Previsão Sazonal - Primavera/Verão 2013

stormy

Super Célula
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Esta é uma questão muito interessante e o problema é que os modelos de previsão nas ultimas décadas podem estar a ser "alimentados" por dados de estações com que representatividade?!

Os modelos são alimentados pelas estações synop ( dados de superficie) e pelas sondagens ( dados em altura).

O problema da representatividade não se coloca no que toca ás sondagens, mas em relação ás synop a situação é bem diferente....tens estações synop hoje em dia que estão em áreas de plena cidade ( Lisboa GC p ex) que transmitem dados que podem estar a ser manipulados pela actividade humana.

Mesmo entidades como o IPCC não fazem ideia até que ponto as estações estão a medir dados inteiramente fidedignos ou não...

Por outro lado, tens estações não synop, como Alcácer do Sal, Aljezur, Pinhão, etc que apesar de não entrarem com dados para os sistemas de modelação numérica, contam para as analises climáticas do IPMA, e essas estações nem sempre estão em condições...ou por falta de manutenção, ou mesmo por se encontrarem em posições que não reflectem o ambiente médio das regiões inseridas ( por exemplo em fundos de vale, perto de casas, no meio de matos...).

É complicado...até porque seria útil para o IPMA ter uma boa rede que eles pudessem usar para correr os modelos de mesoescala deles...o ALADIN por exemplo, que é um modelo muito bom, que poderia ser melhorado quem sabe..

Quanto ás previsões sazonais, temos estas incertezas, mas não só..há muitos outros factores que geram incerteza...como correr modelos a 6 meses ocupa muito espaço computacional tens muitas vezes modelos menos precisos ao nível da física/dinâmica, que assentam mais em condições probabilísticas...etc

Eu na minha modesta opinião, de momento, confio mais em previsões feitas por pessoas/entidades ( com algumas pitadas de analise de modelos) do que naquelas feitas 100% com modelos...tipo copy paste...
 


AlexS

Cirrus
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12 Mai 2013
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Obrigado pela resposta Stormy. Mas diferenças de 0.X graus não se tornam dificéis de discernir? - para não falar de como são medidas as médias, medianas.
Por exemplo na tua assinatura tens margens de erro 0.5-1.5ºC
 

stormy

Super Célula
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7 Ago 2008
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Obrigado pela resposta Stormy. Mas diferenças de 0.X graus não se tornam dificéis de discernir? - para não falar de como são medidas as médias, medianas.
Por exemplo na tua assinatura tens margens de erro 0.5-1.5ºC

As minhas margens de erro são as margens de erro dos sensores Oregon, instalados num abrigo artesanal...os sensores tem até 0.5ºC de margem de erro, e eu acrescentei 1ºC só para cobrir falhas no abrigo e localização...

Nas estações profissionais eles terão os desvios médios da estação, e devem calcular as estatísticas tendo em conta esses desvios...que deverão ser na ordem de umas poucas décimas.

No entanto, para analises exaustivas acerca do clima da terra, usar estações que estão em bolsas de calor urbano podem causar inflacções localizadas de até alguns bons graus...não é só umas décimas..
 

Vince

Furacão
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....antigamente havia menos estações

Hum ? Que disparate!

Esta é uma questão muito interessante e o problema é que os modelos de previsão nas ultimas décadas podem estar a ser "alimentados" por dados de estações com que representatividade?!

Os modelos sazonais que habitualmente se fala neste tópico (ECMWF Sys4, CFS, etc) são modelos dinâmicos, nada têm a ver com climatologia.
 

Scan_Ferr

Nimbostratus
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Re: Re: Previsão Sazonal - Primavera/Verão 2013

Hum ? Que disparate!



Os modelos sazonais que habitualmente se fala neste tópico (ECMWF Sys4, CFS, etc) são modelos dinâmicos, nada têm a ver com climatologia.

Penso que as estações que o stormy fala são as estações meteorológicas, logo é verdade que haviam menos antigamente :p
 

Vince

Furacão
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Penso que as estações que o stormy fala são as estações meteorológicas, logo é verdade que haviam menos antigamente :p

Há muitas décadas atrás havia muito mais estações oficiais do que há hoje. Antes de haver tecnologias como satélites, radares, sondagens, modelos, etc, a meteorologia dependia exclusivamente de observações de superfície, fosse estações em terra, fosse navios. Repara só no que se investia por exemplo em observatórios por cá no passado, eram investimentos enormes, mesmo em países sem grandes recursos como Portugal. Mesmo por cá, julgo que havia mais estações, e em países como os EUA então, nem se fala. Depois dos anos 60/70, penso que sobretudo quando se entrou na era dos satélites meteorológicos, começou a desinvestir-se imenso nas redes de estações, a sua importância para as previsões foi diminuindo, era caro manter grandes redes de estações e respectivos observadores. É provável que nos últimos 10/15 anos essa tendência de diminuição de estações oficiais se tenha invertido, não tenho dados recentes, porque a tecnologia hoje em dia permite automatismos e dados fiáveis sem ter que se gastar muito dinheiro.
 

stormy

Super Célula
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Á escala global? Vince, estás a dizer que haviam mais estações á escala global aqui há 30, 40 anos?

Estamos a falar de previsões sazonais, logo, coisas á escala planetária..posso ter induzido em erro ao dar exemplo das estações em PT, ai sim, é possível que tenhas razão, mas á escala global duvido.
 

AnDré

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Penso que as estações que o stormy fala são as estações meteorológicas, logo é verdade que haviam menos antigamente :p

Basta consultares o seguinte site: http://www.snirh.pt/

Só no Minho, o INAG tinha mais estações do que o IPMA tem agora no país inteiro.
Entre estações completas e pluviometros, devemos estar a falar de um número não muito longe do milhar.

Para o periodo de 71-00 existem normais de mais de 500 estações pluviometricas. Entretanto entre 2001 e 2002 a maioria foram abandonadas.
E desde o último ano que não há manutenção de nenhuma delas.

O que se pode ler na página do SNIRH:
Infelizmente, este serviço viu-se obrigado a suspender, temporariamente, a publicação dos dados meteorológicos a partir do ano hidrológico 2012/13. Esta suspensão relaciona-se com a qualidade dos dados que ficou comprometida, com a ausência da manutenção das estações de monitorização hidro-meteorológicas. Logo que haja condições financeiras e técnicas, será reiniciado a publicação.
 

stormy

Super Célula
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Como era a rede aqui há 30 ou 40 anos André? sabes?

Na Europa central e nos EUA o Vince tem razão no que diz, havia um grande investimento em estações.
E cá? para alem do observatório de Lisboa, Coimbra haviam mais quantos?

Quanto á escala global, duvido que na Africa, Asia e América latina houvessem mais...mas posso estar errado, de facto não pensei muito no assunto.
 

Vince

Furacão
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Estações oficiais a nível global, do qual se usam dados para efeitos de climatologia, sim, de 6000 estações a certa altura no passado hoje usam-se dados de apenas 1500. É assunto muito conhecido e debatido a propósito das polémicas do aquecimento global.
É claro que hoje há estações em regiões, por exemplo no hemisfério sul, que não existiam no passado.
Mas mesmo aí, as coisas não são lineares. Não faço ideia mas se calhar por exemplo falando de Portugal no tempo das colónias, se calhar em Angola ou Moçambique antigamente existiam estações que hoje não existem.
 

AnDré

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Estações oficiais a nível global, do qual se usam dados para efeitos de climatologia, sim, de 6000 estações a certa altura no passado hoje usam-se dados de apenas 1500. É assunto muito conhecido e debatido a propósito das polémicas do aquecimento global.
É claro que hoje há estações em regiões, por exemplo no hemisfério sul, que não existiam no passado.
Mas mesmo aí, as coisas não são lineares. Não faço ideia mas se calhar por exemplo falando de Portugal no tempo das colónias, se calhar em Angola ou Moçambique antigamente existiam estações que hoje não existem.

O wikipédia, na cronologia de Luanda, tem a seguinte informação:

1866: Inauguração do Posto Meteorológico, iniciando as observações em 10 de Abril desse ano.

Entre a década de 50 e 70 houve a publicação de uma série de Anuário meteorológico do observatório João Capelo.

Agora, em Angola, a única coisa que vi foi que a página do instituto estará brevemente disponivel. Mas acho que já assim está há uma série de tempo.
 

stormy

Super Célula
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7 Ago 2008
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Pronto, fiz mal em não ter aprofundado mais o tema...

Haviam até mais estações, e hoje coloca-se o problema da contaminação e da qualidade das observações....os EUA têm agora redes que vão recolhendo informação até de estações amadoras que possuam condições de fiabilidade razoável.

Quanto mais observações melhor, mas impera que as observações sejam de qualidade, mete confusão a quantidade de estações que temos por exemplo no WU com dados absurdos, irreais...completamente inutilizáveis.

E mesmo estações oficiais, muitas têm defeitos ao nível da sua colocação e manutenção..

São questões como estas que poem em causa muitas das estatísticas climatológicas de entidades como o IPCC, e acabam por colocar os cientistas dessas entidades em causa, sem que a culpa seja dele mas sim dos dados incorrectos.
 

joocean

Cirrus
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3 Dez 2010
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Julgo que uma das questões que também pode estar associado a esta problemática é a continuidade que se perdeu de muitas estações antigas, estações que foram recolocadas (mudaram de local), embora próximo dos locais anteriores (por vezes) as novas estações podem estar expostas a condições "ligeiramente" distintas. Já para não falar das mudanças de instrumentos clássicos versus automáticos (sensores). È a evolução dos tempos. E andam os modelos assim a ser "alimentados", saiem previsões (como a que foi aqui postada), e consequentemente são feitas comparações com o passado (anomalias) de séries que talvez nem estejam homogeneizadas.