A Geórgia e Arménia, a par do Azerbaijão, constituem as 3 ex-Repúblicas soviéticas do Cáucaso, cordilheira montanhosa que separa (geograficamente) a Europa da Ásia, e onde se situa o ponto mais alto do continente europeu (Elbrus, 5 642m).
Desde miúdo que tenho grande fascínio por esta região. A minha curiosidade começou quando tinha uns 7/8 anos, e um jargão de uma novela brasileira era muito repetido na escola, “eu quero a prédio na chon”. Este jargão era da autoria de uma personagem descendente de arménios (interpretada por Aracy Balabanian, também ela membro da enorme diáspora arménia espalhada pelo mundo). Movido pela curiosidade, pesquisei sobre este país na enciclopédia e a imagem do Monte Ararat visto de Yerevan (capital da Arménia) ficou-me na memória.
Imagem essa que voltei a ver quando em 1996 a selecção nacional de futebol se deslocou à Arménia (e obteve um “honroso” empate a zero, falhando um penalty a cinco minutos do fim).
Mas era um destino inalcançável. Distante, voos raros e caros, língua (e alfabeto) indecifráveis, e portanto foi sempre aquele destino para um futuro longínquo.
Quando há dois anos a Arménia andou nas notícias pelo centenário do genocídio arménio, levado a cabo pelo império Otomano durante a I Guerra Mundial, decidi que era tempo de começar a estudar o assunto. Com a massificação do turismo, a Arménia já não era um destino assim tão complicado. Havia algumas agências de viagens que organizavam viagens pelo país com guia em inglês, as principais cidades já tinham informação em inglês e o nome dos locais e ruas em alfabeto latino e os preços dos alojamentos tornara-se acessível. O principal problema eram os voos, a preços impossíveis ou com uma duração inaceitável.
Nesta mesma pesquisa descobri a vizinha Geórgia, um país com grandes paisagens naturais e vasto património arquitectónico. Comecei a pensar em juntar estes dois países numa só viagem, optimizando o custo do voo optando por uma estadia maior.
E desde há dois anos que através do Skyscanner fui regularmente pesquisando as várias combinações de voos possíveis, e o ano passado descobri uma tarifa de 450 euros via Istanbul. Mas, o agravamento do conflito entre Arménia e Azerbaijão em Nagorno Karabagh, que causou cerca de 200 mortos no início de abril de 2016, fez-me reconsiderar e optei por outro destino.
Este ano, voltei a encontrar uma tarifa aceitável, cerca de 400 euros, através das companhias da Star Alliance, e decidi avançar. Comprei então a ida para Tbilisi pela LH, saindo às 6 da manhã de Lisboa e chegando às 3 e meia da manhã do dia seguinte à capital georgiana, estando cerca de 12 horas em Munique; e o regresso pela Austrian Airlines + TAP, saindo de Yerevan às 4 e meia da manhã e chegando a Lisboa pelas 22, ficando cerca de 12 horas em Viena.
Marquei os alojamentos no Booking (cerca de 30 euros tanto em Tbilisi como em Yerevan, bem localizados e com boas condições) e marquei várias excursões em ambos os países através de agências de viagens locais. Não é a minha opção preferida, gosto de ir à minha conta, mas a excessiva informalidade dos transportes entre cidades e o reduzido domínio de línguas entendíveis por parte dos locais que lia nos relatos de outros turistas levaram-me a não arriscar essa opção.
A viagem durou duas semanas, sendo a primeira dedicada à Geórgia, ficando em Tbilisi e fazendo algumas excursões de um dia a partir da capital georgiana e a segunda dedicada à Arménia, ficando em Yerevan e fazendo excursões a partir desta cidade. Uma delas, a Nagorno Karabagh, duraria 3 dias, incluía duas noites na capital de Karabagh, Stepanakert.
Ambos os países têm um custo de vida ligeiramente abaixo de Portugal, mas não tão baixo como outros da região onde já estive, como a Ucrânia e a Bósnia-Herzegovina. A Geórgia, é ligeiramente mais cara que a Arménia, principalmente em Tbilisi. Uma pessoa consegue comer bem por cerca de 10€ em Tbilisi e cerca de 7/8€ em Yerevan. O custo do transporte público é irrisório. Comprei um cartão de dados móveis em ambos os países, paguei por ambos cerca de 5€. Na Geórgia por 2 GB a gastar num mês e na Arménia por tráfego ilimitado durante uma semana, preços muito abaixo dos praticados em Portugal.
Geograficamente estes dois países situam-se na Ásia (estão a sul do Cáucaso e fazem fronteira com a Turquia asiática e o Irão), mas, definem-se como europeus e são-no de facto. O modo de vida é idêntico ao da Europa de Leste, com influência mediterrânica (nas excursões na Geórgia o almoço era servido pelas 16/17 horas, e há vida nas ruas pela madrugada dentro, algo que não acontece nos restantes países da Europa de Leste que visitei).
Para este sentimento europeu em muito deve contribuir a religião. Em ambos os países o Cristianismo é a religião dominante, tendo sido os dois primeiros países a adoptar o Cristianismo como religião oficial, primeiro a Arménia no ano 301 e depois a Geórgia (Reino da Ibéria) em 334. Actualmente, na Geórgia a Igreja Ortodoxa Russa é dominante, a Arménia tem Igreja própria, a Apostólica Arménia.
A viagem ao Cáucaso, começa então por… Munique:
1 – MUNIQUE
Cheguei a Munique pelas 10 da manhã locais, e sendo o voo para Tbilisi apenas às 22h, resolvi apanhar o comboio para a cidade e ir dar umas voltas. Como já havia estado na capital da Baviera, e estava bastante cansado da semana de trabalho que acabara de terminar e de ter acordado às 3 e meia da manhã, optei por um percurso mais relaxante pelos diversos parques da cidade.
O tempo estava relativamente quente, e era sábado, mas não havia muita gente nos parques.
Olympiapark, onde se desenrolaram os Jogos Olímpicos em 1972:
Junto ao Olympiapark situa-se a sede e o Museu da BWM:
Hofgarten, localizado entre a Residenz e o Englischgarten:
À entrada do Englischgarten, alguns “surfistas” aproveitam um rápido no canal:
Monumento a um músico clássico convertido em memorial a Michael Jackson pelos seus fãs:
Com o cansaço acumulado voltei para o aeroporto ainda 5 horas antes da hora de partida para Tbilisi. Por sorte, a porta de embarque ficava no novo terminal, de onde parte uma menor quantidade de aviões. No 2º piso do terminal, onde se faz o embarque para voos com destino a locais fora do acordo de Schengen, apenas partiriam 5 aviões nas 6 horas seguintes de um edifício com mais de 20 portas de embarque com manga. O sossego era tanto que deu até para dormir um bocadinho enquanto o Sol se punha.
Desde miúdo que tenho grande fascínio por esta região. A minha curiosidade começou quando tinha uns 7/8 anos, e um jargão de uma novela brasileira era muito repetido na escola, “eu quero a prédio na chon”. Este jargão era da autoria de uma personagem descendente de arménios (interpretada por Aracy Balabanian, também ela membro da enorme diáspora arménia espalhada pelo mundo). Movido pela curiosidade, pesquisei sobre este país na enciclopédia e a imagem do Monte Ararat visto de Yerevan (capital da Arménia) ficou-me na memória.
Imagem essa que voltei a ver quando em 1996 a selecção nacional de futebol se deslocou à Arménia (e obteve um “honroso” empate a zero, falhando um penalty a cinco minutos do fim).
Mas era um destino inalcançável. Distante, voos raros e caros, língua (e alfabeto) indecifráveis, e portanto foi sempre aquele destino para um futuro longínquo.
Quando há dois anos a Arménia andou nas notícias pelo centenário do genocídio arménio, levado a cabo pelo império Otomano durante a I Guerra Mundial, decidi que era tempo de começar a estudar o assunto. Com a massificação do turismo, a Arménia já não era um destino assim tão complicado. Havia algumas agências de viagens que organizavam viagens pelo país com guia em inglês, as principais cidades já tinham informação em inglês e o nome dos locais e ruas em alfabeto latino e os preços dos alojamentos tornara-se acessível. O principal problema eram os voos, a preços impossíveis ou com uma duração inaceitável.
Nesta mesma pesquisa descobri a vizinha Geórgia, um país com grandes paisagens naturais e vasto património arquitectónico. Comecei a pensar em juntar estes dois países numa só viagem, optimizando o custo do voo optando por uma estadia maior.
E desde há dois anos que através do Skyscanner fui regularmente pesquisando as várias combinações de voos possíveis, e o ano passado descobri uma tarifa de 450 euros via Istanbul. Mas, o agravamento do conflito entre Arménia e Azerbaijão em Nagorno Karabagh, que causou cerca de 200 mortos no início de abril de 2016, fez-me reconsiderar e optei por outro destino.
Este ano, voltei a encontrar uma tarifa aceitável, cerca de 400 euros, através das companhias da Star Alliance, e decidi avançar. Comprei então a ida para Tbilisi pela LH, saindo às 6 da manhã de Lisboa e chegando às 3 e meia da manhã do dia seguinte à capital georgiana, estando cerca de 12 horas em Munique; e o regresso pela Austrian Airlines + TAP, saindo de Yerevan às 4 e meia da manhã e chegando a Lisboa pelas 22, ficando cerca de 12 horas em Viena.
Marquei os alojamentos no Booking (cerca de 30 euros tanto em Tbilisi como em Yerevan, bem localizados e com boas condições) e marquei várias excursões em ambos os países através de agências de viagens locais. Não é a minha opção preferida, gosto de ir à minha conta, mas a excessiva informalidade dos transportes entre cidades e o reduzido domínio de línguas entendíveis por parte dos locais que lia nos relatos de outros turistas levaram-me a não arriscar essa opção.
A viagem durou duas semanas, sendo a primeira dedicada à Geórgia, ficando em Tbilisi e fazendo algumas excursões de um dia a partir da capital georgiana e a segunda dedicada à Arménia, ficando em Yerevan e fazendo excursões a partir desta cidade. Uma delas, a Nagorno Karabagh, duraria 3 dias, incluía duas noites na capital de Karabagh, Stepanakert.
Ambos os países têm um custo de vida ligeiramente abaixo de Portugal, mas não tão baixo como outros da região onde já estive, como a Ucrânia e a Bósnia-Herzegovina. A Geórgia, é ligeiramente mais cara que a Arménia, principalmente em Tbilisi. Uma pessoa consegue comer bem por cerca de 10€ em Tbilisi e cerca de 7/8€ em Yerevan. O custo do transporte público é irrisório. Comprei um cartão de dados móveis em ambos os países, paguei por ambos cerca de 5€. Na Geórgia por 2 GB a gastar num mês e na Arménia por tráfego ilimitado durante uma semana, preços muito abaixo dos praticados em Portugal.
Geograficamente estes dois países situam-se na Ásia (estão a sul do Cáucaso e fazem fronteira com a Turquia asiática e o Irão), mas, definem-se como europeus e são-no de facto. O modo de vida é idêntico ao da Europa de Leste, com influência mediterrânica (nas excursões na Geórgia o almoço era servido pelas 16/17 horas, e há vida nas ruas pela madrugada dentro, algo que não acontece nos restantes países da Europa de Leste que visitei).
Para este sentimento europeu em muito deve contribuir a religião. Em ambos os países o Cristianismo é a religião dominante, tendo sido os dois primeiros países a adoptar o Cristianismo como religião oficial, primeiro a Arménia no ano 301 e depois a Geórgia (Reino da Ibéria) em 334. Actualmente, na Geórgia a Igreja Ortodoxa Russa é dominante, a Arménia tem Igreja própria, a Apostólica Arménia.
A viagem ao Cáucaso, começa então por… Munique:
1 – MUNIQUE
Cheguei a Munique pelas 10 da manhã locais, e sendo o voo para Tbilisi apenas às 22h, resolvi apanhar o comboio para a cidade e ir dar umas voltas. Como já havia estado na capital da Baviera, e estava bastante cansado da semana de trabalho que acabara de terminar e de ter acordado às 3 e meia da manhã, optei por um percurso mais relaxante pelos diversos parques da cidade.
O tempo estava relativamente quente, e era sábado, mas não havia muita gente nos parques.
Olympiapark, onde se desenrolaram os Jogos Olímpicos em 1972:


Junto ao Olympiapark situa-se a sede e o Museu da BWM:



Hofgarten, localizado entre a Residenz e o Englischgarten:

À entrada do Englischgarten, alguns “surfistas” aproveitam um rápido no canal:

Monumento a um músico clássico convertido em memorial a Michael Jackson pelos seus fãs:

Com o cansaço acumulado voltei para o aeroporto ainda 5 horas antes da hora de partida para Tbilisi. Por sorte, a porta de embarque ficava no novo terminal, de onde parte uma menor quantidade de aviões. No 2º piso do terminal, onde se faz o embarque para voos com destino a locais fora do acordo de Schengen, apenas partiriam 5 aviões nas 6 horas seguintes de um edifício com mais de 20 portas de embarque com manga. O sossego era tanto que deu até para dormir um bocadinho enquanto o Sol se punha.
