Tempo, Clima e Variabilidade Climática, Dia 14 e 28 Março

Daniel Vilão

Super Célula
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22 Mar 2007
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Tenho pena de não ter ido.
Tenho de ver quando é a próxima palestra.
A reportagem está muito boa, André, com bastante detalhe e descrita de forma bastante clara ! :)
 


AnDré

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22 Nov 2007
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Oh, de nada pessoal!:)
Eu é que agradeço estas divulgações. Ainda por cima esta sessão era pertinho do lugar onde estudo, por isso não me custou nada!:thumbsup:
E como veem aprendi muita coisa.


Quanto ao nitrato de carbono, pode ter sido alguma pequena confusão no meio de tanta coisa e tantos termos para registar. No contexto em que falaste disso, água dos oceanos e água da atmosfera, penso que ele terá falado do aumento do vapor de água. Noutro parte, talvez tenha referido do Óxido Nitroso N2O a par do Dióxido Carbono CO2 e do Metano CH4. O Óxido Nitroso apesar de ter uma concentração imensamente inferior na atmosfera que o CO2 e o Metano, tem proporcionalmente um efeito de estufa muito superior por unidade, cerca de 310x mais do que o equivalente do CO2, devido ao maior tempo de vida na atmosfera.

No entanto lá meti água na quimica!:hehe:
Estive a ver e nitrato de carbono não deve ser concerteza. Obrigado pela observação rossby!:thumbsup:

E pelo que já li, o Vince deve ter-me corrigido bem. Provavelmente o professor disse: Óxido Nitroso e não Nitrato de Carbono, e até já percebi a lógica.

E sendo assim a frase correcta é: "...ao que parece, o aumento da concentração de CO2 aumenta a concentração de Óxido Nitroso e esse sim é responsável pelo aumento da temperatura(...)"

Segundo o que eu li, isto deve-se ao seguinte:
"muitos gêneros de bactérias utilizam o carbono orgânico como fonte redutora e, na ausência do O2, utilizam os óxidos de nitrogênio como aceptores de elétrões – resultando na produção de N2O,NO e N2"
Ou seja um aumento de CO2 potencia um aumento de N2O, que como o Vince já disse, o N2O tem um efeito de estufa muito maior que o CO2.

Segundo o wikipédia, a concentração de N2O na atmosfera tem aumentado na taxa de 0,25 % ao ano.


Mais uma vez, obrigado pela correcção... E desculpem o meter de água!:hehe:
Felizmente há pessoas atentas!:D
 

AnDré

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22 Nov 2007
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Já agora, aproveito para divulgar mais um seminário que haverá sobre "Alterações climáticas":

As alterações climáticas - Um futuro sustentável


Em 2007, a comunidade científica e organismos internacionais divulgam vários relatórios alertando para a persistência e até um agravamento de problemas ambientais e apontando algumas soluções.

Igualmente verificam-se dois factos relevantes, respectivamente, o término do primeiro ciclo do mecanismo do Comércio de Emissões (CELE) e a realização da Conferência de BALI (Dezembro), no âmbito da Convenção para as Alterações Climáticas, da qual resulta o reconhecimento pelos seus signatários e aprovação de “road map” para abordagem do período “pós-Kyoto”, assumindo-se assim a necessidade comum de estabelecer um novo quadro de acção a nível global.

No ano em que também se iniciam as comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) é urgente divulgar e contribuir para a alteração de mentalidades, atitudes e se possível de políticas.

Tendo estado Portugal na presidência da União Europeia, com recentes responsabilidades e percepção do contexto internacional, o que podemos fazer no contexto Europeu, tirando partido da dinâmica existente?

Para tanto, a TNM organiza este encontro em que no primeiro dia são abordadas questões transversais à sociedade e à economia e, no segundo, numa outra perspectiva se detalharão impactes e acções específicas.

Este insere-se no âmbito das comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) e é destinado a profissionais do ambiente, Jornalistas e a todos os interessados na matéria.

Inscrições até dia 9 de Abril.

Link:
http://www.tapadademafra.pt/index.php?mod=articles&action=viewArticle&article_id=94

Este já sai fora dos parametros da minha agenda e do meu bolso. No entanto fica aqui a publicidade para quem poder ir!;)
 

HOP

Cirrus
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3 Abr 2008
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Como autor das palestras aqui referidas quero agradecer a presença do André e o facto de as procurar relatar neste fórum.:thumbsup::
No entanto, talvez porque eu não me tenha explicado tão bem como gostaria, aparecem no resumo das palestras algumas afirmações que eu não fiz e que são mesmo completamente opostas ao que eu penso e afirmo.

1. Em primeiro lugar quero esclarecer que há alterações climáticas em Portugal que são claramente detectáveis nas séries de observações. Aliás dizer que há tendências estatisticamente significativas (ao nível 0,01) quer dizer que se pode afirmar que há alterações com uma probabilidade de erro inferior a 1%.
2. Considero que não vivemos num clima estacionário.
3. Não são minhas as afirmações sobre o que é normal em tempo e em clima nem sobre as de relações entre anormal e alterações climáticas.
4. Também não são minhas as afirmações sobre nitrato de carbono??? nem sobre o óxido nitroso.:shocking:

Há ainda muitas mais afirmações incorrectas que aqui me são atribuídas. Seguramente compreenderão que não posso entrar aqui em explicações detalhadas nem sequer em argumentos resumidos. Fiz uma série de 3 palestras, com cerca de uma hora cada, em que de forma muito resumida procurei transmitir, o melhor que soube, alguns conceitos básicos sobre tempo, clima, variabilidade climática e alterações climáticas.
Não consigo dar esses conceitos aqui.

Obrigado pela vossa atenção.
 

AnDré

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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
Como autor das palestras aqui referidas quero agradecer a presença do André e o facto de as procurar relatar neste fórum.:thumbsup::
No entanto, talvez porque eu não me tenha explicado tão bem como gostaria, aparecem no resumo das palestras algumas afirmações que eu não fiz e que são mesmo completamente opostas ao que eu penso e afirmo.

1. Em primeiro lugar quero esclarecer que há alterações climáticas em Portugal que são claramente detectáveis nas séries de observações. Aliás dizer que há tendências estatisticamente significativas (ao nível 0,01) quer dizer que se pode afirmar que há alterações com uma probabilidade de erro inferior a 1%.
2. Considero que não vivemos num clima estacionário.
3. Não são minhas as afirmações sobre o que é normal em tempo e em clima nem sobre as de relações entre anormal e alterações climáticas.
4. Também não são minhas as afirmações sobre nitrato de carbono??? nem sobre o óxido nitroso.:shocking:

Há ainda muitas mais afirmações incorrectas que aqui me são atribuídas. Seguramente compreenderão que não posso entrar aqui em explicações detalhadas nem sequer em argumentos resumidos. Fiz uma série de 3 palestras, com cerca de uma hora cada, em que de forma muito resumida procurei transmitir, o melhor que soube, alguns conceitos básicos sobre tempo, clima, variabilidade climática e alterações climáticas.
Não consigo dar esses conceitos aqui.

Obrigado pela vossa atenção.

Bom dia Sr. HOP!

Desde já, peço desculpa por ter metido água nos resumos que fiz sobre as suas palestras. Se calhar deveria ter entrado em contacto consigo antes de os ter publicado aqui no fórum. De qualquer forma, foram essas as ideias com que fiquei.
Tentarei entrar em contacto consigo para da melhor forma corrigir estes meus erros. :thumbsup:
 

Previsor

Cirrus
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12 Mar 2008
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Nova comunicação do Doutor Henrique Oliveira Pires

Tenho o prazer de Informar que no próximo dia 13 de Abril, ás 10 h, o Henrique Oliveira Pires irá novamente falar sobre alterações climáticas, no âmbito do “FÓRUM ECO-CARTAXO 2008” que se realiza no Auditório Municipal do Cartaxo, Quinta das Pratas, Cartaxo.
 

José M. Sousa

Cumulus
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16 Mai 2008
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Obrigado André pela reportagem. Interessante a presença do Eng. Rui Moura, gostava de ter assistido. A resposta sobre as altas pressões foi exactamente o meu comentário aqui no forum ao artigo do Rui Moura onde ele abordava as altas pressões. Mas parabéns ao Rui Moura por ir à luta, adorava estar lá que tenho montes de dúvidas sobre a teoria dos AMP's de Marcel Leroux e se calhar até teria tido oportunidade de as ver esclarecidas à margem da palestra.

Quanto ao nitrato de carbono, pode ter sido alguma pequena confusão no meio de tanta coisa e tantos termos para registar. No contexto em que falaste disso, água dos oceanos e água da atmosfera, penso que ele terá falado do aumento do vapor de água. Noutro parte, talvez tenha referido do Óxido Nitroso N2O a par do Dióxido Carbono CO2 e do Metano CH4. O Óxido Nitroso apesar de ter uma concentração imensamente inferior na atmosfera que o CO2 e o Metano, tem proporcionalmente um efeito de estufa muito superior por unidade, cerca de 310x mais do que o equivalente do CO2, devido ao maior tempo de vida na atmosfera.

O Eng. Rui Moura e o site resistir.info (que eu aprecio muito por outras razões) estão sempre a justificar algumas as suas posições sobre AC invocando um tal Marcel Leroux. Eis o que diz um dos cientistas (podem ver o seu curriculo na coluna à esquerda) do RealClimate sobre o tal senhor:


# raypierre Says:
3 juin 2006 at 2:35 PM

Also re 65:

I have never heard of this Marcel Leroux before. The Praxis publisher’s web site claims he has published over 100 articles in international journals, but I looked over ALL the M. Leroux’s that Science Citation Index could find and these are the only articles that deal with climate or meteorology:


1. Leroux, M
El Nino
RECHERCHE, (310): 6-7 JUN 1998

2. Leroux, M
Climate models
RECHERCHE, (300): 7-7 JUL-AUG 1997

3. LEZINE, AM; LEROUX, M; TURON, JL; et al.
POLLEN TRANSPORT AND ATMOSPHERIC CIRCULATION OFF TROPICAL WEST-AFRICA DURING THE LAST DEGLACIATION
BULLETIN DE LA SOCIETE GEOLOGIQUE DE FRANCE, 166 (3): 247-257 1995

4. LEROUX, M
THE DEBATE OVER THE POLAR FRONT
RECHERCHE, 26 (276): 479-479 MAY 1995

5. LEZINE, AM; TASTET, JP; LEROUX, M
EVIDENCE OF ATMOSPHERIC PALEOCIRCULATION OVER THE GULF OF GUINEA SINCE THE LAST GLACIAL MAXIMUM
QUATERNARY RESEARCH, 41 (3): 390-395 MAY 1994

6. LEROUX, M
THE MOBILE POLAR-HIGH - A NEW CONCEPT EXPLAINING PRESENT MECHANISMS OF MERIDIONAL AIR-MASS AND ENERGY EXCHANGES AND GLOBAL PROPAGATION OF PALEOCLIMATIC CHANGES
GLOBAL AND PLANETARY CHANGE, 7 (1-3): 69-93 MAY 1993

7. FAURE, H; LEROUX, M
ARE THERE SOLAR SIGNALS IN THE AFRICAN MONSOON AND RAINFALL
PHILOSOPHICAL TRANSACTIONS OF THE ROYAL SOCIETY OF LONDON SERIES A-MATHEMATICAL PHYSICAL AND ENGINEERING SCIENCES, 330 (1615): 575-575 APR 24 1990


“Recherche” is the in-house newsletter of the CNRS (the French National Science Foundation), I believe. Global and Planetary Change is a very minor journal. This guy is no heavy-hitter so far as climate research goes. He’s at one of the more minor CNRS labs in France. Given the title of the book (i.e. anything that claims global warming may be a “myth” is bound to be scientifically unreliable) and the $129 cost (limiting its likely readership), I doubt we’ll be reviewing it anytime soon. The only mystery is why Praxis, which had the good judgement to publish Rasmus’ book on solar variability, would get taken in by something like this.

If you are looking to form your opinion and want something more quantitative than the books Gavin reviewed, the IPCC Third Assessment Report (WG-I) would be a much better place to start, as would David Archer’s book (Blackwell).
 

Vince

Furacão
Registo
23 Jan 2007
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Local
Braga
...
I have never heard of this Marcel Leroux before. The Praxis publisher’s web site claims he has published over 100 articles in international journals, but I looked over ALL the M. Leroux’s that Science Citation Index could find and these are the only articles that deal with climate or meteorology
...

Nada que me surpreenda. É quase sempre assim. O Rui Moura e também o espanhol Antón Uriarte, ambos com blogues bastante populares, citam imensas vezes Marcel Leroux mas nunca consegui perceber muito bem relação com o cerne desta questão apesar dos meus esforços em encontrar literatura sobre o assunto. Parece-me que a maioria das vezes a teoria dos AMP é usada para justificar eventos que tem a ver com variabilidade climática e não com a ciência do aquecimento global antropogénico e sobretudo parece-me que a teoria é usada mais para falar dos erros dos media do que da ciência, numa confusão que se faz também muitas vezes por aqui. O facto de os media exagerarem ou errarem quando falam de alterações climáticas sempre que ocorre um evento mais extremo ou invulgar que a maioria das vezes não é afinal assim tão invulgar, isso não quer dizer que sejam os cientistas a defenderem essas associações erradas. Os media são o que são, tanto erram ou exageram nisto como em tudo o resto, e erram para ambos os lados.
O que é mais curioso é que muitas destas pessoas que criticam os media por associarem erradamente alterações climáticas a eventos que nada tem a ver com o assunto, essas pessoas estão também constantemente a cair no mesmo erro, fazem o mesmo desde que a notícia lhe seja favorável à "causa". Outra coisa curiosa que se viu recentemente, muitas destas pessoas que normalmente desprezam a ciência, falando mesmo de conspirações, interesses, etc, mas quando sai um estudo cientifico que lhes serve a "causa", como por exemplo dois estudos recentes, um sobre a pausa do aquecimento global e outro sobre furacões, aí a ciência já merece referência e é amplamente divulgada nos blogues. Será que um dia será possível discutir esta questão sem estas contradições e estes critérios muito selectivos ?

Claro que para além dos media, por vezes também há pessoas com responsabilidades que dizem o que não deviam dizer, por exemplo ainda recentemente tivemos o Al Gore a falar das alterações climáticas a propósito do ciclone da Birmania, e isso quanto a mim foi um aproveitamento muito infeliz e inoportuno da tragédia. Mas lá está, o Al Gore não é cientista. Tal como os jornalistas não o são. E quando se criticam determinadas coisas que lemos por aí é preciso saber separar uma coisa da outra.
 
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