Cáucaso (Geórgia, Arménia e Karabagh) - Junho 2017

David sf

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A Geórgia e Arménia, a par do Azerbaijão, constituem as 3 ex-Repúblicas soviéticas do Cáucaso, cordilheira montanhosa que separa (geograficamente) a Europa da Ásia, e onde se situa o ponto mais alto do continente europeu (Elbrus, 5 642m).

Desde miúdo que tenho grande fascínio por esta região. A minha curiosidade começou quando tinha uns 7/8 anos, e um jargão de uma novela brasileira era muito repetido na escola, “eu quero a prédio na chon”. Este jargão era da autoria de uma personagem descendente de arménios (interpretada por Aracy Balabanian, também ela membro da enorme diáspora arménia espalhada pelo mundo). Movido pela curiosidade, pesquisei sobre este país na enciclopédia e a imagem do Monte Ararat visto de Yerevan (capital da Arménia) ficou-me na memória.

Imagem essa que voltei a ver quando em 1996 a selecção nacional de futebol se deslocou à Arménia (e obteve um “honroso” empate a zero, falhando um penalty a cinco minutos do fim).

Mas era um destino inalcançável. Distante, voos raros e caros, língua (e alfabeto) indecifráveis, e portanto foi sempre aquele destino para um futuro longínquo.

Quando há dois anos a Arménia andou nas notícias pelo centenário do genocídio arménio, levado a cabo pelo império Otomano durante a I Guerra Mundial, decidi que era tempo de começar a estudar o assunto. Com a massificação do turismo, a Arménia já não era um destino assim tão complicado. Havia algumas agências de viagens que organizavam viagens pelo país com guia em inglês, as principais cidades já tinham informação em inglês e o nome dos locais e ruas em alfabeto latino e os preços dos alojamentos tornara-se acessível. O principal problema eram os voos, a preços impossíveis ou com uma duração inaceitável.

Nesta mesma pesquisa descobri a vizinha Geórgia, um país com grandes paisagens naturais e vasto património arquitectónico. Comecei a pensar em juntar estes dois países numa só viagem, optimizando o custo do voo optando por uma estadia maior.

E desde há dois anos que através do Skyscanner fui regularmente pesquisando as várias combinações de voos possíveis, e o ano passado descobri uma tarifa de 450 euros via Istanbul. Mas, o agravamento do conflito entre Arménia e Azerbaijão em Nagorno Karabagh, que causou cerca de 200 mortos no início de abril de 2016, fez-me reconsiderar e optei por outro destino.

Este ano, voltei a encontrar uma tarifa aceitável, cerca de 400 euros, através das companhias da Star Alliance, e decidi avançar. Comprei então a ida para Tbilisi pela LH, saindo às 6 da manhã de Lisboa e chegando às 3 e meia da manhã do dia seguinte à capital georgiana, estando cerca de 12 horas em Munique; e o regresso pela Austrian Airlines + TAP, saindo de Yerevan às 4 e meia da manhã e chegando a Lisboa pelas 22, ficando cerca de 12 horas em Viena.

Marquei os alojamentos no Booking (cerca de 30 euros tanto em Tbilisi como em Yerevan, bem localizados e com boas condições) e marquei várias excursões em ambos os países através de agências de viagens locais. Não é a minha opção preferida, gosto de ir à minha conta, mas a excessiva informalidade dos transportes entre cidades e o reduzido domínio de línguas entendíveis por parte dos locais que lia nos relatos de outros turistas levaram-me a não arriscar essa opção.

A viagem durou duas semanas, sendo a primeira dedicada à Geórgia, ficando em Tbilisi e fazendo algumas excursões de um dia a partir da capital georgiana e a segunda dedicada à Arménia, ficando em Yerevan e fazendo excursões a partir desta cidade. Uma delas, a Nagorno Karabagh, duraria 3 dias, incluía duas noites na capital de Karabagh, Stepanakert.


Ambos os países têm um custo de vida ligeiramente abaixo de Portugal, mas não tão baixo como outros da região onde já estive, como a Ucrânia e a Bósnia-Herzegovina. A Geórgia, é ligeiramente mais cara que a Arménia, principalmente em Tbilisi. Uma pessoa consegue comer bem por cerca de 10€ em Tbilisi e cerca de 7/8€ em Yerevan. O custo do transporte público é irrisório. Comprei um cartão de dados móveis em ambos os países, paguei por ambos cerca de 5€. Na Geórgia por 2 GB a gastar num mês e na Arménia por tráfego ilimitado durante uma semana, preços muito abaixo dos praticados em Portugal.

Geograficamente estes dois países situam-se na Ásia (estão a sul do Cáucaso e fazem fronteira com a Turquia asiática e o Irão), mas, definem-se como europeus e são-no de facto. O modo de vida é idêntico ao da Europa de Leste, com influência mediterrânica (nas excursões na Geórgia o almoço era servido pelas 16/17 horas, e há vida nas ruas pela madrugada dentro, algo que não acontece nos restantes países da Europa de Leste que visitei).

Para este sentimento europeu em muito deve contribuir a religião. Em ambos os países o Cristianismo é a religião dominante, tendo sido os dois primeiros países a adoptar o Cristianismo como religião oficial, primeiro a Arménia no ano 301 e depois a Geórgia (Reino da Ibéria) em 334. Actualmente, na Geórgia a Igreja Ortodoxa Russa é dominante, a Arménia tem Igreja própria, a Apostólica Arménia.

A viagem ao Cáucaso, começa então por… Munique:


1 – MUNIQUE


Cheguei a Munique pelas 10 da manhã locais, e sendo o voo para Tbilisi apenas às 22h, resolvi apanhar o comboio para a cidade e ir dar umas voltas. Como já havia estado na capital da Baviera, e estava bastante cansado da semana de trabalho que acabara de terminar e de ter acordado às 3 e meia da manhã, optei por um percurso mais relaxante pelos diversos parques da cidade.

O tempo estava relativamente quente, e era sábado, mas não havia muita gente nos parques.

Olympiapark, onde se desenrolaram os Jogos Olímpicos em 1972:


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Junto ao Olympiapark situa-se a sede e o Museu da BWM:


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Hofgarten, localizado entre a Residenz e o Englischgarten:


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À entrada do Englischgarten, alguns “surfistas” aproveitam um rápido no canal:


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Monumento a um músico clássico convertido em memorial a Michael Jackson pelos seus fãs:


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Com o cansaço acumulado voltei para o aeroporto ainda 5 horas antes da hora de partida para Tbilisi. Por sorte, a porta de embarque ficava no novo terminal, de onde parte uma menor quantidade de aviões. No 2º piso do terminal, onde se faz o embarque para voos com destino a locais fora do acordo de Schengen, apenas partiriam 5 aviões nas 6 horas seguintes de um edifício com mais de 20 portas de embarque com manga. O sossego era tanto que deu até para dormir um bocadinho enquanto o Sol se punha.


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David sf

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GEÓRGIA


Dos três países do Cáucaso, a Geórgia é aquele onde o turismo está mais desenvolvido. É também o único onde se situa a cordilheira do Alto-Cáucaso (partilha-o com a Rússia), e beneficiando da sua posição mais ocidental e próxima do mar Negro, é dos três o que tem um clima mais húmido e ameno, reflectindo-se esse facto na vegetação mais densa que ocupa a maior parte do país.

Tal como os outros dois países, a Geórgia tem uma História conturbada. Originalmente esta região era composta por dois reinos, a Cólquida e a Ibéria. Sim, na Geórgia situava-se a Ibéria do Oriente, e há estudiosos que defendem que o nome da Península pode derivar desta Ibéria oriental. Há várias semelhanças entre o Euskera (língua falada no País Basco) e o actual georgiano, o que reforça esta teoria.

Durante a Idade Média a Geórgia foi independente durante alguns anos, durante os séculos X a XII, mas as invasões mongóis acabaram com um país que durante alguns anos prosperou bastante, mercê de uma localização privilegiada na Rota da Seda. O território da actual Geórgia foi então dominado por Persas, Otomanos, Russos, sendo que a partir de 1783 estes últimos incorporaram a Geórgia, até à Revolução de Outubro. Em 1918, e aproveitando-se da confusão gerada pela revolução em Moscovo, a Geórgia declara a independência, que apenas dura três anos, quando foi incorporada como República Soviética.

Após a Perestroika, a Geórgia obtém a independência em 1991 e durante os últimos 25 anos o país tem alternado entre lideranças pró-russas e pró-ocidentais. Desde a revolução rosa em 2008 a Geórgia adoptou uma postura de aproximação à União Europeia e à NATO, o que originou uma conturbada relação com a Rússia, sendo o momento mais crítico a guerra em 2012 que resultou na perda da Ossétia do Sul pelas autoridades georgianas. Esta região, tal como a Abkhazia, é controlada por forças independentistas apoiadas pela Rússia, apesar de internacionalmente serem reconhecidas como parte da Geórgia.


2 – TBILISI


Aterro na capital da Geórgia por volta das 3 e meia e rapidamente apanho as malas e viajo para o meu apartamento (sendo membro Genius do Booking, tive direito a transfer gratuito), onde chego uma hora depois. O aeroporto situa-se a cerca de 15 km do centro da cidade e a esta hora ainda há algum trânsito na estrada que serve o aeroporto, até porque a maioria dos voos em Tbilisi operam de madrugada.

Vou ficar em Tbilisi até sábado, e a ideia é guardar dois dias para visitar a cidade e os restantes para fazer excursões, que já estavam apalavradas com uma agência de viagens. Este primeiro dia, como irei acordar tarde, será um dos dois em que irei ficar em Tbilisi.

O apartamento onde fiquei situa-se junto à estação de comboio, mas infelizmente a estação fica a cerca de 4 km do centro da cidade. A distância faz-se em 6 minutos numa viagem de Metro que custa 0,50 Lari (= 0,20€).

Tbilisi é um misto de culturas, tem um pouco de russo e um pouco de oriental. Tem um centro histórico sinuoso numa encosta, algo degradado (principalmente devido ao sismo que assolou a cidade no início deste século), sobranceira à fortaleza Narikala que domina esta parte da cidade. Mais a Norte situa-se a zona mais nobre, com edifícios mais grandiosos, mas não se nota grande influência soviética. A Sul situam-se os banhos turcos, uma área com arquitectura marcadamente turca.

A estação de Metro que serve o centro da cidade situa-se na Freedom Square. Tem uma história semelhante à Maidan Square de Kiev, foi o centro dos acontecimentos durante a Revolução Rosa de 2008, a diferença foi que nesta não houve derramamento de sangue. Até a estátua (que substitui uma de Lenine em 1991) é semelhante à de Kiev:


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O caminho para a Old Town é feito através de ruas com grande actividade turística, agências de viagem a oferecerem excursões pelo país, restaurantes, lojas de vinho (uma das principais actividades do país) e de souvenirs.


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A praça de entrada para a Old Town:


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Em frente a esta praça, na outra margem do rio Kura, ergue-se uma Igreja de onde se tem a melhor vista para a Old Town:


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E para a Praça da Europa:


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É da Praça da Europa onde se apanha o Teleférico para a Fortaleza de Narikala, que sobrevoa a Old Town:


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As vistas desde a Fortaleza:


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David sf

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No topo da colina onde está a Fortaleza foi erigida a estátua da Mãe-Geórgia (Kartlis Deda), outra semelhança com Kiev:


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Para baixo voltei a pé passando por algumas ruas do centro histórico:


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Nas Igrejas Ortodoxas na Geórgia os sinos estão separados do edifício da Igreja em si:


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Na zona mais moderna da cidade, a principal avenida é a Rustaveli, uma espécie de Avenida da Liberdade de Tbilisi, com algum comércio de luxo. É aqui que se situam algumas das principais instituições do país, como o Parlamento:


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Alguns edifícios com clara influência turca, este muito semelhante com a biblioteca de Sarajevo:


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Uma nova sala de espectáculos com formato pouco ortodoxo, e em segundo plano a residência oficial do Presidente da Geórgia:


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Outras imagens a zona mais moderna de Tbilisi:


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3 – DAVID GAREJA


Para este dia tinha já uma excursão combinada via mail com uma agência de viagens local. No dia anterior enquanto percorria as ruas de Tbilisi descobri várias companhias que faziam excursões similares a preços inferiores, mas resolvi manter a palavra dada. O problema é que chega a hora da excursão e o escritório da agência de viagens está fechado e não aparece ninguém. Contacto a agência e ninguém me responde, e esta foi a minha deixa para marcar a mesma excursão noutra agência por preço inferior (no dia seguinte informaram-me que as excursões partiam de outro local, não do escritório, mas em lado nenhum constava esta informação).

Perdida a hora das excursões, optei por ir logo neste dia ao mosteiro de David Gareja, situado no sueste do país, junto à fronteira com o Azerbaijão. O acesso é complicado, sendo os últimos 20 km por estrada de terra, mas há uma companhia dedicada a fazer o transporte desde Tbilisi até lá por 25 GEL (9€) ida e volta com espera de 3 horas e paragem para almoçar incluídas.

Esta região da Geórgia é a mais árida, fazendo lembrar o nosso Alentejo, mas com alguma montanha.


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O Mosteiro de David Gareja, fundado no séc. VI pelo monge assírio com o mesmo nome, ainda hoje é habitado por 10 monges. A sua parte mais antiga foi escavada na terra.


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O sistema de reaproveitamento das águas pluviais no Mosteiro, escavado na rocha:


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No topo da colina onde está o Mosteiro existem pequenas capelas, também elas escavadas na rocha, datadas do séc. XI. O caminho até elas é complicado, uma subida de mais de 100m em cota, que em alguns troços se assemelha mais a alpinismo, por um estreito caminho de terra. Fomos avisados para só pisarmos o caminho de terra para evitar importunar alguma das muitas cobras venenosas que habitam a região.

O topo da montanha marca a fronteira entre a Geórgia e o Azerbaijão, portanto estas capelas, devem estar em território azeri. Ambos os países afirmam que as capelas ficam no seu território.


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Vista para o Azerbaijão:


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O estreito caminho, entre as cobras e o precipício:


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Ao fundo no alto, militares azeri guardando a fronteira:


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Já na descida:


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Após a cansativa visita a David Gareja, o autocarro para durante uma hora em Udabno (às 17h!!!) para almoçarmos no Oasis Club, um restaurante rústico pertencente a um casal polaco.


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Tudo em Udabno remete para o Faroeste americano, uma atmosfera de fim do mundo, com vacas e cavalos a pastarem na esplanada do restaurante:


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Agreste

Furacão
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a parte mais bonita do país é o vale de kakheti. É um país muito difícil de visitar... montanhas a sul de 4 mil metros... montanhas a norte de 5 mil.
 
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4 – KAZBEGI


A primeira excursão que realizei foi à região de Kazbegi, situada no Alto Cáucaso, junto da fronteira com a Rússia. A saída de Tbilisi ocorreu às 9 horas e a chegada pouco antes das 20h e custou 45 lari (17€), almoço pago à parte.

A estrada percorrida até 10 km antes da fronteira com a Rússia (junto à cidade de Vladikavkaz, na Ossétia do Norte), é chamada a Estrada Militar, ou para os georgianos, a “estrada das invasões”, pois sempre que os russos os invadiam a Geórgia chegavam por aquela estrada. A cordilheira do Alto Cáucaso estende-se por toda a fronteira a altitudes sempre superiores a 3 000m, exceptuando na zona que a estrada atravessa, onde o ponto mais alto situa-se a 2600m.

A primeira paragem da viagem é na fortaleza de Ananuri, muito bem situada junto à albufeira de uma barragem:


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A partir de Ananuri, o caminho passa a ser de alta montanha, com grandes vistas, curvas fechadas e vacas tranquilamente pastando no meio da estrada:


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A confluência de dois rios com cores diferentes:


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A última paragem antes do destino final ocorre no monumento contruído pelos russos para celebrar a “união” entre os povos russos e georgianos, num dos pontos mais altos da estrada (À cota 2500):


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O ponto final da viagem situa-se na cidade de Stepatsminda, mais concretamente a Igreja de Gergeti, situada no alto de uma montanha sobre a cidade.


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Para se lá chegar é necessário apanhar um "taxi" de tracção a 4 rodas, uma vez que a estrada está num estado inqualificável. Eramos 5 no carro e paguei 10 lari (2,7€):


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A Igreja em si não tem grandes pormenores que a distinga das restantes, mas a vista lá do alto era magnífica. A montanha rodeada de nuvens é o monte Kazbegi, que dá nome à região, com altitude de cerca de 5200m:


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Paramos para almoçar às 16h em Gudauri, uma estância de esqui situada próximo do monumento à união entre Rússia e Geórgia e voltamos para Tbilisi numa emocionante viagem a alta velocidade entre curvas e contracurvas.
 

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5 – MTSKHETA e GORI


Mtskheta e Gori são duas cidades relativamente próximas de Tbilisi, cada uma com o seu lugar na história da Geórgia. Mtskheta pode dizer-se que foi onde nasceu o Cristianismo na Geórgia, Gori foi onde nasceu o georgiano mais famoso do mundo, Josef Vissariónovitch, mais conhecido por Estaline.

Na excursão desde Tbilisi, que durou o dia todo (9-20h) e custou 45 lari (17€), visitou-se também a cidade escavada na pedra de Uplistsikhe, datada do séc. II DC.

Mtskheta é a capital espiritual da Geórgia, local onde o rei Mirian se converteu ao Cristianismo no ano 334. É onde se situa a principal Catedral do país, Svetitskhoveli, mas o principal centro de peregrinação é a Igreja Jvari (Cruz), situada no topo da colina sobre a cidade. É aí que se inicia a visita à cidade:


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Do alto avista-se a confluência dos dois rios que banham a cidade, Kura e Aragvi:


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Lá em baixo no centro da cidade, a Catedral Svetitskhoveli:


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Após visita à Jvari, descemos para a cidade em si, toda ela agradavelmente arranjada e com casas abastadas:


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A vista da Jvari desde cá de baixo:


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O rio Aragvi:


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A Catedral Svetitskhoveli:


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Lugar santo, mas onde não se cumprem as regras, até os carros pisam a relva:


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Também em Mtskheta situa-se o Convento Samtavro, onde segundo a lenda habitou Santa Nino:


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Já perto de Gori situa-se a cidade troglodita de Uplistsikhe. Já está bastante deteriorada, no dia seguinte visitei uma outra cidade do tipo, Vardzia, que me impressionou mais, mas vale a pena a visita, nem que seja pelas vistas do vale do rio Aragvi:


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Após almoço, já em Gori e desta vez mais “cedo” (15h), visitamos o Museu dedicado a Estaline. Este museu, mandado construir desde Moscovo e onde Estaline nunca esteve (nunca visitou Gori após a revolução bolchevique), conta a história da vida do antigo líder soviético, expondo alguns artigos pessoais e presentes recebidos por conta de aniversários e outras celebrações.

No interior do recinto situa-se a casa onde Estaline nasceu, bem simples, mas agora rodeada por uma “protecção” em estilo clássico. Durante a construção do museu, todas as casas da rua onde Estaline nasceu foram demolidas, com excepção da sua.

Outro ponto interessante do museu é a carruagem de comboio usada por Estaline nas deslocações (não usava o avião porque tinha medo). Foi construída ainda no tempo do czarismo, mas Estaline aproveitou-a para o seu próprio uso.

Em quase todos os guias de viagem e fóruns da internet critica-se a homenagem a Estaline que este museu representa. Dizem que os habitantes da cidade têm orgulho no filho da terra. Pela amostra, pouco representativa, que conheci (o guia do museu) tal não é verdade. A descrição do guia foi totalmente independente, bastante negativa para o “homenageado”. Claro que pode ser “para inglês ver” (era o único guia que falava inglês)…


Edifício principal do museu:


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Estátua no recinto do museu:


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Interior do museu:


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A réplica do escritório de Estaline no Kremlin, com o mobiliário que ele de facto usava:


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O famoso casaco:


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A casa onde Estaline nasceu:


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A carruagem de comboio que usava nas suas deslocações:


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Última paragem do dia na fortaleza de Gori, em mau estado de conservação, mas com vista panorâmica sobre a cidade. A selecção portuguesa de sub-19 de futebol jogou no passado domingo no estádio que se vê na imagem, contra a Geórgia.


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À entrada da fortaleza, um conjunto de estátuas homenageia todos os povos que apoiaram a Geórgia nas muitas batalhas que travou ao longo da sua história:


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Cumulonimbus
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Lisboa (20/30m)
Ainda fiquei à espera de mais :D

Se terminou por aqui, Parabéns, belíssimos relatos. Foi quase do tipo "Como uma simples frase de uma personagem de uma novela pode desencadear o sonho de uma grande viagem que se concretiza décadas depois". :rolleyes:

São reportagens destas que nos deixam sempre com o bichinho da vontade de viajar, e nos lembram ou reforçam que há um mundo, para além de um país, de que somos cidadãos e onde está um pouco por todo o lado um pouco da nossa História.
 
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Ainda fiquei à espera de mais :D

Se terminou por aqui,(...)

Obrigado pelos comentários.

Ainda nem vai a meio.

6 – BORJOMI e VARDZIA


A quarta e última excursão em terras georgianas foi a maior de todas, até ao Sudoeste do país, próximo da actual fronteira com a Turquia. Os destinos eram Borjomi, estância termal que a elite soviética costumava frequentar, e hoje famosa em toda a Europa Oriental pela sua água mineral, a fortaleza de Rabath em Akhaltsikhe, que combina no mesmo recinto uma mesquita e uma igreja ortodoxa (e a consequente mistura de estilos arquitectónicos) e Vardzia, antiga cidade escavada na rocha, data do século X.

A excursão iniciou-se às 9h e só regressamos a Tbilisi depois das 23h (a viagem era longa e inclui duas paragens para se limpar o vómito de uma criança). Custou 80 lari (30€) sem almoço nem entradas incluídas.

No caminho para Borjomi (o mesmo do dia anterior para Gori) passa-se a meia dúzia de metros do território da Ossétia do Sul, actualmente controlada por forças independentistas pró-russas. Durante o conflito de 2008 a cidade de Gori foi bombardeada, tendo havido algumas vítimas mortais civis. A vista (possível) para a Ossétia do Sul desde o vidro do minibus:


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Após duas horas e meia de viagem chega-se a Borjomi, cidade encaixada num vale bastante verdejante. Nota-se aqui uma mudança de paisagem, mercê da maior proximidade ao mar Negro. A cidade não tem grandes motivos de interesse, apenas o parque termal situado junto ao rio merece algum destaque.


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Em alguns locais da Georgia notam-se bandeiras, grafitis e outras mensagens de apoio à Ucrânia, país que actualmente vive uma situação idêntica à Geórgia na sua relação com os vizinhos russos:


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O maior edifício do parque é a antiga fábrica onde se engarrafava a água mineral, e onde hoje existe uma exposição sobre a história da mesma:


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Hoje a fábrica mudou-se para fora da cidade, num edifício mais moderno. Os visitantes do parque podem provar a água nestas fontes, mas sempre servidas por funcionárias do parque. Necessitam mudar as canalizações das fontes, uma vez que a água tinha gosto metálico.


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A paragem seguinte é na cidade de Akhaltsikhe, bem próxima da fronteira actual com a Turquia (e isso nota-se bem). O ex-libris da cidade é a fortaleza Rabath, onde convivem lado a lado edifícios religiosos cristãos e muçulmanos. A recente restauração dá-lhe um aspecto um pouco artificial, mas creio que com o passar dos anos venha a diminuir progressivamente.


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David sf

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A meio caminho entre Akhaltsikhe e Vardzia paramos para almoçar num local com esta vista:


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A estrada é sinuosa e muitas vezes é necessário abrandar a marcha por aparecer um grande pelotão de ovelhas:


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E já ao fim da tarde chegamos a Vardzia. Comparativamente a Uplistsikhe que visitei no dia anterior, Vardzia é mais imponente, mercê da sua localização numa ravina. É também mais recente e uma área muito maior. Apesar disso já pouco resta da cidade que existiu, mercê dos muitos sismos que assolam a região que originam desmoronamentos na ravina e da destruição levada a cabo pelos otomanos durante a conquista da cidade no fim da Idade Média.

Circular por Vardzia não é fácil. Inicialmente realiza-se uma subida bastante íngreme, mas em bom piso, depois no interior da cidade os caminhos são estreitos, alguns escorregadios, e os túneis pouco apropriados para pessoas altas.

Ficam as fotografias:


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Às 19h voltamos para Tbilisi para uma atribulada viagem de mais de 4 horas.