Seguimento Rios e Albufeiras - 2016



AnDré

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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
@AnDré as barragens do Douro estão dimensionadas para um caudal médio verão / Inverno.
Essas novas centrais só iam trabalhar no Inverno.
Repara como as do Douro Internacional levaram com reforço potência e ainda assim não chega.
E depois há Aldeavilla que tem 1200 mw instalados

Concordo que só iriam trabalhar no período húmido e que provavelmente não vale a pena sobre dimensionar a potência instalada para períodos excepcionais . No entanto esse reforço existiu em Miranda, Picote e Bemposta.

Pegando no exemplo de ontem:

Zxe92Zn.png


Se Miranda II estivesse em funcionamento, o volume descarregado seria bastante menor. Picote e Bemposta, mesmo com reforços, não conseguem aproveitar toda a energia disponível. Mas lá está, a potencia instalada está adequada a um caudal médio e não aos dias mais húmidos do inverno.
Pocinho e Valeira, mesmo sem reforços, estão ao mesmo nível de todas as anteriores (em termos de volume de caudal descarregado), e portanto considero que aí não valha a pena um reforço. Até porque na maioria das vezes ambas conseguem turbinar o caudal sem descarregar.
O desperdício, a meu ver, está na Régua, Carrapatelo e Crestuma. São inúmeras vezes que estas barragens fazem descargas, e bons volumes. Um reforço não iria terminar com as descargas, mas poder-se-ia aproveitar muito desse caudal.

Claro que nessas 3 barragens a densidade de infra-estruturas em redor é maior. Mas será que não compensava o investimento face à construção de novas barragens?
Em termos ambientais, não vejo grande prejuízo, e a matéria prima aí estará sempre garantida. Mesmo que Espanha feche a torneira (como acontece com o Tejo), os afluentes portugueses serão sempre muitos para alimentar essas 3 barragens.

Apesar do gosto e do fascínio, tento abster-me quanto à construção de novas barragens... Até porque percebo os prós e contras.
No entanto, sou cada vez mais um defensor da manutenção e reforço, ao invés de algo novo. Porque acho que há muito onde pegar. ;)
 
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nipnip

Cirrus
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19 Jan 2009
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Mais do que novas barragens, eu sou da opinião que, olhando a todas as represas que existem no país, muitas delas poderiam ser alvo de reforços.
Aproveitar o que já existe, e renovar/reforçar!
O que é feito de Paradela II?

No Douro há uma baixa por cauda do incêndio que houve em Miranda II. Mas será que a Régua, Carrapatelo e Crestuma não poderiam ver reforçadas as suas potências?

E por falar em Douro, estão 1738m3/s a chegar a Miranda do Douro! Penso que é o maior valor desta temporada! Todas as barragens do Douro devem estar a descarregar bem!

Mais do que a produção de energia a construção de barragens, por exemplo nos afluentes do Douro, são importantíssimas para a regulação do caudal dos rios e consequente defesa da população. Para além disso permitiriam armazenar água que hoje em dia vai literalmente para o "lixo" sem produzir nada como os vários milhares de metros cúbicos por segundo que estão a ser descarregados pelas barragens do Douro (e que é sobretudo proveniente dos afluentes).

Mas país de visão curta é assim. E depois há aquelas pessoas (ambientalistas, bloquistas, comunistas, activistas e afins) que não querem nuclear porque é perigo, não querem térmico porque é fóssil e polui, não querem hídrica porque estraga a paisagem, não querem eólica porque perturba os pássaros... mas querem energia barata e sempre disponível!

Assim é preferível "destruir" parte do turismo do Douro porque se mantém as infraestruturas da Régua submersas e inutilizadas durante largos dias.
 
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nipnip

Cirrus
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19 Jan 2009
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Loureiro, Peso da Régua (600m)
Concordo que só iriam trabalhar no período húmido e que provavelmente não vale a pena sobre dimensionar a potência instalada para períodos excepcionais . No entanto esse reforço existiu em Miranda, Picote e Bemposta.

Pegando no exemplo de ontem:

Zxe92Zn.png


Se Miranda II estivesse em funcionamento, o volume descarregado seria bastante menor. Picote e Bemposta, mesmo com reforços, não conseguem aproveitar toda a energia disponível. Mas lá está, a potencia instalada está adequada a um caudal médio e não aos dias mais húmidos do inverno.
Pocinho e Valeira, mesmo sem reforços, estão ao mesmo nível de todas as anteriores (em termos de volume de caudal descarregado), e portanto considero que aí não valha a pena um reforço. Até porque na maioria das vezes ambas conseguem turbinar o caudal sem descarregar.
O desperdício, a meu ver, está na Régua, Carrapatelo e Crestuma. São inúmeras vezes que estas barragens fazem descargas, e bons volumes. Um reforço não iria terminar com as descargas, mas poder-se-ia aproveitar muito desse caudal.

Claro que nessas 3 barragens a densidade de infra-estruturas em redor é maior. Mas será que não compensava o investimento face à construção de novas barragens?
Em termos ambientais, não vejo grande prejuízo, e a matéria prima aí estará sempre garantida. Mesmo que Espanha feche a torneira (como acontece com o Tejo), os afluentes portugueses serão sempre muitos para alimentar essas 3 barragens.

Apesar do gosto e do fascínio, tento abster-me quanto à construção de novas barragens... Até porque percebo os prós e contras.
No entanto, sou cada vez mais um defensor da manutenção e reforço, ao invés de algo novo. Porque acho que há muito onde pegar. ;)

Para quê aumentar potência em Régua, Carrapatelo e Crestuma? Só poderia ser usada no período em que abunda a água, mas também abunda o vento e a energia eólica tem prioridade na venda à rede...

É muito mais interessante conseguir armazenar essa água para ser usada quando faz falta que é exactamente no período seco.
 

huguh

Cumulonimbus
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1 Out 2015
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por falar em Régua e no incêndio que houve em MIranda II, lembrei-me de um incêndio que houve também há uns anos num transformador da barragem da Régua (também conhecida por Bagaúste). Lembro-me que o fumo era bem visível daqui e penso que na altura foi durante uma trovoada, um relâmpago que caiu lá

 

AnDré

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Para quê aumentar potência em Régua, Carrapatelo e Crestuma? Só poderia ser usada no período em que abunda a água, mas também abunda o vento e a energia eólica tem prioridade na venda à rede...

É muito mais interessante conseguir armazenar essa água para ser usada quando faz falta que é exactamente no período seco.

Mas o país é de visão curta também nesse aspecto. Primeiro deu-se aval à instalação de milhares de MW de potência éolica. Com preços de compra fixos e prioridade de venda à rede nacional, com a venda a França (resto da Europa restrita) restrita, sem potencia de bombagem nas barragens... Enfim, multiplicam-se as situações de excesso de energia em que a mesma é comprada a >90€/MWh aos produtores para ser exportada a custos irrisórios (ou mesmo dada).
Ou seja, o tiro no pé começa aí. Começou-se pelo telhado.


Assim é preferível "destruir" parte do turismo do Douro porque se mantém as infraestruturas da Régua submersas e inutilizadas durante largos dias.

Com quase 2000m3/s a chegarem a Miranda do Douro, é impossível não inundar as infraestruturas da Régua.
 
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AnDré

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Na bacia do Tejo, a barragem de Cabril (Zêzere) está nos 94,3% e com 250m3/s a entrarem na barragem.

Do lado Espanhol, o caudal do Tejo é de 822m3/s à entrada na albufeira de Alcantara.
O Fratel tem estado em elevado nível de produção mas sem descargas.
 
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Mas o país é de visão curta também nesse aspecto. Primeiro deu-se aval à instalação de milhares de MW de potência éolica. Com preços de compra fixos e prioridade de venda à rede nacional, com a venda a França (resto da Europa restrita) restrita, sem potencia de bombagem nas barragens... Enfim, multiplicam-se as situações de excesso de energia em que a mesma é comprada a >90€/MWh aos produtores para ser exportada a custos irrisórios (ou mesmo dada).
Ou seja, o tiro no pé começa aí. Começou-se pelo telhado.




Com quase 2000m3/s a chegarem a Miranda do Douro, é impossível não inundar as infraestruturas da Régua.

não é impossível... só é impossível porque se passou de um plano nos anos 60 que previa construção de infraestruturas na bacia do douro que permitiriam armazenamento >80% do volume médio anual caído na bacia hidrográfica para o que temos hoje que é residual.

O problema não está no que nos chega de Espanha, está no que nos chega do nosso território sem qualquer controlo. mas isso são outros 500. E se este ano não está a ser pior muito se deve há já alguma capacidade do Sabor e do Tua
 

AnDré

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não é impossível... só é impossível porque se passou de um plano nos anos 60 que previa construção de infraestruturas na bacia do douro que permitiriam armazenamento >80% do volume médio anual caído na bacia hidrográfica para o que temos hoje que é residual.

O problema não está no que nos chega de Espanha, está no que nos chega do nosso território sem qualquer controlo. mas isso são outros 500. E se este ano não está a ser pior muito se deve há já alguma capacidade do Sabor e do Tua

Hoje, por acaso, o problema veio de lá. Como se foi dizendo ao longo das últimas horas, tem vindo imensa água de Espanha. E aí a única solução que me apraz, era canalizar essa água até... ao Alqueva. :p
De resto, pelo que tenho acompanhado, a barragem do Sabor tem feito descargas exactamente nos dias em que o Douro leva mais água. Ou por motivos técnicos (a estrutura é muito recente), ou por afinal não ser tão grande assim (como referia o @slbgdt há dias, em Portugal opta-se sempre pela cota mínima), mas a verdade é que nestes primeiros meses de vida ainda não fez jus à sua função de regularizar o Douro.
 
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nipnip

Cirrus
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Hoje, por acaso, o problema veio de lá. Como se foi dizendo ao longo das últimas horas, tem vindo imensa água de Espanha. E aí a única solução que me apraz, era canalizar essa água até... ao Alqueva. :p
De resto, pelo que tenho acompanhado, a barragem do Sabor tem feito descargas exactamente nos dias em que o Douro leva mais água. Ou por motivos técnicos (a estrutura é muito recente), ou por afinal não ser tão grande assim (como referia o @slbgdt há dias, em Portugal opta-se sempre pela cota mínima), mas a verdade é que nestes primeiros meses de vida ainda não fez jus à sua função de regularizar o Douro.

o sabor ainda não está cheio e nem tem as condições técnicas ainda para encher... e não o sabor não chega para regularizar o douro.
 

AnDré

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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
o sabor ainda não está cheio e nem tem as condições técnicas ainda para encher... e não o sabor não chega para regularizar o douro.

Segundo os dados da REN do dia de ontem, o Sabor encheu mesmo.

vGcLfxG.png


Imagens de Sexta-feira, dia 15:
Fotografias de Afonso Menezes

CU5cFr9.jpg


6hAbR0K.jpg


IRgbcPq.jpg


Depois dessas fotografias, e em relação ao dia de ontem, a cota ainda subiu quase 1 metro.
 

huguh

Cumulonimbus
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1 Out 2015
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Godim - Peso da Régua (93m)
infelizmente o cais da Régua tal como muitas outras infra-estruturas estão construídas em leito de cheia pelo que é mais que normal que fiquem inutilizadas nestes dias... ali é o local onde o rio sempre esteve durante anos a fio antes das obras.
Aliás, por isso é que nem se consideram isto cheias, porque cheias é quando chega à avenida principal algo que já não acontece vai para 10 anos...desde novembro de 2006
 

slbgdt

Nimbostratus
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31 Jan 2015
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@nipnip Baixo Sabor e Foz Tua não vão regulizar nada.
Os 660 milhões metros cúbicos do Sabor e 330 do Tua não permitem grandes encaixes.
Comparando aos 2600 de Almendra é pouca coisa.
Uma barragem capaz de fazer gestão plurianual, é outra fruta, e só temos Alto Rabagão e Alqueva a fazer isso.
O Sabor era um bom sitio para tal, em vez dos 123 metros, ter 200 como Almendra e ai sim, conseguiria reter o sabor.
Mas era preciso proteger o rio maçãs.
Por algum motivo.

O projeto que refere também o li e previa barragens no Paiva Tâmega e Coa.
O coa ainda é possível mas só depois das gravuras, obrigava a um túnel com 16 km.

O Douro per si é uma mina de ouro.
Recentemente percorri a linha entre Pocinho e Barca d'alva.
Aquela linha, tal como o tua poderiam ser muito bem aproveitados mas é o pais que temos.
As pessoas que habitam nesses locais querem as barragens, a malta ecologista da cidade é contra só porque sim, mas não moram lá nem experimentam as dificuldades de viver num isolamento.

Fridao traria uma via rápida de Mondim a Celorico, e acreditem que são isoladas,
O antigo presidente da Câmara de Moncorvo queria a barragem no Sabor, o pessoal de Alvito queria a barragem.
Nunca as populações são ouvidas.

@AnDré ainda bem que tiveste cuidado a não referires que esses contratos ruinosos foram feitos pelo Senhor Engenheiro, caso contrário terias uma resma de velhotes fanáticos à porta ;)
 
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nipnip

Cirrus
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19 Jan 2009
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Loureiro, Peso da Régua (600m)
Segundo os dados da REN do dia de ontem, o Sabor encheu mesmo.


Depois dessas fotografias, e em relação ao dia de ontem, a cota ainda subiu quase 1 metro.

Ok, então é recente o OK para poder encher por completo

infelizmente o cais da Régua tal como muitas outras infra-estruturas estão construídas em leito de cheia pelo que é mais que normal que fiquem inutilizadas nestes dias... ali é o local onde o rio sempre esteve durante anos a fio antes das obras.
Aliás, por isso é que nem se consideram isto cheias, porque cheias é quando chega à avenida principal algo que já não acontece vai para 10 anos...desde novembro de 2006

qualquer cais estará sempre em leito de cheia, não é esssa a questão, a questão é que podia ser feito mais para minorar os riscos. Só em barcos o ano passado foram transportados mais de 600 000 pessoas. Esta sucessão de dias em que é impossível navegar tem consequências económicas sérias.

@nipnip Baixo Sabor e Foz Tua não vão regulizar nada.
Os 660 milhões metros cúbicos do Sabor e 330 do Tua não permitem grandes encaixes.
Comparando aos 2600 de Almendra é pouca coisa.
Uma barragem capaz de fazer gestão plurianual, é outra fruta, e só temos Alto Rabagão e Alqueva a fazer isso.
O Sabor era um bom sitio para tal, em vez dos 123 metros, ter 200 como Almendra e ai sim, conseguiria reter o sabor.
Mas era preciso proteger o rio maçãs.
Por algum motivo.

O projeto que refere também o li e previa barragens no Paiva Tâmega e Coa.
O coa ainda é possível mas só depois das gravuras, obrigava a um túnel com 16 km.

O Douro per si é uma mina de ouro.
Recentemente percorri a linha entre Pocinho e Barca d'alva.
Aquela linha, tal como o tua poderiam ser muito bem aproveitados mas é o pais que temos.
As pessoas que habitam nesses locais querem as barragens, a malta ecologista da cidade é contra só porque sim, mas não moram lá nem experimentam as dificuldades de viver num isolamento.

Fridao traria uma via rápida de Mondim a Celorico, e acreditem que são isoladas,
O antigo presidente da Câmara de Moncorvo queria a barragem no Sabor, o pessoal de Alvito queria a barragem.
Nunca as populações são ouvidas.

@AnDré ainda bem que tiveste cuidado a não referires que esses contratos ruinosos foram feitos pelo Senhor Engenheiro, caso contrário terias uma resma de velhotes fanáticos à porta ;)

Sim não vão regularizar, quando muito permitem amortecer os efeitos durante um um breve período o que é uma ajuda.

Resta pensar que Almendra e Ricobayo (em afluentes espanhóis) têm sozinhas praticamente 4x mais capacidade de armazenamentos que toda a cascata portugesa do Douro. É certo que a bacia espanhola é cerca de 4 vezes maior que a nacional, mas na nossa bacia chove muito mais. em termos absolutos é de 1:2.

Isto demonstra quão mal preparados estamos quer do ponto de vista da gestão energética, controlo de cheias, potencial turístico, etc etc..

e não quero com isto dizer que os contratos previstos eram bons ou maus, isso são outras histórias, mas não podemos perder o sentido que se o estado não tem dinheiro para fazer ele próprio as obras então quem as assume fazer espera retorno (são empresas não instituições de caridade).

O Côa é um exemplo perfeito de como se cede e se prejudicam as regiões. Devido a um nicho de interessados (que conseguiu na altura mobilizar a população é um facto) cancelou-se uma obra, pagou-se ainda assim essa obra e hoje nem as gravuras trouxeram o que quer que seja para a região nem a barragem foi construída.
 
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