Agricultura

Pedro1993

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7 Jan 2014
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Ameaça de seca extrema põe em risco milhões na agricultura
“Está o ambiente perfeito para uma seca aguda", diz um agricultor de Castro Verde. Especialistas em ciências agrárias admitem que “tudo pode correr mal” se não chover abundantemente nas próximas semanas.

O mundo agrícola aguardava com expectativa que as previsões de chuva feitas em Abril trouxessem alguma precipitação para atenuar os efeitos do tempo seco e dos ventos fortes que se mantêm há várias semanas por todo o país. Mas o clima persiste em manter-se adverso e ameaça assim continuar durante Maio, aumentando a probabilidade de uma estação seca “sem precedentes, com seis meses de calor, baixa humidade relativa e precipitação zero”, admitiu ao PÚBLICO Carlos Aguiar, docente na Escola Superior Agrária de Bragança. A análise que faz diz-lhe que em grande parte do país “há um risco real de se perder tudo”, sobretudo nas regiões de solos muito delgados, onde os cereais plantados dificilmente serão recuperados.

No Sul, após “três anos consecutivos de seca”, a maioria das albufeiras da região registam “valores críticos de armazenamento” reconhece a Federação Nacional de Rega (Fenareg).

Num comunicado divulgado nesta sexta-feira, a federação alerta para as dificuldades que as associações de regantes estão a viver, precisamente “num momento-chave para a campanha de rega” das culturas Primavera/Verão. “Os volumes armazenados nas albufeiras não poderão dar resposta às necessidades” em quase todo o país. Mas é no Alentejo, a suportar o “terceiro ano consecutivo de fraca precipitação” e quando as previsões meteorológicas não são positivas, que a “preocupação é máxima” pelo que possa vir a acontecer nos próximos meses.

Os regantes já questionaram a Agência Portuguesa do Ambiente sobre a activação da Comissão de Gestão de Albufeiras e da Comissão de Acompanhamento da Seca. E vão solicitar ao Ministério da Agricultura a aplicação de “medidas excepcionais” para viabilizar o reforço de água nas albufeiras que têm ligação a Alqueva para “minimizar os efeitos da seca” nesses perímetros de rega.

É na região do Campo Branco, território que se estende pelos concelhos de Castro Verde, Mértola, Almodôvar e Aljustrel, que os efeitos do tempo seco e escassez de chuva mais se fazem sentir. “Estamos a ser confrontados com altas temperaturas do ar e vento seco e forte”, salientou ao PÚBLICO José da Luz, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), situando a maior debilidade nas culturas de forragens e pastagens que “serão afectadas se entretanto não houver precipitação”. O agricultor que já suportou as contrariedades de sucessivas secas ao longo das últimas três décadas, admite que “está o ambiente perfeito para uma seca aguda”.

Falta de água
As consequências são imediatas. “Receamos estar confrontados com falta de água a do final deste mês, precisamente numa altura em que os animais consomem muito mais líquidos”, disse, sublinhando que até o abastecimento de água às populações de Castro Verde, Ourique e Almodôvar está posto em causa. “É muito grave o panorama a curto prazo”, assegura, referindo-se “à má qualidade e pouca quantidade da água” na albufeira do Monte da Rocha, que “já deveria ter sido contemplado como uma extensão a partir do Alqueva ou da barragem de Santa Clara”, advoga.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já veio confirmar que no período de 17 de Abril a 14 de Maio estão previstos, para todo o território nacional, valores de precipitação “abaixo do normal”. E as temperaturas também têm andado muito acima do normal.

A primeira quinzena de Abril também se caracterizou por “valores altos de temperatura máxima, muito superiores aos valores normais para este mês”. Nos dias 10 e 11 de Abril os valores de temperatura máxima superiores a 25ºC (dias de verão) observaram-se em cerca de “85% do território nacional”, acentua o IPMA. Os maiores valores diários da temperatura máxima do ar foram registados no dia 11 de Abril em Mora como 32,5 ºC e Rio Maior 32,3ºC.

E até “as gotinhas de chuva que caíram há uns dias não significaram nada”, observa Carlos Aguiar. O vento que entretanto se fez sentir depressa anulou o grau de humidade que a fraca precipitação possa ter gerado. Para que as reservas de água de superfície fossem minimamente recuperadas, teria de chover abundantemente durante, pelo menos, uma semana.

Referindo-se ao estado do tempo actual e ao dos próximos meses, o docente acredita que se está “num momento-chave em que tudo pode ocorrer francamente mal”. E mesmo que haja precipitação em Maio “não vem resolver o problema dos cereais por estes já se encontrarem em stress hídrico”. Carlos Aguiar adverte que “até nos solos de maior profundidade, se não chover, abundantemente, nos próximos 10 dias, as culturas que ali ocorram serão inevitavelmente afectadas”.

Perda de rendimento
E o que é que pode acontecer se a escassez ou ausência de precipitação se mantiver? Segundo Francisco Mondragão Rodrigues, professor na Escola Superior Agrária de Elvas, “dá-se o encolhimento da espiga, os grãos não enchem e temos trigos de má qualidade que irão para lotes destinados à produção forrageira, que são mais mal pagos”.

Os lotes de cereais de melhor qualidade são destinados à panificação e vendidos a 220 euros a tonelada, enquanto o cereal forrageiro não passa dos 120 euros a tonelada. Por outro lado, como o grão de trigo de menor qualidade tem menos volume, pesa menos e esta condição acaba por se reflectir no resultado final. O que leva a que os agricultores tenham pela frente um ano de penúria. As consequências da falta de água “são extensivas ao milho, e a outras culturas hortícolas como o melão, o pimento, o tomate, etc”, assinala Mondragão Rodrigues, referindo-se àquelas que dependem de barragens com volumes de armazenamento abaixo do normal, o que poderá obrigar ao rateio de água.

Muitas das albufeiras que servem de suporte aos perímetros de rega também abastecem as populações mas quando se verificam situações de escassez, a prioridade é o abastecimento público, elucida o docente de Elvas, corroborando o que diz o seu colega de Bragança: “O cenário não é nada tranquilizador. Se não chover em Maio, as culturas de cereais, as oleaginosas, o olival e o amendoal de sequeiro, serão afectadas, mesmo aquelas que são abastecidas a partir de furos ou poços”.

“E custa-me a crer que chova nesta altura do ano o que deveria ter chovido antes. Duvido que tal aconteça”, vaticina Mondragão Rodrigues, deixando um alerta: A escassez de humidade no solo tem ainda reflexo na criação de condições ideais para a ocorrência de incêndios. A vegetação está seca e não há humidade no ar “e ainda por cima há vento forte que retira do solo e da vegetação a pouca humidade que ainda possa ter”.

Carlos Aguiar descreve o momento crítico: “Nos solos mais delgados, o centeio já está a secar sem espigar e o trevo subterrâneo sem produzir sementes. No ano passado, as árvores dos bosques, os castanheiros e as amendoeiras de sequeiro terminaram o ciclo vegetativo em stress (a queda da folha foi antecipada) porque esgotaram a água das camadas mais profundas do solo que as sustenta na estação seca. Esta água não foi reposta. Para rega, será pouca e racionada, insuficiente para abeberar milhões de turistas, vacas e alfaces. Estão em risco milhões de árvores, milhões de euros em plantações, milhões de euros de exportações. Há planos de contingência? Esperemos que chova...”

Governo vai criar comissão
O ministro da Agricultura Capoulas Santos já reagiu às preocupações dos agricultores. Na quinta-feira, na cerimónia inaugural da Ovibeja, reconheceu que o país atravessa “um contexto algo paradoxal”: por um lado realça-se a vitalidade do sector agrícola que atravessa “um bom momento” mas, em simultâneo, subsiste “grande apreensão face aos sinais que se avolumam de uma seca”.

Capoulas recordou os “terríveis” anos de seca que são cíclicos no Alentejo, cujos consequências a memória dos mais velhos recorda, mas “faltava o Alqueva para resolver o problema”. Agora, “o Alqueva, felizmente, existe e os problemas estão muito atenuados face àquilo que era a realidade anterior”, salientou.

Mesmo assim, anunciou que o Governo está atento e vai criar a “muito curto prazo” uma equipa interministerial para acompanhar a evolução da situação de seca em Portugal e equacionar medidas que se revelarem necessárias tomar.

As preocupações evidenciadas pelo ministro da Agricultura também estiveram patentes na intervenção de Rui Garrido, presidente da Associação de Criadores de Ovinos do Sul, que organiza a Ovibeja. “Começam a ficar comprometidas as pastagens e as culturas arvenses de sequeiro”, alertou o dirigente, chamando a atenção para os baixos níveis de armazenamento de águas “nas barragens públicas e privadas fora do perímetro do Alqueva”. Rui Garrido disse que os agricultores, sobretudo aqueles que se dedicam à pecuária, estão apreensivos sobre o que vai acontecer relativamente “às reservas hídricas para abeberamento dos efectivos pecuários”.

Quando a água é pouca, rateia-se

Apesar da capacidade de armazenamento da barragem do Alqueva garantir o fornecimento de água para rega durante quatro anos de seca sucessiva, as associações de regantes que não foram abrangidas pela concessão da rede secundária de rega que o Governo atribuiu à EDIA em 2013 evitaram sempre requisitá-la alegando que o seu custo era incomportável.
A precipitação sempre ia deixando o volume de água adequado às necessidades dos agricultores até que o tempo seco e a fraca pluviosidade foram esvaziando as albufeiras que dão suporte ao regadio nos blocos de rega do Roxo, Odivelas, Campilhas e Alto Sado, Veiros, Fonte Serne, Monte da Rocha, Vigia, Pego do Altar e Vale do Gaio. A única alternativa está, agora, nos caudais a partir do Alqueva.
Mesmo assim, há quem resista em requisitar água à EDIA, como é o caso da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) sedeada em Ferreira do Alentejo. Nem a publicação do novo tarifário que oficializa uma baixa nos preços da água entre os 20 e os 33 cêntimos tornou o acesso aos débitos do Alqueva mais atractivos.
Na última assembleia geral da ABORO, os agricultores da associação decidiram ratear a água disponível para não recorrer a fornecimentos vindos do Alqueva. “Temos um volume de 4 milhões de água disponível na albufeira de Odivelas e 25 milhões na albufeira do Alvito”, adiantou ao PÚBLICO Manuel Canilhas Reis, presidente da associação. Ficam a faltar cerca de 11 milhões de metros cúbicos para perfazer os 40 milhões necessários para suprir as necessidades de rega.
Esta situação decorre da aplicação do novo tarifário de água para rega que implica um aumento “muito significativo” da que é vendida pela EDIA às associações de regantes. Ao preço definido no novo tarifário tem de se adicionar o preço que as associações têm de cobrar aos associados pelos encargos na gestão do sistema de rega. No caso da ABORO, os agricultores ficariam a pagar 5,14 cêntimos por metro cúbico de água, muito superior ao praticado pela EDIA que é de 3,2 cêntimos.
Uma situação confirmada também por António Parreira, presidente da Associação de Beneficiários de Rega do Roxo (ABROXO). Neste caso, a água é vendida a 2,8 cêntimos o metro cúbico. “Se acrescermos os 3 cêntimos que temos de pagar pela água do Alqueva, então a água chega ao agricultor a 5,8 cêntimos o metro cúbico”.
O problema é que 7 milhões de metros cúbicos actualmente disponíveis no Roxo não dá para o ano agrícola, que consome uma média de 30 milhões. “Há aqui uma desigualdade entre agricultores”, refere António Parreira, defendendo um preço de água “compatível” com as culturas.
Considerando que, quer os aproveitamentos hidroagrícolas geridos pelas associações de regantes quer os que estão concessionados à EDIA, são propriedade do Estado e estão no mesmo território, “não se vislumbra igualdade nas condições oferecidas a uns e a outros agricultores”. Um problema se tem vindo a intensificar “em consequência dos sucessivos anos de seca”, concluiu o presidente da Aboro.

Bacia do Sado continua a apresentar níveis críticos
Nas 61 barragens que integram a rede nacional dos recursos hídricos, do Instituto da Água (INAG), apenas 6 apresentavam no início de Abril, cota máxima (100%). Contudo as suas albufeiras têm baixos volumes de armazenamento, que, no seu conjunto não chegam aos 50 mil metros cúbicos.

A norte do rio Tejo, 17 albufeiras tinham um volume de água superior aos 80%, 9 armazenam entre 50% e 80% da sua capacidade máxima e apenas 4 tinham uma reserva inferior a 50%.
Fonte: Público
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Não está fácil.

Eu falo no meu caso que sou um pequeno agricultor, e neste momento já estou a tentar a racionar o uso da água, e estamos ainda em Abril, quando estivermos no pico do verão nem sei como vai ser.
As regas tem de ser frequentes, porque o solo está duro como uma pedra.
A falta de chuva vai trazer muito problemas, caso não chova num curto prazo, serão muito incêndios, pois os matos estão sequíssimos...
 


joralentejano

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Eu falo no meu caso que sou um pequeno agricultor, e neste momento já estou a tentar a racionar o uso da água, e estamos ainda em Abril, quando estivermos no pico do verão nem sei como vai ser.
As regas tem de ser frequentes, porque o solo está duro como uma pedra.
A falta de chuva vai trazer muito problemas, caso não chova num curto prazo, serão muito incêndios, pois os matos estão sequíssimos...
Eu também! :) Tenho pessoas na família que toda a vida se dedicaram à agricultura e entretanto também me interessei por isso e sei o quão difícil são estas situações, as ribeiras estão no limite e quando Maio acabar caso seja igualmente quente e seco tal como se está a prever já não haverá água. A única solução para muita gente são os furos mas muitos também não irão aguentar o verão todo e já para não falar dos custos de electricidade que vão aumentar para utilizar essas coisas. Enfim, não está fácil e este verão não vai ser complicado apenas na agricultura e na pecuária mas também no abastecimento da população em alguns locais. Tal como se diz, esta seca no Alentejo já dura à 3 anos, esperemos que seja o último ou começa-se a temer o pior.
 

Pedro1993

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Eu também! :) Tenho pessoas na família que toda a vida se dedicaram à agricultura e entretanto também me interessei por isso e sei o quão difícil são estas situações, as ribeiras estão no limite e quando Maio acabar caso seja igualmente quente e seco tal como se está a prever já não haverá água. A única solução para muita gente são os furos mas muitos também não irão aguentar o verão todo e já para não falar dos custos de electricidade que vão aumentar para utilizar essas coisas. Enfim, não está fácil e este verão não vai ser complicado apenas na agricultura e na pecuária mas também no abastecimento da população em alguns locais. Tal como se diz, esta seca no Alentejo já dura à 3 anos, esperemos que seja o último ou começa-se a temer o pior.

É verdade, aqui na minha horta passa uma vala que em certos anos corre até meados de junho, e agora já só corre apenas um fio de água.
Quanto aos furos, a sua procura vai ser cada vez maior e de maior profundidade, porque os lençóis freáticos estão enfraquecidos.
Ainda a semana passada passei num terreno em que estavam a regar pimentos e tomateiros e a água era já tanta, que o terreno já estava saturado e a correr para as valetas.
Cabe-nos a todos nós o uso racional e eficiente da água.
 

Pedro1993

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Este artigo que acabou de sair da revista Visão, caiu que nem uma bomba, nas redes sociais junto dos consumidores de produtos biológicos.
Eu como produtor biológico para autoconsumo, e penso a partir do próximo ano já escoar produtos para o mercado local, bem como para algumas lojas da especialidade em Lisboa.
Trabalho também em part-time numa quinta BIO, e não temos nada a esconder ao nossos consumidores, mas claro, previligiamos o contacto e a venda directa ao consumidor final, e temos sempre as portas abertas para quem quiser ver o nosso dia-a-dia junto do universo vegetal e animal.

Creio que esta reportagem só vem dar mais força aos pequenos produtores.
 
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Pedro1993

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Doença "fastidiosa" do olival em Espanha está a assustar o Alentejo
Foco da bactéria Xylella fastidiosa apareceu em Alicante, lançando o pânico entre agricultores da Andaluzia e consternação entre olivicultores alentejanos, que pedem medidas de prevenção.

1150141


Um agricultor da província espanhola de Alicante, na região autónoma de Valência fez, no final do mês de Junho, uma alarmante descoberta no meio hectare de amendoeiras que tem na sua exploração agrícola. Deparou-se com uma quebra anormal da produção e com necroses (queimaduras) nas folhas. Era o primeiro sinal de presença da bactéria Xylella fastidiosa que surgia na Península Ibérica. O suficiente para lançar o pânico nos agricultores da Andaluzia e a preocupação nos seus colegas alentejanos.

“Imagine-se o que fará nas 60 milhões de oliveiras só na Andaluzia”, dispostas em continuidade ao longo de 600 mil de hectares e onde 37% da população vive directamente da fileira do azeite, salienta Luis Carlos Valero, porta-voz da Associação Agrária de Jovens Agricultores (Asaja) na província de Jaen, num comunicado da Federação Espanhola de Industriais de Fabrico de Azeite de Oliveira (Infa Oliva), a que o PÚBLICO teve acesso. “Esta é, sem dúvida, a maior ameaça para o futuro rural da Andaluzia. Pode vir a ter um impacto semelhante à filoxera na vinha [grande praga que ocorreu na Europa em meados do século XIX]. Será um enorme desastre, se não agirmos imediatamente”, assinala o agricultor de Jaen.

https://www.publico.pt/2017/07/28/e...em-espanha-esta-a-assustar-o-alentejo-1780489

Mais um dos problemas que irão afectar o sector agricola a curto prazo, cada vez mais nos debatemos com quer doenças, quer com verdadeiras pragas de insectos, que podem causar muito prejuizo e também leva á desmotivação em novos investimentos, deixando os terresnos ainda mais abandono, á espera de mais um incendio no futuro.
 
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Pedro1993

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Em Mértola falta água para tudo, até mesmo para amassar o pão
A total secura que atinge furos, charcas e ribeiras em grandes extensões do território alentejano coloca os criadores de gado em situação dramática, obrigados a percorrer dezenas de quilómetros à procura de água.

1150435


Vales Mortos é o nome de uma pequena aldeia no limite do concelho de Serpa que partilha uma realidade comum há muitos séculos no interior sul alentejano: terras pobres, improdutivas, mais dadas à criação de gado, com problemas que se agudizam em anos de seca severa ou extrema. E é o ponto de partida para um itinerário por umas das regiões mais flageladas pela seca. Para onde quer que se olhe, apenas surgem grandes extensões de terra despidas de vegetação. O verde das árvores que pontuam o território, com destaque para as florestações de pinheiro manso, já no concelho de Mértola, não basta para disfarçar a secura. Só a esteva, a última barreira à desertificação do solo, pela sua robustez e capacidade de sobrevivência em solos pobres e sem água, resiste.

https://www.publico.pt/2017/07/29/s...ara-tudo-ate-mesmo-para-amassar-o-pao-1780671

São vários anos seguidos, em que a pouca precipitação que ocorre no Outono/Inverno não chega para recarregar os aquiferos, e também as más práticas agricolas, que se não chover já com boa itensidade daqui a poucos e a situação será muito dificil.
Estas situações deixam-me preocupado quando penso em investir um pouco na agricultura biológica, mas de uma coisa tenho a certeza, que vou meter as mãos aqui na minha terra, antes que daqui a poucos anos, que ela vire um verdadeiro deserto.
 
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jonas_87

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.
2007 ou 2008, estou na dúvida...

Lembro-me de apanhar castanhas murchas do sol e falta de humidade.



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Boas,
Tenho apanhado castanhas na serra de Sintra e por acaso ficaram murchas uns dias depois, deve-se a isso?
No ano passado não me aconteceu isso.
 

luismeteo3

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Fatima (320m)
Obrigado pela ajuda.
Já agora qual é altura do ano que fica maduro?
Olá boa noite. O abacate é um pouco difícil de ver quando está maduro. Ele demora pelo menos 9 meses desde a flor ao fruto e pode apanhar-se verde desde que já tenha crescido tudo. Se tiver na árvore ele muda ligeiramente de cor, por exemplo verde escuro para verde mais claro. Espero que tenha ajudado... ;)
 

joralentejano

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Seca. Agricultores do Alto Alentejo vivem situação “dramática”
A presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre descreve a situação como "dramática" e diz que o governo tem de "atribuir uma ajuda por animal". 81% do país está em seca severa.
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O setor pecuário é o mais afetado pela falta de chuva
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A presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre, Fermelinda Carvalho, considerou esta sexta-feira “dramática” a situação que se vive nos campos do Alto Alentejo devido à falta de chuva, sendo o setor pecuário o mais afetado.

"A situação é dramática, as reservas de água particulares de muitos agricultores não têm quase nada, existem charcas completamente vazias, existem também furos com o mínimo de água e os terrenos estão completamente em pó”, lamentou a dirigente, em declarações à agência Lusa.

A presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP) acrescentou que se está a atravessar um ano “muito mau” para os produtores de gado, uma vez que estão a alimentar há vários meses os animais com forragens e rações,adquirindo essa alimentação a preços “bastante elevados”.

“Os agricultores estão muito preocupados com aquilo que já estamos a viver, com aquilo que não temos, mas também muito preocupados porque não sabemos quando vai chover. Em cada semana que não chove a situação agrava-se muitíssimo mais”, alertou.

Fermelinda Carvalho relatou ainda que os agricultores estão nesta altura a iniciar os trabalhos de campo para desenvolver as culturas de outono/inverno, “sem saber o que está para acontecer” em relação ao estado do tempo nos próximos dias.

Para minimizar os prejuízos já causados pela falta de chuva, a presidente da AADP defende que o Estado deverá atribuir “uma ajuda por animal”, para apoiar o investimento que está a ser feito pelos agricultores na compra de forragens e rações.
"As associações têm que pressionar e fazer sentir ao Ministério da Agricultura que não é estar a pedir mais [dinheiro], é um apoio que faz sentido porque vivemos um ano excecional, um ano péssimo, um ano horrível e que os agricultores precisam de ajuda”, disse.

Mais de 80% de Portugal continental encontrava-se em setembro em seca severa, segundo o Boletim Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que caracterizou aquele mês como “extremamente quente”.

De acordo com o boletim, disponível na página do IPMA na Internet, em setembro registou-se um aumento da área em situação de seca severa e extrema.

Segundo o IPMA, a 30 de setembro cerca de 81% do território estava em seca severa, 7,4% em seca extrema, 10,7% em seca moderada e 0,8% em seca fraca.

No final de agosto, 58,9% do território estava em seca severa e 0,7% em seca extrema.

No documento, o instituto realça que a 30 de setembro se verificou que em grande parte das regiões do interior e no sul de Portugal continental os valores de água no solo eram inferiores a 20%.

O IPMA informa também que o dia 30 de setembro correspondeu ao final do ano hidrológico 2016/2017 (01 de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017).

“Neste período, o total de precipitação acumulado foi de 621,8 milímetros (70% do normal), sendo o 9.º valor mais baixo desde 1931″, é referido no documento.

No início da semana, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admitiu no final da reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras o risco iminente de escassez de água nos concelhos servidos pela Barragem de Fagilde, no distrito de Viseu, se continuar a não chover.

A seca já levou o Governo a decretar apoios excecionais aos agricultores para captação de água, nomeadamente nos distritos alentejanos de Évora, Beja e Portalegre e nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, banhados pelo Sado.

A próxima reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras será realizada, dentro de duas semanas, na Administração da Região Hidrográfica do Centro para “ver que medidas podem ser tomadas para tentar minimizar os problemas”.
Fonte: Observador
 

Pedro1993

Super Célula
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Torres Novas(75m)


Este é um dos comentários á foto que se pode ler no facebook.
"sim, tinha tido sorte na compra...são enlatados tipo raspadinha, nunca sabes o que vai sair"

Eu sei que existe muitas pessoas que optam por comprar as suas leguminosas já enlatdas até por uma questão de tempo, mas se poder, é sempre melhor comprá-las a granel, e aí já não é enganado com tanta facilidade, e isto já para não falar que tem muitos mais nutrientes, pois estas das latas são adicionados conservantes e outros derivados, e ao mesmo tempo acaba por ajudar a agricultura não industrializada.
 
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