Há muito que ambicionava conhecer a ilha da Madeira. Pela sua posição geográfica, pelos inúmeros micro-climas, pelas serras vertiginosas que terminam no mar, e ao mesmo tempo por ser uma ilha bastante desenvolvida. Este Outono deu-se a oportunidade de visitar a ilha por uns dias. Muito já eu conhecia das viagens virtuais pelo google, do acompanhamento minucioso da tragédia em 2010, e por muitas outras coisas. Ainda assim, e apesar das expectativas muito elevadas que levei, fiquei extremamente surpreendido com o que vi e descobri. É uma ilha fascinante que não aborrece. Uma semana é pouco para ver tudo. Nos primeiros dias fiquei alojado em São Jorge, Santana. O que me permitiu explorar das vertentes norte da ilha. Depois, fui para a região do Funchal. Fica um leque de fotografias e locais, que fui vendo e descobrindo. Em São Jorge, facilmente dei com a EMA de São Jorge, situada junto ao farol da Ponta de São Jorge. Rumo a este, temos o Faial, e junto à foz da ribeira que tem o seu nome, temos uma parede enorme de Disjunção colunar em basalto. Daí para o interior da ilha, é entrar num mar luxuriante de vegetação. Ribeiro Frio, já a 800m de altitude, faz lembrar a região do Gerês, no Continente. Água, cascatas, cores Outonais… À semelhança de Manteigas (no Continente) aqui também há viveiros de trutas. Trutas que, quando a fase adulta, são libertadas para os rios/ribeiros da ilha. Dali ao Pico do Arieiro é um instante. Mas se a meia altura estava o céu forrado de nuvens, acima dos 1400m as nuvens ficam para trás, e é o sol quem domina. Panorâmica 180º Arieiro Vertentes sul – Funchal, sem nuvens e com céu limpo. Ao descer, por Santo da Serra, voltam as nuvens e algum frio. De São Jorge para oeste, temos mais costa, mais vertentes e mais floresta luxuriante. Miradouro em Arco de São Jorge. A serra, a caminho de São Vicente: Como na maioria das praias da ilha, a praia de São Vicente é formada por seixos, que acabam por fazer as delícias de quem lá passa, com algumas construções: De São Vicente a Porto Moniz é um saltinho. Porto Moniz é conhecida pelas piscinas naturais. Apesar de no calendário já ser Novembro, não deixei de dar uns mergulhos. Isto apesar de uma parte das piscina estar fechada devido à agitação marítima que se fazia sentir. Estávamos com tempo anti-ciclónico. A temperatura da água devia rondar os 21ºC. De Porto Moniz à Ponta do Pargo (extremo oeste da ilha da Madeira), não há vias rápidas. Restam as curvas e contracurvas apertadas da ilha. Esta zona sofreu recentemente um enorme incêndio, que deixou a paisagem numa lástima. Infelizmente. Paisagem na Ponta do Parto: E EMA Calheta, situada neste local: Passei por Fajã da Ovelha, onde o GPS me levou para “uma estrada” que me fez transpirar. Os espelhos quase roçavam nas paredes das escadas, a inclinação desse caminho era tal, que ao meio do mesmo haviam escadas, e quando dou por mim o caminho estava cortado. Havia um rali naquele dia. Fiquei ali preso 2h. Andei por lá a explorar a pé. Passado o rali, subi até Bica da Cana. Para trás fica o clima morno, para se começar a sentir um fresquinho. Todo aquele planalto é fascinante. Boas inversões térmicas se devem formar ali. Há pasto, vacas, e parques eólicos. No ponto mais alto do Planalto, temos uma vista soberba sobre os Picos: Pôr-do-sol em Bica da Cana Fiquei surpreendido por encontrar duas estações em Bica da Cana. Esta, que penso ser a EMA: E outra mais a baixo, junto a um edifício. Penso que já poderá ter sido um observatório. Bica da Cana detém o recorde do menor valor de temperatura mínima registada na Madeira: -9,5ºC a 05/03/1993. Suponho que este valor tenha sido registado por esta segunda estação, junto ao edifício, que tem um ar mais antigo. De qualquer forma, tenho a dizer que, ainda que esta segunda se situe a uma cota ligeiramente inferior à EMA, a diferença de temperatura entre aquele lugar e o planalto (Paúl da Serra), ainda é considerável. Pouco depois do pôr-do-sol, em Bica da Cana (1500m) o carro registava 7ºC, enquanto no planalto (1400m), a temperatura estava constantemente a variar entre os 5 e os 6ºC. Isto às 19h. Deve ser um óptimo lugar para medir a temperatura em dias de inversões térmicas.
Agora, na mesma ilha, mas num lugar completamente diferente. Já sabia que a Madeira tinha um pequeno deserto. O incrível é constatar que essa região árida dista poucos quilómetros do verde das montanhas. São Lourenço Stone Eggs em São Lourenço. São às centenas. Também neste lugar dei com uma EMA: Ponta de São Lourenço, Caniçal Ali pertinho temos a Quinta do Lorde. Nunca tinha ouvido falar em tal quinta. Rapidamente percebi que não era um lugar para mim, vulgo para o meu bolso. Daquela região este da ilha, as Desertas tornam-se mais perto: Depois do deserto, o verde dos campos de golfe em Santo da Serra (com a Ponta de São Lourenço ao fundo): Ainda em Santo da Serra, região recentemente afectada por uma enorme intempérie, tive a oportunidade de ir a uma feira típica. Achei engraçado! Também fui a uma festa no Curral das Freiras, mas aí o caos a nível de trânsito foi qualquer coisa de surreal. Boa festa, mas sem logística para acolher tanta gente. Mas falando já das vertentes sul da ilha, fiquei impressionado com o Cabo Girão. Sabia que era o 2º cabo mais alto do mundo: 580m acima do nível do mar. O que não sabia é que tinha uma varanda panorâmica. Ainda me ri bastante com pessoas que se assustavam ao pisar aquele chão “transparente”. Umas não desciam as escadas. As outras agarravam-se às grades. Vista para o Funchal a partir do Cabo Girão: Num dos dias ainda vi o pôr-do-sol em Ponta do Sol. Uma espécie de clichê. É um lugar bastante pacato, limpo, calmo e bom para umas fotografias nocturnas. Ah, e acima de tudo ameno. Estava em modo: calções e tshirt. Também fui ao Paúl do Mar. Aqui os seixos já não davam para fazer grandes construções.
Outro clichê, era ver o nascer do sol no Pico do Arieiro, por cima das nuvens. Todos os meus amigos que foram à Madeira, ficaram absolutamente encantados com isso. Eu, cumpri a tradição e fiz o mesmo. É de facto brutal! Arieiro - nascer do sol Já que ali estava, e era cedinho, porque não fazer o Trilho do Arieiro até ao Pico Ruivo?! Habituado a algumas caminhadas, pareceu-me isto uma óptima ideia, até porque ainda não tinha ido ao Pico Ruivo. Dificuldade: Difícil. Não devia ser assim tão difícil. Rapidamente percebi que subestimei o trilho. Além, das escadas, e dos declives, deparei-me com túneis. Não é que tenha medo do escuro, mas sem lanternas torna-se complicado. Um dos túneis ainda atravessei, sempre com os olhos postos na luz ao fundo do túnel (fim do mesmo). Mas o trilho acabou quando dei por mim num túnel em curva…. Bom, é mais uma razão para voltar à ilha! Tenho de completar o trilho!! Um vídeo de alguns pontos do trilho: (Save and sound!) De volta ao Pico do Arieiro, reparei que só àquela hora (10h) começava o sol a incidir nas casas mais altas do Curral das Freiras. É um lugar que fica mesmo cravado “no buraco”. A norte, o mar de nuvens mantinha-se: Não pude deixar de reparar que havia um sensor de temperatura ali, aos 1810m de altitude. Não vi a EMA do Arieiro, que deve estar a 1500m de altitude. Suspeito onde possa estar, mas não fui ao seu encontro. Ainda no Arieiro, algumas aventuras anti-vertigens: Por fim, o Funchal. Adorei a cidade! Tem imensa coisa para ver e fazer. Tive pena de não ter dedicado mais tempo à cidade, mas mais oportunidades surgirão: O teleférico: O bolo do caco: As bananas de rua: E por fim das luzes da cidade do Funchal à noite. Como disse no início, fiquei deslumbrado com a ilha. Muito visitei, mas muito mais ficou por explorar. Numa próxima, espero ter a oportunidade de seguir algumas levadas, e aprofundar mais os passeios pelas ruas do Funchal. Isto, entre muitas outras coisas.
André, sem dúvida que a Ilha da Madeira é muito linda, tens fotos muito bonitas. Falaste em algumas estações, deduzo que quando foste ao Curral das Freiras, a uma festa, esta deve ter sido a Festa da Castanha no dia 1 de Novembro. Passaste por mais uma EMA, http://www.meteocasas.com, esta situada +/- 800 mts, e fica perto de um restaurante antes de chegar ao túnel que da acesso ao Curral das Freiras.
Foi sim a Festa da Castanha. Estive lá. Gostei muito, mas a nível de trânsito foi completamente caótico. Não tinha conhecimento da festa, caí lá um pouco de pára-quedas. Daí ter ficado impressionado com a confusão. Obrigado peço link. Quanto às estações, devo ter passado perto de todas, mas como não tinhas coordenadas, nem era esse o propósito, acabei só por fotografar aquelas que se atravessaram no meu caminho. Da próxima vou em busca das restantes. Quanto à ilha, e como disse, fiquei fã. E prometo voltar!
Parabéns pela reportagem André, não fazia ideia que um clima não chuvoso que é o da madeira tivesse uma vegetação como aqui perto o gerês , um dia tenho de visitar a ilha, fiquei fascinado.
Fantástica reportagem A Madeira é a única região de Portugal que nunca tive oportunidade de conhecer.