As lagoas de água doce do litoral algarvio são um ecossistema à beira de desaparecer da região, fruto do desenvolvimento turístico predatório e imoral das últimas décadas. Em boa verdade, o litoral algarvio tem espaço e condições para a coexistência de áreas protegidas e áreas turística. Infelizmente, para esta indústria, na maior parte dos casos, não existem «limites» ao crescimento da área urbanizada, mesmo que isso implique a destruição das paisagens que supostamente serviriam para atrair turistas. Neste post irei enumerar o que resta e o que ainda poderia ser feito para recuperar estes ecossistemas.
Zona entre a Praia Verde e a Altura
Os mapas antigos mostram que até pelo menos ao século XIX este zona foi uma extensa lagoa litoral, formada pelas escorrências de águas das colinas a Norte, feita por alguns pequenos barrancos que correm apenas em dias de chuva torrencial. A acumulação de sedimentos, com o passar do tempo, levou à formação de um cordão dunar e a lagoa perdeu a comunicação com o mar.
Em décadas recentes o que restava da antiga e extensa lagoa foi betonizado e complementamente destruído, reduzindo consideravalmente a sua área. A ocidente da antiga lagoa a zona húmida e os terrenos agrícolas adjacentes foram urbanizados, com blocos de apartamentos e moradias em banda, a larga maioria sem qualquer qualidade estética. Durante o processo de urbanização, que foi levado a cabo nas últimas três décadas, não foi acautelada a preservação da zona húmida, que poderia ser um atractivo turístico num pólo de balnear betonizado sem qualquer atractivo além da praia e de dois ou três bons restaurantes.
A lagoa betonizada poderia ser renaturalizada, com a implementação de vegetação ripícola nas suas margens. Em redor poderia ser ampliado um pequeno bosque de pinheiro-manso e sobreiro que existe a oriente da lagoa. Entre a estrada que dá ligação à EN125 e a nova lagoa renaturalizada poderiam ser plantados choupos para «isolar» a pequena zona húmida. Poderia ainda ser construído um observatório de aves.
Infelizmente toda a área entre a Alagoa e a Praia Verde tem há muito o destino traçado. Numa zona onde há vários mega-empreendimentos falidos ou parados prevê-se mais um PIN, com urbanizações e campos de golfe, o projecto Verde Lago. A execução da fase inicial do projecto já levou à demolição desnecessária de parte do pinhal da Praia Verde. E digo desnecessária porque entretanto, fruto da crise, o projecto parou. Ficando apenas os arruamentos. E o pinhal destruído.
Foz da Ribeira do Álamo
Aqui existe uma pequena lagoa muito interessante, pois além do pato-real podem ser observadas várias espécies límicolas, galinhas-de-água e com sorte outras espécies de patos. Estive aqui no Verão passado e apanhei um gato estúpido a tentar importunar as aves.
A Ribeira do Álamo nasce alguns quilómetros a norte, na serra de Cacela, e em anos de precipitação normal seca entre Maio e o início de Outubro. Contudo, no troço final, forma-se uma lagoa que tem comunicação com o mar apenas durante temporais ou períodos mais chuvosos. Ao lado situa-se uma ETAR.
A norte situam-se alguns terrenos agrícolas, e do lado oriental o betão já chega quase à ribeira. É mais uma lagoa litoral em risco de desaparecer, fruto da urbanização litoral. O espaço poderia ser renaturalizado, com a plantação de um pequeno bosque de azinheira, sobreiro e pinheiro-manso e a recuperação da vegetação ripícola.
(continua)
Zona entre a Praia Verde e a Altura
Os mapas antigos mostram que até pelo menos ao século XIX este zona foi uma extensa lagoa litoral, formada pelas escorrências de águas das colinas a Norte, feita por alguns pequenos barrancos que correm apenas em dias de chuva torrencial. A acumulação de sedimentos, com o passar do tempo, levou à formação de um cordão dunar e a lagoa perdeu a comunicação com o mar.
Em décadas recentes o que restava da antiga e extensa lagoa foi betonizado e complementamente destruído, reduzindo consideravalmente a sua área. A ocidente da antiga lagoa a zona húmida e os terrenos agrícolas adjacentes foram urbanizados, com blocos de apartamentos e moradias em banda, a larga maioria sem qualquer qualidade estética. Durante o processo de urbanização, que foi levado a cabo nas últimas três décadas, não foi acautelada a preservação da zona húmida, que poderia ser um atractivo turístico num pólo de balnear betonizado sem qualquer atractivo além da praia e de dois ou três bons restaurantes.
A lagoa betonizada poderia ser renaturalizada, com a implementação de vegetação ripícola nas suas margens. Em redor poderia ser ampliado um pequeno bosque de pinheiro-manso e sobreiro que existe a oriente da lagoa. Entre a estrada que dá ligação à EN125 e a nova lagoa renaturalizada poderiam ser plantados choupos para «isolar» a pequena zona húmida. Poderia ainda ser construído um observatório de aves.
Infelizmente toda a área entre a Alagoa e a Praia Verde tem há muito o destino traçado. Numa zona onde há vários mega-empreendimentos falidos ou parados prevê-se mais um PIN, com urbanizações e campos de golfe, o projecto Verde Lago. A execução da fase inicial do projecto já levou à demolição desnecessária de parte do pinhal da Praia Verde. E digo desnecessária porque entretanto, fruto da crise, o projecto parou. Ficando apenas os arruamentos. E o pinhal destruído.
Foz da Ribeira do Álamo
Aqui existe uma pequena lagoa muito interessante, pois além do pato-real podem ser observadas várias espécies límicolas, galinhas-de-água e com sorte outras espécies de patos. Estive aqui no Verão passado e apanhei um gato estúpido a tentar importunar as aves.
A Ribeira do Álamo nasce alguns quilómetros a norte, na serra de Cacela, e em anos de precipitação normal seca entre Maio e o início de Outubro. Contudo, no troço final, forma-se uma lagoa que tem comunicação com o mar apenas durante temporais ou períodos mais chuvosos. Ao lado situa-se uma ETAR.
A norte situam-se alguns terrenos agrícolas, e do lado oriental o betão já chega quase à ribeira. É mais uma lagoa litoral em risco de desaparecer, fruto da urbanização litoral. O espaço poderia ser renaturalizado, com a plantação de um pequeno bosque de azinheira, sobreiro e pinheiro-manso e a recuperação da vegetação ripícola.
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