Diamantes tão velhos como a Terra

Vince

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23 Jan 2007
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Descobertos diamantes tão velhos como a Terra

Gemas podem mudar história natural da Terra
Um conjunto de pequenos diamantes em forma de agulhas, incrustados em cristais de zircão, foi datado em cerca de 4,25 mil milhões de anos, uma idade próxima do que se crê ter sido o início da formação do planeta Terra. As gemas, oriundas das Jack Hills, na parte Oeste da Austrália, assumem um grande valor - não como pedras preciosas, mas como objectos de interesse científico.

É que a sua "idade", confirmada através de medições com urânio e isótopos de chumbo, ultrapassa em quase mil milhões de anos os anteriores diamantes mais antigos, descobertos no Sul do continente africano, e pode inclusivamente obrigar os cientistas a repensarem os "manuais" sobre a formação do planeta.

Na sua fase inicial, conhecida como período Hadeano (que teve início entre 4,55 a 4,7 milhões de anos atrás), a Terra era essencialmente uma massa de rocha em ebulição. E crê-se que foram necessárias várias centenas de milhões de anos até que a sua superfície arrefecesse o suficiente para permitir a formação da crosta terrestre e, posteriormente, das placas tectónicas continentais. Mas esta convicção generalizada é seriamente posta em causa pelo segredo contido nos cristais.

Segundo os cientistas da Universidade de Westfaliche-Wilhelms, na Alemanha, que fizeram a descoberta, a análise dos diamantes sugere que este apresentam características de gemas formadas sob pressões ultra-elevadas, em tudo semelhantes àquelas que são exercidas pelo movimento das placas tectónicas. Por outras palavras: a Terra terá arrefecido muito mais rapidamente.

"Actualmente, este tipo de diamantes são formados nos limites das placas tectónicas", disse à BBC Martina Menneken, desta universidade. "A implicação é: Será que tínhamos placas tectónicas nesta fase inicial da Terra?", questionou. "Creio que esta conclusão ainda é controversa. Não a podemos provar e precisamos de aprofundar a pesquisa", admitiu.

Um estudo sobre o achado, publicado pela revista Nature, provocou um misto de expectativa e de cepticismo na comunidade científica. Os mais cautelosos referiram que, ao contrário dos diamantes, o zircão que os envolve não aparenta ter sido sujeito a pressões elevadas. Como os fragmentos foram parar ao seu interior, é ainda um mistério.

Nas duas últimas décadas, as teorias sobre o arrefecimento da crosta terrestre já tinham sido postas em causa pela descoberta de outros cristais de zircão na Austrália. Mas a presença dos diamantes é um facto inédito. Além do efeito das placas tectónicas, a sua formação poderá de- ver-se a outros tipos de pressão, como o impacto de um meteorito ou a profundidade.
Fonte: DN