Agricultura

Vince

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O Estado tem de desregulamentar e muito. Com parte da minha vida em Inglaterra vejo que por lá não há tanto controlo fiscal nem tanta regulamentação como em Portugal.
O meu avô foi produtor de laranja e durante anos vendeu apenas ao consumidor, abria o armazém e vendia no Algarve, havia clientes que faziam mais de 20 kms para ir lá comprar laranja, mas depois apareceu a ASAE e complicou a vida, estava doente e com muita idade e desistiu, as burocracias para legalizar a venda eram absurdas.

Não sei se reparaste mas a ASAE nos últimos anos tem sido mais discreta, tem tido um papel mais regulador/fiscalizador em "lowprofile". Aqueles anos de parvoíce mediática de operações musculadas ficaram para trás, havendo algumas excepções claro. Consegues até ver isso por ex. no Google trends:

ZzvkbGo.png

https://www.google.pt/trends/explore#q=asae

Espero que agora não mude de novo, ainda há dias li uma notícia que faz temer o pior, se calhar é gente/facções internas a querer mostrar serviço aos novos mandantes do país. Esperemos que não.

Mas percebo o que dizes, repara que Portugal a nível de agricultura já passou por muitas realidades que historicamente dificultaram uma visão empreendedora e competitiva do sector.
Durante o salazarismo educaram-se as pessoas de forma a que elas acreditassem que o que produzíamos era o melhor do mundo quando na verdade éramos medíocres, pobres e sem grande gosto nem talento, muito menos produtivos. Depois com a revolução de Abril veio a visão revolucionária colectivista que foi uma desgraça ainda pior em muitas zonas. E a seguir foi a adesão à CEE com o afogamento e dependência fatal em subsídios agrícolas.

Só na última década parte do sector se tem soltado dessas prisões e "visões" a que a agricultura nacional tem sido submetida.
Mas claro que continua a resistência, todos os dias somos inundados de notícias daquilo a que chamo a "cultura do choradinho", há sempre alguém a chorar por mais um subsidio ou apoio. Julgam que são agricultores mas são apenas colectores de subsídios e cultivadores de choradinho.

Por exemplo no leite, ainda há dias li isto no blogue do Carlos Pereira da Cruz:


Os Trump do leite e a preguiça dos media (parte III)

Parte I e parte II.
.
Na parte II citámos o artigo "Produtores queixam-se de 'dumping' nos produtos lácteos importados" onde se podia ler:
""Chegam a Portugal produtos a preços impossíveis, tudo indica que há 'dumping', e ou o Governo aperta a fiscalização ou será a morte de muitos produtores nacionais", referiu."O texto é da Lusa, mas podia ser de um qualquer outro media português preguiçoso ou sem recursos para investigar.
.
Na parte I vimos que desde 2000 que Portugal exporta mais leite do que aquele que importa. Agora, concentremos-nos nos "preços impossíveis" a que o dirigente da APROPEL se referia.
.
Qual o preço médio do leite importado?
Qual o preço médio do leite exportado?
.
Quando se começam a fazer perguntas... começa-se a investigar e ainda mais admirados ficamos com a preguiça dos media e o folclore que se monta para sacar dinheiro aos contribuintes.
.
Qual o preço médio do leite exportado de Portugal em 2014?485€/ton (se estivermos a falar do exportado para a Espanha o valor é ainda mais baixo 425€/ton)
Qual o preço médio do leite importado por Portugal em 2014? 581€/ton (se estivermos a falar do importado de Espanha o valor é ainda mais alto 597€/ton e se for de França vem a 508€/ton)


Dumping?
.
Pensem comigo, se há excesso de leite em Portugal porque é que se importará leite? Por ser mais barato ou por ser diferente em alguma coisa que o comprador industrial valoriza?
.
Fonte dos números? Ver aqui.
http://balancedscorecard.blogspot.pt/2016/03/os-trump-do-leite-e-preguica-dos-media_21.html
 
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Orion

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Por exemplo no leite, ainda há dias li isto no blogue do Carlos Pereira da Cruz:


Os Trump do leite e a preguiça dos media (parte III)

Parte I e parte II.
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Na parte II citámos o artigo "Produtores queixam-se de 'dumping' nos produtos lácteos importados" onde se podia ler:
""Chegam a Portugal produtos a preços impossíveis, tudo indica que há 'dumping', e ou o Governo aperta a fiscalização ou será a morte de muitos produtores nacionais", referiu."O texto é da Lusa, mas podia ser de um qualquer outro media português preguiçoso ou sem recursos para investigar.
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Na parte I vimos que desde 2000 que Portugal exporta mais leite do que aquele que importa. Agora, concentremos-nos nos "preços impossíveis" a que o dirigente da APROPEL se referia.
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Qual o preço médio do leite importado?
Qual o preço médio do leite exportado?
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Quando se começam a fazer perguntas... começa-se a investigar e ainda mais admirados ficamos com a preguiça dos media e o folclore que se monta para sacar dinheiro aos contribuintes.
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Qual o preço médio do leite exportado de Portugal em 2014?485€/ton (se estivermos a falar do exportado para a Espanha o valor é ainda mais baixo 425€/ton)
Qual o preço médio do leite importado por Portugal em 2014? 581€/ton (se estivermos a falar do importado de Espanha o valor é ainda mais alto 597€/ton e se for de França vem a 508€/ton)


Dumping?
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Pensem comigo, se há excesso de leite em Portugal porque é que se importará leite? Por ser mais barato ou por ser diferente em alguma coisa que o comprador industrial valoriza?
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Fonte dos números? Ver aqui.
http://balancedscorecard.blogspot.pt/2016/03/os-trump-do-leite-e-preguica-dos-media_21.html

Um ano após o fim das quotas leiteiras na União Europeia (UE), cerca de 60% dos 2.132 produtores de leite dos Açores, que representam 30% da produção nacional, encontram-se em situação de falência técnica, segundo a federação do setor.

Na sequência da liberalização do mercado europeu a 01 de abril de 2015, o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, considerou que o setor leiteiro está a atravessar a sua “maior crise de sempre” e defendeu a adoção de medidas regionais, nacionais e europeias para inverter a situação.

http://www.acorianooriental.pt/noti...alidos-um-ano-apos-o-fim-das-quotas-leiteiras

Não é só em PT:

Milk Collapse Brings a 45% Pay Cut to England's Dairy Farmers

http://www.bloomberg.com/news/artic...rings-a-45-pay-cut-to-england-s-dairy-farmers

Swedish dairy farmers join protest in Stockholm

http://www.thelocal.se/20150921/swedish-dairy-farmers-join-protest-in-stockholm

What's all this crying over spilled milk? New Zealand's dairy crisis explained

http://www.stuff.co.nz/business/778...lled-milk-new-zealands-dairy-crisis-explained

Podemos estar a discutir as teorias económicas e debitar bitaites de treta como:

- Há que se diferenciar e providenciar um produto de qualidade;

- Há que aumentar a produtividade e investir na inovação para competir.

Quando na realidade:

- O aumento da produtividade aumenta a quantidade de produto globalmente disponível baixando os preços abaixo dos custos operacionais. A consolidação beneficiará sempre as grandes empresas aumentando assim as desigualdades económicas. Os salários não sobem porque a grande empresa tem o objetivo de satisfazer os acionistas. O capital destrói o valor do trabalho;

- O aumento da produtividade implica a redução do número de empregados. O desemprego permanece alto porque não há alternativas (ao contrário do que os académicos liberais que lêem livros e ensinam nas universidades defendem. Para eles o mercado livre resolve tudo de forma inexplicável. Como curiosidade: foi o 'estadista' Milton Friedman que primeiramente inventou o helicopter money, algo que é falsamente caracterizado como keynesiano). As grandes empresas não precisam de subir os salários devido ao excesso de mão-de-obra;

- A produção em larga escala terá sempre vantagens óbvias sobre as pequenas localidades. Inevitavelmente formam-se fossos intra- e entre territórios;

- A diferenciação é usualmente dirigida a produtos de nicho. A grande produção tende a ficar uniformizada. Portanto, o argumento é muito interessante em termos teóricos mas na realidade não é bem assim;

- A subida do salário mínimo um pouco por todo um mundo, incluindo na Irlanda (que foi de 20%!!! na passada legislatura; o tal - falso - exemplo de recuperação económica na Europa para a direita liberal portuguesa), a meu ver, é uma medida reacionária face às crescentes desigualdades e dificuldades económicas. O argumento de que o aumento do SMN trará mais rapidamente a robotização dos empregos é uma grande treta. Os robots terão sempre mais eficiência do que as pessoas e trarão sempre menos custos. A robotização é inevitável. E com ela os salários de treta e o desemprego permanentemente alto. A robotização será uma grande força motriz na perpetuação das desigualdades. Se não há assalariados não há procura por bens e serviços;

- O capitalismo implode devido às diferenças que cria (incluindo o clientelismo). O comunismo implode devido à sua ineficiência (e também ao clientelismo). Não há sistemas económicos perfeitos. O Alan Greenspan uma vez disse:

Alan Greenspan said the Federal Reserve is sitting on "a pile of tinder." That "the gold standard is not possible in a welfare state." That the Fed is not "independent." That the price of gold is headed "measurably higher."

http://www.cnbc.com/2014/10/31/wait-till-you-see-what-alan-greenspans-been-saying.html
 
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Vince

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@Orion, não comungo da tua visão fatalista da sociedade :)
Estamos a falar de agricultura e numa curta mensagem já despejaste Milton Friedman, keynesianismo, Irlanda, salário mínimo, etc. Tem lá um bocado de calma..

Mas se quiseres podemos discutir tudo isso.
Leite por ex., achas que tem lógica eu comprar leite dos Açores a 40c/L como compro regularmente? Não faz sentido, o fantástico leite dos Açores não devia ser vendido desta forma neste campeonato de baixos preços, é grande disparate por parte dos produtores daí.

A robotização que já tens falado muitas vezes numa espécie de visão catastrófica da sociedade também é na verdade uma grande treta.
Em Portugal por ex. quase não existe robotização e tens afinal desemprego elevado e salários miseráveis. E noutros países com maior robotização acontece o oposto.
 

Agreste

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se as estimativas das nações unidas estiverem corretas... depois da explosão populacional da ásia que ainda continua vamos ter a explosão populacional dos paises do golfo da guiné...

a nigéria preve-se que tenha 400 milhões de habitantes dentro de 30-40 anos quase tanta gente como a europa de hoje.

noutras geografias temos o iraque que apesar de ter 1 milhão de mortos desde a 1ª guerra do golfo em 1991 acrescenta todos os anos 600 mil pessoas ao total pois cada casal iraquiano tem em média 4 filhos.

há aqui muitos potenciais consumidores de leite... mais que não seja porque toda esta multidão vai emigrar para a europa. Só na líbia estão 800 mil pessoas à espera de uma chance de passar para o lado de cá.
 

james

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Uma poda de uma árvore ( digna desse nome) quase que passa despercebida a qualquer pessoa que passa pela árvore após a sua execução. E é feita única e exclusivamente em benefício da árvore e da paisagem.
Qualquer outra coisa não é uma poda, mas sim um atentado ao nosso património naturo - cultural arbóreo. E, neste caso, não é preciso qualquer curso, qualquer macaquinho pode fazer isso.
 

Orion

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Estamos a falar de agricultura e numa curta mensagem já despejaste Milton Friedman, keynesianismo, Irlanda, salário mínimo, etc. Tem lá um bocado de calma..

O leite é uma matéria-prima e uma indústria. Está sujeita às teorias económicas: SMN, Keynes, Milton Friedman e Irlanda.

Não faz sentido, o leite dos Açores não devia ser vendido desta forma neste campeonato de baixos preços, é grande disparate por parte dos produtores daí.

Os produtores e produtos de nicho precisam de compradores de nicho. Duvido que o leite chegue algum dia ao mesmo patamar do vinho.

A robotização que já tens falado muitas vezes numa espécie de visão catastrófica da sociedade também é na verdade uma grande treta.

Há duas formas de responder. A primeira é usando noticias:

http://www.bloomberg.com/news/artic...obots-will-eliminate-more-than-5-million-jobs

A segunda é usando o senso comum com alguns exemplos:

- Quantos empregos eliminarão os carros autónomos? Em termos de taxistas e de transportes públicos/mercadorias? De certeza que surgirão empregos para compensar as dezenas de milhares de vagas perdidas?

- Agricultura vertical e automatizada. Claro que haverão sempre culturas que necessitam de enormes parcelas de terras como os cereais. Mas as culturas de estufa tradicionais podem estar ameaçadas a médio prazo;

- Navios autónomos. Mais centenas de milhares de empregos em risco. Para quê pagar salários, férias, SS ... quando as máquinas não precisam nada disso?

Em Portugal por ex. quase não existe robotização e tens afinal desemprego elevado e salários miseráveis. E noutros países com maior robotização acontece o oposto.

Um país com pouca automação perderá sempre contra um país bastante automatizado. Mas o caso da Alemanha é também interessante. O país é rico mas os salários não só não se mexem muito...

kpCIkqGm.png


... como são artificialmente mantidos em baixa:



Mas a produtividade é recompensada com salários mais altos... não é? E se o dinheiro não foi para os trabalhadores para onde é que foi? :rolleyes:

---

há aqui muitos potenciais consumidores de leite...

Até parece que África não tem terra inexplorada mais que suficiente para ter uma brutal indústria de leite. E isto nem falando na pouca eficiência da agricultura lá realizada que é perpetuada pela importações (relativamente) baratas do ocidente.
 
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Vince

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Os produtores e produtos de nicho precisam de compradores de nicho. Duvido que o leite chegue algum dia ao mesmo patamar do vinho.

Não é imediatamente comparável mas com algum esforço chega-se lá. Competir na venda de leite corrente a 40c/litro é que vai dar mau resultado, têm que evoluir na escala de valor, olhar para outros produtos aonde tirem maior rendimento do produto leite. queijos, iogurtes, manteigas, etc, e de alguma forma conseguirem transmitir algum valor acrescentado.
Falei apenas disso porque nos últimos meses vi marca, acho que chamada Pérola do Atlantico, a ser vendido em mercearias a 39c/L, e dá para perceber que qualquer coisa está muito errada nisso, pois até é abaixo do preço "tampão" que a grande distribuição usa. Se fores uma pessoa atenta já hás de ter reparado que mesmo na grande distribuição há preços em certos produtos que nem mesmo eles deixam cair abaixo disso.

Sobre esse assunto e falando de uma forma divertida, há um queijo bastante popular entre a miudagem que se chama "a vaca que ri" e os hipermercados copiam-no nas suas marcas brancas colocando uma discreta vaca a rir na embalagem pois obviamente não podem usar o mesmo nome. Uma vez fui procurar a origem dessa "vaca que ri" e descobri que é uma marca hoje global que nasceu numa pequena aldeia em França no início do século passado. Ora, logo na altura pensei, se há vacas que tem razões para rir são por ex. aquelas que vemos felizes a deambular pelas paisagens verdes açorianas ou nas terras de Barroso. É isso que eles aí (e aqui) tem que fazer, explicarem por ex. que uma simples manteiga Made in Açores é oriunda duma vaca que tem uma vida bastante mais saudável do que uma outra amontoada numa vacariça imunda e mal cheirosa de produção intensiva.

Hoje há manifestação dos "choradinhos" aqui em Braga a reunir suinicultores e leiteiros mas se fores ao Alentejo perguntar aos produtores de porco preto eles dizem-te que não tem crise nenhuma apesar de todo o sector europeu estar mergulhado numa crise enorme desde o embargo russo. Porquê? Porque produzem porcos de elevada qualidade para fabricar enchidos e presuntos que são vendidos a 100, 200 ou 500€ à peça, e não para produzir bifanas ou pá de porco vendida a 1,39€/kg no Continente ou Pingo Doce.
Voltando aos Açores, há dias li sobre uma empresa pública que foi resgatada, que produz açúcar a partir de beterraba. Mas fará algum sentido produzir tal coisa numas ilhas tão pequenas no meio do Atlântico? Os "génios" que tomam essas decisões alguma vez passearam de carro por França aonde ao longo de centenas de quilómetros se vêm culturas disso?



E? Olhando por ex. para Portugal, que empregos os robots nos estão/vão tirar? Nenhuns...
A parte mais interessante desta discussão está mesmo aí. A robotização de que falas afectará mais os grandes países com grandes industrias de larga escala e nós não somos de todo um desses países. Mas mesmo aí, independentemente do que referi, há muita retórica fatalista na questão dos robots, e quase sempre oriunda dos mesmos meios críticos da globalização que afinal retira todos os anos milhões de pobres da pobreza extrema.

Sobre isso vou contar-te outra história que acho divertida. Há uns meses atrás contaram-me uma coisa que na altura pensei logo que era uma grande peta que me estavam a enfiar. Que no Brasil era obrigatório por lei um "ascensorista" nos elevadores, ou seja, era obrigatório por lei haver um ser humano para carregar nos botões do elevador. Não acreditei claro. Tive que ir pesquisar no google para descobrir incrédulo que era mesmo verdade! Há mesmo uma lei que obriga a ter ascensorista nos elevadores. A lei já foi suavizada nos últimos anos para apenas os grandes prédios comerciais, e aparentemente já muitos desrespeitam a lei, mas a mesma continua a existir. No sector público brasileiro há mesmo cargos como supervisor de ascensoristas... Surreal.
Ora, achas que isso é racional? Que é com leis dessas que por ex. o Brasil cria mais riqueza e diminuirá as desigualdades?
Deveríamos ter ilegalizado os tractores no século passado? Ou as enxadas uns séculos antes? O discurso actual contra os robots é exactamente o mesmo que surgiu quando apareceram os automóveis ou tractores, que a humanidade estaria condenada pelas máquinas, e afinal ainda aqui andamos.

- Quantos empregos eliminarão os carros autónomos? Em termos de taxistas e de transportes públicos/mercadorias? De certeza que surgirão empregos para compensar as dezenas de milhares de vagas perdidas?
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- Navios autónomos. Mais centenas de milhares de empregos em risco. Para quê pagar salários, férias, SS ... quando as máquinas não precisam nada disso?

Claro que aparecem hehehe, só tens que fazer algum esforço mental e não teres apenas essa visão negra fatalista das coisas, tens que ser um bocado mais optimista pá, coisa que só faz bem. Imagina por ex. todo o potencial que existe em carros autónomos na terceira idade, daquelas pessoas que ficam hoje depositadas e abandonadas em casa ou lares, e que futuramente podem andar dum lado para o outro, seja para ir ter com os amigos, ir às compras seja ir a um museu ou espectáculo. Quantos empregos isso vai gerar? Quanto tempo inútil sem fazer nada se gasta hoje numa metrópole só a andar de carro dum lado para o outro? O que se pode fazer com o tempo gasto de forma inútil nessas biliões de horas?


Um país com pouca automação perderá sempre contra um país bastante automatizado. Mas o caso da Alemanha é também interessante. O país é rico mas os salários não só não se mexem muito...
Mas a produtividade é recompensada com salários mais altos... não é? E se o dinheiro não foi para os trabalhadores para onde é que foi? :rolleyes:
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É a chamada realidade paralela dos estudos sociólogos, actividade muito fértil em Portugal também (ISCTE, CES, etc.) Depois ficam muito admirados que por ex. os refugiados (e falsos refugiados) querem ir para a Alemanha e não para Portugal. Deve ser por causa da desigualdade e dos baixos salários ...


incluindo na Irlanda (que foi de 20%!!! na passada legislatura; o tal - falso - exemplo de recuperação económica na Europa para a direita liberal portuguesa),

Falso exemplo porquê ? Só porque as pessoas não votam num governo que até melhorou a situação. Isso é um bocado a natureza humana. Queres comparar a nossa situação em Portugal com a Irlanda, ou pasme-se, com a Alemanha ?

a meu ver, é uma medida reacionária face às crescentes desigualdades e dificuldades económicas. O argumento de que o aumento do SMN trará mais rapidamente a robotização dos empregos é uma grande treta. Os robots terão sempre mais eficiência do que as pessoas e trarão sempre menos custos. A robotização é inevitável. E com ela os salários de treta e o desemprego permanentemente alto. A robotização será uma grande força motriz na perpetuação das desigualdades. Se não há assalariados não há procura por bens e serviços;

O comunismo implode devido à sua ineficiência (e também ao clientelismo). Não há sistemas económicos perfeitos.

Claro que nada é perfeito. É a mais velha verdade do mundo. E não percebo porque achas difícil de acreditar que o aumento do SMN leva em alguns casos à maquinização.


Para terminar, lê isto com atenção, talvez percebas que por cada passo que se dá rumo à massificação, há outra porta que se abre na customização:
"Mercedes-Benz backing people, not robots"
http://www.hcamag.com/hr-news/mercedesbenz-backing-people-not-robots-212568.aspx
 

james

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Viana Castelo(35 m)/Guimarães (150 m)
Convém que não esquecer também que tem havido uma diminuição no consumo de leite e carnes vermelhas, por exemplo. E os produtores, em vez de fazer protestos e pedir subsídios deviam pensar em mudar as áreas de produção. É que, mesmo que cheguem apoios, não sei se vale a pena continuar na mesma área de produção, caso o número de consumidores continue a baixar ou esteja estagnado.
Claro que nestas situações, é como tudo, quem tiver capacidade económica de continuar vai acabar por aglutinar parte da concorrência e, provavelmente, até melhorar significativamente os seus índices.
 

Orion

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Voltando aos Açores, há dias li sobre uma empresa pública que foi resgatada, que produz açúcar a partir de beterraba.

Não faz sentido mas faz. A Sinaga não é caso único. Há também o caso uma fábrica de conservas de atum. É a única forma que se encontrou de manter empregos em ilhas pouco rentáveis. A fábrica sustém muitos outros empregos. E isso aplica-se à beterraba de S. Miguel, ao atum de S. Jorge e aos queijos do Corvo. É o que acontece em territórios periféricos. Ou sustém-se postos de trabalho deficitários ou tem-se desemprego elevado e desertificação das ilhas periféricas (pagar 14 mil euros a um médico é indicativo disso). O presidente da Câmara de Comércio de PDL no outro dia disse na TV que o número de passageiros está ao mesmo nível de 2006/2007. O turismo aqui será sempre diferente da Madeira. Será sempre mais sazonal devido ao clima e à falta de voos diretos para as capitais estrangeiras.

Competir na venda de leite corrente a 40c/litro é que vai dar mau resultado, têm que evoluir na escala de valor, olhar para outros produtos aonde tirem maior rendimento do produto leite.

A gama do leite >1 euro já está bastante ocupada. Há leite biológico, com cálcio, sem lactose... Os laticínios regionais até já são bastante caros. O queijo de S. Jorge é 7/8/9/10 euros o quilo. Mais caro que isto já será convidar a importação de produtos estrangeiros mais baratos para satisfazer o consumo regional. No processo a produção é arrasada. Os produtos gourmet também precisam de quantidade. Os Suíços produziram em 2010 29000 toneladas de queijo. E isto só de uma variedade. Essa aposta de que falas necessitaria de uma abordagem global para o arquipélago. E mesmo assim não se exporta de um dia para o outro. Entretanto, faz-se o que se sabe fazer melhor.

Porque produzem porcos de elevada qualidade para fabricar enchidos e presuntos que são vendidos a 100, 200 ou 500€ à peça, e não para produzir bifanas ou pá de porco vendida a 1,39€/kg no Continente ou Pingo Doce.

O facto é que a carne de porco preto alentejano está praticamente arredada do mercado nacional devido à imbatível concorrência espanhola. A alternativa está na produção do porco alentejano puro que vai em grande parte para o fabrico de presuntos em Espanha. Nuno Faustino adianta que "a sua qualidade é de tal forma elevada que os espanhóis compram mais de 90% da produção feita pelos associados da ACPA".

...

Assim se explica que, de 2011 até ao presente, já só existam metade das cerca de 300 explorações de suínos que antes havia em todo o Alentejo.

No Sul do país criavam-se porcos pretos cruzados com porco alentejano puro e com porco Duroc de origem americana. Mas, além dos custos de produção serem mais elevados do que em Espanha, subsiste outra questão de fundo: criar um porco preto alentejano com a matriz geneológica que o caracteriza (50% porco Alentejo puro e 50% Duroc) demora no mínimo um ano. Os espanhóis fabricam-no em sete a oito meses.

https://www.publico.pt/local/notici...-invadir-supermercados-e-restaurantes-1622675

Isso do porco preto é quase um produto de nicho. É rentável. Mas foi preciso cortar 50% das explorações. Não invalida o que escrevi sobre consolidações e desempregos elevados.

Ora, achas que isso é racional? Que é com leis dessas que por ex. o Brasil cria mais riqueza e diminuirá as desigualdades?

Acho que é muito difícil criar coesão em territórios massivos. Não é de um dia para o outro. Os EUA são uma exceção porque estão à frente do desenvolvimento económico há alguns séculos. A Europa é muito pequena, quer em termos globais quer em termos individuais. Não preciso de ir para a Rússia. Países como o Canadá ou Noruega têm distribuições populacionais muito díspares. A maior parte do território é pouco desenvolvido e pouco populado. Não obstante essas leis que te referes muito dificilmente o desenvolvimento económico sustentável ocorre em pouco tempo.

Mas mesmo aí, independentemente do que referi, há muita retórica fatalista na questão dos robots, e quase sempre oriunda dos mesmos meios críticos da globalização que afinal retira todos os anos milhões de pobres da pobreza extrema.

Supondo que Portugal tem um acordo comercial com um país maioritariamente pobre e sem grandes recursos naturais como por exemplo Moçambique. Quem vai usufruir mais? O pequeno ou médio empresário que depende das exportações ou a grande empresa que se pode dar ao luxo de produzir a muito menor custo e importar de fora? Os défices comerciais importam e surgem de algum lado. Vês os EUA terem um excedente comercial com a China? E o que é que seria necessário para que isso ocorresse?

Imagina por ex. todo o que existe em carros autónomos na terceira idade, daquelas pessoas que ficam hoje depositadas e abandonadas em casa ou lares, e que futuramente podem andar dum lado para o outro, seja para ir ter com os amigos, ir às compras seja ir a um museu ou espectáculo.

A pessoa que tem dinheiro para museus, espetáculos e compras, suponho eu, tem dinheiro para pegar um transporte público e fazer a mesma coisa. Hoje em dia há bastante oferta, pelo menos onde vivo, de programas sociais para idosos.

Claro que aparecem hehehe, só tens que fazer algum esforço mental e não teres apenas essa visão negra fatalista das coisas, tens que ser um bocado mais optimista pá, coisa que só faz bem.

A ascenção das máquinas em todo o lado que vejo, está intimamente relacionada com o corte de custos. E está tudo relacionado. Em economias com alto desemprego o consumo é alimentado a crédito. E isso está sempre a ser demonizado. Explica-me novamente como é que a automatização dos empregos (que reduz a força laboral) vai criar mais riqueza para todos?

É a chamada realidade paralela dos estudos sociólogos, actividade muito fértil em Portugal também (ISCTE, CES, etc.)

Bom é elogiar-se bacocamente países como a Irlanda e quando há pântanos políticos a surpresa é tanta que nem se aborda isso. Porque será que o salário mínimo subiu e não houve uma maioria política num país que cresce a 8% ao ano?

Depois ficam muito admirados que por ex. os refugiados (e falsos refugiados) querem ir para a Alemanha e não para Portugal. Deve ser por causa da desigualdade e dos baixos salários ...

Tens a certeza que é pelo capitalismo?

Mahmoud Bitar is using social media to break myths Syrians he believes have about life in Sweden for migrants.

Speaking to BBC Trending, he said "They give you a big house, a nice car and a job and lots of money... that's what Syrians back home think Sweden offers asylum seekers."

http://english.alarabiya.net/en/variety/2015/08/18/-Don-t-come-to-Sweden-Syrian-refugee-warns.html

Falso exemplo porquê ? Só porque as pessoas não votam num governo que até melhorou a situação. Isso é um bocado a natureza humana. Queres comparar a nossa situação em Portugal com a Irlanda, ou pasme-se, com a Alemanha ?

Salários estagnados e empregos de treta subsidiados pelo Estado (Irlanda) ou mini-jobs (Alemanha). Porque é que ilha Esmeralda o partido que lá estava não ganhou esmagadoramente? Não é um milagre económico?

E não percebo porque achas difícil de acreditar que o aumento do SMN leva em alguns casos à maquinização.

Eu não acho que é difícil. Eu escrevi que é inevitável independentemente do SMN. As pessoas contratam pessoas porque tem que ser não porque gostam. Especialmente com todas as despesas inerentes (algo que as máquinas eliminam).

Para terminar, lê isto com atenção, talvez percebas que por cada passo que se dá rumo à massificação, há outra porta que se abre na customização:
"Mercedes-Benz backing people, not robots"
http://www.hcamag.com/hr-news/mercedesbenz-backing-people-not-robots-212568.aspx

Um produto de nicho dificilmente é generalizável. De facto, a maioria das pessoas tem possibilidades de comprar um Mercedes :rolleyes: Olha, essa mesma Mercedes vai despedir 1500 pessoas:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/en/...mercedes-benz-announces-layoff-1500-employees

Certamente a gerência esqueceu-se de os formar para trabalhar nos carros :rolleyes:
 
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Thomar

Cumulonimbus
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19 Dez 2007
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Cabanas - Palmela (75m)
Deixo aqui um artigo com um link para um manual de Horta Urbana, é feito no Brasil mas é um manual que explica de forma simples para quem se quiser dedicar um bocadinho à agricultura:

http://novosrurais.com/index.php/2016/03/30/manual-gratuito-de-hortas-urbanas/

Manual gratuito de hortas urbanas
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Publicação elaborada para o projeto Moradia urbana com tecnologia Social, da Fundação Banco do Brasil, em parceria com o Instituto Pólis, a cartilha Hortas Urbanas visa melhorar a alimentação das pessoas envolvidas na Tecnologia Social Hortas Urbanas, beneficiando o ambiente como um todo e favorecendo a relação da comunidade com o bairro e o seu entorno por meio do cultivo ecológico de alimentos e ervas medicinais em hortas, jardins, canteiros suspensos e outras possibilidades a depender da realidade local.

O manual é composto por três partes que envolvem a preparação da horta, o cultivo das hortaliças e, finalmente, o modo de preparar os vegetais a partir de algumas receitas.

A cartilha está disponível para download na página do Instituto Pólis. Para conhecer mais sobre o Projeto Hortas Urbanas, acesse o site.


Link directo para o PDF: http://polis.org.br/wp-content/uploads/Hortas-Urbanas-FINAL-bx-site.pdf
 
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Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
é impressão minha ou essas técnicas são milenares, o problema é que a rotação e outras tecnicas não são bem vistas

Pois aí é que está um grande problema, muitas pessoas nunca ouviram falar na protecção do solo, ou seja não recorrendo á sua mobilização, mas sim á sementeira directa, que é depois cortada para incorporar de volta no solo, ou seja tudo isto é um ciclo.
Mas temos de fazer para que acabe essas práticas lesivas para o solo e para toda a fauna e flora, que acaba por ser "levada" pela erosão causada pelas chuvas e pelos ventos.
Eu praticamente já não recorro á mobilização do solo, mas sim antes ao empalhamento, e quando preciso de mobilizar é unica e exclusivamente só á superficie, ou seja nunca mais do que uns 20 cm de profundidade.
 
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vinc7e

Nimbostratus
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30 Nov 2008
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Vila Verde
Ha uns meses atrás houve um vale aqui perto de casa que foi limpo com uma maquina destas, silvas, arbustos ,canas foi tudo a eito, bela maquina.
Conhecem?



Vi outro dia uma a limpar uma berma da A3 algures entre Paredes de Coura e Valença. Fiquei bastante impressionado.
Parece-me bastante útil para limpar principalmente zonas bastante acidentadas.