Urso-pardo de volta a Portugal?

opala

Cirrus
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25 Ago 2013
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lisboa
Bem sei que a minha análise pode parecer simplista e há muitos factores a contribuir para a permanência de qualquer espécie, mas as soluções terão sempre de envolver a população local (como aliás já aqui foi dito) e não podemos ver essas pessoas como "brutos e ignorantes", esquecendo que todos temos culpas no capote no que respeita à destruição do meio embiente.
 


DMigueis

Cumulus
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22 Jun 2011
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Figueira da Foz/Aveiro
As populações locais podem ser analfabetas, mas quem tem levado as espécies à extinção foi sempre a classe "alta" com as grandes caçadas para "troféus". O camponês que mata um animal uma vez para defender o gado, não chega para acabar com espécies e tem convivido em harmonia dentro dos ecossistemas.

Não concordo totalmente com este ponto de vista. Veja por exemplo o caso do Tejo Internacional, "pejado" de zonas de caça turística onde praticamente só caça a dita classe "alta". Será que esta caça ao troféu acabou com a população de veado? Nem por isso, até porque ele existe em quantidade excessiva até...
Em relação ao camponês que mata um animal de vez em quando, também não acho que seja bem assim, pois este tipo de pessoa, quando se depara com este problema não mata (ou pelo menos não quer matar) só um animal. E isso ficou bem patente nas recentes reportagens em Montemuro.
MAS, não vou dizer que é só o facto de estas povoações matarem um ou dois ou três animais que levam à extinção da espécie, porque a espécie também é ameaçada por outros factores, e no caso destes grandes predadores temos o exemplo da fragmentação do seu habitat por intermédio de grandes centros urbanos e vias de comunicação.

Parece que, por desconhecimento, se tem medo do habitante local e se lhe chama "bruto", quando não é ele que destrói o meio ambiente na escala em que nós os "citadinos instruídos" o fazemos.

Não diria que se tem medo do habitante local. Na minha opinião o que acontece é que se subestima o verdadeiro potencial do habitante local na conservação dos valores naturais da sua zona. Mas para que esse potencial se possa traduzir efectivamente na conservação desses valores, é preciso romper com o passado, e educar ambientalmente essas populações. E mais do que nunca, agora, com o urso-pardo prestes a ser presença mais habitual em Portugal, essa educação/sensibilização é fundamental.
 

frederico

Furacão
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9 Jan 2009
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Porto
Em termos de alimentação não deve haver problema, dado os ursos serem muito generalistas e quase totalmente vegetarianos. O que falta em Portugal são áreas extensas sem grande impacto humano. Mesmo aqui no nordeste os campos estão cheios de estradas, estradões, caminhos, parques eólicos e uma série de outras infraestruturas que retalham os ecossistemas e possibilitam o acesso de pessoas e veículos a praticamente todo o lado. Mais tarde ou mais cedo, é possível que algum individuo chegue a visitar nosso país, mas não me parece existirem condições para se estabelecerem por cá.

Não sei como estão as coisas aí no Nordeste, mas no Baixo Alentejo e na serra algarvia há muitas aldeias que desaparecerão nas próximas décadas, não muito longe do litoral há montes com menos de 5 habitantes. Acredito que dentro de 30 a 40 anos poderão haver extensas zonas desabitadas no interior. É preciso ter em conta que Portugal continua a ter uma percentagem de população rural muito superior a outros países europeus, temos um povoamento excessivamente disperso. O Algarve, por exemplo, tem dezenas e dezenas de montes, sítios e aldeias. Pelo contrário, na província de Huelva a população vive toda concentrada em cidades ou vilas. Esta grande dispersão cria dificuldades e despesas extra em termos de saneamento básico, vias de comunicação, recolha de lixo, transportes públicos...

A minha freguesia tem menos de 4000 habitantes e tem mais de 40 sítios...

O problema dos incêndios também vem deste despovoamento. Acredito que no futuro o Estado terá de reforçar a vigilância do território nas áreas despovoadas, via guardas da Natureza e guardas florestais.
 
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lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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Lisboa
O problema dos incêndios também vem deste despovoamento. Acredito que no futuro o Estado terá de reforçar a vigilância do território nas áreas despovoadas, via guardas da Natureza e guardas florestais.

Frederico, não conte com isso. Nos termos em que equaciona, o Estado anda a demitir-se do território há algumas décadas. E percebe-se bem porquê: o interior não dá votos, são as cidades que dão.
Aliás, uma das razões importantes (embora não a mais importante) para este estado de coisas, é que existe uma importante sensação da falta de autoridade nestes territórios silvestres onde ocorrem fogos.
Existe uma sensação de quase total impunidade face ao que se pode fazer.
Nos fogos, a o padrão muda porque existe uma grande visibilidade mediática e porque a situação atinge contornos muito sérios.
Agora se pensar em termos de caça furtiva, roubos de toda a espécie de bens, etc, etc, estamos no "wild west". Ou seja o território está por conta dos indios.
 

Bergidum

Cumulus
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22 Dez 2009
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Comarca del Bierzo. León. España.
La despoblación es, como decimos en España, un arma de doble filo. Por un lado permite la recuperación del bosque, que en los últimos 50 años se ha recuperado mucho en muchas partes de España, incluida mi zona. Esto ha permitido por ejemplo al oso llegar a zonas donde hacia mucho tiempo que no vivía.
Pero por otro lado, el abandono de las prácticas agrícolas y ganaderas tradicionales lleva a la proliferación de matorrales pirófitos, con lo que los fuegos aumentan en intensidad. Además, desaparece una forma de vida integrada en el medio, que nunca más se volverá a recuperar.
No hay que esoerar nada del estado en estas áreas despobladas, al contrario, suelen aprovecharse para la extracción sin oposición de sus recursos naturales. Solo algunas organizaciones privadas, como el Fapas o la Fundación Oso Pardo han permitido la recuperación efectiva del oso, poco ha tenido que ver la administración, y más en estos momentos de crisis, donde se han reducido los guardas forestales.
 

Dan

Moderação
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26 Ago 2005
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Bragança (675m)
Também em Portugal as profundas alterações no uso do solo, associadas ao êxodo rural, tiveram consequências muito positivas na recuperação de várias espécies e no retorno de outras que já se encontravam extintas no nosso território. O despovoamento também tem aspetos positivos.
 
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lusometeo

Cirrus
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16 Out 2013
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Serras de Portugal/Lisboa/Portalegre
José Luís Raposo (alcaide do PSOE)

"O alcalde culpa á Xunta
José Luis Raposo explicou que a presenza de osos e de lobos polos arredores da localidade non é un feito illado, e quéixase de que as políticas da Xunta favorecen a protección da fauna en lugar das persoas"

E assim se cuida da fauna natural...