Árvores e Florestas de Portugal

bandevelugo

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Não fazia mesmo ideia de que elas também faziam parte da nossa flora. Não é muito comum ver esta espécie fora dos nossos jardins.
Quando for ao Algarve terei melhor atenção para ver se as encontro ;) Obrigado pelo esclarecimento aos dois :thumbsup:

Há uma razão para esse desconhecimento: é que ela se não estiver em locais chuvosos ou regados, não passa de um "reles" arbusto, misturadas com o resto! Também só comecei a reparar nela há uns poucos de anos, de férias no Algarve.

A partir do momento em que ficamos "sintonizados", passamos a ver palmeirinhas por todo o lado!

Aqui percebem-se bem, porque estão a invadir um terreno agrícola, ao pé de Tavira, mas não passam daquela altura (penso eu e como bem diz o frederico).

 
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frederico

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"O que é que ele iria comer em eucaliptais e pinhais"???!!!! De que é que o urso veio à procura quando entrou em Portugal?

Aquilo que come, mel.

http://kapitaldonordeste.pt/urso-pardo-delicia-se-com-50-quilos-de-mel-em-montesinho

Logo, não me parece que vá passar fome no norte do país.





[Nota adicional, agora sem ironia: sinceramente, faz-me confusão esta permanente desqualificação da floresta privada de pinheiros e eucaliptos. Oxalá esteja enganado, mas se calhar só com as provações que estão aí a chegar é que talvez nós, portugueses, comecemos a dar valor aos recursos que temos no país e a agradecer a quem, do seu bolso, investiu em floresta]


Há uns ano li um artigo interessante, estima-se que só cerca de um terço do eucaliptal seja rentável. Portugal poderia produzir até mais com o eucalipto ocupando metade da área que ocupa.

Trata-se de um problema de ordenamento conjugado com má regulamentação e a questão do minifúndio.
 
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29 Dez 2014
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Conheço também um núcleo de palmeira anã em Redondo no distrito de Évora, talvez um dos poucos que terá escapado às más práticas agrícolas em Portugal. No entanto, o núcleo está agora a ressentir-se com o (sobre)pastoreio de vacas.
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bandevelugo

Cumulus
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Há uns ano li um artigo interessante, estima-se que só cerca de um terço do eucaliptal seja rentável. Portugal poderia produzir até mais com o eucalipto ocupando metade da área que ocupa.

Trata-se de um problema de ordenamento conjugado com má regulamentação e a questão do minifúndio.

Ó Frederico, eu até posso concordar, mas o nosso país é o que é.

Se estivesse mais a norte e fosse habitado por suecos, estaria tudo muito mais ordenadinho, mas o sol não brilhava tanto e a taxa de suicídios era maior. Temos o que temos.
 
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frederico

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Ó Frederico, eu até posso concordar, mas o nosso país é o que é.

Se estivesse mais a norte e fosse habitado por suecos, estaria tudo muito mais ordenadinho, mas o sol não brilhava tanto e a taxa de suicídios era maior. Temos o que temos.

Se houvesse alguém com conhecimento do tema no lugar certo que tivesse coragem... a regulamentação não é assim tão transcendente... basta obrigar a que todas as plantações tenham uma área mínima, que essa área seja contínua e que fora das plantações licenciadas a plantação comercial de eucalipto seja proibida. Algo assim obrigaria os proprietários do minifúndio a juntar-se em cooperativas. O minufúndio não é rentável e só tem trazido problemas na questão da floresta.
 

bandevelugo

Cumulus
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Se houvesse alguém com conhecimento do tema no lugar certo que tivesse coragem... a regulamentação não é assim tão transcendente... basta obrigar a que todas as plantações tenham uma área mínima, que essa área seja contínua e que fora das plantações licenciadas a plantação comercial de eucalipto seja proibida. Algo assim obrigaria os proprietários do minifúndio a juntar-se em cooperativas. O minufúndio não é rentável e só tem trazido problemas na questão da floresta.

Caro Frederico, vou-lhe contar uma história, que me foi contada pela minha falecida avó.

Há umas boas dúzias de anos, com base no conhecimento científico e na benévola intenção de melhorar a produção e a qualidade de vinho no norte do país , o Salazar proibiu a produção do vinho americano.

Apesar de ser para o bem da população (essa medida iria contribuir muito para diminuir as doenças mentais provocadas pelo metanol), e de haver até alternativas (outras castas de videiras), houve uma verdadeira revolução. Foi mandado o Exército e houve mortes. Tudo continuou como dantes.

O território, a floresta, a agricultura, em Portugal é tudo privado e feito com investimento próprio, que não pode ter retorno negativo ou a 200 anos. O Estado (representando o conjunto do povo português) se quiser que exproprie e trate de por outro tipo de floresta, no que concordo totalmente!
 
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Caro Frederico, vou-lhe contar uma história, que me foi contada pela minha falecida avó.

Há umas boas dúzias de anos, com base no conhecimento científico e na benévola intenção de melhorar a produção e a qualidade de vinho no norte do país , o Salazar proibiu a produção do vinho americano.

Apesar de ser para o bem da população (essa medida iria contribuir muito para diminuir as doenças mentais provocadas pelo metanol), e de haver até alternativas (outras castas de videiras), houve uma verdadeira revolução. Foi mandado o Exército e houve mortes. Tudo continuou como dantes.

O território, a floresta, a agricultura, em Portugal é tudo privado e feito com investimento próprio, que não pode ter retorno negativo ou a 200 anos. O Estado (representando o conjunto do povo português) se quiser que exproprie e trate de por outro tipo de floresta, no que concordo totalmente!
Concordo em parte com o que dizes, mas a última parte discordo completamente... É que tu se calhar nem sabes que 90% das famílias portuguesas é herdeiro de, pelo menos, um terreno no Norte e Centro. Se fossem aplicadas esse tipo de medidas, seria um descalabro. :uau:
Basta ver o que aconteceu com o pós-25 de Abril: bastaram uns quantos comunas a expropriar terrenos e a retirar o direito à propriedade para que ocorresse o 25 de Novembro. Por alguma razão hoje em dia não vivemos numa ditadura comunista, e foi tudo graças ao minifúndio. :)
 
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Concordo em parte com o que dizes, mas a última parte discordo completamente... É que tu se calhar nem sabes que 90% das famílias portuguesas é herdeiro de, pelo menos, um terreno no Norte e Centro. Se fossem aplicadas esse tipo de medidas, seria um descalabro. :uau:
Basta ver o que aconteceu com o pós-25 de Abril: bastaram uns quantos comunas a expropriar terrenos e a retirar o direito à propriedade para que ocorresse o 25 de Novembro. Por alguma razão hoje em dia não vivemos numa ditadura comunista, e foi tudo graças ao minifúndio. :)

Não é bem assim, o Estado pode expropriar para fins de benefício público e pagar a justa indemnização. E isto é para parques naturais e reservas, não é para todo o lado.

Como é que acha que o Duarte Pacheco fez o parque florestal de Monsanto?
 
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Não é bem assim, o Estado pode expropriar para fins de benefício público e pagar a justa indemnização. E isto é para parques naturais e reservas, não é para todo o lado.

Como é que acha que o Duarte Pacheco fez o parque florestal de Monsanto?
Isso era noutros tempos, em que a elite de Salazar mandava mais que os outros milhões todos... No tempo de Salazar expropriava-se muita coisa para fazer urbanizações bem organizadas e construídas, e quem criticasse ia preso para Caxias ou então apanhava um avião e ia para o Tarrafal. Depois do 25 de Abril isso acabou! :eek:
 
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frederico

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A legislação que eu mencionei não implica expropiar ninguém nem obrigar ninguém a nada! E teria de haver um período de transição de 12 a 15 anos, para o crescimento das árvores plantadas antes de legislação.

O que a legislação implica é a obrigatoriedade dos pequenos proprietários se associarem em cooperativas e isto traria enormes vantagens para todos. Quem tem courelas, bouças, pequenos terrenos com eucaliptos não tem rentabilidade para pagar limpezas anuais nem para pagar a vigilância dos terrenos. Em cooperativa com áreas extensas essa rentabilidade já existe. O país fica mais ordenado, mais limpo e com menos incêndios. E as novas gerações já não são analfabetas, se as coisas forem bem explicadas as pessoas vão compreender. Ninguém vai pagar mais impostos nem ficar sem as suas terras.

Fora das áreas licenciadas o eucalipto seria proibido com um limite ao número de árvores por hectare e seriam dados 15 anos aos proprietários e às entidades públicas para cortarem os eucaliptos. Em 15 anos o país teria a área de eucaliptal reduzida para metade e produziria mais.

Também creio que o eucalipto deveria ser proibido a Sul do Tejo, por questões climáticas e de protecção dos solos.
 
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frederico

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Quanto à floresta nativa não tenho grandes ilusões, parte da solução passaria por termos uma verdadeira rede de floresta pública, floresta a sério e não pinhais como o Pinhal de Leiria ou o Pinhal de Monte Gordo. Apenas 2 ou 3% da floresta portuguesa é pública, nos EUA esse valor se não me engano ronda os 50%, na OCDE somos talvez o país com menos floresta pública. Além disso as associações ambientalistas devem criar fundos para receber doações e comprar terrenos, a Quercus já compra mas precisamos de algo noutra escala, algo mais ambicioso.

No século XIX quando foi o registo dos terrenos após a Guerra Civil os advogados fizeram roubos colossais, com a nacionalização dos bens da Igreja perdeu-se também muita floresta que não era explorada e que foi imediatamente cortada para lenha, no século XIX e também no século XX houve a ocupação de baldios e terrenos comunitários o que também destruiu muita floresta.
 
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Apenas 2 ou 3% da floresta portuguesa é pública, nos EUA esse valor se não me engano ronda os 50%, na OCDE somos talvez o país com menos floresta pública.
Mais - nos EUA a floresta pública chega aos 75%. :surprise:

É virtualmente impossível ter uma floresta pública com a sociedade e a organização que temos hoje em dia. Isso faria com que muitos terrenos tivessem que ser expropriados. :(
Portugal, a Galiza, a Costa e Cordilheira Cantábricas e os montes ocidentais de Leão, em conjunto, são a região com menor floresta pública da OCDE, e talvez da Europa, fruto das más políticas de organização do território ao longo dos séculos.
Não muito longe da fronteira, por exemplo, temos uma floresta nacional e nativa: as Manchas de Coníferas de Cuéllar, na comunidade de Castela-Leão. Outra floresta nacional é a de Hornacuelos, na Andaluzia. Fora da região que indiquei, como é óbvio... :rolleyes:

Acho que a solução para Portugal não passaria por criar florestas nacionais, mas sim, em conjunto com as cooperativas, criar uma melhor organização do território. Uma das coisas que poder-se-ia fazer era a criação de áreas protegidas privadas, como acontece na Faia Brava ou na Mata do Solitário, na Arrábida. :w00t:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Reserva_da_Faia_Brava
 
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Mais - nos EUA a floresta pública chega aos 75%. :surprise:

É virtualmente impossível ter uma floresta pública com a sociedade e a organização que temos hoje em dia. Isso faria com que muitos terrenos tivessem que ser expropriados. :(
Portugal, a Galiza, a Costa e Cordilheira Cantábricas e os montes ocidentais de Leão, em conjunto, são a região com menor floresta pública da OCDE, e talvez da Europa, fruto das más políticas de organização do território ao longo dos séculos.
Não muito longe da fronteira, por exemplo, temos uma floresta nacional e nativa: as Manchas de Coníferas de Cuéllar, na comunidade de Castela-Leão. Outra floresta nacional é a de Hornacuelos, na Andaluzia. Fora da região que indiquei, como é óbvio... :rolleyes:

Acho que a solução para Portugal não passaria por criar florestas nacionais, mas sim, em conjunto com as cooperativas, criar uma melhor organização do território. Uma das coisas que poder-se-ia fazer era a criação de áreas protegidas privadas, como acontece na Faia Brava ou na Mata do Solitário, na Arrábida. :w00t:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Reserva_da_Faia_Brava

Não é preciso expropriar ninguém. Pode-se ir negociando ao longo dos anos aos poucos com os proprietários dos terrenos. A partir do momento em que o Estado, uma autarquia ou uma associação têm uma reserva, passam a ter direito de preferência na compra de terrenos que façam partilha. É um trabalho lento mas no qual ninguém é obrigado a nada, o objectivo é que as pessoas não criem anticorpos contra a causa.

Há uns meses vi um terreno de sapal à venda que está integrado na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim. Pensei para mim, quem é que se arrisca a comprar isto? Ali não se pode construir, ali nada cresce, pois são terrenos salgados. Aquilo é um terreno que faria todo o sentido passar para as mãos do ICN ou de uma associação ambientalista, que poderiam fazer a renaturalização da área. Suspeito aliás que por todo o país se se seguisse esta política inúmeros proprietários venderiam voluntariamente os seus terrenos. De que serve ter um sapal em área protegida? Uma escarpa? Dunas? Matos que são reserva ecológica nacional? Os proprietários não podem tocar em nada, não tiram dali nenhum rendimento, faria mais sentido que estas áreas fossem públicas, para evitar até asneiras, como limpezas de terrenos que são reserva ecológica nacional ou sapais que são lavrados.
 
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frederico

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Mais - nos EUA a floresta pública chega aos 75%. :surprise:

É virtualmente impossível ter uma floresta pública com a sociedade e a organização que temos hoje em dia. Isso faria com que muitos terrenos tivessem que ser expropriados. :(
Portugal, a Galiza, a Costa e Cordilheira Cantábricas e os montes ocidentais de Leão, em conjunto, são a região com menor floresta pública da OCDE, e talvez da Europa, fruto das más políticas de organização do território ao longo dos séculos.
Não muito longe da fronteira, por exemplo, temos uma floresta nacional e nativa: as Manchas de Coníferas de Cuéllar, na comunidade de Castela-Leão. Outra floresta nacional é a de Hornacuelos, na Andaluzia. Fora da região que indiquei, como é óbvio... :rolleyes:

Acho que a solução para Portugal não passaria por criar florestas nacionais, mas sim, em conjunto com as cooperativas, criar uma melhor organização do território. Uma das coisas que poder-se-ia fazer era a criação de áreas protegidas privadas, como acontece na Faia Brava ou na Mata do Solitário, na Arrábida. :w00t:
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Em Espanha boa parte da floresta pertencia à Igreja. Com a nacionalização no século XIX a floresta desapareceu. No Antigo Regime a floresta que existia pertencia ao Rei e aos nobres como reserva de caça, à Igreja e havia ainda a floresta dos baldios e terrenos comunitários, gerida de forma sustentável pelas aldeias. Quando este mundo ruiu no século XIX a floresta praticamente desapareceu.

Da floresta dos conventos, restou pouca coisa.

Temos a mata do Buçaco, uma mistura de mata plantada com floresta nativa de carvalho-roble.

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A mata em redor do Convento dos Capuchos em Sintra.

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Parte das matas da serra da Arrábida pertenciam a um convento.

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O Choupal é Coimbra, hoje totalmente descaracterizado, foi obra dos Jesuítas.

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frederico

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Na região de Alcobaça a Igreja tinha muita floresta de Carvalho-cerquinho.

Com a nacionalização dos bens da Igreja os novos proprietários cortaram os carvalhos para vender a lenha. No século XIX o carvão e a lenha eram negócios rentáveis, para alimentar fornos de cal ou de pão.