Corço (Capreolus capreolus)

M

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Por duas vezes vi corsos.
A primeira vez em criança, tinha uns 12 anos e foi junto à N103 perto de Boticas, era um corso ainda jovem, a segunda vez e mais impressionante foi há 3 anos, em 2007, era ainda estudante e iniciava a viagem de regresso a Lisboa quando na descida de Paradela para Chaves vi 3 corsos na estrada ao fundo (era manhã cedo), a minha mãe parou a Strakar e ficamos a observa-los subir a serra, uma imagem que nunca vamos esquecer. :)
 


Seattle92

Nimbostratus
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Para quem acha que estes bambis são muito fofinhos :D

roes.jpg
 

Seattle92

Nimbostratus
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Distribuição do Corço em Portugal (2010)

corcodistribuicao.jpg


PS: Este mapa não é (nem é suposto ser) um registo cientifico, mas apenas uma compilação de vários relatos (estudos, artigos, notícias) sobre a existência de corços em estado selvagem no nosso país. De fora ficaram zonas cercadas (herdades, quintas, tapadas,...)
 

MSantos

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Boas Seattle... Esse mapa da distribuição do corço é bastante interessante, foi elaborado por si?
 

Seattle92

Nimbostratus
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Aqui vai o resumo.

Pelo que encontrei até agora, a distribuição do corço é mais ou menos continua em todas as zonas a norte do Douro, com a excepção natural da grande mancha urbana que vai do Porto até Braga, Famalicão, Guimarães, Penafiel,... Apesar de mais ou menos continua, as populações são naturalmente maiores nas áreas protegidas (Gerês, Montesinho, Alvão, Douro Internacional).

A sul do Douro temos bastante menos áreas colonizadas. A população do norte conseguiu atravessar o rio na zona do parque do Douro Internacional, e já se estendeu pelo menos até ao vale do Coa.

Outra população diferente (não consegui perceber se já está em contacto com a referida anteriormente) é a da zona da Malcata. Pelo que sei ainda não perceberam se estes animais vieram de Espanha ou se são resultado de algumas reintroduções que foram feitas na zona (se foi esse o caso, então estes animais não são autóctones, já que foram importados de França).

Do outro lado da serra da Estrela existe outra população reintroduzida. Está essencialmente na serra da Lousã, mas parece que já se estende até à serra do Açor.


Encontrei uma referência sobre uma população na Serra dos Candeeiros, mas ainda não percebi se é muito credível (tirando um blog, não encontro mais informação nenhuma sobre essa suposta população).

Também encontrei algumas referências a reintroduções em vários locais, mas que ainda não percebi se já chegaram a ser feitas, ou se são apenas estudos e intenções. Por exemplo na Mata Nacional das Dunas de Vagos (Aveiro), ou no maciço da Gralheira (este importantíssimo para a preservação das ultimas alcateias de lobos a sul do Douro) ou na zona do Cadaval.

Se alguém tiver mais informações que ajudem a compor (ou corrigir) o mapa. É só dizer :thumbsup:
 

Seattle92

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Boas Seattle... Esse mapa da distribuição do corço é bastante interessante, foi elaborado por si?

Sim MSantos, basicamente foi pôr num mapa de Portugal todas as notícias, estudo e artigos que fui encontrando nos últimos tempos (e colocando neste tópico).
Tal como referi, isto não é nenhum estudo cientifico ou qualquer coisa do género. É apenas uma compilação de vários dados recolhidos.
 

MSantos

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Sim MSantos, basicamente foi pôr num mapa de Portugal todas as notícias, estudo e artigos que fui encontrando nos últimos tempos (e colocando neste tópico).
Tal como referi, isto não é nenhum estudo cientifico ou qualquer coisa do género. É apenas uma compilação de vários dados recolhidos.

Penso que a área de distribuição do corço não deve andar muito longe da área proposta no mapa...

Mas esperemos pelas criticas e propostas de outros membros do fórum;)
 

Seattle92

Nimbostratus
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Lá vou eu ter de actualizar o mapa :lol:


Tive conhecimento que já há algum tempo começaram a aparecer corços perto da IP5, nomeadamente na localidade de Safurdão (confirmado na sua página http://www.freguesiadesafurdao.com/).

Isso quer dizer que a expansão dos animais que há alguns anos apenas existiam no parque do Douro Internacional continua a bom ritmo para sul (esta zona fica já a cerca de 50 km a sul do rio Douro).

Se a população da Malcata já tiver sofrido uma expansão para norte, então é cada vez mais provável que as duas populações já estejam em contacto (ou que esse contacto esteja para breve).


A parte má desta história é o facto das reintroduções feitas na Beira (das quais possivelmente a população da Malcata é originária) terem usado animais vindos de França, que têm diferenças genéticas consideráveis em relação à população autóctone da zona do Douro.

Há autores que até referem os corços ibéricos como uma sub espécie diferente do resto da Europa, outros consideram que as diferenças não são suficientes para separar as populações ibéricas.

Mesmo assim alguma riqueza genética pode estar em perigo com estas misturas de populações consideravelmente diferentes.


Se estivesse a falar de pessoas já me iam chamar nazi, assim como é de animais podemos dizer estas coisas :lol::lol::lol:
 

Pek

Cumulonimbus
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Variacion geográfica del corzo

El corzo es una especie que expresa de manera llamativa su relación con el medio donde crece, por medio de las modificaciones corporales de sus individuos (Mateos-Quesada, 1998). Así y a lo largo de toda su área de distribución, encontramos variaciones en peso que no corresponde a la máxima biológica que dicta que los individuos de una especie aumentan de tamaño dentro de su área geográfica conforme más septentrionales son. Valga como ejemplo lo que sucede en la península Ibérica, donde podemos encontrar los corzos más pequeños y los mayores de las poblaciones descritas hasta ahora (Ver tabla 1).

En la sierra de Los Alcornocales en Cádiz (Aragón, 1993) existen variaciones entre individuos sobre el color, atribuyéndoles dos razas diferentes. Sin embargo no existen evidencias genéticas a este respecto (J.Carranza, datos no publicados) y sí una evidencia de que la especie refleja en su morfología (color del pelaje o de la cuerna, peso) el ambiente en el que vive. En este sentido y como se comentaba anteriormente, cabe destacar dentro de la península ibérica las variaciones de tamaño entre las poblaciones ubicadas en las sierras de Cádiz o las del centro o norte de España: en las primeras tenemos a los individuos más pequeños de toda el área de distribución de la especie (Aragón, 1993), mientras que en las otras el tamaño de los individuos es de los mayores en este mismo espectro (Costa, 1992; Mateos-Quesada, 1998).

Se han descrito las subespecies Capreolus capreolus canus Miller, 1910 (Quintanar de la Sierra, Burgos) (Miller, 1912; Cabrera, 1914), Capreolus capreolus decorus Cabrera, 1916 (El Bierzo, León) (Cabrera, 1916) y Capreolus capreolus garganta Meunier, 1983 (sur peninsular), basadas en características de coloración y tamaño. Estudios posteriores señalan que estas diferencias no son sino ecotipos que no albergan fundamentos para la diferenciación taxonómica en diferentes subespecies (Von Lehmann y Sägesser, 1986; Fandos y Reig, 1993; Hartl et al., 1993).

Hay diferenciación molecular entre las poblaciones del noroeste ibérico y las del centro-sur (Aragón et al., 1998; Lorenzini et al., 2003; Royo et al., 20071). Estudios de ADN mitocondrial señalan que hay tres haplogrupos diferenciados: un clado oeste, que se encuentra en la península Ibérica; un clado este, que se encuentra en Grecia y los Balcanes, y un clado central repartido por toda Europa. Estos clados se podrían haber originado en los refugios ibérico y balcánico durante las últimas glaciaciones. En el centro y sur ibérico hay haplotipos del clado central y oeste, por lo que estas poblaciones tienen origen mixto y no apoyan la validez de la subespecie C. c. garganta. Las poblaciones del norte de Portugal están bien diferenciadas genéticamente y parecen representar poblaciones aisladas (Randi et al., 2004).1

corzo.png


Nota: Fijaos la variedad que hay dentro de la propia Península: los corzos de la provincia de Cáceres son los más grandes de Europa y los de Cádiz de los más pequeños. Con ello queda claro que los traslados y repoblaciones con corzos del propio país (España en este caso) pueden ocasionar cambios importantes (hablando en términos exclusivamente morfológicos, más que si llevas un corzo ruso a Cáceres por ejemplo). Por otra parte, no deja de resultar llamativo que los corzos cacereños sean algo más grandes de media que los cantábricos, por ejemplo. Eso no suele suceder con otros artiodáctilos.

Fuente: http://www.vertebradosibericos.org/mamiferos/identificacion/capcapid.html

Según el Atlas y Libro Rojo de los Mamíferos Terrestres de España: "En cuanto a la caracterización genética, estudios recientes revelan una clara diferenciación entre las poblaciones de la mitad sur y la mitad norte de España"
 

Seattle92

Nimbostratus
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Em Espanha também têm sido feitas reintroduções com animais de outros países europeus? Ou todas estas diferenças genéticas que existem na Ibéria são autóctones?
 

Pek

Cumulonimbus
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Em Espanha também têm sido feitas reintroduções com animais de outros países europeus? Ou todas estas diferenças genéticas que existem na Ibéria são autóctones?


Efectivamente, todas esas diferencias son autóctonas. Una gran riqueza la de nuestra península, sin duda.

Respondiendo a la primera pregunta te diré que sí se han hecho algunas repoblaciones puntuales en zonas cercanas a la frontera francesa. No obstante la diferencia genética entre los corzos originales de esas zonas de España con sus vecinos franceses utilizados en la repoblación es mínima, por no decir inexistente. Es mucho más común (dentro de que tampoco es algo que se haga mucho ni desde hace mucho tiempo) el traslado y repoblación con corzos españoles de otras regiones peninsulares (lo cual es incluso peor puesto que, como hemos visto, presentan más diferencias genéticas entre sí que la que presentan con ejemplares de otros países europeos):

"El traslado y la repoblación de corzos es una práctica relativamente reciente en España. En Cataluña y en el País Vasco se han efectuado repoblaciones con corzos procedentes de Francia"

Fuente: Atlas y Libro Rojo de los Mamíferos Terrestres de España
 

Seattle92

Nimbostratus
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A Associação do Corso Espanhol lançou, a Campanha Corcinho IV, patrocinada pela Mercedes-Benz.
Com as populações de corsos em crescimento em Espanha, torna-se cada vez mais comum o encontro desta espécie com os Humanos que se deslocam ao campo. Os encontros dão-se principalmente com as crias, que embora estejam devidamente observadas pela progenitora, parecem estar abandonadas.

Muitos camponeses, ao pensarem que as crias estão abandonadas transportam-nas para casa para serem amamentadas pelas ovelhas, o que acaba por ser fatal.
A grande maioria das crias recolhidas da natureza acabam por morrer, pelo que a campanha visa elucidar as pessoas a não recolher estes corços da natureza pois estão na grande maioria, a ser vigiados pelas suas progenitoras, embora nós não as vejamos.

Resumo da Campanha Corcinho IV

O corso é uma espécie muito adaptável, que soube ocupar tanto os espaços florestais como as zonas agrícolas. Actualmente em Espanha, é uma espécie em expansão pelo que podem ser encontrados em diferentes ecossistemas peninsulares.
As corças dão à luz entre Abril e Maio, normalmente duas crias, ocasionalmente três.

Porque estão entre a erva?

Muitos herbíveros, entre eles os corços, defendem-se dos predadores escondendo-se na erva. Nas primeiras semanas de vida, as crias são demasiado débeis para correr e por-se a salvo. Assim, costumam esconder-se entre a erva, permanecendo imóveis. Periódicamente as corças, aproximam-se para os amamentar e limpa-las para que não emitam nenhum odor que possa atrair os seus predadores.


Que devemos fazer se encontrarmos uma cria de corço?

Não se deve recolher, não está abandonada. A progenitora está sempre a vigiar, observando-a e protegendo-a.

Não se deve tocar, pois podemos deixar o nosso odor e a sua progenitora abandona-la.

Não devemos permanecer na zona, para que não deixemos o nosso odor, pois a mãe pode recusa-lo ou podemos atraír os predadores.


Porque não devemos recolhe-los?

Muito poucas crias sobrevivem ao cativeiro, pelo que recolhe-las do campo significa condena-las à morte. As que sobrevivem, perdem o medo dos humanos não podendo ser colocadas em liberdade. Além disso, os machos adultos seguem o seu instinto de animais territoriais não permitindo intrusos no seu território, o que acarreta perigos para os humanos. Um corço macho pode causar feridas graves, inclusivé matar uma pessoa adulta.

CampanhaCorcinho.jpg
http://www.alvorada-pt.com/portal/i...a-campanha-corcinho&catid=1:ultimas&Itemid=56
 

Seattle92

Nimbostratus
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Encontrei uma referência sobre uma população na Serra dos Candeeiros, mas ainda não percebi se é muito credível (tirando um blog, não encontro mais informação nenhuma sobre essa suposta população).

Questionei o ICNB sobre esta suposta existência de corços no parque dos Candeeiros, mas pelos vistos eles não têm conhecimento de nada.

De acordo com o conhecimento deste Instituto este espécie não ocorre nesta Área Protegida, assim como não existe nenhum projecto/programa de reintrodução, quer por parte da administração, quer por iniciativa privada.
A existir avistamentos desta espécie estes poderão ter proveniência de animais saídos de espaços confinados.
 

Seattle92

Nimbostratus
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Encontrei indicações da presença de corços na serra da Gardunha assim como no Fundão.

Isto já é um estudo de 2006. Será que a população da Beira Interior (Malcata, Gardunha) já está ligada à população da serra da Lousã/Açor.

A zona de Fundão deve ser onde se dará (ou já deu) essa junção das duas populações. Não há nada como a continuidade geográfica entre populações e o fim de populações isoladas, para o sucesso de uma espécie selvagem. :thumbsup:

O que falei para os corços, serve em relação aos veados. Também nesta espécie a junção entre a população da Lousã e Beira Interior deve estar para breve (se não ocorreu já). Talvez neste caso o encontro se dê um pouco mais a sul (entre Fundão e Castelo Branco).


Three years of roe deer (Capreolus capreolus) radio-tracking in a
Mediterranean environment.

A. J. Ferreira and C. Silv

During three years, several roe deer were equipped with radio collars and followed in summer and winter periods. On those tracking periods several fixes were obtained (about 30 fixes/animal/season) and the home ranges calculated using MCP and Kernel models. This study was made in a mountain area (Serra da Gardunha), localized in the centre of Portugal