Lobo Ibérico

AnDré

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Tinha metido este mapa há uns tempos. Mas isto é do census de 2003 se não me engano.

Em Montemuro-Leomil-Lapa há bastante tempo que não oiço falar em lobos.
Raposas sim, agora lobos...

Há que referir que nos últimos 10 anos, as cabeças de gado devem ter caído para menos de metade na região. Deu-se a construção da A24 que passa entre Leomil e Montemuro e uma enorme desflorestação até ao final da década.

Nos últimos 5 anos, ecludiram parques eólicos por todo o lado, mas também há muita floresta em crescimento. Nomeadamente em Leomil. Essencialmente pinhal e eucaliptal, sendo que estes últimos foram introduzidos recentemente.
 


Brigantia

Cumulonimbus
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Norte de Portugal
Alto Minho com meia centena de lobos mas metade das alcateias são frágeis
Lusa
29 Mai, 2013, 18:44

O Alto Minho contará atualmente com seis alcateias, metade destas frágeis, e cerca de 50 lobos, o que leva um investigador a defender uma maior aposta em medidas de proteção do gado.

"Os proprietários pecuários, muitas vezes, já estão um pouco desabituados do lobo, não aplicam as medidas de minimização mais convenientes e isso acaba por resultar num impacto de predação bastante grande", explicou hoje à Lusa o investigador Francisco Álvares.

Aquele biólogo integra o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto e há cerca de 20 anos que monitoriza a presença do lobo na região do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

No distrito de Viana do Castelo, acrescentou, existirão nesta altura três alcateias estáveis, na zona do PNPG e cada uma com dez a doze indivíduos, distribuídas entre as serras do Soajo e de Castro Laboreiro.

Acrescem outras três alcateias, estas "mais frágeis" e com apenas cerca de cinco indivíduos cada, na zona mais próxima o litoral, entre Paredes de Coura e a serra d`Arga.

"Mas estas muito mais instáveis e sujeitas à forte perseguição humana, sem uma reprodução regular", sublinhou o investigador.

Com estes números, mais do que o "necessário" pagamento "atempado" das indemnizações compensatórias dos ataques do lobo a animais de criação, previstas na lei e recorrentemente alvo de críticas das populações devido ao atraso, Francisco Álvares defende um investimento em medidas preventivas e no reforço da reintrodução de presas silvestres como o corso e javali.

Com a utilização de cães de gado e cercas elétricas, assim como a presença física de pastores, garante ser possível "diminuir os prejuízos" destes ataques e evitar o pagamento de indemnizações por parte do Estado, que anualmente ascendem a mais de 700 mil euros.

"Por estranho que pareça, há rebanhos sem pastores e isso é algo que não é normal", acrescentou Francisco Álvares, à margem de um colóquio sobre a presença do Lobo no Alto Minho, realizado hoje em Arcos de Valdevez.

O evento pretendia sensibilizar a população para o tema, sobretudo face à "complexa relação" mantida no terreno entre o Homem e aquela espécie, e foi organizado pela Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico (ACHLI), tendo reunido mais de meia centena de pessoas, nomeadamente presidentes de Juntas de Freguesia da região.

Segundo dados avançados à Lusa, em março último, pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), durante o ano de 2012 foram contabilizados oficialmente 58 animais atacados por lobos só nos concelhos de Paredes de Coura e Arcos de Valdevez.

Em todo o continente nacional, o Lobo Ibérico, espécie protegida em Portugal desde 1988 e considerada em risco de extinção desde 1990, contará com 63 alcateias e 300 indivíduos.

No entanto, recorda Francisco Álvares, estes números têm perto de dez anos e durante este período, à exceção do programa de monitorização no Alto Minho, não foi realizado qualquer censo nacional à presença do lobo em Portugal.

Na PNPG, uma das principais áreas de concentração da espécie em Portugal, menos de 10% dos criadores de gado registaram ataques dos lobos nos últimos anos, indicam os dados mais recentes divulgados neste colóquio
© RTP


Relamente já era altura de fazerem novos censos nacionais.
 

lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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© RTP


Relamente já era altura de fazerem novos censos nacionais.

Sim, especialmente para se perceber melhor como estão os números a evoluir nas zonas de maior fragilidade Montemuro-Leomil-Lapa, Trancoso-Guarda-Sabugal, e a zona mais litoral de Viana do Castelo (a poente da A3, salvo erro). Também tenho curiosidade para perceber no global como evoluem os números na zona sul do eixo Marão-Alvão e na serra da Padrela.
 

DMigueis

Cumulus
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Sim, especialmente para se perceber melhor como estão os números a evoluir nas zonas de maior fragilidade Montemuro-Leomil-Lapa, Trancoso-Guarda-Sabugal, e a zona mais litoral de Viana do Castelo (a poente da A3, salvo erro). Também tenho curiosidade para perceber no global como evoluem os números na zona sul do eixo Marão-Alvão e na serra da Padrela.

Apesar de não ser algo global, que acho que era o que deveria haver, ainda assim, a ACHLI e o Grupo Lobo continuam a monitorizar, pelo menos, algumas das populações.

http://www.loboiberico.org/pt/projectodetalhe/16/54
 

lreis

Cumulus
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Apesar de não ser algo global, que acho que era o que deveria haver, ainda assim, a ACHLI e o Grupo Lobo continuam a monitorizar, pelo menos, algumas das populações.

http://www.loboiberico.org/pt/projectodetalhe/16/54

Agradeço a informação que tem elementos muito interessantes.
Esperemos agora que vão tornando público alguns resultados, mesmo que sujeitos a algum "filtro orientado" para proteção das alcateias visadas.
Os projetos aparentam ser consistentes e adequados.
Talvez a maior interrogação surgiu da leitura relativa ao projeto de "Áreas sem atividade venatória (....O objetivo principal deste projeto é a criação de áreas sem atividade venatória para a fauna onde estas não existam e/ou a sua relocalização de forma a criar zonas mais efetivas para o lobo na sua localização e dimensão....)".
Acho que se justifica em pleno, mas tal como a situação atual no terreno se apresenta, isto é como assim dizer, um "objetivo intangível" ou uma "utopia positiva" (para o caso dos que acham que algumas não são positivas...).
De qualquer forma, forma são estas as ideias que nos devem mover.
 

Blooder.PT

Cirrus
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Amora (19m)
Excelente reportagem da sic :) imparcial a contar tudo tal como é a mostrar os "dois lados" e a passar a mensagem de que é possível lobos e humanos coabitarem lado a lado :)
 

frederico

Furacão
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Vi a reportagem. Afinal os pastores têm boa parte da culpa nos ataques. Deixam os rebanhos sem cão de guarda e sem vigilância, fora de cercas. É fundamental aumentar as populações de veado e corço, pena terem focado pouco a questão da recuperação das populações de presas. Recordo que devido à caça, desflorestação e campanhas do trigo o veado esteve quase extinto em Portugal!
 

Seattle92

Nimbostratus
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22 Set 2010
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Gostei da reportagem. Boa maneira de limparem a imagem depois daquele desastre que foi uma reportagem sobre ataques de lobos há uns meses atrás.

Gostava que tivessem referido um pouco melhor a questão das presas naturais (apenas apareceu um veado numa imagem rápida), em vez do típico cliché "acabaram com as presas naturais por isso o lobo passou para os rebanhos". Isso é conversa completamente desactualizada, há mais de um século que não haviam tantas presas naturais como há hoje em dia. Aí sim os rebanhos eram as únicas opções.

Quem acompanha os tópicos do corço e veado aqui no forum sabe que há 100 anos atrás essas espécies simplesmente não existiam no país (com a excepção de algumas tapadas cercadas no caso do veado e o PNPG e Alvão no caso do corço). A autentica recolonização do javali (quase em forma de praga em alguns sítios) também é bem conhecida.


Gostei muito de ouvir os números do lobos na área do Montesinho. Cerca de 40% da população do país e apenas 7% dos ataques. Não ligaram isso ao facto de ser a única área do país onde o lobo encontra corços e veados com abundância, mas apenas aos programas feitos com os pastores. De certeza que ambos os pontos são importantes e devem ser seguidos no resto do país.
 

lreis

Cumulus
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Gostei da reportagem. Boa maneira de limparem a imagem depois daquele desastre que foi uma reportagem sobre ataques de lobos há uns meses atrás.

Gostava que tivessem referido um pouco melhor a questão das presas naturais (apenas apareceu um veado numa imagem rápida), em vez do típico cliché "acabaram com as presas naturais por isso o lobo passou para os rebanhos". Isso é conversa completamente desactualizada, há mais de um século que não haviam tantas presas naturais como há hoje em dia. Aí sim os rebanhos eram as únicas opções.

Quem acompanha os tópicos do corço e veado aqui no forum sabe que há 100 anos atrás essas espécies simplesmente não existiam no país (com a excepção de algumas tapadas cercadas no caso do veado e o PNPG e Alvão no caso do corço). A autentica recolonização do javali (quase em forma de praga em alguns sítios) também é bem conhecida.


Gostei muito de ouvir os números do lobos na área do Montesinho. Cerca de 40% da população do país e apenas 7% dos ataques. Não ligaram isso ao facto de ser a única área do país onde o lobo encontra corços e veados com abundância, mas apenas aos programas feitos com os pastores. De certeza que ambos os pontos são importantes e devem ser seguidos no resto do país.

Não vi a reportagem. Tenho pena, pode ser que volte a dar.
Concordo com a opinião que temos de aumentar esforços com vista a aumenta presas naturais: veado e corço, uma vez que relativamente ao javali já não é necessário muito mais.
Faço no entanto uma pergunta, sem grandes estudos de base: e o gamo? nunca falamos de gamo como possibilidade de presa para o lobo.
Em termos de território potencial de ocupação penso que existe uma sobreposição assinalável.
No passado, do meu conhecimento, já existiu um ensaio/cercado na região Norte dedicado a estes animais.
Existem razões superiores para não se falar desta espécie?
Será que pode ser um fonte de prejuízos grandes como o veado e portanto menos adequada?
 

frederico

Furacão
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Não vi a reportagem. Tenho pena, pode ser que volte a dar.
Concordo com a opinião que temos de aumentar esforços com vista a aumenta presas naturais: veado e corço, uma vez que relativamente ao javali já não é necessário muito mais.
Faço no entanto uma pergunta, sem grandes estudos de base: e o gamo? nunca falamos de gamo como possibilidade de presa para o lobo.
Em termos de território potencial de ocupação penso que existe uma sobreposição assinalável.
No passado, do meu conhecimento, já existiu um ensaio/cercado na região Norte dedicado a estes animais.
Existem razões superiores para não se falar desta espécie?
Será que pode ser um fonte de prejuízos grandes como o veado e portanto menos adequada?

Vi ontem no site da SIC, mas paga-se 60 cêntimos.
 

Seattle92

Nimbostratus
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Muito bom, deve ser uma maravilha quando alguém se depara com uma situação dessas. :D


É interessante também saber que os lobos andam no topo das serras do parque, exactamente nos mesmos sítios que as cabras montês frequentam. Pena ainda não termos acesso a estudos que nos mostrem a importância desta espécie na dieta dos lobos do PNPG.

Isto não só é relevante para o lobo como para a própria população de cabras montês. Todos conhecemos os malefícios de termos uma espécie "nova" num habitat sem um predador natural.
 

Bergidum

Cumulus
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Comarca del Bierzo. León. España.

DMigueis

Cumulus
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Muito bom, deve ser uma maravilha quando alguém se depara com uma situação dessas. :D


É interessante também saber que os lobos andam no topo das serras do parque, exactamente nos mesmos sítios que as cabras montês frequentam. Pena ainda não termos acesso a estudos que nos mostrem a importância desta espécie na dieta dos lobos do PNPG.

Isto não só é relevante para o lobo como para a própria população de cabras montês. Todos conhecemos os malefícios de termos uma espécie "nova" num habitat sem um predador natural.


São poucas, e ainda recentes, as populações de cabra-montês em território de lobo. Por outro lado, o terreno onde a cabra-montês se refugia é de difícil acesso para o lobo, dificultando a sua predação. É preciso dar tempo ao lobo para se adaptar a uma nova presa, uma vez que são já muitas décadas sem a ter disponível.