Seguimento Meteorológico Livre 2018

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rozzo

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11 Dez 2006
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Como o outro dia explicaram, o CAPE nem sempre significa instabilidade, pois se não houver humidade em altitude torna-se improvável a formação de nuvens e as condições favoráveis para precipitação...
Se houvessem condições previstas pelos diferentes modelos, também o IPMA e o AEMET iriam surgir com probabilidades de precipitação, as quais são 0% em todos os dias de previsão...

O CAPE alto significa uma atmosfera instável, com energia disponível. Não garante é precipitação, pois por mais movimentos convectivos que haja, sem humidade disponível nada se formará.
Neste caso vamos ver, a humidade será pouca, a poeira muita, o que são factores pouco propícios... Mas as correntes verticais serão potentíssimas, portanto não acho nada de descartar alguma convecção de base mais alta, principalmente no período nocturno, e infelizmente, a possibilidade de algumas trovoadas secas.

Se repararem, temos cerca de -10º aos 500hPa, o que com as temperaturas previstas à superfície, dá cerca de 50º de diferença entre a superfície 500hPa. É um gradiente enorme, portanto necessariamente vai implicar fortes correntes convectivas. É mesmo muita energia. Por comparação com eventos convectivos de inverno, poucas vezes temos gradientes superiores a 40º. Talvez em entradas frias de primavera, com temperaturas à superfície de 15-20º, e em altitude de -30º...
Mas claro, aí com humidade disponível para "aproveitar" essas instabilidade.

Mas uma coisa é certa... Eu não me recordo de nenhum evento de recordes de calor extremo generalizado, nomeadamente em regiões litorais, que não esteja associado a instabilidade (p.ex. Junho 2017, Agosto 2003, etc.).
É mesmo quase uma condição "necessária", uma vez que para o litoral "esturricar" desta forma, tem mesmo de existir uma circulação depressionária a S/SW, que "mate" a Nortada, e que obviamente favorece instabilidade, aliada a processos convectivos brutais com uma aquecimento tão intenso da superfície.
 

Aspvl

Nimbostratus
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31 Dez 2009
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Como o outro dia explicaram, o CAPE nem sempre significa instabilidade, pois se não houver humidade em altitude torna-se improvável a formação de nuvens e as condições favoráveis para precipitação...
Se houvessem condições previstas pelos diferentes modelos, também o IPMA e o AEMET iriam surgir com probabilidades de precipitação, as quais são 0% em todos os dias de previsão...

Ainda estamos um bocadinho longe, mas não é só o GFS a dar indicações de possível convecção (pelos índices de CAPE e LI). Também o ECMWF com o seu novo «produto» de lightning density consegue vislumbrar qualquer coisa para o interior do país:

https://weather.us/model-charts/euro/portugal/lightning-density-avarage-3h-6h/20180803-1500z.html

Resta acompanhar as saídas! :)
 

Thomar

Cumulonimbus
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19 Dez 2007
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Está a sair a run das 6H do GFS, continua a mostrar muito calor, mas já não apresenta valores superiores a +45ºC.

4D6Gi4L.png
 

rokleon

Nimbostratus
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2 Abr 2016
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O CAPE alto significa uma atmosfera instável, com energia disponível. Não garante é precipitação, pois por mais movimentos convectivos que haja, sem humidade disponível nada se formará.
Neste caso vamos ver, a humidade será pouca, a poeira muita, o que são factores pouco propícios... Mas as correntes verticais serão potentíssimas, portanto não acho nada de descartar alguma convecção de base mais alta, principalmente no período nocturno, e infelizmente, a possibilidade de algumas trovoadas secas.

Neste tipo de situação mais extrema, a incertidão das previsões é muito mais elevada. Ninguém no IPMA está a desvalorizar nada, é muito mais provável que estejam a considerar o alto nível de incerteza das previsões. 46ºC seria extremo, 42-43ºC já seria mais "dentro do que já aconteceu".
Eu sempre ouvi que tempo instável e regimes turbulentos são muito menos previsíveis nos modelos do que uma situação de estabilidade atmosférica (o caso que teremos). E a distância temporal não é assim tão grande já. Não sei, não. Veremos as próximas runs.
@SpiderVV tens razão...
Não tinha considerado como factor de incerteza o CAPE
 

Dias Miguel

Cumulonimbus
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26 Jan 2015
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Se repararem, temos cerca de -10º aos 500hPa, o que com as temperaturas previstas à superfície, dá cerca de 50º de diferença entre a superfície e esse nível.

Sim @rozzo, já tinha reparado a grande diferença entre as temperaturas a 500hPa e as temperaturas de superfície. Estranhei bastante a subida a 850hPa e a descida a 500 hPa em simultâneo.
A probabilidade de processos convectivos é que me preocupam, pois se não houver humidade e existir a formação de nuvens de evolução vertical, a possibilidade de trovoadas com forte aparato eléctrico podem aproveitar o rastilho deixado por temperaturas verdadeiramente fora do comum... Nunca vi a previsão para Portalegre com 43ªC e para Arronches com 46ºC... Disto, durante a noite, irá resultar em temperaturas superiores a 30 ºC e, se houver instabilidade, de certeza ventos moderados a fortes nas áreas onde houver trovoada...
Sinceramente estou com muito receio desta mudança radical e das consequências previsíveis. :( Para quem viu a Serra de S. Mamede arder em 2003, sabe bem que após 15 anos e uma gestão paupérrima e negligente, pode originar-se outra catástrofe.
 

Dias Miguel

Cumulonimbus
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c0ldPT

Nimbostratus
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20 Out 2017
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Está a sair a run das 6H do GFS, continua a mostrar muito calor, mas já não apresenta valores superiores a +45ºC.

4D6Gi4L.png
Infelizmente ainda mostra temperaturas superiores a 45ºC...
lQXWyHk.gif

De referir que as temperaturas a 850/500hpa são mais graves do que em 2003 aquando do recorde de Amareleja :unsure:
 

Tyna

Cumulus
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9 Jan 2009
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Tempo quente nos próximos dias: conferência de imprensa hoje, 30 de julho, às 16 horas.

AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL·SEGUNDA-FEIRA, 30 DE JULHO DE 2018

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e a Direção-Geral da Saúde (DGS) realizam esta segunda-feira, 30 de julho de 2018, pelas 16:00 horas, na sede da ANPC, em Carnaxide, uma Conferência de Imprensa conjunta.
A Conferência de Imprensa precede o aumento da severidade meteorológica que se antevê venha a ocorrer a partir de meados desta semana, o qual pode ter reflexo no aumento das ignições de fogos rurais e no acréscimo de casos do foro da saúde pública (devidos ao expectável aumento da temperatura do ar), situação que pode redundar o agravamento substancial dos riscos e das vulnerabilidades em todo o território nacional, justificando-se, por isso, a apresentação do quadro evolutivo expectável para os próximos dias, dos efeitos dele decorrentes e das medidas a adotar para evitar ou mitigar os impactos daquele.
 

SpiderVV

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