Há sempre um certo perigo ao andar nas estradas da Madeira. Por uma pequena distração pode-se sair de estrada e cair de uma altura de muitos metros. Ou pode cair uma pedras em cima de nós. Ou pode faltar travões numa descida acentuada. Nós madeirenses vivemos esse perigo todos os dias e não há volta a dar, como já disseste, devido à orografia da ilha. Mesmo que se façam boas estradas há sempre uma perigosidade latente.
Parte do perigo que existe não podemos controlar, dar a volta. Ao fazer uma caminhada numa levada sei sempre que pode cair uma pedra na cabeça e morrer numa fracção de segundo. Qual a alternativa? Ficar em casa definhando a ver tv no sofá.
Sei muito bem o que isso é!
A natureza nesse aspeto por vezes pode ser madrasta.
Em São Miguel, especialmente na parte oriental da ilha, a orografia é igualmente bastante declivosa com vales encaixados onde as estradas serpenteiam pelas encostas. Nordeste, Povoação, Faial da Terra, Ribeira Quente, e Lombo Gordo são bons exemplos. Quem conhece bem a ilha sabe bem que as pessoas lidam com esse perigo todos os dias naquela zona da ilha.
A possibilidade de ser apanhado numa derrocada enquanto se conduz em dias mau tempo é bastante elevada.
Não há muitos anos um carro com seus 3 ocupantes foi engolido num deslizamento de terra enquanto transitava à noite na estrada de acesso à Lomba do Cavaleiro no concelho da Povoação, tendo o carro caído por um desfiladeiro até à ribeira . Morreram pai, mãe e filho.
Outra situação correspondeu a uma camionete de passageiros no Nordeste também pelo mesmo motivo sendo o autocarro empurrado da estrada numa queda abrupta até uma ribeira.
E se formos mais atrás, há uma data que vai marcar, para sempre, a história da freguesia da Ribeira Quente, no concelho da Povoação, onde a 31 de outubro de 1997 a chuva intensa provocou derrocadas que engoliram parcialmente a mesma freguesia e onde 29 pessoas morreram soterradas.
Viver em ilhas com um declive e orografia extrema por vezes tem um preço a pagar!