Inicio este novo tópico focando o concelho da Povoação (Ilha de São Miguel).
No dia 6 de Março de 2005, ocorreram dezenas de movimentos de vertente, por todo o Concelho da Povoação, desencadeados por períodos de chuva torrencial (147,6 mm/dia).
A maioria dos movimentos de vertente identificados correspondeu a deslizamentos translacionais superficiais, que durante o seu trajecto evoluíram para escoadas detríticas, as quais não excederam, na generalidade, a profundidade atingida pelas raízes das árvores de maior porte. O material solicitado apresentava um elevado conteúdo de água devido ao facto de estarem intimamente relacionadas com períodos de precipitação muito intensa. Tal facto reflecte-se na baixa viscosidade e na alta velocidade evidenciada durante a sua progressão da maioria das escoadas caracterizadas. É de salientar que alguns destes eventos foram canalizados pela topografia existente, através de pequenos cursos de água.
Os taludes que ladeiam a estrada de acesso à Ribeira Quente bem como alguns dos que ladeiam a estrada Furnas-Povoação, uma vez mais, à semelhança do ocorrido noutras ocasiões, demonstraram evidências de instabilidade geomorfológica durante um período de chuva intensa. Dos vários movimentos de vertentes ocorridos neste sector, salientam-se dois casos em que a estrada ficou temporariamente interrompida.
De entre todos os movimentos identificados, aquele que se revelou mais crítico deu-se num dos cruzamentos da Estrada Regional com um dos afluentes da Ribeira do Agrião. Neste local, entre as 15:30h e as 16:00h horas, uma escoada detrítica arrastou uma viatura ligeira na qual seguiam 3 pessoas, tendo todas elas perecido.
Durante a análise de campo (terrestre e aérea) deste local foi possível constatar que, embora tenha existido um pico de precipitação entre as 15:00h e as 16:00h, o comprimento deste afluente da Ribeira do Agrião não justifica, por si só, a magnitude do ocorrido. Deste modo, aliado ao facto de não se terem encontrado cicatrizes com uma expressão que justificasse o tão grande volume de sedimento, que se observou, considera-se que a principal causa do sucedido foi a existência de uma represa a montante do cruzamento com a estrada, anterior ao sucedido, formada não só pelo acumular de vegetação caída para o seio da linha de água mas também pelo armazenamento de troncos de árvores no seu interior ao longo dos anos. A pouca quantidade de folhagem verde englobada no depósito, associada aos factores supra mencionados, corrobora a hipótese da formação de uma represa maioritariamente constituída por materiais anteriormente alojados no leito da linha de água. Com o evoluir da situação, ao exceder o seu limite de carga, a represa cedeu aumentando muito o poder destruidor da escoada detrítica que se formou e o material foi canalizado pelo pequeno vale sob a forma de uma escoada detrítica com grande poder destrutivo. O fluxo do material ao cruzar a estrada, segundo testemunhas oculares, projectou a viatura arrastando-a ao longo do curso de água.
Referências bibliográficas sobre este episódio de instabilidade geomorfológica:
MARQUES, R., AMARAL, P. (2005) - Considerações sobre os movimentos de vertente ocorridos a 6 de Março de 2005 no concelho da Povoação (Ilha de São Miguel). Documento Técnico-Científico do Centro de Vulcanologia, 10/CVARG/05.
No dia 6 de Março de 2005, ocorreram dezenas de movimentos de vertente, por todo o Concelho da Povoação, desencadeados por períodos de chuva torrencial (147,6 mm/dia).
A maioria dos movimentos de vertente identificados correspondeu a deslizamentos translacionais superficiais, que durante o seu trajecto evoluíram para escoadas detríticas, as quais não excederam, na generalidade, a profundidade atingida pelas raízes das árvores de maior porte. O material solicitado apresentava um elevado conteúdo de água devido ao facto de estarem intimamente relacionadas com períodos de precipitação muito intensa. Tal facto reflecte-se na baixa viscosidade e na alta velocidade evidenciada durante a sua progressão da maioria das escoadas caracterizadas. É de salientar que alguns destes eventos foram canalizados pela topografia existente, através de pequenos cursos de água.
Os taludes que ladeiam a estrada de acesso à Ribeira Quente bem como alguns dos que ladeiam a estrada Furnas-Povoação, uma vez mais, à semelhança do ocorrido noutras ocasiões, demonstraram evidências de instabilidade geomorfológica durante um período de chuva intensa. Dos vários movimentos de vertentes ocorridos neste sector, salientam-se dois casos em que a estrada ficou temporariamente interrompida.
De entre todos os movimentos identificados, aquele que se revelou mais crítico deu-se num dos cruzamentos da Estrada Regional com um dos afluentes da Ribeira do Agrião. Neste local, entre as 15:30h e as 16:00h horas, uma escoada detrítica arrastou uma viatura ligeira na qual seguiam 3 pessoas, tendo todas elas perecido.
Durante a análise de campo (terrestre e aérea) deste local foi possível constatar que, embora tenha existido um pico de precipitação entre as 15:00h e as 16:00h, o comprimento deste afluente da Ribeira do Agrião não justifica, por si só, a magnitude do ocorrido. Deste modo, aliado ao facto de não se terem encontrado cicatrizes com uma expressão que justificasse o tão grande volume de sedimento, que se observou, considera-se que a principal causa do sucedido foi a existência de uma represa a montante do cruzamento com a estrada, anterior ao sucedido, formada não só pelo acumular de vegetação caída para o seio da linha de água mas também pelo armazenamento de troncos de árvores no seu interior ao longo dos anos. A pouca quantidade de folhagem verde englobada no depósito, associada aos factores supra mencionados, corrobora a hipótese da formação de uma represa maioritariamente constituída por materiais anteriormente alojados no leito da linha de água. Com o evoluir da situação, ao exceder o seu limite de carga, a represa cedeu aumentando muito o poder destruidor da escoada detrítica que se formou e o material foi canalizado pelo pequeno vale sob a forma de uma escoada detrítica com grande poder destrutivo. O fluxo do material ao cruzar a estrada, segundo testemunhas oculares, projectou a viatura arrastando-a ao longo do curso de água.
Referências bibliográficas sobre este episódio de instabilidade geomorfológica:
MARQUES, R., AMARAL, P. (2005) - Considerações sobre os movimentos de vertente ocorridos a 6 de Março de 2005 no concelho da Povoação (Ilha de São Miguel). Documento Técnico-Científico do Centro de Vulcanologia, 10/CVARG/05.