De facto o carrasco árboreo é uma espécie endémica de Portugal, e deveria ter outro estatuto de protecção.
Quanto ao Quercus canariensis, não existe apenas em Monchique, há indivíduos isolados e pequenos núcleos nos concelhos de Tavira, São Brás de Alportel e Loulé.
A distribuição dos carvalhos em Portugal está completamente alterada pela acção humana. Este Natal vi Quercus faginea a norte de Évora e na região de Montemor-o-Novo, ora diz-se que a espécie ocorre «apenas» na Estremadura! Há Quercus faginea no litoral alentejano. no Alto Alentejo, na Beira Interior, no Douro, e no Algarve, e não apenas no Litoral Centro ou na Arrábida.
O Quercus robur foi identificado no passado nas serras da Ossa e de São Mamede, junto dos cursos de água. Ainda existirão por lá alguns exemplares perdidos? Talvez...
Houve Quercus pyrenaica no Alto Alentejo com abundância e especulo sobre a presença da espécie em pontos altos do Baixo Alentejo e Algarve.
O Homem apenas manteve a azinheira e o sobreiro por causa da cortiça e da bolota, e da protecção legal secular que estas árvores têm. Milénios de pastorícia mais séculos de construcção naval e a ausência de florestas públicas preservadas conduziram à total descaracterização que existe actualmente no coberto vegetal.
Diz-se que o Sul do país estaria dominado por azinheiras e sobreiros, é falso. Pelo meio haveria Quercus canariensis e Quercus faginea com fartura, e em algumas zonas Quercus robur e Quercus pyrenaica.
No futuro quase todos os concelhos deverão ter os seus hectares de floresta nativa pública com fauna nativa. Terrenos abandonados não faltam. E não falo de matas com pinheiros. Falo de floresta a sério, com carvalhos, sobreiros, medronheiros, azevinhos, galerias ripícolas, árvores de frutos silvestres.