Veado-Vermelho (Cervus elaphus)



lreis

Cumulus
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Somente para estarem a par do que sai na nossa imprensa, decidi por este artigo aqui. Globalmente, é um exercicio bastante interessante de desinformação, a começar pela fotografia do artigo (um gamo) e a acabar no anúncio da extinção do lobo em Portugal

"Veados ameaçam culturas"

Sol, online, 18 de Janeiro de 2012

"Agricultores queixam-se de elevados prejuízos causados pelos veados. Há um descontrolo do número destes animais em todo o país, que tem crescido por falta de predadores naturais, depois da extinção do lobo em Portugal.
Os veados estão a atacar os campos: os agricultores queixam-se de milhares de euros em prejuízos por causa destes animais que consomem produtos herbícolas, como, por exemplo, ramas das oliveiras. O Ministério da Agricultura e Ambiente admite o problema, adiantando que se estende já de Norte a Sul do país.

«As situações onde mais frequentemente têm ocorrido reclamações são a área do Parque Natural de Montesinho, devido às limitações à exploração que decorrem dos propósitos de conservação do parque», diz ao SOL fonte oficial do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, tutelado pelo Ministério da Agricultura.

Mas também há – e cada vez mais – registo de ataques aos campos na serra da Lousã, em particular na área da Zona Conservação da Natureza, «por inexistência de exploração», e na região do Tejo Internacional, «onde a população é flutuante entre Espanha e Portugal, o que dificulta o seu controlo».

Falta de predadores

Em causa, reconhece o ministério de Assunção Cristas, está a falta de controlo do número destes animais, que têm crescido exponencialmente em Portugal nos últimos anos por falta de predadores naturais, depois da extinção do lobo em Portugal. Ou seja, ninguém sabe exactamente quantos veados existem no país: «Não existem dados sobre o efectivo da população de veado no país», reconhece fonte oficial do gabinete da ministra.

O que se conhece apenas, esclarece a mesma fonte, são «unicamente os resultados da sua exploração, o que possibilita uma extrapolação». Tomando por base os números dos abates de 2010/2011, que apontam para cerca de três mil exemplares, o Ministério calcula que estes constituíram, «no máximo, 20% da população». Assim, o resultado, «ainda que com possibilidade de erro considerável, remete para um efectivo em exploração aproximado de 15.000 veados a nível nacional».

Na verdade, ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas não chega a maioria das queixas de ataques, uma vez que não há obrigatoriedade de dar conta dos prejuízos à tutela. «Nos termos da lei, a responsabilidade pelos prejuízos cabe às entidades gestoras das zonas de caça», avança aquela fonte ao SOL. No entanto, acrescenta, «reconhece-se a existência de prejuízos limitados ao nível da agricultura e ainda em povoamentos florestais».

«O impacto dos prejuízos causados pela espécie, mais do que o valor económico global, ocorre em zonas de pequena agricultura de carácter social», acrescenta.

Denúncias chegam à federação de Caçadores

À Federação Alentejana de Caçadores, por exemplo, têm chegado várias denúncias destes ataques. «De há dois anos para cá, têm-se sucedido as queixas» – diz ao SOL o responsável da associação, Alberto Cavaco. As queixas estendem-se da margem esquerda do Guadiana (onde os veados consomem, sobretudo, as ramas das oliveiras jovens) a Castelo Branco.

O responsável não tem dúvidas em apontar o dedo à densidade excessiva de veados no país. «Deveriam fazer-se censos, mas a verdade é que ninguém os faz», lamenta. E avisa que o problema pode agravar-se: «Sem qualquer controlo, os veados podem ser portadores de tuberculose sem que ninguém saiba. E isso pode colocar em causa todo o sistema alimentar».

As queixas, entretanto, sucedem-se. «Os veados dizimam tudo, vão acabar com a agricultura, com a pecuária (uma vez que contaminam as vacas, que têm de ser abatidas às centenas) e com os projectos florestais (comendo as árvores, partindo e esfolando os sobreirinhos). E as autoridades locais e nacionais não mostram qualquer preocupação» – acusa um agricultor de Castelo de Vide, no norte alentejano. Mas as acusações vão mais longe.

A ruína dos agricultores

O agricultor garante que toda a situação está a colocar muitas explorações à beira da ruptura. «Há vários coutos de caça grossa em Meadas e Póvoa [também no norte alentejano] que não os alimentam, levando-os a vir cá fora comer tudo, levando assim os agricultores à ruína».

O Instituto de Conservação da Natureza explica, precisamente, que as «medidas de controlo da população de veado passam pela sua adequada gestão, quer através da diminuição de efectivos (através da caça e de acções extraordinárias de correcção da sua densidade), quer da instalação de campos de alimentação e alimentação artificial».

Os responsáveis do Instituto aconselham a instalar «protecções das culturas».

sonia.balas
 

DMigueis

Cumulus
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Notícia "interessante"

É engraçado também a falta de conhecimento de várias pessoas quanto ao trabalho científico que se faz no nosso país. Talvez a culpa seja um pouco de todos, pela falta de interligação das várias partes envolvidas. Mas o que é certo é que não há razão nenhuma para que se digam coisas como

"«Deveriam fazer-se censos, mas a verdade é que ninguém os faz»" e "«Sem qualquer controlo, os veados podem ser portadores de tuberculose sem que ninguém saiba. E isso pode colocar em causa todo o sistema alimentar»."

https://sites.google.com/site/unidadevidaselvagem/
Sugiro que visitem esta página, e façam "scroll" até cerca de meio da página.
 

Seattle92

Nimbostratus
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Acho que tens razão quando dizes que a culpa é de todos. É que grande parte desses estudos que falas são feitos pela comunidade cientifica e ás vezes parece que são feitos PARA a comunidade cientifica.
 

DMigueis

Cumulus
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Acho que tens razão quando dizes que a culpa é de todos. É que grande parte desses estudos que falas são feitos pela comunidade cientifica e ás vezes parece que são feitos PARA a comunidade cientifica.

Concordo, mas apenas em parte.
No caso do grupo da Univ. Aveiro tem havido o interesse em divulgar o trabalho que se faz em Portugal, e em Outubro, uma equipa de reportagem da sic fez a "cobertura" do Censo de Cervídeos que tem lugar em Montesinho todos os anos. Também recentemente foi realizada uma reportagem intitulada "O Regresso dos Bichos", também pela SIC.
 

lreis

Cumulus
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22 Dez 2010
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Concordo, mas apenas em parte
No caso do grupo da Univ. Aveiro tem havido o interesse em divulgar o trabalho que se faz em Portugal, e em Outubro, uma equipa de reportagem da sic fez a "cobertura" do Censo de Cervídeos que tem lugar em Montesinho todos os anos. Também recentemente foi realizada uma reportagem intitulada "O Regresso dos Bichos", também pela SIC.

A sensação que tenho é que falta transpor a informação dos censos para uma linguagem apetecível para o comum dos mortais, isto não pondo em causa a veracidade da informação de base, mas realçando o "aliciante" da mesma.
Existe ainda muito para andar a este nível, creio eu.
Ou seja, não basta dizer que se prevê que em determinada região existam X animais a partir das observações.
Acho que se deve contextualizar a coisa no tempo e no espaço, de forma ao cidadão a perceber e ficar motivado para a mesma.
Passe o exagero do exemplo, uma espécie de "Boletim Metereológico populacional": o que temos hoje, cenários previsiveis no futuro próximo (caso se possa dizer algo interessante), e consequências práticas da existência da população no dia-a-dia da vida no campo/agricultura.
Mas relativamente, ao artigo em causa,até me parece que este é dos aspectos "menos interessantes da desinformação"...
 

Seattle92

Nimbostratus
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Na página anterior estávamos a falar da situação da espécie na serra do Açor.

Efectivamente já deve haver uma população estável nessa área e não apenas observações esporádicas de um ou outro individuo. Digo isto porque o Ministério da Agricultura já autoriza caça ao veado na zona de caça municipal de Teixeira (Arganil).

Estou a supor que apenas dão essas autorizações em zonas de caça que tenham uma população minimamente estabilizada.
 

DMigueis

Cumulus
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Julgo que isso dependerá também do tipo de caça que se praticar. Mas pela zona, julgo que deverão ser zonas de caça associativa ou municipais, pelo que a permissão para caçar, e estou a ir apenas pela lógica e pelo mais sensato, dever-se-á apenas a um de dois factores, ou a ambos:
1 - prejuízos para a agricultura;
2 - efectivos populacionais suficientemente "elevados" e estabilizados.

Mas desconheço a situação real.
Se alguém tiver informações que possa partilhar, é dizer :)
 

Seattle92

Nimbostratus
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Segundo o colega frederico, já foram avistados veados no concelho de Tavira. Não sei se serão exemplares das populações originárias da zona de Silves/Monchique ou da zona do Guadiana, ou então pode até já existir uma junção das duas populações. Se assim for pode-se considerar que esta espécie já ocorre em toda a extensão do Algarve.

Soube há dias que apareceram uns veados na zona de Vale Covo, concelho de Tavira, e que um caçador imbecil já tratou dos matar mal soube da sua presença na zona. Uma praga que não termina, este caçadores...
 

ICunha

Cirrus
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Pelo que também sei nestes últimos tempos já se tem avistado alguns veados pela Serra da cabreira junto cabeceiras de basto onde estão descer para as terras mais próximas ainda alguns dias um agricultor disse que avistou dois animais desse porte pelas características que apresentou eram veados .
 

james

Cumulonimbus
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Pelo que também sei nestes últimos tempos já se tem avistado alguns veados pela Serra da cabreira junto cabeceiras de basto onde estão descer para as terras mais próximas ainda alguns dias um agricultor disse que avistou dois animais desse porte pelas características que apresentou eram veados .



Nao serao corcos ?

Em relacao ao que disse o membro Frederico do cacador imbecil ( termo bem aplicado ) Nao me surpreende . De gente que gosta de matar por prazer pode esperar - se qualquer coisa !
 

ICunha

Cirrus
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Eu também achei o mesmo mas pelas características do que agricultor falou devido ao tamanho das hastes era veado mas não é uma noticia 100% fiável. Mas se for verdade é uma boa noticia.
 

boneli

Nimbostratus
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Eu também achei o mesmo mas pelas características do que agricultor falou devido ao tamanho das hastes era veado mas não é uma noticia 100% fiável. Mas se for verdade é uma boa noticia.


Segundo sei o local onde há veados na Cabreira é precisamente nessa zona por isso é natural que o avistamento possa mesmo ter sido desse animal, pese embora o Corço é bem mais frequente.
 

ICunha

Cirrus
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Boa noticia então a confirmar :) Era bom que se começasse a expandir aparecerem também pelas serras de Fafe que ficam logo ao lado.
 

lreis

Cumulus
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Boa noticia então a confirmar :) Era bom que se começasse a expandir aparecerem também pelas serras de Fafe que ficam logo ao lado.

As notícias de avistamentos na Serra da Cabreira tem que ser analisadas com alguma precaução.
Não sei se aqui se noutro forum de dicussão pus umas notas sobre esta questão há uns tempos atrás.
Os primeiros registos de veados em terreno livre nesta serra datam da década de 80 e decorrem do facto de ter existido pelo menos um cercado gerido pelos ex-Serviços Florestais (que chegou a ter cerca de 20 animais), na encosta virada a Cabeceiras de Basto e que entretanto foi desactivado.
Por circunstâncias que não consegui apurar na totalidade, os animais (alguns?) começaram a surgir em liberdade, na 2ª metade dessa década, deambulando pelo território florestado que ia entre as Covas do Barroso (a Norte), o rio Tâmega (a Nascente), a cidade de Cabeceiras (a Sul) e Vieira do Minho (Poente).
Após um aparente desenvolvimento inicial, este núcleo populacional foi objecto de furtivismo continuado (matéria muito frequente por todo o país) tendo segundo opiniões fidedignas locais entrado em regressão.
Tenho procurado com alguma insistência obter informação no sentido de apurar efectivamente se existem avistamentos desta população, e as últimas referências que dou crédito datam do final da década de 90.
Existe assim uma probabilidade elevada que este núcleo tenho de facto desaparecido.
O que não retira crédito a que possam existir veados de novo na Serra da Cabreira, matéria que muito me agrada, uma vez que existem boas condições para a espécie localmente.
Importa assim tentar perceber se são exemplares que milagrosamente sobreviveram estes anos, se são fugidos de algum cercado particular, libertados (?) por alguma circunstância ou se resultam de alguma migração vinda de áreas adjacentes, uma vez que no Gerêz, os mesmos existem ou têm sido avistados.
Também concordo com a possibilidade de confusão com exemplares de corço porque estes de facto são comuns na região (eu constabilizo vários avistamentos) sendo que em circunstâncias menos postivas, alguém possa confudir as duas espécies