Refiro-me a isto:
Imagina o teu cenário ideal... tens um meteorologista a debitar montes de informação, fundamentação atrás de fundamentação, para um jornalista, que é um completo leigo. Esse leigo tem de perceber para comunicar a outros leigos, os leitores. Mas antes disso, o editor, outro leigo, tem de perceber, e aprovar, o que o jornalista escreveu. Ora, se o jornalista não percebeu, é bem provável que o editor não perceba. Como é que o leitor vai perceber? Está-se mesmo a ver que o editor vai cortar muita informação.
Sim, eu percebi. Então porque também não cortaram informação em relação ao grupo Ocidental e Central partindo do principio que existem ilhas (plural) que segundo as classificações de Koppen Geiser incluem-se de igual modo nas categorias que também são comuns ao Grupo Oriental, em vez de (como sempre) englobarem os dois grupos num só, como se todas as restantes 7 ilhas tivessem as mesmas caracteristicas edafo-climáticas? A resposta é claramente óbvia: rótulos e etiquetas, nada mais, nada menos.
Quem faz boa meteorologia, na minha opinião, claro, não deveria cometer tais lacunas, porque só demonstra falta de profissionalismo. Há que saber resumir de forma precisa, clara e honesta a informação debitada, caso contrário nem vale a pena abrir a boca.
Isso é geografia não meteorologia
Pelos vistos nem a própria geografia, quanto mais o resto.
Na minha geografia física dos meus tempos de escola, as Canárias, Cabo Verde e Madeira, ainda faziam parte do grupo de arquipélagos mais próximos dos grandes continentes (tal como diz a entrevista), exceptuando-se obviamente os Açores por estarem mais afastados, mas hoje parece que já incluem o Oriental como não fazendo parte da lista do mesmo clima dos Açores, fazendo crer que apenas o Ocidental e o Central é que têm as tais características, (salve seja!) relativas às zonas mais "afastadas" dos grandes continentes, quando toda a gente entendida minimamente em meteorologia e que não concorde com estereotipações, sabe que isso não é verdade.
E foi daí a minha chamada de atenção ao tentarem classificar este grupo com um só clima, quando existem igualmente outras ilhas pelo Central que fazem parte da mesma lista de categorias, e outras até com categorias iguais a São Miguel ou às zonas mais altas de Santa Maria, portanto acho que essas pseudo catalogações não fazem o menor sentido de existirem. Com os avisos é a mesma coisa.
Nos Açores, as zonas costeiras são sempre mais secas. Facto! Mesmo nas Flores e no Corvo.
Embora, claro que se formos para zonas mais húmidas, o clima muda, mas isso é igualmente o denominador comum em todas as ilhas, mesmo em Santa Maria, ou na Graciosa que são as mais secas.
O que acontece é que presentemente, parece que a tendência é para menor precipitação nos Açores durante o Verão, e isto é igualmente válido do Ocidental ao Oriental, sendo apenas compensado nas maiores altitudes pela constante humidade relativa elevada.
Resumindo, a verdade é que os Açores têm vários climas, e só acho errado, sermos obrigados a lidar com estas lamentáveis modices que tentam a todo o custo estereotipar ilhas e etiquetar outras sem a mínima necessidade.
Todas as ilhas do Arquipélago dos Açores, sem excepção, desde o Grupo Ocidental ao Oriental, têm registado, com maior ou menor grau, períodos de seca meteorológica mais alongada, e esse mesmo fenómeno pode ser sentido com diferente intensidade entre os vários locais de uma mesma ilha.