SpiderVV

Moderação
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26 Ago 2010
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Portalegre (400m)
O problema disto é mesmo se o IM não avisa, há controvérsia, se avis ae não há nada, há controvérsia. Eu por mim sugeria que o IM não tivesse dúvidas e avisasse, se não acontecesse nada, ao menos avisaram e ninguém tinha razão de queixa, apesar de ir haver queixas na mesma. Nesse caso o IM apenas teria que "ignorar" a população e continuar a dar os avisos sempre que fosse necessário, porque quem não ouve depois sofre...
Tornados são um fenómeno quase imprevisível, mesmo na existência de células severas. Sim, o IM podia ter feito um upgrade ao aviso assim que viu as células a chegarem a terra, mas foi uma situação quase imprevisível e que provavelmente o IM pensou que ia melhorar, as células morrerem. Há que ver também que o IM não está na sua melhor condição por causa da mudança para o IPMA.