Árvores e Florestas de Portugal

jonas_87

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11 Mar 2012
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.
Só de olhar para a foto, dá para ter a noção que é um local, onde predomina muita humidade permanente e um local bem sombrio, mas isto, só uma opinião geral.

Este sítio é incrível mesmo, não conheço outro em toda a serra assim, humidade impressionante. Chega a estar orvalho nas ervas semanas seguidas, dia e noite.
E a espécie da "árvore "sabes?
 


Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
Este sítio é incrível mesmo, não conheço outro em toda a serra assim, humidade impressionante. Chega a estar orvalho nas ervas semanas seguidas, dia e noite.
E a espécie da "árvore "sabes?

Não sou grande especialista de árvores aí dessa zona, mas parece ser da família dos fetos, pode ser que entretanto alguém mais conhecedor do assunto do que eu, posso divulgar o nome em concreto.
 

PedroNTSantos

Nimbostratus
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27 Dez 2008
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Covilhã [562m]/Algoz (Silves)[49m]
Foto tirada recentemente num vale da serra de Sintra, na vertente norte.


Os fetos arbóreos são espécies invasoras nos Açores e na Madeira. Será interessante ver o seu comportamento no continente, nomeadamente em locais como o desta foto, para verificar se assume igualmente esse comportamento invasor.
 
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Pedro1993

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7 Jan 2014
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Frederico, obrigado pela citação (ainda que, assumo, involuntário). Mantive o blogue "sombra verde" ativo vários anos e um dos motivos (não foi o único...) que me levou a deixar de escrever foi sentir que esta questão das podas em meio urbano não tem remédio.
Isto chegou ao ponto de, no ano passado, ter ido uma discussão nas redes sociais com alguém que defendia a rolagem de plátanos numa via em grande parte urbana, nos arredores da Covilhã, como uma medida abrangida pela Lei 76/2017, a tal lei ao abrigo da qual se têm cortado tanto árvore monumental com a pretensa desculpa da proteção contra incêndios.

Parabéns pelo blogue, por acaso andava mesmo a precisar de algum blogue, para ler vários artigos dentro desta área, pois tenho vindo a "estudar" algumas das nossa árvores e arbustos autóctones, que já estiveram presentes nas nossas galerias ripícolas, há alguns anos atrás em grande abundancia, e hoje apenas encontro alguns exemplares dispersos, quanto muito.
 
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camrov8

Cumulonimbus
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14 Set 2008
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Oliveira de Azeméis(278m)
são oriundos da Australia e Nova Zelândia, foram muito usados em jardins com muita humidade como os de Sintra
Cyathea-cooperi.jpg
 

PedroNTSantos

Nimbostratus
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27 Dez 2008
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Covilhã [562m]/Algoz (Silves)[49m]
Parabéns pelo blogue, por acaso andava mesmo a precisar de algum blogue, para ler vários artigos dentro desta área, pois tenho vindo a "estudar" algumas das nossa árvores e arbustos autóctones, que já estiveram presentes nas nossas galerias ripícolas, há alguns anos atrás em grande abundancia, e hoje apenas encontro alguns exemplares dispersos, quanto muito.

O melhor blogue português sobre botânica, de longe, é o Dias com Árvores (https://dias-com-arvores.blogspot.com/). O principal autor, o Paulo Araújo, que é professor universitário de Matemática mas sabe de botânica mais do que muitos biólogos, penso que pertence à Sociedade Portuguesa de Botânica que tem no "Flora on" uma enorme base de dados digital da nossa flora.

A obra escrita mais completa sobre os bosques ibéricos chama-se precisamente "Los Bosques Ibéricos - una interpretación geobotánico", da editora Planeta. (na Wook está a 36€).
 

Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
O melhor blogue português sobre botânica, de longe, é o Dias com Árvores (https://dias-com-arvores.blogspot.com/).

A obra escrita mais completa sobre os bosques ibéricos chama-se precisamente "Los Bosques Ibéricos - una interpretación geobotánico", da editora Planeta. (na Wook está a 36€).

Obrigado, pela ajuda esse blogue, já os tinha visto, há uns tempos, mas já me tinha esquecido do endereço, agora já o guardei, para estar sempre á mão, quando precisar.
 
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29 Dez 2014
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Quando visitei Monfrague em 2004 a Junta da Extremadura andava a erradicar os eucaliptos. O plano parece que prossegue. O eucalipto foi introduzido durante a ditadura por decisão administrativa do Governo de Franco, mas foi um grande falhanço pois demonstrou não ser rentável. As condições edafo-climáticas não eram propícias.

Questiono-me assim se será rentável ter produção de eucalipto a Sul do Tejo, como se vê na serra da Ossa, no Litoral Alentejano ou serra de Monchique, face aos preços da madeira importada do Brasil, ainda mais num contexto de acordo comercial da Mercosul com a União Europeia.

Será que não deveríamos fazer o mesmo que estão a fazer os espanhóis na Extremadura e erradicar o eucalipto a Sul do Tejo, substituindo-o por carvalhos, sobreiros e azinheiras?

https://www.hoy.es/20071112/regional/extremadura-pierde-eucaliptos-decadas-20071112.html
O que dava para ver a Serra d'Ossa sem os eucaliptos :rolleyes: para mim a eucaliptização da serra é algo que me revolta profundamente mesmo tendo acontecido talvez 40 anos antes de eu nascer. Eu vivo na zona e penso que em termos climáticos ainda seja rentável nas vertentes orientadas mais a norte devido ao microclima da serra, há até algumas fontes no meio dos eucaliptos que correm água todo o verão mesmo nos anos mais secos. Nas vertentes sul de facto não é rentável porque os eucaliptos ficam raquíticos mas quem os plantou deve agora ter percebido que se for para acabar com eles de vez e mudar de cultura, o "lucro" da madeira não chega para a limpeza total. Nas vertentes do convento, que estão mais viradas a sudoeste e que não levaram com eucaliptos, é ver os sobreiros a lutar pela sobrevivência com muitos a não aguentar todos os anos.
 

frederico

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O que dava para ver a Serra d'Ossa sem os eucaliptos :rolleyes: para mim a eucaliptização da serra é algo que me revolta profundamente mesmo tendo acontecido talvez 40 anos antes de eu nascer. Eu vivo na zona e penso que em termos climáticos ainda seja rentável nas vertentes orientadas mais a norte devido ao microclima da serra, há até algumas fontes no meio dos eucaliptos que correm água todo o verão mesmo nos anos mais secos. Nas vertentes sul de facto não é rentável porque os eucaliptos ficam raquíticos mas quem os plantou deve agora ter percebido que se for para acabar com eles de vez e mudar de cultura, o "lucro" da madeira não chega para a limpeza total. Nas vertentes do convento, que estão mais viradas a sudoeste e que não levaram com eucaliptos, é ver os sobreiros a lutar pela sobrevivência com muitos a não aguentar todos os anos.

Segundo referências dos anos 30 a serra tinha carvalhos-alvarinho nessa vertente Norte junto às linhas de água. E muito provavelmente teve carvalhos-cerquinho, já que não muito longe, em Montemor ou Mora, estão presentes em zonas com menor humidade. Há uns anos andei por essa serra à procura de carvalhos e não vi nenhum.
 
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Segundo referências dos anos 30 a serra tinha carvalhos-alvarinho nessa vertente Norte junto às linhas de água. E muito provavelmente teve carvalhos-cerquinho, já que não muito longe, em Montemor ou Mora, estão presentes em zonas com menor humidade. Há uns anos andei por essa serra à procura de carvalhos e não vi nenhum.
Também já andei a procurar carvalhos nas zonas mais frescas e não encontrei nenhum, o incêndio de 2006 deve ter sido a machadada final daqueles que porventura chegaram àquela data.
 

frederico

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Quando era criança, os pereiros-bravos ou catapereiros (Pyrus bourgaeana) eram muito comuns na vertente oriental da serra do Caldeirão, nos concelhos de Castro Marim e Tavira. Infelizmente com os grandes incêndios dos últimos 20 anos a espécie tornou-se rara e desapareceu de áreas serranas onde já foi abundante. Procurei-o por todo o lado e fui encontrar apenas um junto à estrada de Cachopo, perto da ribeira de Odeleite. Em Espanha, recentemente, vi cerca de meia dúzia na estrada que liga Villablanca a El Granado.

Os frutos têm valor económico se forem processados. Haja alguém com interesse em investir no seu cultivo e na sua divulgação e terá certamente negócio garantido.

icnf-especies-indgenasedicao20162-15-638.jpg
 

frederico

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Outra espécie com elevadíssimo valor económico que não é explorado em Portugal: a murta ( Myrtus communis) . As suas bagas são riquíssimas em antioxidantes.

Na serra do Caldeirão a murta já foi abundante. No entanto, por causa dos incêndios, tornou-se espécie rara. Conheço apenas meia dúzia de arbustos a frutificar, na fronteira entre os concelhos de Tavira e de Castro Marim.

murtafr.jpg
 

frederico

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O melhor blogue português sobre botânica, de longe, é o Dias com Árvores (https://dias-com-arvores.blogspot.com/). O principal autor, o Paulo Araújo, que é professor universitário de Matemática mas sabe de botânica mais do que muitos biólogos, penso que pertence à Sociedade Portuguesa de Botânica que tem no "Flora on" uma enorme base de dados digital da nossa flora.

A obra escrita mais completa sobre os bosques ibéricos chama-se precisamente "Los Bosques Ibéricos - una interpretación geobotánico", da editora Planeta. (na Wook está a 36€).

Vou tentar arranjar esse livro quando for a Espanha, talvez consiga mais barato. Sabes de mais alguns títulos que julgues pertinentes sobre o tema? Agradecia a partilha de títulos pois colecciono livros, especialmente sobre temáticas ambientais e botânica.