Árvores e Florestas de Portugal



slbgdt

Nimbostratus
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31 Jan 2015
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que outras culturas se mostram aptas para substituir o eucalipto com alguma rentabilidade para os proprietários?
ninguém vai ficar sentado na soleira da porta 50 anos à espera dos carvalhos ou dos castanheiros.

estas aldeias só existem se tiverem gente.
a terra só é ocupada se tiver rentabilidade.

um projeto de rentabilidade. Os eucaliptos servem esse propósito.

Nem mais.
É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
Não sabe o que é não ter emprego.
Planta se carvalhos e já está.
Parece uma solução mágica
 
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AnDré

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22 Nov 2007
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que outras culturas se mostram aptas para substituir o eucalipto com alguma rentabilidade para os proprietários?
ninguém vai ficar sentado na soleira da porta 50 anos à espera dos carvalhos ou dos castanheiros.

estas aldeias só existem se tiverem gente.
a terra só é ocupada se tiver rentabilidade.

um projeto de rentabilidade. Os eucaliptos servem esse propósito.

Nem mais.
É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
Não sabe o que é não ter emprego.
Planta se carvalhos e já está.
Parece uma solução mágica
Tem que ser e estado a dar o exemplo.

Existem uma série de parques e reservas naturais por esse país fora. Se a floresta desses parques fosse gradualmente substituída por espécies autóctones, já seria um enorme passo.
E quando digo substituída, nem estou a falar em corte de árvores, mas na reflorestação após os incêndios.

Quantos hectares por ano perdem os nossos parques naturais em incêndios? Uma enorme percentagem é logo substituída por Pinhal e eucaliptos, que voltam a arder anos mais tarde.

E depois temos os baldios... Juntas, câmaras... Que apostam também no Pinhal e nos eucaliptos.
Em Montemuro e Leomil, que até há poucos anos não tinham qualquer significado no que toca a eucaliptos, existem agora vastas zonas de eucaliptos jovens. Áreas que circundam aldeais e estão lado a lado com os Soitos. Isto em terrenos baldios.

Quando o fogo lá chegar, o que vai ser os pequenos proprietários que vivem da castanha?
 

cova beira

Nimbostratus
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29 Dez 2008
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É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
Não sabe o que é não ter emprego.
Planta se carvalhos e já está.
Parece uma solução mágica


Se o objectivo é reduzir a probabilidade de incendios violentos e incontroláveis no futuro a unica solução passa por plantar outro tipo de arvores. Há uma coisa que não entendo os pequenos proprietários nesta região plantam eucaliptos e pinheiro para terem rentabilidade, mas estamos a falar de áreas reduzidas, grande parte da área ardida neste incêndio pertencerá ao estado, a não ser que esteja alugada á portucel e companhia qual a razão para estar coberta de eucaliptos?

Qual a razão para o parque natural da serra de estrela estar cheio de pinheiro bravo quando aqui na encosta da Covilhã crescem castanheiros, carvalhos, bétulas, até azinheiras crescem por entre pinheiros a mais de 1000 metros de altitude?
Das duas uma ou ninguém está responsável pelo meio ambiente e florestas ou então estes cargos são ocupados por pessoas que pouco ou nada sabem daquilo que fazem.
 
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MSantos

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3 Out 2007
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Se o objectivo é reduzir a probabilidade de incendios violentos e incontroláveis no futuro a unica solução passa por plantar outro tipo de arvores. Há uma coisa que não entendo os pequenos proprietários nesta região plantam eucaliptos e pinheiro para terem rentabilidade, mas estamos a falar de áreas reduzidas, grande parte da área ardida neste incêndio pertencerá ao estado, a não ser que esteja alugada á portucel e companhia qual a razão para estar coberta de eucaliptos?

Qual a razão para o parque natural da serra de estrela estar cheio de pinheiro bravo quando aqui na encosta da Covilhã crescem castanheiros, carvalhos, bétulas, até azinheiras crescem por entre pinheiros a mais de 1000 metros de altitude?
Das duas uma ou ninguém está responsável pelo meio ambiente e florestas ou então estes cargos são ocupados por pessoas que pouco ou nada sabem daquilo que fazem.

O estado tem uma posição minoritária como proprietário florestal (cerca de 3%), eu diria que neste caso a área ardida é 100% privada.

O pinheiro-bravo é uma espécie autóctone, sendo espontânea em quase todo o País, devido às condições da própria espécie e fruto das grandes campanhas de reflorestação durante o Estado Novo.

Eu sou contra a eucaliptalização em curso em Portugal, mas consigo compreender o apelo da plantação de eucaliptos por parte dos pequenos produtores florestais, é uma forma de obter lucro mais rapidamente, de outra forma poderiam ter que esperar 50 ou 60 anos. Ou seja é a via mais fácil, não é necessariamente a melhor.

Tem que haver apoios aos pequenos proprietários florestais para que os seus terrenos sejam viáveis no curto prazo, enquanto estes se valorizam através do crescimento de outras espécies nativas de crescimento mais lento.
 
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Pedro1993

Super Célula
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7 Jan 2014
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Torres Novas(75m)
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"Muito se ouve falar agora em altura de incêndios e dos culpados eucaliptos, pois nesta altura de baixas floradas o eucalipto é de grande importância pois contem grandes quantidades de néctar muito apreciado pelo sector apícola dando um mel de grande qualidade :

Benefícios do mel de eucalipto
O mel de flor de eucalipto auxilia o sistema respiratório e otorrino do corpo. Ele ajuda a aliviar tosses e outras doenças como bronquite e asma, por exemplo.

Ele se diferencia dos outros tipos de mel porque apresenta uma coloração mais escura e seu sabor é mais forte. O mel de eucalipto contém muitas vitaminas e também alivia sintomas de resfriados, sinusite e dores de garganta.

O grande problema dos fogos é em grande parte o ordenamento do território e isso deve ser melhorado, plantaram se grandes matas sem quais queres acessos, plantou se eucaliptos junto a zonas residenciais que acabam por danificar canos de água e esgotos, junto a estradas que terminam por ser abatidos de igual forma, o eucalipto contem também resinas de alta qualidade dando boa qualidade de própolis dai ser considerado "explosivo" no que toca aos fogos devido a combustão dessas mesmas resinas.
Devemos condenar a desflorestação das matas de eucalipto muitas das vezes arvores com mais de 100 anos ! O que é um bem precioso para o sector apícola nesta altura ano, devemos focarmos mais em outras alternativas

Análise e partilhe.."

Publicação retirada do facebook.

Sim é verdade o mel de eucalipto tem um grande potencial, mas e será que não tem mais malefícios do que benefícios.
Estando eu agora a iniciar-me na apicultura, sei que o eucalipto é uma boa fonte de néctar, mas acredito que com uma boa táctica de reflorestação em pequena escala, e não com se ve pelo nosso país que é extensões de quilómetros de eucalipto cerrado, sem interrupções de qualquer outra espécie autóctone.

 
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MSantos

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Aveiras de Cima

Teya

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27 Set 2014
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Nem mais.
É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
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Planta se carvalhos e já está.
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Tem que ser e estado a dar o exemplo.

Existem uma série de parques e reservas naturais por esse país fora. Se a floresta desses parques fosse gradualmente substituída por espécies autóctones, já seria um enorme passo.
E quando digo substituída, nem estou a falar em corte de árvores, mas na reflorestação após os incêndios.

Quantos hectares por ano perdem os nossos parques naturais em incêndios? Uma enorme percentagem é logo substituída por Pinhal e eucaliptos, que voltam a arder anos mais tarde.

E depois temos os baldios... Juntas, câmaras... Que apostam também no Pinhal e nos eucaliptos.
Em Montemuro e Leomil, que até há poucos anos não tinham qualquer significado no que toca a eucaliptos, existem agora vastas zonas de eucaliptos jovens. Áreas que circundam aldeais e estão lado a lado com os Soitos. Isto em terrenos baldios.

Quando o fogo lá chegar, o que vai ser os pequenos proprietários que vivem da castanha?


Têm razão, mas o problema reside na monocultura, e a má gestão e a falta de leis e fiscalização é que leva a isto. Se a lei criar um sistema de quotas, onde protege a parte económica dos proprietários e ao mesmo tempo obriga a que uma quota do plantio seja de espécies autóctones, bem como a limpeza de áreas de proteção, não há problema na plantação de eucaliptos e pinheiro bravo.
 

Snifa

Furacão
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16 Abr 2008
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Já partilhada no seguimento incêndios, mas coloco aqui ( não tinha visto o tópico) por se enquadrar melhor no tema, se os moderadores quiserem apagar o post do seguimento incêndios ( ou mover para aqui) tudo bem::thumbsup:

A prova em como espécies autóctones são bem melhores para a nossa floresta do que a plantação indiscriminada do eucalipto:

Pedrógão Grande

Quinta rodeada de carvalhos e castanheiros escapou ao fogo:

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As chamas que se abateram sobre o centro do país estiveram muito perto da Quinta da Fonte, em Figueiró dos Vinhos. Tudo ardeu à volta, menos as árvores autóctones plantadas há décadas.

Liedewij Schieving ainda recupera do susto de sábado e domingo, quando o fogo atingiu Figueiró dos Vinhos. A viver há 10 anos em Portugal, aquela empresária holandesa nunca tinha passado por semelhante situação.

"Aqui ardeu praticamente tudo. Havia muitos eucaliptos que não resistiram às chamas", refere Liedewij Schievin.

Uma mancha verde destaca-se da paisagem negra envolvente, que retrata a violência do incêndio. "A única coisa que não ardeu foram os carvalhos, os castanheiros, oliveiras e sabugueiros", explica.

Os bombeiros "não estiveram no local" e as árvores que lá estão "há muitas décadas protegeram a quinta e sobreviveram por si", disse Liedewij Schievin.

No Facebook, a mulher, de 50 anos, publicou vídeos e fotografias da zona envolvente à propriedade, que despertaram o interesse dos cibernautas.

Já no início da semana, a foto de uma outra utilizadora fez sucesso na internet. Novamente uma mancha verde, com carvalhos e castanheiros, destaca-se no meio de vários eucaliptos totalmente dizimados pelo fogo, na sequência do fogo em Pedrógão Grande.

"Apesar de não ser a minha propriedade, achei importante partilhar a imagem para demonstrar que as árvores nativas podem ser muito efetivas no combate ao fogo", explicou Tania Sullivan ao JN.

http://www.jn.pt/nacional/interior/...s-e-castanheiros-escapou-ao-fogo-8583333.html
 
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Paulo H

Cumulonimbus
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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Tenho visto na TV as maiores barbaridades ditas por membros de partidos e até governantes. Existe um preconceito até naqueles políticos que dizem ter raízes / origens no interior do país.

As maiores barbaridades:
- "A culpa é dos proprietários"
- "Propriedade é um direito constitucional, embora com deveres. Quem não cuida das suas terras, perde o direito a usufruir delas"
- "Eu fui responsável pela criação do IMI. Faltou avançar com um imposto sobre a propriedade rural" -> O ex-governante só pode ser muito burro, pois eu pago todos os anos às finanças, uma taxa pelos prédios rústicos (propriedades, com ou sem casa) em zonas rurais/florestais.
- "É preciso obrigar os proprietários a limpar a floresta" -> Boa.. E então as câmaras, não terão de limpar as estradas, 10m para cada lado???
- "É preciso divulgar nas aldeias, que o fogo é perigoso"
- "Temos de aumentar os impostos nos incumpridores, para que os proprietários sintam que é necessário manter limpa a floresta."-> Boa.. Já são pobres e discriminados décadas sem fim, a maioria vive de pensão de sobrevivência (por lei, nada lhes pode ser penhorado). Mas dar-lhes mais uma machadada e levar os impostos para Lisboa, já parece boa ideia.
- "Não sei até que ponto a desertificação do interior é culpa dos governantes.. As pessoas também podem querer vir morar para o litoral!"-> Revela um intelecto muito fraco este senhor.. Deus lhe perdoe!
- (...)

Como eu não sou dos que apenas criticam, cá vai o meu contributo. Em 1.º lugar há que ter noção do perfil dos proprietários, das propriedades, do tipo de floresta, do nosso clima e de factores de risco. Cá vai..

Perfil dos proprietários:
- Idade >65 anos (normalmente, herdam as terras, quando um dos pais falecem. Ou seja, quando estão com idade para trabalhar, como não são proprietários, não podem apresentar projetos de investimento)
- Escolaridade: 4ª classe ou inferior
- Condições económicas: 1/3 vive de pensão mínima de sobrevivência (pensão rural)
- Gosta de viver onde estão? Sim!

Tipo de propriedades:
- Floresta de pinheiros com medronheiros, eucaliptos e castanheiros
- Hortas de cultura intensiva (hortícolas, oliveiras, vinha, árvores de fruto)
- Casas: Curral, adega, habitação
- Dimensão das propriedades: <0.3ha (estimativa minha, em média)
- Quantidade de propriedades: 10-30 (estimativa minha, em média)

Clima:
- Muito quente e seco no Verão, propício a incêndios devido a trovoadas secas.
- Temperado e húmido no inverno, propícia o crescimento dos matos (50 cm de altura / ano).

Factores de risco:
- Queimas e queimadas com tempo quente, seco e ventoso
- Fogo posto
- Fogueiras, foguetes, mau armazenamento de combustíveis e lixo na floresta
- Máquinas agrícolas (incluindo motoroçadoras de limpeza de mato)
- Acidentes
- Mato e floresta junto às casas
- Bombeiros: sem formação para locais cuja natureza não estão habituados.
- Proteção civil: fases "charlie/delta/???" talvez já desajustadas da realidade. Hoje, o tempo quente e seco tem chegado cada vez mais cedo, já não precisa ser Verão.
- Emigrantes: em agosto chegam emigrantes cujas práticas nos locais de origem, são no mínimo, imprudentes no nosso território no Verão.
- (...)

O que mudou? Porque é que hoje há mais incêndios?
- No passado havia muito mais pastorícia: os rebanhos vão comendo erva e mato novo. O crescimento do mato é retardado.
- Desertificação / envelhecimento da população. A maioria da população idosa, ou está em casa a cuidado de alguém, ou num lar, ou ainda tem forças para cuidar de alguns animais de criação e de uma pequena horta próxima de casa. Não tem condições físicas para mais.
- Os proprietários também extraiam resina dos pinheiros. Era uma fonte de rendimento, necessária para que a floresta seja sustentável. A atividade de resinagem, leva a que o mato seja cortado, pois é necessário colher resina em cada árvore! Infelizmente, hoje em dia, existe resinagem na zona de Leiria e pouco mais. A resina foi praticamente substituída por produtos sintéticos ou é importada da China.
- Havia mais áreas agrícolas que separavam as manchas florestais, tendo como efeito o retardar dos incendios. Com o envelhecimento da população, as áreas agrícolas estão agora confinadas à aldeia. A existência de máquinas agrícolas e sistemas de rega automáticos, também permite ao proprietário ter a sua horta por perto, quando antes as hortas estavam localizadas ao longo de ribeiras (rega por levadas) ou de nascentes. Como os animais de carga têm de ser alimentados, existiam mais hortas para cultivo de feno e milho. Os animais foram sendo substituídos por máquinas, reduzindo ainda mais a área agrícola. Ou seja, mais área continua de floresta também significa maior dificuldade em extinguir um incêndio.

A realidade custa, mas há que admitir..
- Como seria no tempo do D. Afonso Henriques? Imagino o que passou, o que percorreu nas conquistas atrás do mouros por matagais a perder de vista.. Havia poucos pinheiros, muitos carvalhos, sobreiros, azinheiras e medronheiros. E sim, já existia mato alto e incêndios concerteza!
- Portugal é mato e charneca. Eu para limpar com motoroçadora, 0.5ha de mato em torno de castanheiros, gasto 1 dia inteiro e saio de lá completamente de rastos e arranhado. Os governantes que tirem um dia para experimentar!!

Feito este levantamento, o que há a fazer?
1.º) Deixar de dizer asneiras!
2.º) Fazer diferente, gastar 10x mais na prevenção!

E o que é fazer diferente?
- Cadastro total das propriedades agrícolas
- Emparcelar sem prejuízo de quem cuida das suas propriedades e distribuir de novo, de forma radial em torno da aldeia.
- Criminalizar os responsáveis das câmaras, que não mantenham as suas estradas limpas todo o ano (10 m para cada lado). Tem de haver sempre cabimentação (orçamento) para fazer face às despesas.
- Definir áreas onde não exista floresta: plantar árvores que menos propaguem incêndios ou fazer vinhas como no Douro, até 1/3 da encosta, assim teríamos uma delimitação da floresta, com algum rendimento.
- Empregar funcionários para limpeza da floresta: para quem não pode cuidar da floresta, o estado retira no futuro uma percentagem da realização das vendas ou de mais-valias obtidas com a floresta. Atualmente, a floresta arde de 10 em 10 anos, mas se o estado se encarregar da limpeza, de certeza que os proprietários não se importam que o estado fique com metade da venda da floresta! 50% é melhor que ZERO, certo?

Conclusão final:
- Se não é possível ajudar as populações, se não é possível trazer de volta as populações, então o problema é apenas floresta a mais. Tem de haver muito mais propriedade agrícola a separar as áreas florestais, senão daqui a 100 anos estamos a debater o mesmo: tudo a arder e ninguém faz nada.
- Se a solução não for aumentar a área agrícola, então antes de entregar tudo a privados da pasta de eucalipto, tentem ajudar as pessoas criando emprego na floresta. Fiquem com 50% dos lucros da floresta, que os proprietários ainda agradecem, pois como está é um ciclo interminável que se repete todas as décadas com mais um incêndio,

Tenho dito!
 

camrov8

Cumulonimbus
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14 Set 2008
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a maioria da floresta esta na zona norte e esta na mão de pequenos proprietários sem grandes posses , mais estranho é que os fundos europeus destinados para a floresta vai na sua maioria para o Alentejo que na sua maioria esta detido mor grandes proprietários até Lisboa tem mais apoios
 

MSantos

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3 Out 2007
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Aveiras de Cima
a maioria da floresta esta na zona norte e esta na mão de pequenos proprietários sem grandes posses , mais estranho é que os fundos europeus destinados para a floresta vai na sua maioria para o Alentejo que na sua maioria esta detido mor grandes proprietários até Lisboa tem mais apoios

Diria que a maioria da floresta está na zona Centro e não na zona Norte, mas o que dizes é verdade os fundos Europeus destinados à floresta estão centrados no latifúndio do Ribatejo e do Alentejo. Isto acontece porque os fundos destinados à floresta são em grande parte destinados às áreas de reflorestação de sobreiro. Onde se encontram as essas áreas de sobreiro? Exacto... Estão nos latifúndios atrás referidos...

Não se trata de uma preguiçarão aos pequenos proprietários do Norte e Centro, mas os pequenos proprietários do Norte plantam é eucaliptos e geram (os que gerem) a regeneração de pinhal que vai aparecendo. Estas espécies não são contempladas em subsídios e apoios comunitários. Outro problema é a falta de escala, que torna as suas propriedades irrelevantes quando olhadas separadamente, não se subsidia áreas de floresta com 0.5ha e muito menos sem plano de gestão florestal...

Mas as soluções existem, criem-se ZIFs (zonas de intervenção florestal)! As ZIF são uma boa forma de contornar o problema da falta de escala, é mais fácil aprovar projectos e conseguir apoios numa área ZIF com 1000ha do que em parcelas de 0.5ha.

Na minha opinião deveria haver apoios sérios para o sector florestal, apoios que contemplassem a florestação e manutenção de carvalhal, Quercus robur no litoral Norte, Quercus faginea no litoral centro e Quercus pyrenaica no Interior Norte e Centro, apoios para a florestação e manutenção de povoamentos de betulas e pinheiros silvestres nas zonas montanhosas acima dos 800m, nas regiões acima referidas, isto para além de apoios para a manutenção de pinhais bem geridos em que se faça extracção de resina em todo o País.

É caro isto tudo? É sim! Mas se queremos outra floresta amanha, livre de monoculturas pouco sustentáveis e inflamáveis não vejo outro caminho, não podemos dizer aos proprietários que simplesmente plantem carvalhal e fiquem 50 anos a olhar para as árvores enquanto elas crescem. Proibir por decreto o eucalipto só por si não resolve nada! O eucalipto é a solução mais fácil, não se pode censurar que pessoas pouco pacientes ou informadas optem por esta via, quando na prática não vêem outra.

Há milhões para tanta coisa, tem que haver para a floresta também, os governantes que cortem no supérfluo! Não venham dizer que não há dinheiro! Apenas um exemplo, um avião canadair tem um custo de operação de mais de 3000 euros/hora e comprar um custa 37 milhões de euros, quantos hectares de floresta nativa podíamos sustentar durante quanto tempo só com o valor de um avião canadair e o valor do custo da sua operação?
 
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David sf

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8 Jan 2009
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Eucaliptocratas, diz ele
por henrique pereira dos santos, em 24.06.17

Normalmente não perco grande tempo com o que escreve Francisco Louçã, mas nestes dias tenho-me cruzado com uma ou outra coisa que escreve sobre fogos, como aconteceu hoje como texto que está no Público onde usa o neologismo que eu trouxe para o título do post.

Resolvi pois fazer um post sobre a profunda ignorância em que assentam discursos como este que, se fossem apenas de Louçã, não traziam mal ao mundo.

Infelizmente, por razões históricas e sociais, a diabolização do eucalipto tem fundas raízes sociais, acabando por influenciar o desenho de políticas públicas de uma forma completamente irracional.

Ouçamos pois os intocáveis (na intensa cobertura noticiosa, quantas vezes foram ouvidos bombeiros da Afocelca, operacionais das celuloses, responsáveis pela gestão do eucalipto, responsáveis por agrupamentos de produtores, como a Unimadeiras ou a Abastena, grupos de certificação florestal das associações de produtores?), através de uma mistura entre comentários informais do meu amigo Henk Feith, penso que director florestal da Altri Florestal (uma das duas celuloses que existem no país), que assinalarei entre aspas, e comentários meus, sem aspas. Mesmo tendo havido situações em que o meu português já foi corrigido, e bem, pelo Henk, num ou noutro pormenor pode haver um certo desvio do padrão da língua, dado que a língua materna do Henk é o neerlandês (holandês para os amigos, mas não para os próprios falantes da língua).

"se tirarmos os eucaliptos da paisagem portuguesa, também tiramos a única corporação profissional de bombeiros florestais do país da equação. Sabiam que 95% das intervenções de combate a incêndios da corporação Afocelca são fora do património das empresas de celulose. Já imaginaram as estatísticas dos incêndios em Portugal sem Afocelca? Estive estes dias no incêndio de Gois. Os únicos bombeiros que eu vi combater os fogos na floresta foram os Espanhois,que estiveram connosco a combater. Os colegas Portugueses estavam todos juntos às casas à espera do fogo lá chegar. É assim que está definida na estratégia da ANPC. Eu não discordo das prioridades estabelecidas, discordo com a estratégia para as concretizar. Para defender as casas, é preciso combater o fogo na floresta, e não ficar á espera dele junto das aldeias."

"Estivemos trÊs dias a combater e o dano (em propriedades da Altir, entenda-se) ficou limitado a 14 hectares numa propriedade de 600, dos quais 200 de pinheiro bravo e 400 de eucalipto (Propriedade Vale Lapão, por sul do parque eólico). Mas o que travou o incêndio foram as plantações de eucalipto, porque quando o incêndio la bateu em força vindo do sul, rapidamente abrandou e foi controlado por nós. Estivemos três dias a combater o incêndio fora da propriedade, sem apoio de ninguém a não ser os Espanhóis na segunda feira, em áreas abandonadas, com eucaliptos e pinheiros. Quando chegou à área devidamente gerida (por nós), o assunto ficou resolvido em poucas horas. E sim, passámos lá mais 24 horas para controlar reacendimentos, algo que também mais ninguém faz. E sim, meus colaboradores tiveram lá 36 horas seguidas a combater, a defender a sua casa, sem olhar para cansaço nem família. Porque eles sim acreditam na floresta Portuguesa e estão dispostos para a defender contra tudo e todos. Como era costume no mundo rural há décadas"

"Para nós, uma taxa de incêndio de 0,5% é aceitável em termos de gestão empresarial (é um KPI clássico). Acima disto, o dano por incêndio começa a constituir-se uma ameaça à sustentabilidade da nossa atividade empresarial. Ficámos acima deste valor em 2003, 2005, 2016 e 2017 (já). Mas em média estamos abaixo deste valor. Bem abaixo (0,3%). Estou convencido se a floresta que nos vizinha fosse gerida como a nossa, ficávamos facilmente abaixo dos 0,1%. Extrapola isto para o panorama nacional..."

"em 2017 estamos já acima dos 0,5%. Em Figueiró e Penela fomos fortemente atingidos. Estive lá. Foi impossível de travar devido à falta de gestão de grande parte da área que ardeu. Curiosamente, uma plantação nossa de 2015, Feteira, passou intocado enquanto tudo em redor ardeu. Em breve voupublicar no YouTube um vídeo sobre o efeito benéfico das plantações recentes nos incêndios, com um exemplo correto de um incêndo em 2016 em Castelo Branco"

Por umas contas que fiz aqui em cima do joelho, se a média nacional de área ardida ficasse pelos 100 mil hectares previstos (e não fica), a taxa de incêndio que teríamos no país, para comparar com os 0,3% desta empresa de celulose, seria um pouco mais de 1,5% se contarmos os matos, e entre os 3 e os 3,5% se contarmos só os povoamentos. Fiquemos pelos 1% (se é verdade que o que interessa é a área total de povoamentos, também é verdade que tipicamente mais de 50% da área ardida são matos) para comparar com os 0,3% e concluímos que o Senhor Louçã, do fundo do seu sofá, responsabiliza pelos fogos em Portugal os que ele chama de eucaliptocratas, isto é, as pessoas que conseguem ter uma taxa de incêndio de 0,3% para comparar com o que nós, como sociedade, temos para apresentar em termos nacionais, 1% (contas muito por baixo).

"eu defendo uma visão de "créditos de biodiversidade", em que as espécies produtivas como eucalipto, pinheiro bravo, pinheiro manso e sobreiro suportam a gestão das espécie "não-comerciais". Um pouco como o mercado de carbono, mas para floresta nativa. Uma fábrica que emite CO2 tem de comprar créditos de carbono; uma floresta comercial pode ter de comprar créditos de floresta de conservação. Quem planta 10 ha de floresta de produção tem de ter ou financiar 1 ha de floresta de conservação. Assim, o investimento florestar impulsiona a conservação da floresta. Em vez de proibir, promove-se o equilíbrio."

Ou seja, o eucaliptocrata que anda há três dias a bater com os costados no meio do fogo (não, não é na estrada, à volta das aldeias, é mesmo lá, nos sítios em que sabem que há oportunidades criadas pela gestão para parar o fogo), afinal defende uma solução de onerando a exploração permite financiar a conservação, mas o senhor Louçã, do fundo do seu sofá, acha que o mais eficaz é proibir a actividade económica que permite a libertação de recursos para a gestão, entregar mais não sei quantos milhares de hectares ao abandono que potenciam a dimensão social catastrófica dos fogos, liquidar a mais eficiente e a única estrutura profissional de bombeiros florestais e diminuir o rendimento de 400 mil pequenos proprietários.

Eucaliptocratas, diz o senhor Louçã. Obrigado Henk, obrigado Tiago Oliveira, e muitos outros, direi eu.

http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/eucaliptocratas-diz-ele-6548443
 
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Orion

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Açores


A polémica é sempre a mesma. Quanto aos tornados de fogo alegamente ditos pelas testemunhas, só mesmo mostrando situações análogas para haver uma confirmação mínima (até agora não há indicações que as condições do 2º vídeo tenham ocorrido - recomendo os últimos 3 minutos):




Quanto ao eucalipto repito o que já escrevi. É muito difícil estabelecer uma relação de causalidade. Contudo, acho que é minimamente previsível que o risco de incêndio e as respetivas consequências aumentem à medida que se adiciona árvores com propriedades muito inflamáveis.

Quanto ao ordenamento do território não basta só indicar a escala colossal da limpeza de todas as florestas e bosques do país. Uma prevenção plena implicaria ou uma maior distinção entre áreas urbanizadas e áreas florestais ou uma fragmentação de toda a área florestal do país o que é um bocado contrário à noção de conservação e de preservação do habitat natural. Isso também seria abrir mais corredores para incendiários.
 
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