Tem sido bastante discutido nos últimos dias em vários tópicos, talvez seja melhor centrar em apenas um a discussão.
Também na comunicação social tem sido dito algumas coisas que não correspondem bem à realidade, nomeadamente o que envolve radares.
Como referi noutro tópico, em Portugal e na Europa em geral não existe, pelo menos enraizada, a prática de avisos/alertas para risco de Tornado ou mesmo o alerta de Tornado propriamente dito por parte dos serviços meteorológicos nacionais. Nos últimos anos isso tem mudado um pouco, sobretudo em países da Europa central (Áustria, Alemanha, etc).
Nos EUA, o país mais avançado neste campo, existem por exemplo dois tipos de avisos,
Tornado Watch
http://en.wikipedia.org/wiki/Tornado_watch
Tornado Warning
http://en.wikipedia.org/wiki/Tornado_warning
O "Tornado Watch" é uma coisa que nós aqui no fórum até estamos bastante familiarizados (a população em geral não), no fundo é o equivalente ao que fazem projectos privados e voluntários europeus como o ESTOFEX ou o TORRO no Reino Unido, Tiempo Severo em Espanha ou KERAUNOS em França. Basicamente, alertam para o facto de haver condições/risco para que se formem Tornados, normalmente de forma probabilística.
Nos EUA o Tornado Watch indica à população que se devem manter alerta, que devem acompanhar os avisos do NWS (serviço meteorológico dos EUA), acompanhar a comunicação social, prepararem-se para essa eventualidade, etc.
O "Tornado Warning" já é um alerta de formação iminente de Tornado ou mesmo de um Tornado efectivamente formado, quer devido à assinatura sem margem para dúvidas no radar, mas e sobretudo porque foi efectivamente observado por alguém no terreno um Tornado ou uma funnel cloud. O "Tornado Warning" despoleta imediatamente mecanismos de emergência no terreno, a nível local, tocam sirenes, etc, e a população deve reagir e proteger-se de imediato.
Obviamente que a realidade americana é muito diferente da europeia no que a riscos diz respeito. E quando falo da realidade americana, é apenas a de algumas zonas mais vulneráveis, há também muito território dos EUA onde o risco é menor e onde não existe esta prática enraizada.
O avanço dalgumas regiões dos EUA neste campo deve-se a muitos factores, pois o sucesso nesta área (alertas atempados que salvam vidas) não depende apenas do serviço meteorológico (previsão e observação, forecasting/nowcasting) depende de muitos outros factores, nomeadamente uma cultura de risco e preparação por parte da população e serviços de emergência, e também duma boa rede de observadores no terreno, tudo fortemente agilizado onde a comunicação flui rapidamente e se tem confiança na informação que flui, pormenor importante.
O NWS investe muito neste último aspecto dos observadores no terreno, peça fundamental nesta problemática, o programa SKYWARN por exemplo, criado já no final dos anos sessenta:
http://skywarn.org/about/
O SKYWARN é uma iniciativa do NWS que dá por exemplo formação nas diversas delegações regionais/locais do NWS a uma rede de spotters que são assim certificados nessas acções de formação, e os reports oriundos desta rede são assim levados a sério pelo serviço meteorológico. Quem acompanha pela Net a temporada de Tornados nos EUA certamente já reparou que a primeira coisa que os chasers fazem quando avistam uma funnel a formar-se é telefonar para o NWS local reportando a situação.
Ora, depois do que eu aqui escrevi, é fácil de concluir que a realidade americana é muito diferente da nacional ou mesmo europeia. E que as coisas não se resumem a "simplismos" como os radares. Há muitos outros factores envolvidos nisto que são essenciais, e que vão muito para além do próprio serviço meteorológico.
Com isto não quero dizer que não há nada a fazer, não, antes pelo contrário, penso que se pode pelo menos melhorar algumas coisas. E é isso que tem sido feito nos últimos anos nalguns países europeus, há mesmo algumas réplicas do Skywarn, embora a iniciativa delas seja privada, penso eu. Este debate que ocorre hoje em Portugal é saudável e necessário, e o mesmo tem-se repetido nos últimos anos noutros países europeus. Por exemplo em França, a quando do Tornado mortal de Haumont em 2008, também se gerou imenso debate neste país sobre esta temática.
Uma coisa é certa, o IM precisa de ajuda neste campo, precisa duma rede de observadores/olhos no terreno. E para isso, também tem que fornecer as ferramentas e provavelmente formação a esses olhos, ou seja, o IM tem por exemplo que fornecer uma coisa tão básica como as imagens de radar de 10 minutos e com melhor resolução que possui e disponibiliza-las o mais rapidamente possível sem atrasos. Em Espanha nos últimos 2 ou 3 anos já perceberam isso, é relativamente frequente surgirem nos fóruns espanhóis suspeitas em relação a determinada célula ou o seu comportamento, e isso tem ajudado a AEMET. Os recursos duma instituição como o IM são e serão sempre limitados, e porque não ter muitos "olhos" atentos que de outra forma não poderia ter ? Eu sei que dentro do IM isto é assunto já discutido desde há muito, eles sabem disto tudo melhor do que ninguém, foi até um dos principais temas duma reunião que alguns de nós uma vez tivemos no IM, mas infelizmente não tem havido progressos.
Também na comunicação social tem sido dito algumas coisas que não correspondem bem à realidade, nomeadamente o que envolve radares.
Como referi noutro tópico, em Portugal e na Europa em geral não existe, pelo menos enraizada, a prática de avisos/alertas para risco de Tornado ou mesmo o alerta de Tornado propriamente dito por parte dos serviços meteorológicos nacionais. Nos últimos anos isso tem mudado um pouco, sobretudo em países da Europa central (Áustria, Alemanha, etc).
Nos EUA, o país mais avançado neste campo, existem por exemplo dois tipos de avisos,
Tornado Watch
http://en.wikipedia.org/wiki/Tornado_watch
Tornado Warning
http://en.wikipedia.org/wiki/Tornado_warning
O "Tornado Watch" é uma coisa que nós aqui no fórum até estamos bastante familiarizados (a população em geral não), no fundo é o equivalente ao que fazem projectos privados e voluntários europeus como o ESTOFEX ou o TORRO no Reino Unido, Tiempo Severo em Espanha ou KERAUNOS em França. Basicamente, alertam para o facto de haver condições/risco para que se formem Tornados, normalmente de forma probabilística.
Nos EUA o Tornado Watch indica à população que se devem manter alerta, que devem acompanhar os avisos do NWS (serviço meteorológico dos EUA), acompanhar a comunicação social, prepararem-se para essa eventualidade, etc.
O "Tornado Warning" já é um alerta de formação iminente de Tornado ou mesmo de um Tornado efectivamente formado, quer devido à assinatura sem margem para dúvidas no radar, mas e sobretudo porque foi efectivamente observado por alguém no terreno um Tornado ou uma funnel cloud. O "Tornado Warning" despoleta imediatamente mecanismos de emergência no terreno, a nível local, tocam sirenes, etc, e a população deve reagir e proteger-se de imediato.
Obviamente que a realidade americana é muito diferente da europeia no que a riscos diz respeito. E quando falo da realidade americana, é apenas a de algumas zonas mais vulneráveis, há também muito território dos EUA onde o risco é menor e onde não existe esta prática enraizada.
O avanço dalgumas regiões dos EUA neste campo deve-se a muitos factores, pois o sucesso nesta área (alertas atempados que salvam vidas) não depende apenas do serviço meteorológico (previsão e observação, forecasting/nowcasting) depende de muitos outros factores, nomeadamente uma cultura de risco e preparação por parte da população e serviços de emergência, e também duma boa rede de observadores no terreno, tudo fortemente agilizado onde a comunicação flui rapidamente e se tem confiança na informação que flui, pormenor importante.
O NWS investe muito neste último aspecto dos observadores no terreno, peça fundamental nesta problemática, o programa SKYWARN por exemplo, criado já no final dos anos sessenta:
http://skywarn.org/about/
O SKYWARN é uma iniciativa do NWS que dá por exemplo formação nas diversas delegações regionais/locais do NWS a uma rede de spotters que são assim certificados nessas acções de formação, e os reports oriundos desta rede são assim levados a sério pelo serviço meteorológico. Quem acompanha pela Net a temporada de Tornados nos EUA certamente já reparou que a primeira coisa que os chasers fazem quando avistam uma funnel a formar-se é telefonar para o NWS local reportando a situação.
Ora, depois do que eu aqui escrevi, é fácil de concluir que a realidade americana é muito diferente da nacional ou mesmo europeia. E que as coisas não se resumem a "simplismos" como os radares. Há muitos outros factores envolvidos nisto que são essenciais, e que vão muito para além do próprio serviço meteorológico.
Com isto não quero dizer que não há nada a fazer, não, antes pelo contrário, penso que se pode pelo menos melhorar algumas coisas. E é isso que tem sido feito nos últimos anos nalguns países europeus, há mesmo algumas réplicas do Skywarn, embora a iniciativa delas seja privada, penso eu. Este debate que ocorre hoje em Portugal é saudável e necessário, e o mesmo tem-se repetido nos últimos anos noutros países europeus. Por exemplo em França, a quando do Tornado mortal de Haumont em 2008, também se gerou imenso debate neste país sobre esta temática.
Uma coisa é certa, o IM precisa de ajuda neste campo, precisa duma rede de observadores/olhos no terreno. E para isso, também tem que fornecer as ferramentas e provavelmente formação a esses olhos, ou seja, o IM tem por exemplo que fornecer uma coisa tão básica como as imagens de radar de 10 minutos e com melhor resolução que possui e disponibiliza-las o mais rapidamente possível sem atrasos. Em Espanha nos últimos 2 ou 3 anos já perceberam isso, é relativamente frequente surgirem nos fóruns espanhóis suspeitas em relação a determinada célula ou o seu comportamento, e isso tem ajudado a AEMET. Os recursos duma instituição como o IM são e serão sempre limitados, e porque não ter muitos "olhos" atentos que de outra forma não poderia ter ? Eu sei que dentro do IM isto é assunto já discutido desde há muito, eles sabem disto tudo melhor do que ninguém, foi até um dos principais temas duma reunião que alguns de nós uma vez tivemos no IM, mas infelizmente não tem havido progressos.