Desastre nuclear de Fukushima/Japão Março 2011

irpsit

Cumulonimbus
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Os materiais radioactivos como o Urânio decaem noutros elementos emitindo radioactividade e calor.

Nas centrais nucleares, o Urânio gasto, continua a decair emitindo radioactividade durante milhares de anos, e continua a emitir calor durante muitos anos.

O Urânio gasto ainda está muito quente durante alguns anos, e permanece assim numa piscina de arrefecimento durante cerca de 1 ano, e depois é tratado noutras centrais de processamento de lixo nuclear, para arrefecer o combustível.

É por causa destes perigos do calor e da radioactividade que eu (e muita gente) se opõe à energia nuclear, apesar do seu grande potencial energético. Não é uma tecnologia limpa, pois contamina por exemplo, a água que é usada para o seu arrefecimento.

É por causa deste facto, que apesar de a central no Japão vir a ser fechada, eles ainda querem reactivar a electricidade para continuar a arrefecer o Urânio, nos próximos anos.

Por curiosidade: é o decaímento radioactivo no interior da Terra que faz com que a temperatura no interior do planeta seja tão quente. Como dizes, é uma fonte de (quase) constante calor. Este calor no caso da Terra irá continuar durante biliões de anos.

Então mas afinal quando é que os reactores arrefecem em definitivo, se a central está desligada, os reactores continuam quentes ? :confused: Dá ideia que parece um vulcão, nunca mais arrefece, tem uma fonte de calor constante.
 


irpsit

Cumulonimbus
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9 Jan 2009
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Sim, é credível.

A radiação já foi detectada cá na Islândia e nos Estados Unidos.

Dados do Instituto de segurança nuclear francês:

Presentemente os media afirmam não haver perigo para a saúde (e provavelmente é verdade, os nídeis são residuais), mas o que é certo é que as partículas de iodo e césio radioactivo já estão cá no ar que respiro.

http://www.irsn.fr/FR/Actualites_presse/Actualites/Pages/201103_situation_en_france.aspx#2

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Editado por um moderador:

Vince

Furacão
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23 Jan 2007
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Fuga de elevados níveis de radiação sugere destruição no reactor mais perigoso de Fukushima
A fuga de elevados níveis de radiação detectada ontem na central nuclear de Fukushima Daiichi sugere a destruição no reactor 3, o mais perigoso por conter plutónio. Dois funcionários foram expostos a níveis de radiação 10.000 vezes superiores ao normal.

Cerca de 300 engenheiros trabalham contra-relógio, em turnos, para estabilizar os seis reactores da central de Fukushima, danificados pelo sismo de magnitude 9,0 e tsunami de 11 de Março.

Ontem, três funcionários a trabalhar num dos edifícios da central, ligado ao edifício onde está o núcleo do reactor 3 - que utiliza plutónio, mais tóxico do que o urânio usado nos outros cinco reactores - foram expostos a água, com um nível de 15 centímetros, com materiais radioactivos 10.000 vezes superior aos níveis normais no interior de um reactor nuclear. Isto corresponde a 3,9 milhões de becquerels de substâncias radioactivas por centímetro cúbico, explica a estação de televisão japonesa NHK.

Dois deles foram hospitalizados devido a possíveis queimaduras nos pés causadas pela radiação, informou a operadora da central, Tepco (Tokyo Electric Power Company), citada pela agência de notícias japonesa Kyodo. Os três homens foram hoje transferidos para o Instituto Nacional de Ciências Radiológicas na província de Chiba.

No seguimento deste acidente, a Agência japonesa de Segurança Nuclear acusa a Tepco de não ter medido correctamente os níveis de radioactividade na central, antes do início da operação de recuperação, e de não ter dado aos funcionários equipamento de protecção adequado, avança ainda a NHK. Além disso, os trabalhadores não foram retirados imediatamente do edifício, apesar dos alarmes accionados pelos seus equipamentos de medição à exposição radioactiva. Por tudo isto, a agência deu ordens à Tepco para tomar as medidas "apropriadas" para medir a radiação e para evitar outro acidente com funcionários, nomeadamente fornecendo equipamento de protecção mais eficaz.

Esta tomada de posição da agência surge depois de ontem ter sido detectada água altamente radioactiva também nos edifícios dos reactores 1 e 2, o que pode aumentar os riscos para aqueles que estão a trabalhar na central, noticia a agência Kyodo.

Estes níveis elevados de radiação deixam espaço para temer um retrocesso nos trabalhos em Fukushima. Hidehiko Nishiyama, porta-voz da agência japonesa para a segurança nuclear, disse em conferência de imprensa que, "de momento, a informação que temos sugere que o reactor (3) mantém algumas das suas funções de contenção. Mas existe uma boa probabilidade de o reactor ter sido danificado" e de as funções de contenção estarem a diminuir.

Nishiyama acredita que os níveis de radiação são causados pelo sobre-aquecimento das barras de combustível do reactor, que poderão ter parcialmente derretido, ou pela água da piscina onde estão armazenadas as barras de combustível usado estar a ferver. Mas Hideo Morimoto, director da Agência para a Energia e Recursos Naturais, citado pela agência Reuters, diz que este pode não ser um revés. "Penso que se o vaso de contenção estivesse seriamente danificado, muito mas radiação teria sido libertada."

Governo aconselha aumentar raio de evacuação para 30 quilómetros

Até agora, apenas as pessoas que morassem a 20 quilómetros da central deveriam abandonar as suas casas; as que morassem num raio de 20 a 30 quilómetros deveria ficar em casa para evitar riscos para a saúde.

Mas hoje o Governo encorajou os residentes num raio de 30 quilómetros a fazer o mesmo, voluntariamente. "Muitas pessoas nesta área querem sair de lá voluntariamente. Além disso, tem vindo a ser cada vez mais difícil para elas viver o dia a dia, dadas as perturbações na distribuição de mantimentos", explicou esta manhã em conferência de imprensa o porta-voz do Governo, Yukio Edano. O responsável acrescentou que "não pode ser descartada" a "possibilidade de os níveis de radiação aumentarem e de o Governo ter de ordenar a evacuação desta área".

A Comissão de Segurança Nuclear do Japão, um painel governamental, recomendou esta evacuação voluntária dado que a fuga de radiação deverá continuar por tempo indeterminado.

Edano garantiu que o Governo vai ajudar a garantir meios de transporte e centros de abrigo para aqueles que quiserem abandonar a região. O responsável adiantou que "o Governo pediu às autoridades municipais para trabalharem de perto com a central de Fukushima e com os governos das províncias para possibilitar uma evacuação imediata no caso de o Governo emitir uma directiva nesse sentido". Hoje, a China informou que dois japoneses que viajaram de Tóquio para a cidade chinesa de Wuxi continham níveis muito elevados de radiação. "Testes mostraram que estas duas pessoas excederam gravemente o limite", informaram as autoridades responsáveis pela inspecção e quarentena. As duas pessoas já receberam tratamento médico, segundo a Reuters.
http://publico.pt/Mundo/fuga-de-ele...eactor-mais-perigoso-de-fukushima_1486727?p=1
 

belem

Cumulonimbus
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Não diziam alguns que a energia nuclear era super segura?
Pois então, nem foi preciso nada de outro mundo para mostrar que isto não é verdade.
A natureza continua a mostar quem manda.
 

Knyght

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Não diziam alguns que a energia nuclear era super segura?
Pois então, nem foi preciso nada de outro mundo para mostrar que isto não é verdade.
A natureza continua a mostar quem manda.

WTF Sismo de 9 não é nada do outro mundo, isso não é até porque não acredito em Aliens!!!
 

belem

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WTF Sismo de 9 não é nada do outro mundo, isso não é até porque não acredito em Aliens!!!

O Japão é uma zona bastante sísmica, era uma questão de tempo até isto acontecer. Para quem conhece bem o Japão sabe bem da intensidade e da frequência com que ocorrem lá sismos... Vir um mais forte, não deveria ser assim tão descabido.
 

Knyght

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Há teses neste fórum que a região de Lisboa é altamente suscetível a sismos, ou as legendas e escalas não são comparáveis por alguma razão ao Japão, ou se houver realmente um sismo de 9 próximo a Lisboa não fica pedra sobre pedra :unsure:

O Japão é caracterizada por uma elevada frequência de sismos, mas 9 nunca deixara de ser 9 na escala de Richer
 

belem

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Há teses neste fórum que a região de Lisboa é altamente suscetível a sismos, ou as legendas e escalas não são comparáveis por alguma razão ao Japão, ou se houver realmente um sismo de 9 próximo a Lisboa não fica pedra sobre pedra :unsure:

O Japão é caracterizada por uma elevada frequência de sismos, mas 9 nunca deixara de ser 9 na escala de Richer


Caro Knyght, se passar lá umas boas temporadas, nem vai acreditar, garanto-lhe...
Não só a frequência mas como também a intensidade, os sismos lá são mesmo de «outro mundo».
Vir um destes, era perfeitamente aceitável segundo as probabilidades...
 

fablept

Nimbostratus
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Açores atingido por radiotividade das emissões de Fukushima, sem risco para a saúde
28 de Março de 2011, 16:14

Partículas de gás 'Xenon 133', resultantes da central nuclear de Fukushima, no Japão, foram detetadas nos Açores, afirmou hoje o investigador universitário Félix Rodrigues, adiantando que os “vestígios mínimos” encontrados não causam perigo para a saúde.

“Pelo estudo de modelação efetuado à coluna de ar da atmosfera, idêntico ao realizado pela maioria dos países, podemos concluir que a maioria das partículas atinge particularmente os EUA e o Canadá, estando os Açores numa situação razoável”, acrescentou este especialista da Universidade dos Açores.

Félix Rodrigues salientou que “a modelação baseou-se nos dados disponibilizados pelos EUA e Europa do Norte”, que indicam ter sido o 'Xenon 131' o primeiro a chegar, mas sem consequências para a saúde, porque “as quantidades são mínimas e desfazem-se em meia dúzia de dias”.

Neste momento, esses elementos estão a atingir a Península Ibérica e, de uma forma geral, a Europa investigador

Mais perigosos são o 'Césio 137' e o 'Estrôncio 90', que se “depositam no solo e cuja radioatividade só se reduz a metade passados trinta anos”.

O investigador frisou, no entanto, que “a modelação efetuada a uma altitude de 2.500 metros indica que está a chegar (o Césio 137) em pequenas quantidades e não aponta para que venha a descer para o solo”.

Félix Rodrigues adiantou que, “quando se analisam os dados a uma altitude de 5.000 metros percebemos que, neste momento, esses elementos estão a atingir a Península Ibérica e, de uma forma geral, a Europa”.

O transporte das matérias radioativas, de acordo com o investigador, faz-se sobretudo através das correntes de jato (jet stream) na estratosfera, movendo as massas de ar em altitude de oeste para leste.

O sismo e o tsunami de 11 de março no Japão afetou a central de Fukushima.

@LUSA

http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1140538.html
 

Vince

Furacão
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Não só a frequência mas como também a intensidade, os sismos lá são mesmo de «outro mundo».
Vir um destes, era perfeitamente aceitável segundo as probabilidades...

A central (e o país em geral) aguentou muito bem o sismo, o que deu cabo de tudo foi a dimensão do tsunami que afectaram os geradores de emergência. E aí é que acho que há que tirar ilações, pois se há país que sabia que um tsunami destes poderia acontecer é o Japão, ou não fossem eles os inventores do termo, historicamente eles já tiveram uns quantos devastadores como o de 1896 ou o de 869.
Mas isto foi um evento excepcional, não propriamente banal. Se a central se tivesse aguentado a tudo, provavelmente iríamos a partir de hoje assistir a uma grande expansão do nuclear pois teria sido o teste supremo da segurança das centrais, pior teste que este é difícil imaginar, mas infelizmente a central não resistiu.


Há teses neste fórum que a região de Lisboa é altamente suscetível a sismos, ou as legendas e escalas não são comparáveis por alguma razão ao Japão, ou se houver realmente um sismo de 9 próximo a Lisboa não fica pedra sobre pedra :unsure:

Knyght, ainda não entendi quais são as tuas dúvidas sobre este assunto. Num outro tópico falou-se de risco sísmico de Portugal. Em sismologia/riscos naturais, não sendo um grande entendido do assunto, corrijam-me se estiver errado, existem dois conceitos distintos, perigosidade sísmica e risco sísmico.

A perigosidade sísmica tem a ver com probabilidades, ou seja, estatística histórica de ocorrências, e desse ponto de vista, falando de Portugal continental, penso que temos uma perigosidade de baixa a média, sendo média nos locais que todos sabem Açores, Vale do Tejo, Algarve, etc. Países como Japão próximos do anel do fogo são muito mais sísmicos, ou mesmo aqui mais próximo, países como Itália, Grécia ou Turquia tem sismicidade mais activa que nós.

Contudo existe outro conceito, de risco sísmico, que não só trabalha com estatísticas mas também com vulnerabilidades e impacto humano. E em termos de risco sísmico, sim, em Portugal há zonas de risco considerado elevado como são por exemplo o Algarve, litoral sul ocidental e o Vale do Tejo, Lisboa incluída. E claro, os Açores.

Sobre essas grandezas de risco há que ter no entanto algum cuidado, Portugal não é o Japão, que estuda afincadamente esta área da ciência há imenso tempo, em Portugal não sabemos assim tanto sobre as estruturas geológicas que nos afectam, o investimento em estudos tem sido modesto, pelo que há que ter cautelas quando falamos destas coisas.


Como referi no outro tópico, Portugal não tem uma sismicidade tão activa comparativamente a países como o Japão, mas temos na nossa história alguns eventos devastadores. Se gerares um mapa de sismos históricos com magnitude em torno dos 8 e acima vais ver que ocorreram poucos na Europa e desses quase metade aparecem nas nossas águas. E isso é algo que não se pode nunca ignorar.

Fala-se muito de 1755 (tens aqui um tópico no fórum com muita informação )
-> O grande Sismo e Tsunami de 1755 em Portugal (M 8.7/9.0)

... mas além de 1755 houve vários outros sismos devastadores, aliás, poucos anos depois desse, a Março de 1761 houve outro grande sismo estimado em 8.5, que provocou também um tsunami no Atlântico e muitos estragos em Portugal, mas desse sismo não há muitos registos, supõe-se que devido a alguma censura da época para não lançar mais pânico num país ainda a viver a ressaca da tragédia de 1755. Há por exemplo registos de mais de uma dezena de tsunamis em Portugal nos últimos 2000 anos, o mais antigo que conhecemos é de 60 AC, que afectou Portugal e a Galiza. E com o que o mundo assistiu em 2004 e agora em 2011 sobre tsunamis, eventos com os quais certamente aprenderemos muito a nível cientifico, estou convencido que por exemplo o nosso risco sísmico em Portugal dado o nosso historial será revisto em alta nos próximos anos, temos um litoral muito vulnerável, o Algarve por exemplo.


Esses reatores tem mais de 40 anos ja nao era pra tar desativado ?

A central tem 6 reactores, que começaram a operar entre 1970 e 1979, e estava previsto o iníco da construção de dois novos reactores em 2012. O reactor mais antigo, o nº1, era suposto finalizar a exploração este ano, mas ironicamente em Fevereiro passado a licença foi estendida por mais 10 anos. Embora esse facto nada tenha a ver com o que aconteceu, os maiores problemas até serão com o nº3 devido ao fuel ser MOX (plutónio), isto das extensões que andam a fazer um pouco por todo o mundo (Espanha inclusive) é uma coisa que nos deve preocupar. É que parar a exploração dum reactor que rendia bastante e depois pagar o custo do desmantelamento, as empresas e os governos tem fugido a isso, e tem havido uma certa tendência de adiar, adiar, de prolongar o tempo de vida dos reactores antigos, de passar a conta para quem se segue, o que é preocupante.
 

belem

Cumulonimbus
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A central (e o país em geral) aguentou muito bem o sismo, o que deu cabo de tudo foi a dimensão do tsunami que afectaram os geradores de emergência. E aí é que acho que há que tirar ilações, pois se há país que sabia que um tsunami destes poderia acontecer é o Japão, ou não fossem eles os inventores do termo, historicamente eles já tiveram uns quantos devastadores como o de 1896 ou o de 869.
Mas isto foi um evento excepcional, não propriamente banal. Se a central se tivesse aguentado a tudo, provavelmente iríamos a partir de hoje assistir a uma grande expansão do nuclear pois teria sido o teste supremo da segurança das centrais, pior teste que este é difícil imaginar, mas infelizmente a central não resistiu.



Pois, acho que a localização desse tipo de centrais precisa de ser repensada, nem que seja apenas como prevenção.