Porventura este tema não se enquadra exactamente aqui, mas o moderador poderá criar um novo fórum se entender melhor.
O objectivo deste tópico é o seguinte. Alguns "cépticos" das alterações climáticas (vide por ex. "The Great Global Warming Swindle") argumentam que há interesses económicos por trás da tese, segundo eles, do Aquecimento Global de origem antropogénica. Será mesmo assim? Terá o lobby do nuclear e das energias renováveis assim tanto poder.? Será que os construtores automóveis que fazem publicidade usando as alterações climáticas como chamariz estão a ser sinceros?
O que acham? Está lançada a discussão.
Bom tema
Na minha opinião obviamente há interesses económicos. Onde não há afinal? Onde existe mercado e investimentos há sempre interesses, quer de um lado quer do outro.
Do lado dos negacionistas há imensas provas da movimentação de lobbies.
Vou deixar alguns exemplos. Aqui há uns anos circulou uma lista de 30,000 cientistas contra o protocolo de Quioto que negavam o aquecimento global antropogénico. Essa lista (descobriu-se depois) continha milhares de nomes que foram provavelmente recolhidos aleatoriamente da lista telefónica americana.
Outros exemplo, como o junkscience.com, um site que teve muita visibilidade até há uns anos atrás porque denunciava como fraudulentas coisas como os problemas de saúde dos fumadores passivos ou o aquecimento global antropogénico. Posteriormente descobriu-se que o autor do site era financiado por tabaceiras e por companhias petroliferas.
Mais recentemente, no final do ano passado, circulou novamente uma lista de 500 cientistas supostamente cépticos em relação ao aquecimento global antropogénico. Essa lista acho que até apareceu aqui no forum. Imensas pessoas que vinham nessa lista ficaram chocadas quando alguém lhes disse que o seu nome estava lá. Podem ver reacções dessas pessoas aqui:
http://www.desmogblog.com/outrage-i...mmunity-continues-over-the-500-scientist-list
Ainda outro exemplo, o do National Post/Canada Free Press, de onde saem imensas notícias negacionistas. É um grupo editorial com uma agenda marcadamente política/conservadora, sempre a difundir notícias sobre a «fraude» do aquecimento global, mas também outras como por exemplo uma notícia inventada que no ano passado se espalhou pelo mundo sobre uma lei iraniana que obrigaria católicos e judeus a terem um simbolo de cores que os distinguisse das demais religiões. Essa notícia depois percebeu-se que era completamente fabricada. Isto para dizer que o mundo dos media é também só por si um mundo de interesses e é preciso ter muitas cautelas e analisar de onde e porquê vem determinadas notícias.
Obviamente nota-se que estas coisas não nascem do nada, que há interesses económicos e políticos que se movem por detrás, há uma agenda mediática poderosa.
Agora do outro lado, o lado das alterações climáticas. Também não tenho a menor dúvida que há muito dinheiro em jogo. Também existe um agenda poderosa, uma máquina bem oleada que se mexe muito bem, melhor até que a outra máquina.
Interesses, lobbies e dinheiro não é necessáriamente mau, o dinheiro é o que faz na verdade as coisas moverem-se para determinado lado, por vezes até para o lado certo, embora também demasiadas vezes para o errado.
E eu sou um crónico descrente nas «políticas». Ou seja, se hoje vejo avultados investimentos em energias renováveis não acho que seja porque um iluminado qualquer achou que deviamos proteger a Terra mas simplesmente porque há viabilidade e dinheiro nisso.
Nesse ponto de vista acho de facto que as alterações climáticas são em muitos sectores uma mera desculpa para o negócio.
Quando a Europa ou Portugal afixam metas para os biocombustiveis não vejo que o estejam a fazer pelo ambiente, na minha opinião estão a fazê-lo para resolver outro problema, o da dependência energética e sobretudo porque é um bom negócio. As alterações climáticas são uma mera desculpa para os cidadãos.
Quando vejo por exemplo a França como um dos países eurpeus mais exigentes nas discussões de Quioto, bali, etc, não vejo aí um país empenhado no problema das alterações climáticas, vejo apenas um país numa posição bastante confortável que produz, explora e exporta tecnologia nuclear. Quando vi no ano passado Chirac a quando de Bali a defender uma taxa para importações de países que não subscrevessem os protocolos não vi um líder da França a defender o ambiente mas simplesmente um lider de um país a proteger a sua economia dos produtos mais baratos usando a desculpa das alterações climáticas.
Olhando para Portugal, vemos um sector pujante por exemplo na renováveis, mas há dados que me fazem desconfiar de tudo isto. Parece que estamos a pagar preços demasiado elevados às energias renováveis, mais do que se paga em Espanha por exemplo. Pior ainda, esse preço não se está a reflectir no consumidor, ou seja, não estamos a poupar energia ou a ser mais eficientes pela via do custo, como acontece actualmente nos combustiveis para os automóveis em que o consumo está a diminuir devido ao custo.
Parece que esse custo extra das renováveis se está a acumular num défice a favor da EDP que será pago não pelos consumidores, eficientes ou não, poupados ou não, mas pelos contribuintes em geral, todos nós, indiferenciadamente. E quando vemos uma empresa como a EDP, que acumulou lucros fabulosos nos últimos anos, a comprar empresas nos EUA e ainda ontem a lançar uma OPV para este sector das renováveis, dá-me a impressão que andamos todos a financiar negócios privados e não propriamente a contribuir para melhorar o ambiente, a combater alterações climáticas ou a melhorar as finanças do país e dos portugueses.
Resumindo e concluindo, na minha humilde opinião, espero estar enganado, a economia das alterações climáticas é poderosa, move-se muito bem num terreno e noutro, e acho que é uma tarefa monumental (ou se calhar impossível) a ciência desenvelheciar-se desses interesses. Não só dos económicos mas também dos políticos.
Nesta área sou um descrente. E quanto a mim, a ciência climática por vezes não só não se tem desmarcado o suficiente desses interesses, como por vezes aproveita a boleia, o que para mim é um caminho perigoso. É um dos maiores desafios da ciência climática actual. E também nosso. Ter capacidade de distinguir o que é genuíno do falso, do que serve ou não determinados interesses, seja de que lado for.