Cáucaso (Geórgia, Arménia e Karabagh) - Junho 2017

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A reportagem deve acabar em Karabakh com uma foto de uma peça de artilharia dos anos '90 :D

Mais a sério, no dia 4 houve mais 2 mortos em picardias entre os arménios e os azeris. É uma região tão fascinante como volátil. Para amantes da natureza e de história parece ser um excelente destino.
 
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A reportagem deve acabar em Karabakh com uma foto de uma peça de artilharia dos anos '90 :D

Mais a sério, no dia 4 houve mais 2 mortos em picardias entre os arménios e os azeris. É uma região tão fascinante como volátil. Para amantes da natureza e de história parece ser um excelente destino.

Só para abrir o apetite:

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Nos dias em que lá estive o representante da OSCE para a região estava em Baku e o da NATO em Yerevan, portanto portaram-se todos bem.
 

David sf

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7 – TBILISI


O último dia na Geórgia foi passado em Tbilisi para visitar o que tinha ficado em falta do primeiro dia. A primeira paragem foi na principal catedral da cidade, Sameba, inaugurada em 2004. É a terceira mais alta catedral Ortodoxa:


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Uma pequena Igreja situada no recinto da Sameba:


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A Sameba é das poucas atracções turísticas que se localizam na margem esquerda do rio Kura, bastante longe do centro histórico. Percorri a pé a longa distância que separa a Sameba da Old Town e deu para verificar com algumas casas ainda não recuperaram do sismo de 2002:


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Tbilisi é um pandemónio de automóveis, muitos deles com o volante do lado direito. Isso deve-se ao facto de muitos carros serem importados directamente do Japão (onde se conduz “à inglesa”) e de serem vendidos a preços bastante reduzidos. O motorista que me foi buscar ao aeroporto conduzia uma carrinha Nissan de nível médio, pela qual pagou, em 2ª mão, mas com apenas 2 anos, o equivalente a 2500 dólares. Por essa razão quase todos os georgianos têm carro. Por essa razão também, proliferam oficinas e serviços de lavagem de automóveis por toda a cidade. Havia ruas onde praticamente todos os estabelecimentos eram oficinas:


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Atravessando o rio a caminho da Old Town, com a nova ponte e a fortaleza Narikala ao fundo:


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E a Kartlis Deda:


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A torre do relógio de Tbilisi é famosa pela sua peculiar forma:


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A vista para o palácio presidencial:


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Seguidamente apanhei o funicular para o alto de Mtatsminda, o ponto mais alto da cidade, cerca de 300m acima da parte central, onde se situa uma espécie de Feira Popular:


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A avenida Rustaveli, com a Freedom Square ao fundo:


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A vista para a Sameba desde a Old Town:


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Ao fim do dia visitei os banhos turcos, no extremo sul da Old Town:


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Os banhos turcos localizam-se no vale de um afluente do rio Kura, que se inicia numa cascata:


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E por fim, algumas fotos nocturnas de Tbilisi:


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8 – HAGHPAT e SANAHIN


Despeço-me da Geórgia nesta manhã de sábado, deixando para uma próxima visita a região de Kakheti, no extremo oriental o país, e principalmente a região de Svaneti no Noroeste do país. A Geórgia é grande demais para ser vista numa semana e havia que fazer escolhas.

Para viajar para Yerevan, capital da Arménia, aproveito a excursão do Hostel Envoy, que une as duas capitais, com várias paragens no caminho. O preço é relativamente alto (29 900 AMD, 56€), mesmo incluindo almoço na casa de um particular e lanche numa padaria já perto de Yerevan. A viagem começa às 9h e termina 12 horas depois na capital da Arménia.

Por volta das 10 e meia chegamos à fronteira da Geórgia (a foto proibida possível).


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Há um grande grupo à nossa frente e apenas dois postos abertos; temos que esperar cerca de meia hora para todos voltarmos a entrar no minibus. Na fronteira da Arménia outra meia hora; apesar de haver mais postos abertos, o outro grupo deveria ter estado anteriormente no Azerbaijão e cada pessoa foi sujeita a um longo interrogatório. Ao meio-dia entramos oficialmente na Arménia.


ARMÉNIA


A Arménia é o mais pequeno dos três países do Cáucaso. Sem qualquer acesso ao mar, tem no lago Sevan, a 1900m de altitude, a sua maior massa de água, sendo esta a principal estância balnear do país. Quase todo o território situa-se a elevada altitude, sendo atravessado pelas montanhas do Baixo Cáucaso.

Foi o primeiro país a adoptar o Cristianismo, no ano 301 e tem a sua própria Igreja. Quase todos os locais turísticos do país são de índole religiosa (Igrejas, Mosteiros), localizados em locais fabulosos do ponto de vista natural. As Igrejas arménias contrastam com a ostentação e o dourado da Igreja Ortodoxa Russa. São escuras, com aberturas no topo para os raios do Sol entrarem (de manhã iluminam a Bíblia que se localiza no altar, razão pela qual os altares se situam sempre na fachada Oriental das igrejas). Outra atracção religiosa, Património Imaterial da Humanidade, são os Khachkar, um estilo de pedras tumulares ornamentadas, que existem em grande quantidade por todo o país.

A História da Arménia é similar com a da Geórgia até ao início do século XX. OS arménios ocupavam grande parte desta região, desde o mar Cáspio à Anatólia Central, mas raramente constituíram um país independente, estado sempre sob domínio, de forma alternada, de otomanos, persas, romanos e russos.

O período mais negro da História da Arménia ocorreu no início do século XX. Durante a I Guerra Mundial, um dos principais pontos de conflito ocorria entre o Império Otomano, liderado pelos “jovens turcos” e a Rússia czarista. O território que constitui a Arménia Ocidental, hoje ocupado pela Turquia, assistiu a violentos combates. Vários arménios estavam alistados no exército otomano, mas em Istanbul havia cada vez mais suspeitas de que os arménios na sua maioria estavam do lado dos russos. Não se sabe se tal corresponde à verdade ou se fazia parte da propaganda otomana como desculpa para exterminar os arménios, tal como aconteceria anos depois com os judeus na Alemanha pré WWII.

A 24 de abril de 1915 é dada ordem para o início daquele que hoje se define como Genocídio Arménio, iniciando-se com a detenção e posterior assassinato da elite intelectual arménia de Istanbul. Ainda houve vários focos de resistência, principalmente na cidade de Van, onde a população arménia resistiu vários dias de forma estoica, mas rapidamente os arménios foram esmagados, mortos alguns, deportados outros nas marchas para a morte, em condições desumanas até ao deserto sírio. Na cidade síria de Deir es Zor, para onde uma grande quantidade de arménios foi encaminhada e posteriormente morta em campos de concentração existiu até há dois anos atrás um memorial em homenagem a todas as vítimas do Genocídio. Há dois anos atrás o Estado Islâmico destruiu-o.

Os arménios do Oriente pareciam estar a salvo. Estando em território ocupado pela Rússia, tinham a sua protecção e sabendo o que se passava na Arménia Ocidental os arménios mobilizavam-se para apoiar os russos. Mas após a revolução de outubro a Rússia abandona as suas posições e os otomanos avançam para Oriente. O avanço dos otomanos era rápido e parecia que rapidamente toda a Arménia seria esmagada mas uma milagrosa vitória em Sardarapat, às portas de Yerevan, permite à Arménia manter o pequeno território que ainda hoje lhe resta. O exército arménio estava em menor número, menos apetrechado e desmoralizado mas venceu em Sardarapat. Se não fosse esta vitória era muito provável que hoje a Arménia não existisse.

Um dos vários arménios na diáspora que conheci na viagem a Nagorno Karabagh tem uma teoria sobre esta e outras vitórias militares milagrosas dos arménios. “Os outros lutam por terras, minérios, espalhar a religião, mas nós lutamos pela nossa vida. Sabemos que se perdermos somos exterminados”.

Pouco depois de Saradarapat a I Guerra Mundial termina com a derrota dos otomanos e a Arménia declara independência. Tal como aconteceu com a Geórgia, esta apenas dura 3 anos, sendo a Arménia integrada como República Soviética em 1921. Nessa altura, como agradecimento de Estaline ao Azerbaijão por este se ter integrado voluntariamente na URSS (a Arménia foi integrada à força) os territórios de Naquichevão e de Nagorno Karabagh são integrados na República Soviética do Azerbaijão, o que mais tarde originaria o conflito de Nagorno Karabagh.

Hoje a Arménia vive uma guerra sem fim contra o Azerbaijão, país que devido aos combustíveis fósseis está-se tornando cada vez mais rico, com gastos milionários na Defesa. A Arménia é um país relativamente pobre, a sua maior riqueza provém da diáspora que se espalhou pelo Mundo durante o Genocídio, e que para além do investimento que fazem no país de origem conseguem ser em quantidade suficiente para influenciar a política de alguns países como a França e os EUA. Mas a balança pende claramente para o Azerbaijão, e a guerra parece inevitável. Há muito ódio de ambas as partes e a radicalização islâmica que também tem ocorrido no Azerbaijão a reboque do que se passa no país irmão (Turquia) e do surgimento do Estado Islâmico (a cidade recém libertada de Mossul fica a menos de 400 km da fronteira arménia) fazem temer o pior.

O custo de vida na Arménia é ligeiramente inferior ao da Geórgia. Nota-se alguma pobreza nas zonas rurais mais afastadas de Yerevan. A ruralidade fora de Yerevan é ainda mais vincada que nas zonas mais recônditas da Geórgia.

Entramos na Arménia pela província de Lori, que outrora prosperou com a exploração mineira. Hoje está em decadência, e é de todas as regiões da Arménia onde estive a que me pareceu mais pobre.

A primeira paragem, ainda bem perto da Geórgia é na Fortaleza/Mosteiro de Akhtala. Para além da catedral de Echmiadzin, a sede da Igreja Arménia, esta foi a única igreja que visitei que fugia aos tons escuros, uma vez que durante vários anos pertenceu à Geórgia e foi usada pelos Ortodoxos Russos:


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Após Akhtala, visitamos o Mosteiro de Haghpat, Património Mundial da UNESCO. Actualmente decorrem obras de requalificação financiadas pela Fundação Calouste Gulbenkian, também ele descendente de arménios.

Haghpat significa “vitória” em arménio. Conta a história que um aluno apostou com o seu mestre que conseguiria fazer um mosteiro mais bonito que o que ele havia feito (Mosteiro de Sanahin, localizado na encosta em frente, iríamos visitar após o almoço). Depois de vários anos a trabalhar neste mosteiro, o mestre reconhece que o aluno o ultrapassara, batizando o mosteiro como Haghpat. Em contrapartida, o aluno reconhece que o do mestre é mais antigo, denominando-o de Sanahin, “mais antigo”.


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Khachkares:


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Estes dois mosteiros localizam-se no desfiladeiro do rio Debed:


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Fomos almoçar, a casa de uma senhora perto de Haghpat e, após uma valente trovoada com granizo do tamanho de berlindes, descemos para Alaverdi, a principal cidade da região e espelho da sua decadência:


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Já com o Sol a querer reaparecer chegamos a Sanahin, também Património Mundial:


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O caminho para Yerevan seria longo e por estradas em mau estado. Paramos ainda para tirar umas fotos ao Desfiladeiro do Rio Debed:


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E a um pastor e seus animais:


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Um campo de papoilas:


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E seguimos para uma viagem de quase 4 horas até Yerevan. Pelo caminho passamos pelo Monte Aragats (4090m), o mais alto do território actual arménio, embora o símbolo do país seja o Monte Ararat (5137m), actualmente em território ocupado pela Turquia.


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embora o símbolo do país seja o Monte Ararat (5137m), actualmente em território ocupado pela Turquia.

Provavelmente vou-me antecipar e publicar um spoiler. Monte bastante famoso por ser a hipotética localização da Arca de Noé. Infelizmente também é zona de combate entre turcos e curdos.

A Merkel uma vez disse que a Geórgia é muito difícil de ser defendida pela OTAN. As fotos (orografia) ilustram exatamente esse ponto. Quanto aos arménios, felizmente têm a proteção russa. Claro que no fim do dia não é grande consolo já que será mais uma guerra de guerrilha prolongada (devido às muitas montanhas). Há uma central nuclear nas redondezas de Yerevan (provavelmente estou-me a antecipar de novo). O que aconteceria no caso de uma guerra? Fica a questão.

Pronto, não comento mais para não estragar a reportagem :o
 
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Os arménios estão zangados com os russos, porque estes venderam armamento ao Azerbaijão. Estão a voltar-se para a UE e para a NATO.

Sim mas a resposta foi óbvia: Dinheiro é dinheiro venha de onde vier. Realisticamente quando a coisa apertar a Arménia só tem um aliado na região disposto e com capacidade de intervenção. Como tal, há que ser malabarista.
 

David sf

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9 – SEVAN

Tal como fiz na capital da Geórgia, usei Yerevan para explorar a Arménia através de excursões, mas com uma diferença, a viagem a Nagorno Karabagh iria durar três dias, pelo que a minha estadia em Yerevan iria ser interrompida a meio.

Ao contrário do que se passou na Geórgia, fui para a Arménia com todas as excursões marcadas, através da profissionalíssima Hyur Service, que oferece 4 diferentes excursões por dia com partida garantida e fácil reserva através do seu site. Tudo na Hyur Service me pareceu impecável, preços baixos, horários cumpridos, transportes de qualidade, guias profissionais, provavelmente o serviço de turismo mais perfeito que alguma vez usei.

Com três dias ocupados pela viagem a Karabagh, que incluía passagem por vários locais interessantes no sul da Arménia, sobravam-me quatro dias na Arménia. Guardei um para Yerevan e marquei três excursões, relativamente curtas (6/7 horas) a locais a menos de 100 km da capital arménia.

A primeira foi ao Lago Sevan (8000AMD, 15€, com um bolo a meio da manhã, água à descrição, almoço e passeio de barco incluídos), a maior massa de água da Arménia, situada a 1900m de altitude. Vários habitantes de Yerevan fazem do lago a sua estância de férias, apesar de pelo menos no dia em que lá estive, a temperatura não ser nada convidativa para ir a banhos (e estava um dia relativamente quente em Yerevan).

Durante o domínio soviético um desastrado projecto de transvases fez o nível do lago baixar vários metros. Felizmente esse projecto foi abandonado poucos anos depois de ter sido colocado em prática, mas o dano já estava feito.

Ao contrário das restantes estradas do país, o acesso ao algo Sevan é feito por uma via rápida em muito boas condições:


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Antes de se chegar ao lago passa-se na cidade de Tsaghkadzor, parando-se para se visitar dois locais: o mosteiro de Kecharis e a estância de esqui próxima à cidade, uma das principais do país.


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Em pleno verão não há muito que contar sobre a estância de esqui, do mosteiro ficam as fotografias:


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Perto da hora de almoço chegamos ao Lago Sevan, e subimos ao mosteiro de Sevanank, localizado numa península:


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O parque automóvel da Arménia é dominado por antigos Lada, embora se vejam esporadicamente alguns carros de luxo:


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Almoçamos perto ao lago, num restaurante com uma bela vista:


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E depois de almoço há tempo para um curto passeio de barco:


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Chegamos a Yerevan por volta das 16 horas, e ainda sobrava tempo para começar a explorar Yerevan.
 

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9/10 – YEREVAN

O segundo dia em Yerevan ficou guardado para visitar a cidade, mas comecei logo no dia anterior pela tarde.

Yerevan foi quase toda construída durante a década de 1920, tendo portanto uma forte influência soviética. É chamada a cidade rosa porque a pedra usada na construção de grande parte dos edifícios do centro da cidade é dessa cor (a cor da rocha predominante na região). A mistura do estilo soviético com uma cor garrida dá à cidade um aspecto original.

Turisticamente, Yerevan é uma cidade pouco interessante, vale sobretudo pela muita vida nas ruas da cidade e pela animação de algumas praças, com fontes luminosas e dançarinas, mercados ambulantes, parques e jardins com várias esculturas espalhadas.

Nesta tarde visito a zona da Cascata, construída recentemente numa colina adjacente ao centro da cidade. O conceito é de uma fonte com vários patamares, desenvolvendo-se por várias dezenas de metros em altura, mas tinha que correr muito mais água para o efeito ser o desejado. As vistas do alto são das melhores da cidade.


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No parque em frente à Cascata haviam várias obras de escultores famosos, incluído um bule da portuguesa Joana Vasconcelos:


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A Ópera, um dos mais emblemáticos edifícios da cidade:


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O chamado “Lago dos Cisnes”, ao lado da Ópera:


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Mais imagens do centro da cidade:


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A Praça da República, a maior e mais importante de Yerevan:


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Em toda a cidade estão espalhadas várias referências a arménios famosos (ou descendentes de) e que estão espalhados pelo mundo. Muitos descendentes de arménios são hoje bastante conhecidos pelo seu brilhantismo (Charles Aznavour, Cher, David Nalbandian, entre outros), havendo também outros que são famosos, apesar de não terem qualquer brilhantismo (clã Kardashian):


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Ao início da noite, na Praça da República, existe diariamente durante o verão um espectáculo chamado “dancing fountains”, em que jactos de água “dançam” ao som de muitas músicas de vários os estilos durante duas horas. Fui lá dar uma espreitadela, e acabei por ficar duas horas e ainda voltei num dia mais tarde:


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No dia seguinte acordo um pouco mais tarde, Yerevan não tem já muito por oferecer, e estando num apartamento no centro da cidade não preciso de perder tempo em deslocações. Apesar de ter marcado um apartamento (por cerca de 30€/noite) a cerca de 2km do centro da cidade, o dono colocou-me num outro mesmo em frente à Ópera, no coração de Yerevan, porque o hóspede que estava naquele que eu tinha marcado quis ficar mais uns dias. O mesmo aconteceu quando voltei de Karabagh, fui para outro apartamento, no centro da cidade, e com 4 assoalhadas.

Neste segundo dia saí do centro da cidade e decepcionei-me um pouco. A cidade tem potencial, muitos espaços verdes, mas com excepção do seu centro está mal cuidada e é pouco amigável para os peões. A vida animada que a cidade apresenta no seu centro, com muita gente na rua, esplanadas, diversão, etc., não tem correspondência quando nos afastamos um pouco. Nas zonas residenciais há pouca gente na rua, nalguns lugares até assusta, e os carros passam a alta velocidade nas estradas.

Uma Igreja junto ao apartamento onde fiquei:


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O caos de carros na Praça da República:


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Uma zona de esplanadas, a sul da Praça da República:


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A única rua pedonal de Yerevan:


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A nova Catedral de Yerevan, demasiado nova e austera para ser interessante:


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Zonas pouco cuidadas junto à catedral:


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Muitos espaços verdes, mas pouco cuidados:


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O mais interessante dos espaços verdes eram as esculturas, havia sempre muitas em todos eles:


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Depois de almoço fui ao Memorial do Genocídio, localizado a cerca de 3 km do centro da cidade. Apanhei o metro até à Avenida de Kiev, e andei cerca de quilómetro e meio até ao Memorial.

A Avenida de Kiev:


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O vale do rio Hrazdan, muito mal aproveitado. Uma cidade que tem um rio próximo do centro e naturalmente tão bem localizado deveria aproveitá-lo melhor:


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O pavilhão desportivo da cidade, junto ao Memorial:


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O Memorial é composto por uma pira onde arde uma chama em homenagem às vítimas do Genocídio. Existe um museu nas proximidades, mas estava fechado por ser segunda-feira. No dia anterior estaria fechado por ser domingo. 24 horas depois estaria também fechado pois apenas abre entre as 11 e as 16!


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Uma estátua em homenagem a todas as mães que fugiram com os seus filhos, e que ajudaram a estabelecer a diáspora arménia pelo mundo:


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A vista para a cidade desde o Memorial. Ao longe o Monte Ararat onde reza a lenda que atracou a Arca de Noé após o dilúvio. É o símbolo nacional da Arménia, mas está hoje em território ocupado pela Turquia. A URSS permitiu à Turquia ficar com aquele território de modo a ferir o nacionalismo arménio. Apenas em 15% dos dias o Ararat está totalmente visível. Este não era um deles:


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O estádio onde Portugal jogou em 1996 e empatou 0-0 situa-se mesmo por baixo do memorial. Hoje parece abandonado e o relvado já é só erva daninha:


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Ao longe começavam a aparecer umas nuvens ameaçadoras:


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Volto ao centro, por uma estrada assustadoramente deserta de pessoas e repleta de carros. Janto numa esplanada debaixo de uma trovoada seca. Quando começam a cair as primeiras gotas, já depois de ter pedido a conta levanto-me e vou a caminho do apartamento. Quando só falta atravessar a estrada começa a chover a potes, acompanhada de granizo e tenho que me refugiar durante meia hora no café em frente ao apartamento. Mesmo depois de parar de chover tive que esperar muitos minutos para a água escoar; a estrada parecia um rio.


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Faltam os 3 dias de Karabakh :D Estás a deixar criar suspense é? :D

Sugestão para o final da reportagem e é uma opinião subjetiva, claro, mas entre 0-10 e tendo em conta as tuas anteriores viagens qual seria a pontuação final? Comentários complementares à introdução seriam sempre úteis.
 
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11 – KHOR VIRAP e NORAVANK


Chego às oito em ponto à agência de viagens, uma hora antes da hora prevista para o início da viagem para Nagorno Karabagh, na esperança de conseguir um dos lugares da frente do autocarro. A viagem é muito longa e vários sites que consultei diziam (e com razão) que a estrada passava por locais espectaculares, logo queria ficar nos melhores lugares para tirar fotos, mas houve quem chegasse antes de mim a eu apenas consegui o lugar na 2ª fila. Deste modo as cabeças do guia da viagem, do motorista ou do casal à minha frente irão aparecer em muitas das fotografias dos próximos três dias.

A viagem tem a duração de três dias, mas apenas o segundo é dedicado a Nagorno Karabagh. Os outros dois dias são ocupados pela longa viagem (em tempo, principalmente, porque a distância não é nada de extraordinário, cerca de 300 km) até a este país/ região (a definição correcta depende do país onde se está, como explicarei mais à frente), com paragens em algumas das mais importantes atracções turísticas da Arménia.

Viajei com um grupo de mais 18 pessoas e eu era o único que não descendia de arménios, apesar de nenhum deles ter nascido na Arménia. Havia pessoas oriundas do Canadá, EUA, Líbano, Irão e Austrália. Segundo o guia foi algo inédito, uma vez que habitualmente há um terço de arménios, outro de russos e outro de ocidentais.

E, na minha opinião, tive muita sorte. Pude testemunhar o amor que aquelas pessoas, que nasceram e vivem longe têm pela sua terra-mãe. Todos eles sabem de cor os poemas mais importantes e as músicas mais tradicionais arménias, e várias vezes durante a viagem o autocarro era um salão de baile com vários deles a dançar músicas arménias no corredor. A mim adoptaram-me como a ave rara, o visitante estrangeiro, e acabei por ficar a conhecer a tradição arménia por dentro pois todos queriam partilhar um pouco da Arménia comigo.

Saímos de Yerevan para Sul, pela única planície do país, sempre com o monte Ararat a dominar a paisagem. Tal como nos dias anteriores, hoje não é um dos poucos dias do ano em que ele está descoberto de nuvens. A primeira paragem é no mosteiro de Khor Virap, provavelmente o mais conhecido postal do país, com o Ararat em pano de fundo. Foi aqui que Gregório, o Iluminador ficou preso durante vários anos antes de converter a Arménia ao Cristianismo em 301.

Infelizmente, esta era a última semana de aulas na Arménia, que é dedicada a visitas de estudo, portanto a maior parte das atracções próximas de Yerevan estavam cheias de pessoas, principalmente crianças, não permitindo gozar a paz que aqueles locais devem transmitir em ambiente mais calmo.


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Khor Virap fica a poucos metros da fronteira com a Turquia, fechada devido ao corte de relações entre os dois países por causa do Genocídio e o seu não reconhecimento por parte das autoridades turcas. Na foto vêem-se as torres de vigia que guardam a fronteira.


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Poucos quilómetros após Khor Virap a estrada faz uma inflexão para Este e entra-se numa zona mais montanhosa e muito árida. Se fossemos em frente entraríamos no enclave azeri de Naquichevão, por uma estrada em mau estado que actualmente é pouco utilizada. Devido ao conflito de Nagorno Karabagh a fronteira com o Azerbaijão também está fechada.


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Nesta zona encontram-se quatro países em pouco mais de 10km. Para além da Arménia, Azerbaijão e Turquia, também se avista o Irão (as montanhas em fundo), o único país vizinho com quem a Arménia tem boas relações. Os templos arménios situados na Turquia e no Azerbaijão foram destruídos. Na Geórgia não o foram, mas os arménios estão proibidos de celebrar missa na sua língua. Apenas no Irão são totalmente livres.


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E inicia-se a subida, a depressão junto ao Ararat situa-se à cota 700, grande parte da viagem foi à cota 2000/2200, com o topo a 2600m no Passo de Vorotan:


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A paragem seguinte foi em Noravank (Novo Mosteiro), localizado num vale fechado com paisagem árida. Aqui, mais longe de Yerevan, o ambiente era já bastante calmo e deu para desfrutar da beleza do lugar:


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Vista para o vale desde Noravank:


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O autocarro onde viajei:


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Pouco depois de sairmos de Noravank, almoçamos num hotel junto a um lago:


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