Bioluminescência em Portugal

belem

Cumulonimbus
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E esta população que vivia numa pequena quinta de Carcavelos, encontra-se agora extinta. Onde existia é agora uma urbanização. Estas pequenas populações que persistem em traseiras e logradouros de zonas urbanas, seja em quintas ou jardins, são bastante vulneráveis. Existe uma enorme procura por terrenos em zonas urbanas. Muitas quintas antigas têm desaparecido.

Mudando um pouco de assunto, uma das reservas que faz parte da rede que criei (Lightalive) está em risco de deixar fazer parte do grupo, pois apesar das comunicações, os donos mandaram instalar várias luzes no jardim de forma exagerada, e de forma regular têm mandado retirar as folhas caídas no solo, evitando assim a formação de manta morta e húmus, compensando tal com adubo artificial. Tal levou a um empobrecimento do solo e uma perda enorme de humidade nas camadas superficiais. Uma linha de sebes foi parcialmente destruída. Com excesso de luz, falta de humidade e abrigo contra o sol e o vento, tanto os pirilampos como as suas presas, ficam com a sua vida dificultada e já passaram 2 anos que não se vêm pirilampos neste pequeno jardim que os donos quiseram que fizesse parte da rede de reservas Lightalive. Mais um ano sem avistamentos de adultos e será mais seguro considerarem-se localmente extintos e esta reserva deixará de fazer parte da rede.
As boas notícias são que mais reservas se vão juntar à rede Lightalive, desde regiões como Mafra, passando por Sintra (Monge, Peninha) , Lousada (Norte) e até ao Alentejo (tanto interior (Reguengos) como litoral (Rogil)).
Mais detalhes, serão apresentados dentro em breve, tanto sobre as reservas que ainda fazem parte da rede como as novas que se irão juntar a esta iniciativa.
 
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belem

Cumulonimbus
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Dia 16 de Fevereiro, esteve uma noite extraordinária para observar bioluminescência produzida por larvas de pirilampo aqui nos arredores de Óbidos.
Já há alguns anos que não observava tamanha quantidade. A temperatura esteve amena, a humidade bastante alta, e foi uma bela noite de sapos, cono por vezes se diz e várias luzes acendiam no chão quando eu passava.
Em situações de grande concentração de larvas, por vezes, observava-se o efeito da onda mexicana.
Desde então, fui sempre observando menos larvas, ainda que boas concentrações foram observadas de forma esporádica e localizada.

Ainda que com relevância de importância secundária para este tema também gostaria de mencionar o canto precoce das rãs verdes, que não me lembro de ouvir cantar tão cedo e mesmo até agora, com a descida de temperatura estão a fazer uma grande festa lá fora,. Por vezes ouvem-se também os ralos e as duas espécies de relas que ocorrem aqui (não tem sido assim tão raro ouvir relas e sapos parteiros nesta altura por aqui, mas já as rãs verdes...).
Quanto a aves, tenho ouvido ultimamente mais pica paus e tordos do que é normal, mas dada a distância das observações é difícil precisar as espécies.
Um número elevado de aves de rapina continua a ser observado, com destaque para o bufo-real (ontem).
 
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belem

Cumulonimbus
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A ver como vamos estar em matéria de avistamentos este ano:
Começamos a entrar na fase crítica.
 

belem

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E esta população que vivia numa pequena quinta de Carcavelos, encontra-se agora extinta. Onde existia é agora uma urbanização. Estas pequenas populações que persistem em traseiras e logradouros de zonas urbanas, seja em quintas ou jardins, são bastante vulneráveis. Existe uma enorme procura por terrenos em zonas urbanas. Muitas quintas antigas têm desaparecido.
Mudando um pouco de assunto, uma das reservas que faz parte da rede que criei (Lightalive) está em risco de deixar fazer parte do grupo, pois apesar das comunicações, os donos mandaram instalar várias luzes no jardim de forma exagerada, e de forma regular têm mandado retirar as folhas caídas no solo, evitando assim a formação de manta morta e húmus, compensando tal com adubo artificial. Tal levou a um empobrecimento do solo e uma perda enorme de humidade nas camadas superficiais. Uma linha de sebes foi parcialmente destruída. Com excesso de luz, falta de humidade e abrigo contra o sol e o vento, tanto os pirilampos como as suas presas, ficam com a sua vida dificultada e já passaram 2 anos que não se vêm pirilampos neste pequeno jardim que os donos quiseram que fizesse parte da rede de reservas Lightalive. Mais um ano sem avistamentos de adultos e será mais seguro considerarem-se localmente extintos e esta reserva deixará de fazer parte da rede.
As boas notícias são que mais reservas se vão juntar à rede Lightalive, desde regiões como Mafra, passando por Sintra (Monge, Peninha) , Lousada (Norte) e até ao Alentejo (tanto interior (Reguengos) como litoral (Rogil)).
Mais detalhes, serão apresentados dentro em breve, tanto sobre as reservas que ainda fazem parte da rede como as novas que se irão juntar a esta iniciativa.

Estão extintos neste jardim, consequentemente esta reserva já saiu este ano da lista.
Curiosamente vive uma pequena população a poucas dezenas de metros de distância deste jardim, junto à marginal e em rochedos sobranceiros ao mar cobertos de vegetação (Tamarix sp. Atriplex halimus, etc...).
 
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belem

Cumulonimbus
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As obras na Mata quinta dos Ingleses foram suspensas.
Veremos o que irá acontecer nos próximos tempos.
Caso as obras sejam retomadas, a ver que áreas serão poupadas.
Fiz trabalho de campo, por uns tempos neste mata e a área prioritária para conservação (não só para pirilampos, mas também para aves, anfíbios, etc...) que eu delimitei, deverá ser esta:
 

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Cumulonimbus
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Fiz há dias uma visita guiada nocturna no parque biológico de Gaia. Apesar de alguma poluição visual nas áreas abertas, no meio dos bosques foi incrível ver a densidade de pirilampos. Valeu bem a pena.
Também já participei numa visita guiada no parque Biológico de Gaia há uns anos, e surpreendentemente o guia durante a volta acabou por me fazer perguntas sobre pirilampos e volta e meia tive que o corrigir durante as explicações que fazia ao público. Felizmente não levou a mal e o ambiente foi descontraído, lúdico e sem percalços.
Mas fiquei admirado com a quantidade de pessoas em cada volta, com o barulho, com as lanternas usadas de forma exagerada, com o excessivo manuseamento dos animais e com a tendência para o grupo de pessoas se fragmentar, havendo momentos em que as pessoas se dividiam e já era difícil perceber onde estavam.
Espero que estes aspetos já tenham sido melhorados, ou pelo menos, parte deles.
Já fiz várias vezes trabalho de campo, no parque biológico de Gaia, inclusivamente até porque eu tinha curiosidade em saber o que existia por lá, assim como a direção do parque tinha interesse em saber quais os melhores locais para a reprodução das espécies.
E realmente existem boas populações de pirilampo no PBG (grandes fotos já foram lá tiradas e algumas irei postar no meu blog).
Este ano, em algumas regiões, aparentemente tem sido bom para pirilampos (talvez devido às chuvas mais regulares) e aqui em Óbidos não tem sido exceção.
Cheguei a ter contagens acima de 1200 exemplares (Luciola lusitanica), após percorridos apenas cerca de 250 metros por um pequeno caminho de terra batida.
Até já vi maiores concentrações e achei interessante o fervilhar silencioso de tantas luzes concentradas!
Acaba por ser um fenómeno interessante e até algo intimidante em que os pirilampos se comportam como um grande organismo.
 
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StormRic

Furacão
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23 Jun 2014
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Póvoa de S.Iria (alt. 140m)
área prioritária para conservação (não só para pirilampos, mas também para aves, anfíbios, etc...) que eu delimitei, deverá ser esta:
Quando vivia perto da mata, há mais de uma década, percorria frequentemente essa área com o objectivo de recolher registos fotográficos. Apercebi-me que era sem dúvida todo um local a preservar, incompatível com as desmesuradas urbanizações cujos projectos começaram a surgir. Tomei conhecimento agora com muito agrado da suspensão das obras.
 

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Quando vivia perto da mata, há mais de uma década, percorria frequentemente essa área com o objectivo de recolher registos fotográficos. Apercebi-me que era sem dúvida todo um local a preservar, incompatível com as desmesuradas urbanizações cujos projectos começaram a surgir. Tomei conhecimento agora com muito agrado da suspensão das obras.
Mais detalhes:
 
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Interessante esse fenómeno que também foi documentado na região em 2021:
Em Agosto de 2021, foi observado um fenómeno semelhante na Vila do Conde:

Mar-Azul_Foto-Bruno-Costa.jpg

 

belem

Cumulonimbus
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Por esta altura começam a surgir as espécies estivais de pirilampo em Portugal.
Este documentário retrata o Lampyris noctiluca no Reino Unido, uma espécie também presente em Portugal:




L. noctiluca na Estónia:



Em França:

Esta noite que passou vi uma fêmea de Lampyris iberica a brilhar mesmo encostada à parede de minha casa e uma grande larva desta espécie andava a caçar na zona das fruteiras pendurada na ponta das folhas de uma bananeira a mais de 1 metro de altura.
Por vezes, entram em minha casa, mas tal é mais comum durante as fases mais húmidas.
A presença de machos ainda é comum, mas aparentemente o vento reduz a atividade voadora dos mesmos.
Menos comum, vão sendo agora os flashes luminosos do Luciola lusitanica que entra agora na fase terminal da época da reprodução, (pelo menos aqui em Óbidos).
 

Mr.Jet

Cumulus
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19 Set 2020
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Interessante esse fenómeno que também foi documentado na região em 2021:
As fotos são da mesma pessoa,



desde aí que ele e outros tem conseguido todos os anos registar de novo o fenómeno a que os pescadores chamam "ardência" e tem saído alguns artigos na imprensa ou no National Geographic.


Na verdade ao ler esse artigo da NG lembrei-me de ti pois na verdade foi por ti e aqui que há uns anos tomei conhecimento pela primeira vez desse e outros fenómenos de bioluminescência.
 

belem

Cumulonimbus
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