A estrada continuava a subir até perto dos 2600m no Passo Vorotan:
Após o Vorotan a estrada prolonga-se durante vários quilómetro por um longo planalto acima dos 2000m, verdejante e florido, com belíssimas vistas.
Mais um engarrafamento:
Já perto da descida para a cidade de Goris começam a aparecer umas nuvens ameaçadoras:
E pouco depois aparece um nevoeiro denso:
Que obriga a uma circulação muito vagarosa. Os últimos quilómetros antes de Karabagh foram realizados a uma média de 30 km/h no meio de curvas, penhascos e nevoeiro.
Só quando entramos em Nagorno Karabagh e baixamos de altitude se começa a ver alguma coisa. No posto fronteiriço, apesar do chuvisco, já dava para apreciar a paisagem:
Após 20 minutos de formalidades seguimos por este país, que uns dizem que não existe, até à sua capital, Stepanakert, onde chegamos já de noite. No caminho o guia conta a versão arménia do conflito.
Logo em 1920, após o final da I Guerra Mundial, a má relação entre os dois países dá origem a uma série de incidentes, principalmente contra os arménios que viviam no Azerbaijão. Nesse ano uma revolução comunista toma o poder em Baku, capital do Azerbaijão, e filia o país voluntariamente na URSS. Após a anexação da Arménia, Estaline em agradecimento para com o governo azeri, oferece-lhes os territórios de Naquichevão e de Nagorno Karabagh.
Nos últimos anos de domínio soviético, e já a perceber-se o império a desmoronar-se, a região de Nagorno Karabagh vota em referendo favoravelmente à sua transferência para a Arménia, algo que era permitido pela constituição soviética. Os azeris não reconhecem os resultados do referendo e iniciam-se algumas escaramuças entre as duas repúblicas.
Após a declaração de independência dos dois países, os arménios ocupavam apenas uma pequena parte da região em redor da capital, Stepanakert, que era constantemente bombardeada desde Shoushi, a segunda maior cidade da região, situada no topo da montanha que ladeia Stepanakert, logo um ponto estratégico para os azeris. Em Shoushi ocorreu também um dos maiores massacres contra arménios deste conflito.
A guerra em larga escala inicia-se com a tomada de Shoushi pelos arménios, mais uma das suas vitórias miraculosas, em menor número e atacando de baixo para cima. Esta vitória foi o ponto de viragem a favor dos arménios, um ponto estratégico conquistado e uma vingança pelo massacre ocorrido anos antes nesta cidade.
Nos dois anos seguintes os arménios recuperaram quase a totalidade de Nagorno Karabagh e estenderam o seu território vários quilómetros para dentro do Azerbaijão. A conquista mais importante em território historicamente azeri foi a cidade de Aghdam, na altura com centenas de milhares de habitantes e hoje cidade-fantasma onde se é proibido entrar.
Após os acordos de Minsk celebrados em 1994, a guerra em larga escala terminou, mas as escaramuças têm sido frequentes, cada vez mais nos últimos anos. O fortalecimento económico do Azerbaijão e a radicalização do Islão não indiciam nada de bom para os arménios. A cidade de Mossul, até há um mês atrás capital do Estado Islâmico do Levante, situa-se a apenas 400 km em linha recta da fronteira arménia. O enfraquecimento económico do seu mais forte aliado regional, a Rússia (que recentemente vendeu armamento ao Azerbaijão), fez a Arménia virar-se nos últimos anos para o mundo ocidental, aproximando-se da NATO e da UE.
Para o governo azeri entrar em Nagorno Karabagh é proibido. Se me identificassem como autor deste texto eu entraria numa lista negra onde já aparecem vários políticos de renome, cantores, actores, escritores, etc. Como não me puseram o visto no passaporte (a agência de viagens levou folhas para o efeito) não há nenhuma prova que tenha estado em Nagorno Karabagh, mas se tivesse o visto no passaporte e tentasse entrar no Azerbaijão sujeitava-me a pena de prisão.

Após o Vorotan a estrada prolonga-se durante vários quilómetro por um longo planalto acima dos 2000m, verdejante e florido, com belíssimas vistas.






Mais um engarrafamento:

Já perto da descida para a cidade de Goris começam a aparecer umas nuvens ameaçadoras:


E pouco depois aparece um nevoeiro denso:

Que obriga a uma circulação muito vagarosa. Os últimos quilómetros antes de Karabagh foram realizados a uma média de 30 km/h no meio de curvas, penhascos e nevoeiro.
Só quando entramos em Nagorno Karabagh e baixamos de altitude se começa a ver alguma coisa. No posto fronteiriço, apesar do chuvisco, já dava para apreciar a paisagem:



Após 20 minutos de formalidades seguimos por este país, que uns dizem que não existe, até à sua capital, Stepanakert, onde chegamos já de noite. No caminho o guia conta a versão arménia do conflito.
Logo em 1920, após o final da I Guerra Mundial, a má relação entre os dois países dá origem a uma série de incidentes, principalmente contra os arménios que viviam no Azerbaijão. Nesse ano uma revolução comunista toma o poder em Baku, capital do Azerbaijão, e filia o país voluntariamente na URSS. Após a anexação da Arménia, Estaline em agradecimento para com o governo azeri, oferece-lhes os territórios de Naquichevão e de Nagorno Karabagh.
Nos últimos anos de domínio soviético, e já a perceber-se o império a desmoronar-se, a região de Nagorno Karabagh vota em referendo favoravelmente à sua transferência para a Arménia, algo que era permitido pela constituição soviética. Os azeris não reconhecem os resultados do referendo e iniciam-se algumas escaramuças entre as duas repúblicas.
Após a declaração de independência dos dois países, os arménios ocupavam apenas uma pequena parte da região em redor da capital, Stepanakert, que era constantemente bombardeada desde Shoushi, a segunda maior cidade da região, situada no topo da montanha que ladeia Stepanakert, logo um ponto estratégico para os azeris. Em Shoushi ocorreu também um dos maiores massacres contra arménios deste conflito.
A guerra em larga escala inicia-se com a tomada de Shoushi pelos arménios, mais uma das suas vitórias miraculosas, em menor número e atacando de baixo para cima. Esta vitória foi o ponto de viragem a favor dos arménios, um ponto estratégico conquistado e uma vingança pelo massacre ocorrido anos antes nesta cidade.
Nos dois anos seguintes os arménios recuperaram quase a totalidade de Nagorno Karabagh e estenderam o seu território vários quilómetros para dentro do Azerbaijão. A conquista mais importante em território historicamente azeri foi a cidade de Aghdam, na altura com centenas de milhares de habitantes e hoje cidade-fantasma onde se é proibido entrar.
Após os acordos de Minsk celebrados em 1994, a guerra em larga escala terminou, mas as escaramuças têm sido frequentes, cada vez mais nos últimos anos. O fortalecimento económico do Azerbaijão e a radicalização do Islão não indiciam nada de bom para os arménios. A cidade de Mossul, até há um mês atrás capital do Estado Islâmico do Levante, situa-se a apenas 400 km em linha recta da fronteira arménia. O enfraquecimento económico do seu mais forte aliado regional, a Rússia (que recentemente vendeu armamento ao Azerbaijão), fez a Arménia virar-se nos últimos anos para o mundo ocidental, aproximando-se da NATO e da UE.
Para o governo azeri entrar em Nagorno Karabagh é proibido. Se me identificassem como autor deste texto eu entraria numa lista negra onde já aparecem vários políticos de renome, cantores, actores, escritores, etc. Como não me puseram o visto no passaporte (a agência de viagens levou folhas para o efeito) não há nenhuma prova que tenha estado em Nagorno Karabagh, mas se tivesse o visto no passaporte e tentasse entrar no Azerbaijão sujeitava-me a pena de prisão.