Lobo Ibérico

lusometeo

Cirrus
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Pode não ter poder legislativo, nem €€, o Grupo Lobo. Mas pelo contrário, o ICNF tem tudo isso, não fosse o ICNF um instituto pertencente ao Estado. Basta que os seus dirigentes, técnicos, vigilantes, etc. queiram mudar.

O problema é mesmo esse. O ICNF que tem excelentes técnicos mas poucos e tem muito pouco poder e muito poucos fundos. E não tem poder legislativo. Quanto muito teria o poder de pressionar o Governo a agir junto dos grupos parlamentares para criminalizar definitivamente e de forma correcta o abate e captura do lobo ibérico.

Sucede que isso é o mesmo que o trabalhor pressionar o patrão... estás a ver no que ia dar!

Ainda assim acho que não podemos esquecer que grande parte das populações rurais já estão muito mais abertas à recepção do lobo. Aliás, essa ignorância estúpida quanto ao lobo já não existe, apenas em Lisboa é que se pensa que lá para o interior são todos os "camelos" do "Deserto". E a boa recepção pelas populações locais daquele documentário do fotógrafo Pedro Alarção e da jornalista Anabela Moedas, bem como a sua recepção na Peneda (Castro Laboreiro) são um bom exemplo disso mesmo.

De referir que compete ao Estado fazer a sua parte, por exemplo, pela eliminação dos cães assilvestrados, muitos deles das montarias. É natural que muitos pastores atribuam os ataques destes ao lobo e depois por não serem indemnizados consideram-se injustiças.
 


lusometeo

Cirrus
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16 Out 2013
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Silvatica e Grupo Lobo

Porque não unirem-se, sendo que a Silvatica poderia conseguir criar uma zona de reserva, exactamente nos mesmo moldes da Faia Brava, mas integrada numa ONG já conhecida e com mais capacidade de resposta aos problemas do lobo (até porque já acompanham o lobo desde há muitos anos)?

Ou será que têm "agendas" diferentes?

O que é que será que a Silvatica vai plantar nessa nova reserva? Eucalipto :D:D:D?? Se meterem a enxada na mão do Henrique dos Santos se calhar vai ser essa a Floresta autóctone do Sul do Douro... Provavelmente são financiar-se pelo "crowdfunding" da Soporcel...


http://www.publico.pt/ecosfera/noti...natureza-quer-proteger-o-lobo-iberico-1612691
 

DMigueis

Cumulus
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O problema é mesmo esse. O ICNF que tem excelentes técnicos mas poucos e tem muito pouco poder e muito poucos fundos. E não tem poder legislativo. Quanto muito teria o poder de pressionar o Governo a agir junto dos grupos parlamentares para criminalizar definitivamente e de forma correcta o abate e captura do lobo ibérico.

Sucede que isso é o mesmo que o trabalhor pressionar o patrão... estás a ver no que ia dar!

Mas isso é, desculpem-me a expressão, completamente estúpido!
A nível nacional, o ICNF é a instituição máxima para a conservação da natureza e das florestas, e portanto, deveria ter poder para fazer as suas próprias propostas. Se andar o ICNF sempre à espera que o governo os deixe fazer alguma coisa, estamos mal.
 
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DMigueis

Cumulus
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Silvatica e Grupo Lobo

Porque não unirem-se, sendo que a Silvatica poderia conseguir criar uma zona de reserva, exactamente nos mesmo moldes da Faia Brava, mas integrada numa ONG já conhecida e com mais capacidade de resposta aos problemas do lobo (até porque já acompanham o lobo desde há muitos anos)?

Ou será que têm "agendas" diferentes?

O que é que será que a Silvatica vai plantar nessa nova reserva? Eucalipto :D:D:D?? Se meterem a enxada na mão do Henrique dos Santos se calhar vai ser essa a Floresta autóctone do Sul do Douro... Provavelmente são financiar-se pelo "crowdfunding" da Soporcel...


http://www.publico.pt/ecosfera/noti...natureza-quer-proteger-o-lobo-iberico-1612691

Começam é a ser demasiadas instituições "isoladas" a quererem fazer o mesmo.
Primeiro Grupo Lobo, depois ACHLI, agora Silvatica...Esperemos que haja cooperação entre todos, porque cada um a remar para o seu lado não pode dar bom resultado.
 
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Seattle92

Nimbostratus
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O que é que será que a Silvatica vai plantar nessa nova reserva? Eucalipto :D:D:D?? Se meterem a enxada na mão do Henrique dos Santos se calhar vai ser essa a Floresta autóctone do Sul do Douro... Provavelmente são financiar-se pelo "crowdfunding" da Soporcel...


http://www.publico.pt/ecosfera/noti...natureza-quer-proteger-o-lobo-iberico-1612691

Se formos pela opinião da pessoa em questão não vão plantar nada. Há muito tempo que defende que Portugal não é nem nunca foi um país de grande floresta.

Pasto e rebanhos. Cheira-me que é isso que vamos ter nesses terrenos.
 
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DMigueis

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Se formos pela opinião da pessoa em questão não vão plantar nada. Há muito tempo que defende que Portugal não é nem nunca foi um país de grande floresta.

Pasto e rebanhos. Cheira-me que é isso que vamos ter nesses terrenos.

Eucaliptos ou pasto e rebanhos, venha o diabo e escolha...

A meu ver, a melhor maneira de mudar o clima de conflitos, será o que a ACHLI tem feito nos últimos anos. Promover o aumento das presas silvestres, como o corço.

E não é só o lobo que com isso beneficia. Por exemplo, nos últimos 3/4 anos, o avistamento de grifos no PNPG tem aumentado. E com certeza não foi por causa do aumento do gado bovino nem do gado caprino (este que tem vindo a desaparecer aos poucos).
Embora seja apenas uma suposição, a presença da cabra-montês e do veado podem muito bem ter potenciado esse aparente regresso dos grifos. Talvez principalmente a cabra-montês, uma vez que no caso de animais mortos nas zonas mais escarpadas, dificilmente outros animais, como lobo, raposa, etc., lá chegam.
A águia-real também poderá beneficiar, e é o que se espera também que aconteça no PNPG, fruto das acções de repovoamento que tem sido levadas a cabo.

Apenas é preciso que os pastores percebam que a mudança dos hábitos alimentares do lobo leva o seu tempo.
 
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Dan

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Mas quando não havia floresta os lobos viviam em parte do gado doméstico, agora vivem de presas selvagens.
 

DMigueis

Cumulus
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Mas quando não havia floresta os lobos viviam em parte do gado doméstico, agora vivem de presas selvagens.

Era exactamente aqui que queria chegar!

Nesse cenário, vão andar a investir em rebanhos para dar de comer ao lobo. e à medida que o lobo vai comendo os animais, mais dinheiros se investe para os repor. Pelo contrário, presas silvestres ajudam na mesma na prevenção de incêndios uma vez que tanto corço como veado como cabra-montês se alimentam em grande parte de mato, não é preciso investir tanto na reposição dos animais mortos, uma vez que o equilíbrio se manterá caso a gestão e monitorização das populações sejam eficientes, e ao mesmo tempo diminuem os ataques aos animais domésticos.
 
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lreis

Cumulus
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Completamente de acordo.
O caso do ano passado, do lobo abatido durante uma montaria, era o momento perfeito para começar a mudar essa mentalidade dos caçadores.
Bastava o indivíduo ter sofrido uma pena bem mais pesada do que os míseros 300 euros. Acabou por ficar mais barato do que em Espanha matar um lobo legalmente!!!
Bastava o caçador ter ficado sem arma, suspenso de caçar durante uns tempos, ou mesmo para sempre e, mais importante ainda, a associativa onde isso aconteceu (Gavieira, por sinal, onde mataram novamente um lobo recentemente), deveria ter sido suspensa, e os próprios gestores da associativa deveriam ter sido responsabilizados, bem como todos os que participaram na montaria. A maioria não teve culpa? Pois não, mas paga o justo pelo pecador, e assim talvez os justos passassem a andar mais em cima dos pecadores...

Outra possível solução seria nas zonas onde lobos são abatidos, os pastores deixarem de ser subsidiados pelos ataques, durante um período de tempo, 2, 3, 6 meses. Assim, também os pastores começavam a mudar mentalidades e andar em cima dos furtivos, que muitas vezes são os próprios pastores.

Eu chamo a atenção para a questão do envenenamento da Águia Imperial no vale do Guadiana, há uns anos atrás. Embora o envenenamento não seja a mesma coisa que caça ilegal, o efeito prático e a intenção foi a mesma: a morte objectiva/direccionada de uma animal/ser vivo.
O que é que aconteceu? Segundo informação obtida, foi deduzida acusação a uma determinada pessoa (que era caçadora e ligada a uma zona de caça), foi julgada e condenada, porque se deu como provada a intencionalidade e a ligação à morte da águia. Pena pecuniária segundo fui informado. Pagou e andou.
E após isso? Voltou tudo ao normal. Dizem que se se afoitar outra por lá, segue o mesmo caminho.

Não concordo com as metodologias de punição que o DMigueis apresenta. Primeiro, porque são francamente irrelistas para o país que temos, depois porque tem problemas de legalidade objectiva (o filosofia de aplicação do Direito não abarca formas colectivas de punição, os justos e os pecadores, como se fosse uma espécie de lei marcial). Mas acima de tudo, porque mesmo que isto fosse possível, estas abordagens só pioram a situação, nunca a resolvendo. Veja-se o que o Estado Novo fez neste sentido: protecção de arvoredos, populações animais e os parcos resultados que obteve, e foi à "lei do chicote", com um elevado policiamento de importantes franjas de território e não com a farsa de policiamento que hoje se diz existir.

Digo o que tenho dito:
1º) o Estado não pode desistir do território natural de Portugal e tem de voltar a investir numa máquina "técnica e policial" que possa introduzir alguma autoridade, sem ser autoritarismo...
2º) educação ambiental, actuação junto das populações e stakeholders do território.
Só assim vamos lá.
Caso contrário, continuaremos com este tipo de análises e claro está, no território segue a vida "normal".
 

lreis

Cumulus
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O problema é mesmo esse. O ICNF que tem excelentes técnicos mas poucos e tem muito pouco poder e muito poucos fundos. E não tem poder legislativo. Quanto muito teria o poder de pressionar o Governo a agir junto dos grupos parlamentares para criminalizar definitivamente e de forma correcta o abate e captura do lobo ibérico.

Sucede que isso é o mesmo que o trabalhor pressionar o patrão... estás a ver no que ia dar!

Ainda assim acho que não podemos esquecer que grande parte das populações rurais já estão muito mais abertas à recepção do lobo. Aliás, essa ignorância estúpida quanto ao lobo já não existe, apenas em Lisboa é que se pensa que lá para o interior são todos os "camelos" do "Deserto". E a boa recepção pelas populações locais daquele documentário do fotógrafo Pedro Alarção e da jornalista Anabela Moedas, bem como a sua recepção na Peneda (Castro Laboreiro) são um bom exemplo disso mesmo.

De referir que compete ao Estado fazer a sua parte, por exemplo, pela eliminação dos cães assilvestrados, muitos deles das montarias. É natural que muitos pastores atribuam os ataques destes ao lobo e depois por não serem indemnizados consideram-se injustiças.

Concordo na generalidade, com estes argumentos que me parecem realistas.
O facto é mesmo este: acima da capacidade legislativa e operacional do ICNF, está a decisão política.
Não é por acaso que as coisas estão como estão. É que de facto é mais ou menos suposto ser assim.
Como se muda esta situação? só através de votos, em alturas de eleições, e de lobby após, caso claro está os lobbies tenham capacidade efectiva
 

lreis

Cumulus
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Mas isso é, desculpem-me a expressão, completamente estúpido!
A nível nacional, o ICNF é a instituição máxima para a conservação da natureza e das florestas, e portanto, deveria ter poder para fazer as suas próprias propostas. Se andar o ICNF sempre à espera que o governo os deixe fazer alguma coisa, estamos mal.

A título de exemplo, sobre esta matéria:
Sabe hà quanto tempo fez a ex-AFN (actual ICNF) entrega à tutela da proposta de revisão da Lei da Pesca (em águas interiores)? Em 1997/8 a qual foi publicada em 2008. Cerca de 10 anos de permeio.
Não está na prática em vigor porque não foi regulamentada. Acho que não é preciso dizer mais nada.
 
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lreis

Cumulus
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Portugal nunca foi um país só de floresta. Até tivemos vários séculos com pouquíssima floresta. Os lobos nunca tiveram problemas com isso, até porque existiam em todo o país.

Concordo.
Em Portugal, há muito espaço para floresta de produção, para floresta de protecção e para zonas de não arborização. Haja planeamento global que tudo ganha.
 
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lusometeo

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Mas isso é, desculpem-me a expressão, completamente estúpido!
A nível nacional, o ICNF é a instituição máxima para a conservação da natureza e das florestas, e portanto, deveria ter poder para fazer as suas próprias propostas. Se andar o ICNF sempre à espera que o governo os deixe fazer alguma coisa, estamos mal.

Bem isto não é questão de ser estúpido ou não... é questão de ser ou não legal/constitucional e com isso ser ou não possível...

A legislação em Portugal só tem dois autores possíveis: a Assembleia e o Governo... O ICNF é um instituto público (bem podia ser uma direcção geral de ambiente e florestas... sempre se poupava) que depende do Governo (tem "autonomia" administrativa e financeira e mais nada). Mesmo os Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas são aprovados por Conselho de Ministros (ainda que as equipas que os façam sejam maioritariamente do ICNF). Mas se o Ministro não quiser determinada medida, a proposta é alterada e "mai nada".