Seguimento Meteorológico Livre - 2021

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Cumulonimbus
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Pek

Cumulonimbus
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Confesso que me rói de inveja ver países como a Espanha ou mesmo a Grécia terem o proveito de neve que tiveram, mas no entanto o caso espanhol chegou a ser catastrófico. É preciso ver as coisas como elas são Portugal e Irlanda nestes últimos tempos têm funcionado como escudos anti-neve, por exemplo em 2012 ou 2013 tivemos épocas de muito frio, havia óptimas condições para grandes nevões, mas a precipitação tardou em aparecer, depois passado pouco tempo aparecem as tempestades, eu julgo que muita gente ainda se deve recordar da tempestade que atingiu o país no início do ano 2013, em que a maior parte ficou sem electricidade durante muitos dias e semanas. O mais fácil seria lamentar-se do nosso clima e da nossa posição geográfica, eu julgo que não tem a ver uma coisa com a outra, factores que às vezes nem nós nos apercebemos. Os nevões destes em Espanha também são muito raros, pois estamos a falar do maior nevão dos últimos 50 anos na Espanha, num país que até tem uma altitude média bastante mais considerável comparado ao nosso país. A Húngria também tem tendência em perder muita precipitação para os vizinhos.

Fazendo um apanhado histórico. As temperaturas antes do século XVIII arrastavam Portugal a invernos rigorosos e bem prolongados. E porque agora não acontece o mesmo? Pois é irmos a factos, antes do século XVII as temperaturas na Europa eram muito rigorosas, que até levou a Europa atravessar uma mini-era do gelo e por curiosidade nessa altura a maior parte da América do Norte era atingida por temperaturas amenas, muitos colonos ingleses e franceses relatavam isso, na altura Nova Amesterdão, agora Nova Iorque os colonos lidavam com temperaturas mais quentes que estavam habituados no inverno. Agora se formos a ver os tempos actuais pensar em Nova Iorque com estas temperaturas no inverno seria uma piada, mas na altura não era. Há dois factores muito influentes, a ONA que inclui o nosso amigo AA e a corrente do Golfo, seria interessante saber o comportamento destes dois factores nessas eras. Fiz este apanhado histórico, para simplesmente provar que não há nada para lamentar em relação à nossa posição geográfica. Há zonas de mais baixa latitude em relação ao nosso país no continente norte-americano onde existe facilidade de entradas oriundo do ártico, influenciado também por factores continentais. Fala-se muito da era industrial que originou um aquecimento súbito e gradual no continente europeu, no entanto é muito pouco preciso e rigoroso afirmar tal coisa.

Está se formar uma corrente fria oriunda da Sibéria, que já está atravessar a Europa de Leste, a Polónia tem muito locais com temperaturas abaixo dos 10, actualmente está a dirigir-se para a Finlândia. Vamos esperar para mais surpresas.

A precipitação é bem-vinda, não interessa se vem calor ou frio, principalmente em certas regiões do país são urgentes.

São raros em Madrid e outras áreas planas da submeseta sul, mas não o são em outras zonas. A Península Ibérica é um continente em miniatura, com imensa diversidade. Esta nevada é a maior das últimas décadas em Madrid e nas áreas planas circundantes, mas NÃO é a maior que já existiu na Espanha. Esta é uma reclamação comum de outras regiões espanholas sobre a média.

P.S.: Exemplo das reclamações :D
 
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jfo

Cirrus
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30 Dez 2020
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Há sim a lamentar a nossa posição geográfica. O problema não é a latitude mas sim estarmos no oeste de um grande continente. Ora a circulação atmosférica no hemisfério Norte ocorre no sentido oeste -> leste, isto é um facto atemporal, logo seja na mini era do gelo, seja agora com o aquecimento global, a Europa Ocidental leva sempre com uma circulação predominantemente oceânica enquanto o Nordeste dos EUA leva com uma circulação predominantemente continental, o contrário são apenas exceções, daí uma entrada siberiana ser rara.

O aquecimento global realmente está a afetar o nosso inverno, na medida em que com o aumento da temperatura média global, o AA também se expande logo os bloqueios de frentes frias atlânticas são mais frequentes. Com isto menos pós-frontais, e pós frontais com menos intensidade (menos neve). Também é possível que as entradas de ar frio continental excecionais estejam cada vez menos associadas a precipitação aqui no nosso lado, já Espanha em entradas destas tem a sorte de levar com depressões retrógradas (este-oeste, sentido inverso ao normal) (re)alimentadas pelo Mediterrâneo.

Os westerlies(ventos ocidentais) são um factor menor, porque mesmo na costa ocidental americana como Seattle no estado de Washington e Portland no estado de Oregon levam com muito mais correntes frias que em Portugal, Vancouver que se encontra na costa ocidental do Canadá consegue acumular 30cm de neve sem problemas. A corrente do Golfo e a ONA são os factores mais influentes na nossa temperatura, nas últimas décadas a ONA tem se estabilizado em valores positivos, ora uma ONA+ facilita muito mais as descidas de jet no continente americano. Actualmente estamos numa fase de ONA-, devido ao enfraquecimento progressivo do AA e do Anticiclone Islandês, o AA tem menor capacidade para bloquear frentes frias oriundas de Labrador e Gronelândia. A posição geográfica para mim é uma falsa questão.
 
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Cumulonimbus
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Os westerlies, são um factor, mas menor, porque mesmo na costa ocidental americana como Washington ou Oregon levam com muito mais correntes frias que em Portugal, Vancouver que se encontra na costa ocidental do Canadá consegue acumular 30cm de neve sem problemas. A corrente do Golfo e a ONA são os factores mais influentes na nossa temperatura, nas últimas décadas a ONA tem se estabilizado em valores positivos, ora uma ONA+ facilita muito mais as descidas de jet no continente americano. Actualmente estamos numa fase de ONA-, ocorrendo um enfraquecimento progressivo do AA e do Anticiclone Islandês, desta forma há mais possibilidade de correntes frias oriundas de Labrador e Gronelândia atingirem o nosso território, o único problema são as frentes quentes oriundas de África. A posição geográfica para mim é uma falsa questão.

Em Vancouver obviamente pode nevar bastante pela sua latitude, mas é das cidades mais amenas do Canadá, os seus invernos não são de todo comparáveis aos das cidades do lado oposto! O clima da Costa Ocidental dos EUA assemelha-se muito com o da Europa Ocidental, obviamente haverá pequenas diferenças devido ás configurações mas a lógica é a mesma! Lembro que a corrente do pacífico (Kuroshio) que equivale á do Golfo no Atlântico é muito mais forte que a do Golfo no entanto devido ao tamanho do oceano não chega com a mesma intensidade ao outro lado relativamente á intensidade com que a corrente do Golfo chega á Europa, mesmo assim o clima da Costa oeste da AN não deixa de ser não continental, ao contrário do da Costa leste.
 

jfo

Cirrus
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Em Vancouver obviamente pode nevar bastante pela sua latitude, mas é das cidades mais amenas do Canadá, os seus invernos não são de todo comparáveis aos das cidades do lado oposto! O clima da Costa Ocidental dos EUA assemelha-se muito com o da Europa Ocidental, obviamente haverá pequenas diferenças devido ás configurações mas a lógica é a mesma! Lembro que a corrente do pacífico (Kuroshio) que equivale á do Golfo no Atlântico é muito mais forte que a do Golfo no entanto devido ao tamanho do oceano não chega com a mesma intensidade ao outro lado relativamente á intensidade com que a corrente do Golfo chega á Europa, mesmo assim o clima da Costa oeste da AN não deixa de ser não continental, ao contrário do da Costa leste.

Vancouver deve se encontrar a uma latitude semelhante a de Paris. A diferença grande entre o oceano Pacífico e Atlântico não é só no tamanho em si, mas também pela prevalência de precipitação sobre o Pacífico e a prevalência de evaporação sobre o Atlântico. Ninguém está discutir sobre a continentalização e oceanização do clima, é óbvio que as frentes continentais são muito mais severas que as frentes oceânicas, agora um arrefecimento das águas oceânicas levaria a uma continentalização progressiva do nosso clima e o enfraquecimento do AA teria menor capacidade para bloquear entradas frias oceânicas.

Quanto ao aquecimento global, eu diria mais alterações climáticas, porque o aquecimento global não é nada menos nada mais que um efeito de curto prazo. O aquecimento global está enfraquecer/arrefecer a corrente do Golfo, pois com o degelo das calotes polares a corrente do Golfo começa a afundar antes de chegar à costa norueguesa, ou seja, menor capacidade de transportar calor para Europa.
 
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Cumulonimbus
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Vancouver deve se encontrar a uma latitude semelhante a de Paris. A diferença grande entre o oceano Pacífico e Atlântico não é só no tamanho em si, mas também pela prevalência de precipitação sobre o Pacífico e a prevalência de evaporação sobre o Atlântico. Ninguém está discutir sobre a continentalização e oceanização do clima, é óbvio que as frentes continentais são muito mais severas que as frentes oceânicas, agora um arrefecimento das águas oceânicas levaria a uma continentalização progressiva do nosso clima e o enfraquecimento do AA teria menor capacidade para bloquear entradas frias oceânicas.

Quanto ao aquecimento global, eu diria mais alterações climáticas, porque o aquecimento global não é nada menos nada mais que um efeito de curto prazo. O aquecimento global está enfraquecer/arrefecer a corrente do Golfo, pois com o degelo das calotes polares a corrente do Golfo começa a afundar antes de chegar à costa norueguesa, ou seja, menor capacidade de transportar calor para Europa.

Aquecimento global existe, é o aumento da temperatura média global. Aquecimento global existe em paralelo com as Alterações Climáticas, mas ambos os termos não são substituíveis entre si. Alterações climáticas refere-se ás alterações locais do clima decorrentes do aquecimento global, porque a temperatura pode aumentar 1°C globalmente, mas pode aumentar 10 na Sibéria e diminuir 5 na Patagónia (apenas um exemplo absurdo, não que seja essa a realidade) .

Quanto ao enfraquecimento da corrente do Globo essa era apenas uma teoria de uma alteração climática que poderia acontecer no Atlântico. Já há dados que possam comprovar que seja isso que esteja a acontecer?
 

jfo

Cirrus
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Aquecimento global existe, é o aumento da temperatura média global. Aquecimento global existe em paralelo com as Alterações Climáticas, mas ambos os termos não são substituíveis entre si. Alterações climáticas refere-se ás alterações locais do clima decorrentes do aquecimento global, porque a temperatura pode aumentar 1°C globalmente, mas pode aumentar 10 na Sibéria e diminuir 5 na Patagónia (apenas um exemplo absurdo, não que seja essa a realidade) .

Dados oficiais talvez não, mas há muitos especialistas a relatarem isso. Vou meter dois links de artigos que falam sobre isso.
http://www.realclimate.org/index.ph...eakening-of-the-gulf-stream-circulation-amoc/
https://phys.org/news/2019-08-gulf-stream-seas-hotter-florida.html
 

StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
Neve e nevoeiro na Península, ontem dia 16: só a comparação das duas imagens permite distinguir um do outro.

11h34
k3duw8e.jpg


13h18
P0gZaa1.jpg
 

"Charneca" Mundial

Super Célula
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Corroios (cota 26); Aroeira (cota 59)
Os acumulados previstos pelos modelos para os próximos dias estão muito bons, veremos se as previsões se realizam! :pray: :rain:
 

"Charneca" Mundial

Super Célula
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28 Nov 2018
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Corroios (cota 26); Aroeira (cota 59)
Pelo que vejo nos modelos, os acumulados no sul são modestos.
Certo, mas depois de muitos dias com 0 mm por aqui, ter 25 mm numa semana não é nada mau! :rain:
 

Santofsky

Cumulus
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10 Nov 2020
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Portugal
E de repente iremos passar de um dos janeiros mais frios de sempre para um janeiro próximo dos valores normais... :facepalm:
Simplesmente aberrantes as temperaturas previstas para a próxima semana até mesmo na região nordeste do país, com mínimas a poderem ultrapassar os 10°C e máximas a poderem chegar aos 18°C. :disgust: São "só" quase 10°C acima dos valores normais para janeiro, tanto as mínimas como as máximas. :facepalm: Tudo isto fruto do monstro do anticiclone que irá puxar a dorsal africana para cima de nós e da massa de ar quente e húmida que irá gerar os enfadonhos e miseráveis rios atmosféricos que não dão pica nenhuma, só trazem chuviscos e humidade com fartura. :angry:
Agora sim oficialmente pode-se dizer que o frio e a neve a cotas baixas e mesmo médias estão completamente descartados para o resto do mês de janeiro, na melhor das hipóteses. A única coisa de jeito que poderá vir agora na segunda quinzena é a chuva "democrática" que está prevista para esta semana, quiçá com alguma trovoada à mistura. De resto, até ao fim do mês... uma autêntica miséria as previsões. Fossem as temperaturas previstas 2 ou 3°C mais altas e poderíamos dizer que estávamos quase nos trópicos em pleno janeiro... :facepalm:
 
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