Floresta nativa Portuguesa

nelson972

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Mira de Aire
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dscn0780.jpg


Pouca gente em Portugal conhece actualmente este arbusto que foi muito comum no nosso pais mas tendo em conta as fontes tera sofrido uma regressao brutal e provavelmente a extincao local em inumeros pontos de Portugal nos ultimos 200 anos. Estamos ainda decadas ou mesmo seculos atrasados na proteccao e valorizacao da nossa vegetacao nativa...


Em Alvados, no PNSAC sao as centenas, a ocupar terrenos agrícolas entretanto abandonados. Quando estao em flor e' verdadeiramente magnifico!
Ha inclusivamente algumas com troncos de dimensão relevante!
Tenho conhecimento que há quem use as bagas para fazer licor :)...

Assim que tiver oportunidade coloco fotos !
 


Pedro1993

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Em Evora existe um convento chamado Convento do Espinheiro:

lux1553ex.131554_md.jpg


Mas existira ainda algum espinheiro nas imediacoes do convento?

O espinheiro ou pilriteiro e um arbusto muito comum em Inglaterra. Surge por todo o lado, especialmente na formacao de sebes que dividem os terrenos, nas bermas de estradas ou auto-estradas ou em jardins privados. Em Portugal era muito comum no seculo XIX de Norte a Sul e esta descrito como muito comum no Algarve em toda a provincia. Ora quase 200 anos depois apenas consegui encontrar meia duzia de exemplares perto da Foia e em risco elevadissimo de desaparecerem com a provavel extincao regional da especie. Sabe-se que a norte de Evora seria comum decadas atras especialmente na serra do Monfurado. Ha dois anos percorri parte da serra mas nao encontrei um unico pilriteiro. Os unicos locais onde localizei a especie foram a serra do Geres e nos arredores de Abrantes...

dscn0780.jpg


Pouca gente em Portugal conhece actualmente este arbusto que foi muito comum no nosso pais mas tendo em conta as fontes tera sofrido uma regressao brutal e provavelmente a extincao local em inumeros pontos de Portugal nos ultimos 200 anos. Estamos ainda decadas ou mesmo seculos atrasados na proteccao e valorizacao da nossa vegetacao nativa...

O pilriteiro, é uma das árvores que acaba por aparecer quando um terreno fica ao abandono depois de uns 25 a 30 anos, sem a intervenção humana.
Esta árvores acaba depois por ser disseminada, pelas bagas que as aves comem, originando assim novas plantas debaixo de outras árvores como oliveiras, ou até mesmo um pilriteiro mais adulto.
Conheço aqui um pilriteiro, num terreno abandonado, que o seu tronco é já muito grosso, talvez mais de 80 cm de diâmetro e deve ter uns 3 metros e meio.
Tenho aproveitado para trazer algumas árvores novas, com o tamanho de um palmo para o meu terreno, para incentivar a biodiversidade, porque a sua linda flor, atrai muitas abelhas, bem como as suas bagas atraem também muitas aves.

Falando agora noutro pequeno arbusto, que deve ter aqui na minha quinta recentemente plantados uns 10, mais outros 15 em vasos, é o sanguinho-das-sebes, também é muito adorado pelas aves.
Espero daqui a alguns anos ter aqui na minha quinta um óptimo "cantinho" de fauna e flora, visto estar em processo de conversão para agricultura biológica.

Rhamnaceae_-_Rhamnus_alaternus_-_Alaterno.JPG

Rhamnus alaternus é uma espécie de planta com flor da família Rhamnaceae. É popularmente conhecida como aderno-bastardo, aderno-bravo, espinheiro-cerval ou sanguinho-das-sebes.[1]
 

frederico

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Lamento muito que nao tenhamos a tradicao de ter plantas nativas a fazer sebes que dividam os terrenos como ocorre em Inglaterra ou em Franca... e lamento ainda mais a mania recente de vedar os terrenos e por arame farpado... nunca vi um terreno com vedacao metalica em Inglaterra... ha zonas de Portugal que parecem em estado de guerra...

O pilriteiro ate tem importantes aplicacoes medicinais...
 

Pedro1993

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Lamento muito que nao tenhamos a tradicao de ter plantas nativas a fazer sebes que dividam os terrenos como ocorre em Inglaterra ou em Franca... e lamento ainda mais a mania recente de vedar os terrenos e por arame farpado... nunca vi um terreno com vedacao metalica em Inglaterra... ha zonas de Portugal que parecem em estado de guerra...

O pilriteiro ate tem importantes aplicacoes medicinais...

Concordo plenamente, acho que é uma grande mancha visual por exemplo observar terrenos de vários hectares tudo com vedações de rede ovelheira e estacas, isto já para não falar que é um grande obstáculo para muitos animais que a queiram ultrapassar.
Uma quinta aqui perto de mim, que deve ter mais de uns 40 hectares, dos quais metade são de matos e montados, e está tudo cercado, até mesmo as diversas estradas de terra batida, estão barradas com cercas, apesar que quem quiser passar de bicicleta ou a pé poder abrir a rede porque até ver ainda não tem cadeados a trancar.
Se fosse usado uma cerca viva, a delimitar os terrenos, isso seria um autentico nicho de biodiversidade, tal como se fazia antigamente, ou então com um muro de pedras como é usual aqui na Serra D'Aire e Candeeiros, mas o problema é que as pessoas devem pensar por estar tudo cercado que assim não entram lá os ladrões tão facilmente.

h-00023273.jpg


Este muros serviam para delimitar os terrenos, ao mesmo tempo que retiravam muita pedras da terra, para a poderem cultivar mais facilmente.
 
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Boas, noto esse problema de vedações até por parte das juntas de freguesia, a lagoa mais próxima de mim (espaço público) está cercada com rede, o que impede animais selvagens de se aproximarem para beber água..
Numa zona cada vez com mais eucaliptais, barrar acesso á água é contraprodutivo, deixando as zonas de reserva naturais sem animais que sobrevivam nelas..
Há também a ausência de árvores nativas.
 

frederico

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Nem em Espanha se ve tanta vedacao. Ha zonas que parecem cenarios de guerra, basta haver pequena propriedade como sucede por exemplo no litoral algarvio. As vedacoes nao protegem absolutamente nada, qualquer mafioso que queira entrar salta a vedacao. Pode dificultar, mas nao protege la muito. Com 30 anos ainda sou do tempo em que nao havia uma unica vedacao e andavamos nas terras dos vizinhos sem qualquer problema.
 
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Pedro1993

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Nem em Espanha se ve tanta vedacao. Ha zonas que parecem cenarios de guerra, basta haver pequena propriedade como sucede por exemplo no litoral algarvio. As vedacoes nao protegem absolutamente nada, qualquer mafioso que queira entrar salta a vedacao. Pode dificultar, mas nao protege la muito. Com 30 anos ainda sou do tempo em que nao havia uma unica vedacao e andavamos nas terras dos vizinhos sem qualquer problema.

Eu sou um bocado mais novo do que tu, e sempre gostei de andar pelos terrenos á procura de muitas espécies de árvores e de animais, e já lá vai tempo em que consegui percorrer muitos terrenos sem me deparar com uma vedação, qualquer pessoa com alguma mobilidade consegue saltar junto a uma estaca.
É um negócio que veio para ficar, o das vedações, infelizamente, é que os ribeiros que atravessam as propriedade escapam sem levar rede.
 
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frederico

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E possivel que na zona da Figueira da Foz tenha sido abundante o Quercus robur.

A especie e comum mesmo nos dias de hoje a latitudes inferiores, caso da regiao da barragem do Cabril. Nos terrenos abandonados o carvalhal parece querer recuperar. A literatura tambem menciona a presence da especie na Marinha Grande nos anos 30 do seculo passado. O vale do Mondego esta numa regiao de transicao entre Europa Eurossiberiana e Europa Mediterranica, ha uma mistura de especies das duas regioes bioclimaticas.
 

Pedro1993

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Desenterrando um pouco este tópico, mostro um pilriteiro singular que vi em covões largos, pnsac. Um sobrevivente, numa área em que só o pastoreio trazia algum rendimento aos habitantes.

Mapa

https://goo.gl/maps/jaZQ8RhThLJ2
ab47064257c224d231386ac1ff50b069.jpg


Enviado do meu ASUS_Z017D através do Tapatalk

Tenho aqui perto de mim, também um belo exemplar de pilriteiro, que mais se parece com uma oliveira, deve ter mais de 7 metros de altura, é lindo de ver quando está no auge da sua floração.
Aliás foi mesmo nesse período de floração que consegui capturar um enxame de abelhas, isto em Abril, e ainda hoje, estão a "trabalhar", em força dentro de um cortiço, esse mesmo exame que já tinha saída de uma das minhas colmeias, bem próximas.
 

João Pedro

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Pedro1993

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@nelson972 e @Pedro1993 vi alguns pilriteiros e sanguinhos bem bonitos, e grandes, no PNSAC na quinta-feira passada, mais propriamente no acesso à Fórnea. Ambos carregadinhos de bagas:

Mediterranean Buckthorn (Rhamnus alaternus). Serras de Aire and Candeeiros Natural Park, 23-08-2018 by JoãoP74, on Flickr


Common Hawthorn (Crataegus monogyna). Serras de Aire and Candeeiros Natural Park, 23-08-2018 by JoãoP74, on Flickr

Bem bonitos que estão esses sanguinhos, bem como os pilriteiros, nestes ultimos 2 anos tenho feito uma boa aposta na plantação de sanguinhos, pois as aves adoram as suas bagas.
E o mais incrivel, é que alguns desses sanguinhos que plantei este inverno, estão já estabilizados e com um bom crescimento, alguns deles sem nunca terem sido regados, basta dizer que são plantas autóctones, e está tudo dito.
 

Devas

Cumulus
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Bem bonitos que estão esses sanguinhos, bem como os pilriteiros, nestes ultimos 2 anos tenho feito uma boa aposta na plantação de sanguinhos, pois as aves adoram as suas bagas.
E o mais incrivel, é que alguns desses sanguinhos que plantei este inverno, estão já estabilizados e com um bom crescimento, alguns deles sem nunca terem sido regados, basta dizer que são plantas autóctones, e está tudo dito.

O pilriteiro também é conhecido por espinheiro alvar ou espinheiro branco. É uma planta com propriedades medicinais (folhas, flores e bagas), entre elas, rica em vitamina C. As bagas são bastante anti-oxidantes. Ajuda a melhorar o sono, no tratamento de problemas de coração, a fortalecer o coração e a melhorar a circulação sanguínea.
O fruto (pilrito) é comestível e com ele pode-se fazer ótimas compotas e marmeladas e deliciosos vinhos.
Pode ser usado como porta-enxertos de pereiras. E a título de curiosidade: conta-se que os espinhos da coroa de Cristo eram de ramos de pilriteiro.