Seguimento Meteorológico Livre - 2020



boneli

Nimbostratus
Registo
12 Jan 2008
Mensagens
871
Local
Braga. Lomar
Aproveitem bem a chuva e toda a humidade existente até quarta-feira da próxima semana, porque a partir de quinta-feira dia 17 regressa novamente o anticiclone, segundo o GFS... :intrigante:

Não entendo qual o objetivo deste tipo de comentários. Dizer isso baseando-se apenas numa saida de um modelo é sinal que não se aprende com os erros. Depois lá está...basta uma ou duas saidas, mete-se a carapuça, ficamos caladinhos e e aguarda-se por mais uma run de um modelo para se poder dizer que vem ai o anticiclone, que vem ai o verão e por ai fora. Mais so mesmo. Já tivemos foristas em outubro e novembro com comentários assim e depois ficam mal vistos. Previsões até mais de 10 dias é ter muito cuidado como se analisa e da forma como andam os modelos então. Mas pronto como isto é seguimento livre cada um diz o que lhe apetece.
 

Aurélio Carvalho

Nimbostratus
Registo
5 Out 2018
Mensagens
1,821
Local
Faro
Acho que um pouco de ponderação e sensatez só vos ficaria bem.
Tivemos um Outubro e Novembro chuvosos ao contrário do que estava previsto por todos os modelos sazonais. Essas chuvas foram de carácter convectivo, regime por vezes torrencial, e muitos concentrados no tempo e por vezes em determinados locais. Atingiu sobretudo as regiões do interior e litoral sotavento algarvio.
Dezembro apresenta uma mudança de padrão com precipitação estratiforme com carácter ortográfico e está a atingir essencialmente a região norte e parte do centro e também as serras da costa vicentina.
Num outro âmbito as terras já estão saturadas de água e tudo o que cair, vai correr e ir para as barragens.
Em consequência disso aqui pelo Algarve as barragens nos últimos 10 dias aumentaram a sua cota em cerca de 1 metro e nem Bravura escapou desta vez.

Por isso qual o stress de vir agora tempo mais seco nas próximas semanas ou dias.
Alias dia 16 vem já aí mais uma carga de água!
 

Luis Martins

Cumulus
Registo
25 Mai 2019
Mensagens
138
Local
Quinta da Marialva - Corroios
Não entendo qual o objetivo deste tipo de comentários. Dizer isso baseando-se apenas numa saida de um modelo é sinal que não se aprende com os erros. Depois lá está...basta uma ou duas saidas, mete-se a carapuça, ficamos caladinhos e e aguarda-se por mais uma run de um modelo para se poder dizer que vem ai o anticiclone, que vem ai o verão e por ai fora. Mais so mesmo. Já tivemos foristas em outubro e novembro com comentários assim e depois ficam mal vistos. Previsões até mais de 10 dias é ter muito cuidado como se analisa e da forma como andam os modelos então. Mas pronto como isto é seguimento livre cada um diz o que lhe apetece.
São os profetas da desgraça .Há quem pense que o Alentejo e o Algarve têm um clima parecido com os Picos da Europa e depois sempre que chove menos ou a temperature sobe um pouco , lá vem a desgraça que vamos todos morrer! A Peninsula Ibérica sempre sofreu de secas conjunturais ao longo da historia e nao vai ser agora que as coisas vão mudar . As alterações climaticas explicam uma parte das alterações mas a maioria destas mudanças conjunturais sempre existiram. Analisando alguns relatos historicos , podemos por exemplo ver a segunda metade do Sec.VII e inicio do Sec VIII . Grandes secas nesse período criaram maus anos agricolas , fome e peste , o que levou a conflitos sociais no reino Visigodo . Esses factores enfraqueceram o reino ao ponto de no inicio do Sec. VIII os arabes e berberes terem conquistado o reino visigodo tão facilmente , devido a encontrar-se bastante enfraquecido e grande parte devido ao clima. Nós estamos a sair da chamada pequena idade do gelo que começou no Sec. XVII devido á actividade vulcanica na Islândia , que foi prolongada com as erupções do Tambora e Krakatoa , foi nessa época que grande parte da nossa floresta , nomeadamente no Alentejo , foi cortada para aquecimento . Já na Alta idade Média tivemos um período quente , que se prolongou até ao Sec. XVII , esse período quente possibilitou as viagens e o assentamento dos Vikings na Islândia e Gronelandia , assentamentos esses que entraram e declinio e muitos foram abandonados quando as temperaturas regrediram no Sec.XVII. Neste momento a temperature sobe devido ao ciclo natural e á nossa interferência , o homem tem que se adaptar ao clima e nao esperar que aconteça o inverso , a subida da temperature é maior do que as variações que houveram no passado , pode ser algo ciclico , pode nao ser . Amanhã podemos ter uma erupção volcanica de enormes dimensões e lá vai a temperature por aí abaixo , lá se vão as colheitas agricolas e a maioria da população humana sem alimento vai atrás também.
 

meteo

Cumulonimbus
Registo
15 Fev 2008
Mensagens
2,071
Local
Oeiras
São os profetas da desgraça .Há quem pense que o Alentejo e o Algarve têm um clima parecido com os Picos da Europa e depois sempre que chove menos ou a temperature sobe um pouco , lá vem a desgraça que vamos todos morrer! A Peninsula Ibérica sempre sofreu de secas conjunturais ao longo da historia e nao vai ser agora que as coisas vão mudar . As alterações climaticas explicam uma parte das alterações mas a maioria destas mudanças conjunturais sempre existiram. Analisando alguns relatos historicos , podemos por exemplo ver a segunda metade do Sec.VII e inicio do Sec VIII . Grandes secas nesse período criaram maus anos agricolas , fome e peste , o que levou a conflitos sociais no reino Visigodo . Esses factores enfraqueceram o reino ao ponto de no inicio do Sec. VIII os arabes e berberes terem conquistado o reino visigodo tão facilmente , devido a encontrar-se bastante enfraquecido e grande parte devido ao clima. Nós estamos a sair da chamada pequena idade do gelo que começou no Sec. XVII devido á actividade vulcanica na Islândia , que foi prolongada com as erupções do Tambora e Krakatoa , foi nessa época que grande parte da nossa floresta , nomeadamente no Alentejo , foi cortada para aquecimento . Já na Alta idade Média tivemos um período quente , que se prolongou até ao Sec. XVII , esse período quente possibilitou as viagens e o assentamento dos Vikings na Islândia e Gronelandia , assentamentos esses que entraram e declinio e muitos foram abandonados quando as temperaturas regrediram no Sec.XVII. Neste momento a temperature sobe devido ao ciclo natural e á nossa interferência , o homem tem que se adaptar ao clima e nao esperar que aconteça o inverso , a subida da temperature é maior do que as variações que houveram no passado , pode ser algo ciclico , pode nao ser . Amanhã podemos ter uma erupção volcanica de enormes dimensões e lá vai a temperature por aí abaixo , lá se vão as colheitas agricolas e a maioria da população humana sem alimento vai atrás também.
Verdade, mas para o que temos visto/registado dos últimos 70/80 anos, nos últimos 4/5 anos tivemos secas muito prolongadas no Sul. Se há 7 ou 8 séculos atrás houve problemas destes, até pode ser verdade. Mas para os agricultores e quem vive de água, esse facto histórico não diminui em nada a preocupação. É inegável penso eu, que das últimas décadas, em termos de índice de seca (Pelo menos este índice) estes ultimos 5/6 anos teem sido dos piores em muitas regiões do Sul do país.

O que também concordo, não é razão para muita lamentação se tivermos 1 ou 2 meses muito secos. É normal e vai continuar a acontecer. O Inverno só agora está a começar, e até agora o ano hidrológico não tem sido nada mau!
 

frederico

Furacão
Registo
9 Jan 2009
Mensagens
10,319
Local
Porto
Houve grandes secas no Inicio do seculo XX, que se seguiram a um periodo chuvoso no final do seculo XIX. A media de Faro chegou a ser de 300 e tal mm, e a de Albufeira de 250 mm. Depois a partir de 1930 recuperou bem.

Dia 16 regressa a chuva, e dia 19 teremos novamente precipitacao. A partir dai e dificil prever.
 

frederico

Furacão
Registo
9 Jan 2009
Mensagens
10,319
Local
Porto
São os profetas da desgraça .Há quem pense que o Alentejo e o Algarve têm um clima parecido com os Picos da Europa e depois sempre que chove menos ou a temperature sobe um pouco , lá vem a desgraça que vamos todos morrer! A Peninsula Ibérica sempre sofreu de secas conjunturais ao longo da historia e nao vai ser agora que as coisas vão mudar . As alterações climaticas explicam uma parte das alterações mas a maioria destas mudanças conjunturais sempre existiram. Analisando alguns relatos historicos , podemos por exemplo ver a segunda metade do Sec.VII e inicio do Sec VIII . Grandes secas nesse período criaram maus anos agricolas , fome e peste , o que levou a conflitos sociais no reino Visigodo . Esses factores enfraqueceram o reino ao ponto de no inicio do Sec. VIII os arabes e berberes terem conquistado o reino visigodo tão facilmente , devido a encontrar-se bastante enfraquecido e grande parte devido ao clima. Nós estamos a sair da chamada pequena idade do gelo que começou no Sec. XVII devido á actividade vulcanica na Islândia , que foi prolongada com as erupções do Tambora e Krakatoa , foi nessa época que grande parte da nossa floresta , nomeadamente no Alentejo , foi cortada para aquecimento . Já na Alta idade Média tivemos um período quente , que se prolongou até ao Sec. XVII , esse período quente possibilitou as viagens e o assentamento dos Vikings na Islândia e Gronelandia , assentamentos esses que entraram e declinio e muitos foram abandonados quando as temperaturas regrediram no Sec.XVII. Neste momento a temperature sobe devido ao ciclo natural e á nossa interferência , o homem tem que se adaptar ao clima e nao esperar que aconteça o inverso , a subida da temperature é maior do que as variações que houveram no passado , pode ser algo ciclico , pode nao ser . Amanhã podemos ter uma erupção volcanica de enormes dimensões e lá vai a temperature por aí abaixo , lá se vão as colheitas agricolas e a maioria da população humana sem alimento vai atrás também.

Este comentario e muito bom.

No seculo XVIII os estrangeiros ficavam impressionados com a desarborizacao do Alentejo, com a paisagem da chamada charneca, especialmente quando ficava coberta de Flores.

A partir da segunda metade do seculo XIX e depois no Estado Novo foram feitas extensas campanhas de arborizacao. Muitos dos montados actuais derivam dai. O Alentejo seculos atras teria mais carvalhos, castanheiros, zambujeiros, freixos, e menos sobreiros e azinheiras.

O Litoral alentejano era muito pouco povoado. Por isso os concelhos de Odemira ou Santiago conservaram mais nucleos de vegetacao primitiva, com carvalhos, castanheiros e galerias ripicolas.
 

bandevelugo

Cumulus
Registo
3 Jan 2008
Mensagens
319
Local
Lisboa
Alvíssaras a quem explicar o seguinte fenómeno.

Precipitações mensais medidas na estação meteorológica de Viana do Castelo, 2020, pelo IPMA, em mm:

Janeiro: 176
Fevereiro: 62
Março: 86
Abril: 121
Maio: 68
Junho: 32
Julho: 1
Agosto: 38
Setembro: 67
Outubro: 139
Novembro: 97

Total: 887 mm, 81 mm/mês.

Resultado final: em novembro de 2020, próximo do solstício de inverno, com 341 mm acumulados nos últimos 4 meses, Viana do Castelo entra oficialmente em... seca!!!

[E Faro, com 267 mm acumulados nos mesmo 4 meses, consegue sair do estado de "seca" ("moderada") em que se encontrava em 31 de agosto! Até já está em "chuva fraca"...]

http://www.ipma.pt/resources.www/do...luIAAv/cli_20201101_20201130_pcl_mm_co_pt.pdf

Bem sei que tudo isto deverá ter por base uma análise estatística, dos desvios face às médias e medianas, etc., etc., é pá, mas não dá para pôr limiares de análise, ou inventar outras designações, para não dar este tipo de classificações que chocam de frente com a realidade sentida pelo cidadão comum, a quem se destina estas mensagem???

Depois admirem-se que haja quem desconfie sistematicamente das ciências climáticas...
 

"Charneca" Mundial

Super Célula
Registo
28 Nov 2018
Mensagens
5,021
Local
Corroios (cota 26); Aroeira (cota 59)
Alvíssaras a quem explicar o seguinte fenómeno.

Precipitações mensais medidas na estação meteorológica de Viana do Castelo, 2020, pelo IPMA, em mm:

Janeiro: 176
Fevereiro: 62
Março: 86
Abril: 121
Maio: 68
Junho: 32
Julho: 1
Agosto: 38
Setembro: 67
Outubro: 139
Novembro: 97

Total: 887 mm, 81 mm/mês.

Resultado final: em novembro de 2020, próximo do solstício de inverno, com 341 mm acumulados nos últimos 4 meses, Viana do Castelo entra oficialmente em... seca!!!

[E Faro, com 267 mm acumulados nos mesmo 4 meses, consegue sair do estado de "seca" ("moderada") em que se encontrava em 31 de agosto! Até já está em "chuva fraca"...]

http://www.ipma.pt/resources.www/do...luIAAv/cli_20201101_20201130_pcl_mm_co_pt.pdf

Bem sei que tudo isto deverá ter por base uma análise estatística, dos desvios face às médias e medianas, etc., etc., é pá, mas não dá para pôr limiares de análise, ou inventar outras designações, para não dar este tipo de classificações que chocam de frente com a realidade sentida pelo cidadão comum, a quem se destina estas mensagem???

Depois admirem-se que haja quem desconfie sistematicamente das ciências climáticas...
Já tenho visto comentários na própria página do IPMA a comentar sobre isso. Pelo que tenho entendido, tem a ver com a maneira como o índice PDSI, usado pelo IPMA. O Palm Springs Drought Index é calculado segundo estes critérios: :D
"Este índice baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo [...]".
Destes três critérios, só um põe a zona de Viana do Castelo em situação normal: a capacidade de água disponível. Nas restantes situações, Viana do Castelo está mal classificada: :eek:
  • Ao nível da precipitação, a região tem tido um outono bastante seco. 341 mm acumulados em 4 meses é pouco tendo em conta que a média é de 471 mm (nem chega a 80% da média). A acrescentar a isso, a primavera no Norte também não foi lá muito chuvosa, tendo em conta que abril foi realmente o único mês chuvoso (março somente foi chuvoso porque, no início do mês, ocorreu um rio atmosférico com várias frentes fortes a atingirem a região).
  • As temperaturas também não têm sido muito frias na região, excetuando um ou outro dia com entradas frias de norte ou de nordeste.
Em suma, sim, a seca justifica-se no Litoral Norte tendo em conta estes critérios, e não se justifica em Faro porque, nos dois critérios em que Viana do Castelo está mal, Faro está bem (no caso da precipitação, até diria incrivelmente bem). ;)
 

N_Fig

Cumulonimbus
Registo
29 Jun 2009
Mensagens
3,909
Local
Figueira da Foz
Alvíssaras a quem explicar o seguinte fenómeno.

Precipitações mensais medidas na estação meteorológica de Viana do Castelo, 2020, pelo IPMA, em mm:

Janeiro: 176
Fevereiro: 62
Março: 86
Abril: 121
Maio: 68
Junho: 32
Julho: 1
Agosto: 38
Setembro: 67
Outubro: 139
Novembro: 97

Total: 887 mm, 81 mm/mês.

Resultado final: em novembro de 2020, próximo do solstício de inverno, com 341 mm acumulados nos últimos 4 meses, Viana do Castelo entra oficialmente em... seca!!!

[E Faro, com 267 mm acumulados nos mesmo 4 meses, consegue sair do estado de "seca" ("moderada") em que se encontrava em 31 de agosto! Até já está em "chuva fraca"...]

http://www.ipma.pt/resources.www/do...luIAAv/cli_20201101_20201130_pcl_mm_co_pt.pdf

Bem sei que tudo isto deverá ter por base uma análise estatística, dos desvios face às médias e medianas, etc., etc., é pá, mas não dá para pôr limiares de análise, ou inventar outras designações, para não dar este tipo de classificações que chocam de frente com a realidade sentida pelo cidadão comum, a quem se destina estas mensagem???

Depois admirem-se que haja quem desconfie sistematicamente das ciências climáticas...
Claro que tem que ver com as quantidades médias. Senão os meses eram quase todos secos em Faro e quase todos chuvosos em Viana do Castelo, o que não faz sentido nenhum... Aqui pode-se ver como é calculado:
http://www.ipma.pt/pt/oclima/observ...sentacao/definicao/index.jsp?page=os_pdsi.xml
 

Prof BioGeo

Nimbostratus
Registo
19 Dez 2006
Mensagens
706
Local
Moura, Alentejo
Alvíssaras a quem explicar o seguinte fenómeno.

Precipitações mensais medidas na estação meteorológica de Viana do Castelo, 2020, pelo IPMA, em mm:

Janeiro: 176
Fevereiro: 62
Março: 86
Abril: 121
Maio: 68
Junho: 32
Julho: 1
Agosto: 38
Setembro: 67
Outubro: 139
Novembro: 97

Total: 887 mm, 81 mm/mês.

Resultado final: em novembro de 2020, próximo do solstício de inverno, com 341 mm acumulados nos últimos 4 meses, Viana do Castelo entra oficialmente em... seca!!!

[E Faro, com 267 mm acumulados nos mesmo 4 meses, consegue sair do estado de "seca" ("moderada") em que se encontrava em 31 de agosto! Até já está em "chuva fraca"...]

http://www.ipma.pt/resources.www/do...luIAAv/cli_20201101_20201130_pcl_mm_co_pt.pdf

Bem sei que tudo isto deverá ter por base uma análise estatística, dos desvios face às médias e medianas, etc., etc., é pá, mas não dá para pôr limiares de análise, ou inventar outras designações, para não dar este tipo de classificações que chocam de frente com a realidade sentida pelo cidadão comum, a quem se destina estas mensagem???

Depois admirem-se que haja quem desconfie sistematicamente das ciências climáticas...
(Sublinhado meu)
Mas é precisamente para isso que servem as análises estatísticas: para que as conclusões não sejam tiradas com base naquilo que nos parece, naquilo que achamos ser verdade! Obviamente que o clima de Viana do Castelo é muito diferente do de Faro, logo a situação relatada é perfeitamente normal e compreensível. Vejamos: se numa região a normal climatológica para a precipitação é, digamos, 1000mm/ano e apenas caíram 700mm num ano em análise, há, sem dúvida, um défice de precipitação (apesar de, para o comum das pessoas, até ter "chovido bem"). Noutra região, com normal de 500mm, se choverem os mesmos 700mm, há um "excesso" de precipitação. A região do primeiro exemplo estará em seca e a do segundo estará em chuva (fraca/moderada?).
Não podemos negar a ciência, mesmo que ela nos diga algo em que nos custa a acreditar!
 

Crazyrain

Nimbostratus
Registo
16 Jan 2020
Mensagens
924
Local
Viana do Castelo , Neiva ( 43 m )
Claro que Viana do Castelo não está em seca nenhuma nem nenhum local do Minho .
Como já disseram e bem atrás , é um termo meramente estatístico .
No entanto , considero o termo " seca " utilizado como uma descrição da variabilidade climática de cada distrito extremamente infeliz . É quase abusivo com as regiões que sofrem com a seca cíclica .
Não havia outro termo que o IPMA pudesse utilizar ? Ou falta imaginação ?
 

bandevelugo

Cumulus
Registo
3 Jan 2008
Mensagens
319
Local
Lisboa
Já tenho visto comentários na própria página do IPMA a comentar sobre isso. Pelo que tenho entendido, tem a ver com a maneira como o índice PDSI, usado pelo IPMA. O Palm Springs Drought Index é calculado segundo estes critérios: :D
"Este índice baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo [...]".
Destes três critérios, só um põe a zona de Viana do Castelo em situação normal: a capacidade de água disponível. Nas restantes situações, Viana do Castelo está mal classificada: :eek:
  • Ao nível da precipitação, a região tem tido um outono bastante seco. 341 mm acumulados em 4 meses é pouco tendo em conta que a média é de 471 mm (nem chega a 80% da média). A acrescentar a isso, a primavera no Norte também não foi lá muito chuvosa, tendo em conta que abril foi realmente o único mês chuvoso (março somente foi chuvoso porque, no início do mês, ocorreu um rio atmosférico com várias frentes fortes a atingirem a região).
  • As temperaturas também não têm sido muito frias na região, excetuando um ou outro dia com entradas frias de norte ou de nordeste.
Em suma, sim, a seca justifica-se no Litoral Norte tendo em conta estes critérios, e não se justifica em Faro porque, nos dois critérios em que Viana do Castelo está mal, Faro está bem (no caso da precipitação, até diria incrivelmente bem). ;)

Claro que tem que ver com as quantidades médias. Senão os meses eram quase todos secos em Faro e quase todos chuvosos em Viana do Castelo, o que não faz sentido nenhum... Aqui pode-se ver como é calculado:
http://www.ipma.pt/pt/oclima/observ...sentacao/definicao/index.jsp?page=os_pdsi.xml

(Sublinhado meu)
Mas é precisamente para isso que servem as análises estatísticas: para que as conclusões não sejam tiradas com base naquilo que nos parece, naquilo que achamos ser verdade! Obviamente que o clima de Viana do Castelo é muito diferente do de Faro, logo a situação relatada é perfeitamente normal e compreensível. Vejamos: se numa região a normal climatológica para a precipitação é, digamos, 1000mm/ano e apenas caíram 700mm num ano em análise, há, sem dúvida, um défice de precipitação (apesar de, para o comum das pessoas, até ter "chovido bem"). Noutra região, com normal de 500mm, se choverem os mesmos 700mm, há um "excesso" de precipitação. A região do primeiro exemplo estará em seca e a do segundo estará em chuva (fraca/moderada?).
Não podemos negar a ciência, mesmo que ela nos diga algo em que nos custa a acreditar!

Claramente não me fiz entender!

Percebo como os cálculos são feitos, devo pertencer ao 1% da população portuguesa que entende o que o IPMA quer dizer ou, melhor, o que é que estes índices representam.

Mas o meu ponto não é esse. A minha questão é que, não só as pessoas que não percebem muito disto, o dito "cidadão comum", mas frequentemente também os meios de comunicação, pegam neste tipo de relatórios e nas afirmações que lá estão, e difundem-nos massivamente, sem se importarem muito com os conceitos e fórmulas por detrás, aliás nem os conhecem.

O que é que significa "seca" na língua portuguesa e para todas essas pessoas (e para mim também)?

Infopédia: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/sêca

seca
se.ca
ˈsɛkɐ
nome feminino
1. ato ou efeito de secar, de perder ou fazer perder a humidade ou a água; secagem
2. METEOROLOGIA ausência prolongada de chuva; persistência de tempo seco, estiagem continuada
3. carência de água

Portanto, a minha proposta é que para se evitarem estes "non sense", se utilizem outros conceitos/designações - a língua portuguesa é tão rica! - ou então que nestes mapas se salientem apenas as regiões onde as pessoas, os animais, os ecossistemas estejam a sofrer de seca real, ou então, em terceira alternativa, deixem de utilizar qualificativos na legenda, mostrem só os números, que a malta percebe.

Tudo menos dizer que Viana do Castelo está, neste momento, em "seca"!

E desculpem lá o arrazoado...
 
  • Gosto
Reactions: "Charneca" Mundial

Prof BioGeo

Nimbostratus
Registo
19 Dez 2006
Mensagens
706
Local
Moura, Alentejo
O conceito de seca é muito amplo, tal como consta nesta página do ipma:
  • Seca Meteorológica - uma medida do desvio da precipitação em relação ao valor normal; caracteriza-se pela falta de água induzida pelo desequilíbrio entre a precipitação e a evaporação, a qual depende de outros elementos como a velocidade do vento, temperatura e humidade do ar, insolação. A definição de seca meteorológica deve ser considerada como dependente da região, uma vez que, as condições atmosféricas que resultam em deficiências de precipitação podem ser muito diferentes de região para região.
  • Seca Agrícola - associada à falta de água causada pelo desequilíbrio entre a água disponível no solo, a necessidade das culturas e a transpiração das plantas. Este tipo de seca está relacionado com as características das culturas, da vegetação natural, ou seja, dos sistemas agrícolas em geral.
  • Seca Hidrológica - relacionada com a redução dos níveis médios de água nos reservatórios e com a depleção de água no solo. Este tipo de seca está normalmente desfasado da seca meteorológica e agrícola, dado que é necessário um período maior para que as deficiências na precipitação se manifestem nos diversos componentes do sistema hidrológico.
  • Seca Socioeconómica - associada ao efeito conjunto dos impactos naturais e sociais que resultam da falta de água, devido ao desequilíbrio entre o fornecimento e a procura dos recursos de água e que vai afetar diretamente as populações. A quantidade e distribuição anual da precipitação, assim como valores elevados da temperatura do ar, são condições que determinam a intensidade e consequências de uma seca. De forma a estimar a possibilidade de ocorrência de uma seca, ou o seu grau de severidade, devem conhecer-se as condições climáticas. Neste contexto para uma certa área, os dados meteorológicos mais importantes que se devem conhecer são a precipitação, a temperatura do ar, a humidade do ar e o conteúdo de água no solo.