Impacto agrícola da seca 2011-2012

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- Colecção de notícias sobre o impacto da seca 2011-2012 -

Correio da Manhã - Algarve - 29-02-2012

Algarve: Produtores sofrem quebras avultadas
Geada arruína campos e pasto

O ano agrícola está comprometido no Algarve. Além da precipitação média estar a metade do que seria normal, e já com um longo período de ausência total de chuva, a diminuição da humidade do ar e o acentuado arrefecimento nocturno combinaram-se, sobretudo na primeira quinzena deste mês, para a ocorrência de geadas negras. Poucas pastagens de sequeiro subsistiram para a produção pecuária e há elevados prejuízos nas principais produções vegetais da região.

De acordo com uma avaliação feita, este mês, pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, as pastagens definharam e as reservas de forragem são insuficientes. José Maria, produtor de gado da raça limousine, perto de Lagos, já teve de vender seis vacas para comprar feno para as restantes. A sementeira de feno não vingou e as pastagens têm a erva queimada pela geada. "Se não chover até ao fim de Março, vou ter de vender tudo" lamenta.

Fernando Severino, director regional de agricultura, admite que "a cultura do abacate está toda destruída e há zonas na campina de Faro que perderam toda a cultura de tomate em estufa, por causa da geada". Paulo Cristina, produtor de tomate, costumava ter uma produção média de 100 toneladas por hectare. "Este ano, se chegar às 20 toneladas será bom. Isto é uma catástrofe".

Em Silves, José Sustelo calcula que a produção de laranja tardia (colhida no Verão) vá sofrer uma quebra de 30 por cento. As reservas subterrâneas de água ainda permitem combater a falta de chuva, mas a rega aumenta os custos da produção.

Avaliação e monitorização do impacto na agricultura Algarvia,
resultante do efeito Seca/Geada

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/geada-arruina-campos-e-pasto
 


Paulo H

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2 Jan 2008
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Castelo Branco 386m(489/366m)
Para além da consciência de todos nós, dos agricultores e da cultura dos seus antepassados, acerca da variabilidade climática, e dos equipamentos da região onde se está inserido (barragens, projetos de pegadio,..), está a culpa dos nossos governantes! Então não é que (e já o disse em vários posts) se construiu um alqueva, enquanto os nossos irmãos espanhóis construiam canais na sua fronteira para irrigar a andaluzia, enquanto nós olhamos agora para os patos bravos? Então e o sistema de irrigação??? Pois é.. Já o disse muitas vezes, os nossos políticos gostam de inaugurar o que está à vista, mas as infrastruturas enterradas no solo, isso não é com eles! Pois é.. Agora temos água, mas é para ver os patos ou para sonhar com projectos de golfe, à volta do alqueva! Falta o chamado valor acrescentado, enfim o último aperto de rosca do parafuso (que é o que aperta mesmo), de tudo o que se gastou nada vale, faltando o resto, vale ZERO!

É uma tristeza observar os campos praticamente rentes de erva, sem nada! Já vi aqui irrigar campos em Fevereiro para que a erva cresça e alimente as cabras e ovelhas! É grave..

Esquecendo a variabilidade climática, precisamos de MUITO POUCA precipitação, mas contínua, enfim todos os dias um pouco, todos os dias! Imaginem, se chover hoje 30mm e depois 1 mês sem chover seria pior ainda. Era preferível 1mm por dia!! É essa a noção que temos de ter da realidade, pois não é de quantidade que falamos, mas de distribuição contínua.. Se hoje caem 30mm, durante a semana nasce o resto de sementes, e se não voltar a chover no próximo mês, é tudo comido sem gerar semente. Estou a exagerar, mas apenas para dizer que mais que a quantidade de precipitação desejada, é preferível pouco mas frequente!!
 

Vince

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23 Jan 2007
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Seria importante o sector se preparar para um cenário como 2005, nada como estar preparado para se tentar, dentro do possível claro, minimizar as consequências de uma seca, uma boa gestão do sector pode menorizar as dificuldades. Hoje sabemos mais coisas de como prever e lidar com estes cenários do que sabíamos há 7 anos atrás. Esta seca vem numa péssima altura, pois ultimamente até havia alguns indicadores bastante interessantes da agricultura nacional, de um sector que finalmente estava a crescer nalguns segmentos e com capacidade exportadora.
 

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29 Out 2007
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- Correio do Alentejo, 27 de Fevereiro 2012 -

Odivelas exige água do Alvito sem aumento

REGADIO. Barragem de Odivelas vai necessitar de transvase do Alvito, mas ABORO recusa-se a pagar o valor exigido pela EDIA.

A Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) exige que o necessário transvase de água da barragem do Alvito para a albufeira de Odivelas, no concelho de Ferreira do Alentejo, não acarrete mais custos para os seus agricultores. Ao longo dos anos a ABORO nunca pagou pela água proveniente do Alvito, mas para 2012 a EDIA, que irá ter a concessão da barragem do Alvito, exige o pagamento de 4,2 cêntimos por cada metro cúbico de água transferido, valor que a associação rejeita pagar devido aos seus "direitos adquiridos".
"Queremos aquilo que temos tido todos os anos, que é um direito adquirido. E a EDIA tem de ter em consideração que a barragem [do Alvito] foi construída para ser reservatório da albufeira de Odivelas. […] É essa reserva que reivindicamos com um custo baixo, considerando que não tem custos para a EDIA, já que não é água bombada do Alqueva, mas sim água das afluências naturais da barragem do Alvito, que são da bacia do Sado", explica ao "CA" o presidente da direcção da ABORO.
Manuel Canilhas Reis admite que a associação (e por inerência os seus associados) contribua "com algum valor para alguns custos de manutenção e conservação da rede ou da barragem do Alvito, mas nunca" o valor de 4,2 cêntimos exigido pela empresa gestora do projecto Alqueva.
"Porque este é um valor que tem a ver com a bombagem [de água] do Alqueva para o Alvito. E como não é água do Alqueva mas sim dos afluentes naturais do Alvito, sem qualquer custo energético associado, não será necessário pagar esse valor", justifica.
A situação já fez a direcção da ABORO reunir-se com a Direcção Geral de Agricultura e a administração da EDIA, mas ainda não foi possível chegar a um acordo. "A EDIA está intransigente e acha que tem de cobrar o valor que está no decreto-lei do Conselho de Ministros", diz Manuel Canilhas Reis, sem esconder que espera que a nova equipa directiva da empresa gestora do Alqueva, liderada por João Basto, "tenha em consideração todas estas questões e maior sensibilidade que a administração anterior".
Beneficiando uma área total de 12.300 hectares onde predominam as culturas do olival, tomate, melão, milho e arroz, a albufeira de Odivelas tem actualmente disponíveis perto de 14 milhões de metros cúbicos de água para rega. Em média, o regadio na zona necessita anualmente de 35 milhões de metros cúbicos de água, quantidade que deverá aumentar significativamente em 2012 devido à ameaça (cada vez mais real) de seca.
"Este ano as previsões são de que se consuma mais água, porque ainda nem parámos de regar. Continua-se a regar neste momento as arvenses e pastagens. Portanto, prevemos que iremos consumir muita água e precisamos da água do Alvito", revela o presidente da ABORO, que antevê para 2012 um consumo a rondar "os 40 milhões de metros cúbicos de água" no Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas.

http://www.correioalentejo.com/index.php?diaria=6781
 

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29 Out 2007
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- Diário de Coimbra, 27 de Fevereiro 2012 -

Baixo Mondego e Gândaras

Seca é “machadada do S. Pedro” que levará à “completa ruína” explorações de leite da região

Para além de estarem a vender abaixo do preço de custo, produtores são agora obrigados a comprar fora alimentos para animais, a preços que aumentam 100% a cada mês

É «dramática» e «alarmante» a situação dos produtores de leite na região do Baixo Mondego e Gândaras, correndo-se o risco de praticamente 100% das explorações existentes nestas duas zonas virem a desaparecer até ao final do ano. Numa situação fragilizada desde que, há cerca de dois anos, estão obrigados a vender o leite a preços abaixo dos custos de exploração, os produtores são, neste momento, as principais vítimas da seca deste Inverno, que inviabilizou vários hectares de terrenos de pastagens e com forragens e está a obrigar a comprar, no estrangeiro, os alimentos para os animais, a preços que aumentam 100% a cada mês.

http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=16923&Itemid=111
 

Hazores

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As notícias sobre o impacte da seca na agricultura são muitas, contudo a maioria das pessoas não imagina na realidade o quanto é difícil gerir uma exploração agrícola (quer seja de horticulas ou produção de animais) de um modo especial a gerir a disponibilidade de água.
Apenas quem trabalha a terra e com os animais poderá ter uma ideia de quanto é limitativo para a agricultura a disponibilidade de água no solo.
 

Mário Barros

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18 Nov 2006
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Maçores (Torre de Moncorvo) / Algueirão (Sintra)
Culturas na Lezíria Grande no valor de 36 ME "em risco"
As culturas de tomate, arroz e milho da Lezíria Grande, num investimento de 36 milhões de euros, estarão "em risco" caso a seca se mantenha e não seja cumprido o acordo ibérico sobre os caudais do Tejo.

O alerta foi feito à Agência Lusa pelo diretor executivo da Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, que representa três centenas de agricultores, que se encontram a preparar as culturas da primavera - quatro mil hectares de tomate, três mil de arroz e dois mil de milho -, que serão lançadas à terra em abril.

"Todo o investimento da campanha, 36 milhões de euros, estará em risco. Teremos água em maio e junho, mas em julho, que é o mês crucial para as culturas, porque estão na floração, não sabemos. Se não chover e se as autoridades portuguesas não fizerem cumprir o acordo ibérico e se Espanha não libertar os caudais estipulados, não teremos água boa [sem sal] no rio Tejo para captar durante as marés. Será dramático", explicou Joaquim Madaleno.

O responsável adiantou que, neste momento, corre no rio Tejo menos água doce, com uma altura da lâmina de água inferior em cerca de 20 centímetros, comparativamente com o ano passado.

"O problema está na barragem de Alcântara [Espanha], que normalmente costumava estar com uma quota de 60% e agora está com 48%, devido aos transvases que estão a ser feitos na zona sul de Espanha. Num ano destes, já tinham proibido a cultura de arroz em Sevilha, mas ainda não o fizeram", denunciou Joaquim Madaleno.

A situação, insistiu, vai causar graves problemas aos produtores, pelo que é fundamental que as autoridades "estejam atentas e façam cumprir o acordo" assinado por Portugal e Espanha.

"Que os obrigue a largar os caudais suficientes para que a água doce não falte aqui. Em junho e julho, meses das marés mais pequenas, a cunha salina vai subir a níveis a que normalmente nunca sobe. E se a água tiver sal a mais, não serve para regar", sustentou o diretor.

Joaquim Madaleno acrescentou que a seca fez com que as culturas de outono e inverno, como a ervilha e, essencialmente, o azevém, estejam completamente perdidas.

"Temos estado a regar e não era suposto estarmos a fazê-lo. Uma coisa é regar no verão, com temperaturas altas, outra coisa é regar no inverno, com temperaturas geladas e onde as plantas não se desenvolvem".

A Lezíria Grande de Vila Franca de Xira tem uma superfície de cerca de 13.500 hectares, dos quais 12.500 são terreno agrícola útil, e estende-se até Azambuja.

Ao longo dos 63 quilómetros do dique de defesa estão colocadas 52 comportas. Seis delas são usadas para adução (retirada) de água do rio Tejo, duas vezes por dia, durante as marés, pelo sistema de gravidade, para alimentar as culturas.

DN
 

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29 Out 2007
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- Peniche, 07 de Março de 2012 -

Plantação de batata no concelho de Peniche destruída, agricultores pedem apoio do governo

Rui Mendes, reportagem João Ramalhinho 07 Mar, 2012, 19:40

O concelho de Peniche, sobretudo na cultura de batata, foi o mais afetado da região de Lisboa e Vale do Tejo. As geadas deste inverno, na localidade de Ferrel, no concelho de Peniche, destruiu praticamente toda a plantação. Os agricultores pedem agora apoios ao governo. O jornalista João Ramalhinho esteve no terreno e falou com dois agricultores, José Manuel e José Marques, que ficaram com a produção destruída.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=533652&tm=8&layout=123&visual=61
 

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- Correio do Alentejo, 05 de Março 2012 -

Próxima campanha de regadio "seriamente ameaçada" em todo o Alentejo

A próxima campanha de regadio no Alentejo começa a estar "seriamente" ameaçada devido à pouca chuva registada, segundo o primeiro relatório do grupo de acompanhamento e avaliação dos impactos da seca em 2012.

Divulgado na quinta-feira, 1, à noite pelo Ministério da Agricultura, o documento, que faz um balanço até 15 de Fevereiro, indica não ser muito preocupante a situação dos sistemas de rega colectivos estatais, ao contrário das barragens privadas.

Nesta região, também algumas explorações estão há algum tempo a comprar palhas e fenos no exterior e alimentos compostos.

http://www.correioalentejo.com/index.php?diaria=6821

As culturas forrageiras anuais têm tido um desenvolvimento muito fraco, "comprometendo a possibilidade de pastoreio e a obtenção de massa verde".

O grupo notou que o mau estado das searas poderá tornar-se irreversível se continuar a faltar chuva.

Nesta região do país, as geadas intensas têm afectado bastante os pomares de citrinos e provocaram a queda dos frutos e fraca qualidade da produção.

"O volume de produção deverá ser semelhante ao do ano anterior, mas com frutos de menor calibre", lê-se no documento.

O relatório foi feito com base na situação até 15 de Fevereiro quando 70% do território do Continente estava em seca severa e 5% em seca extrema em zonas do Litoral Norte e Douro.

Entretanto, na quinta-feira de manhã, antes da divulgação do documento, o Observatório da Seca do Instituto de Meteorologia indicou que a 29 de Fevereiro estas taxas eram já de 68% e 32%, respectivamente.

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trovoadas

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3 Out 2009
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loule-caldeirao
Estamos numa boa altura para repensar a nossa agricultura e começar a pensar como eles, os Israelitas.
Às voltas aqui na web achei esta noticia que me parece interessante:
http://www.maraoonline.com/marao/marao_online_julho/7A2D97B2-113A-433A-9E70-9531CDA86A31.html

Já sabemos que o nosso país tem um clima bastante irregular e muito sujeito a secas, mas ainda assim em relação aos Israelitas as nossas reservas de água são um "mar" em relação a um "lago" quando comparadas com as deles.
No entanto a agricultura deles nem tem comparação em relação à nossa, para nosso mal como é óbvio!
 

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- Correio do Alentejo, 16 de Março de 2012 -

EDIA lança medidas de apoio aos agricultores contra efeitos da seca


A EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva vai disponibilizar água para abeberamento de gado e culturas fora das áreas já equipadas pelo empreendimento de fins múltiplos, no sentido de apoiar os agricultores contra os efeitos do actual período de seca.

"São as medidas que podemos tomar dentro do que são as competências da empresa", frisou esta sexta-feira, 16, ao final da tarde, o novo presidente do conselho de administração da EDIA.

Em declarações ao "CA", João Basto garantiu que estas propostas serão efectivadas até final da próxima semana e irão "contribuir para a minimização dos impactes que a seca está a produzir na agricultura da região", além de responderem "às solicitações dos agricultores".
Nesse sentido, continuou, a partir de agora o agricultor que tenha necessidade de água para abeberamento de gado "poderá recolher essa água em qualquer albufeira do empreendimento, canal ou boca de rega nos perímetros já instalados em pontos pré-identificados pela EDIA" e transportá-la para as suas explorações sem que a empresa cobre qualquer valor pela água utilizada.

Por outro lado, os agricultores que não estejam servidos pelo sistema global de rega de Alqueva, mas tenham necessidade de água, poderão fazer captações directas ou utilizar as bocas de rega pré-definidas pela EDIA, aplicando-se nestes casos o tarifário em vigor para cada caso.

"No caso das captações directas, em albufeiras ou canais da rede primária do EFMA, o agricultor deverá instalar a respectiva bomba e contador", acrescentou João Basto.

Este pacote de medidas foi anunciado após o novo conselho de administração e os trabalhadores da EDIA terem reunido na instalações da empresa com a ministra da Agricultura, que se deslocou ao Baixo Alentejo para lhes transmitir aquela que "é a visão do Governo sobre a importância" da infra-estrutura.

"É muito importante concluir este projecto, porque transforma toda uma região, combate a desertificação, torna-nos mais aptos a lidar com as alterações climáticas e vai seguramente dar um grande contributo para a riqueza do país", disse no final da reunião Assunção Cristas, sem se comprometer com uma data para a conclusão da obra.
 

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- Diário das Beiras, 16 de Março de 2012 -

Empresa de abastecimento de água da Covilhã ativa plano de contingência devido à seca

A empresa Águas da Covilhã ativou um plano de contingência face à escassez de água para abastecimento, que abaixo dos níveis médios para esta época do ano, informou o município em comunicado.
O plano prevê o recurso a “captações alternativas” da AdC e de particulares, de modo a minimizar a utilização da Barragem do Viriato, nas Penhas da Saúde, Serra da Estrela.
Segundo as últimas medições realizadas pela empresa de águas, a albufeira “apresenta um volume de armazenamento semelhante ao verificado no início de julho de 2011″.
Além da barragem, também as minas e nascentes apresentam “uma redução significativa nos caudais”.
O plano de contingência, ativado também em 2005, pretende acautelar “o abastecimento de água no período crítico de verão, caso as condições de pluviosidade não se alterem favorável e significativamente”.
Se não chover em quantidade, o município admite que “terão de ser implementadas medidas mais rigorosas, que limitem as zonas de abastecimento a serem abastecidas exclusivamente por captações próprias”.
Se tal acontecer, obrigará a que, “nalgumas localidades, o fornecimento de água seja efetuado apenas durante algumas horas por dia”.
 

Vince

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Regadio de Alqueva apontado como alternativa para alimentar o gado
António Barradas, empresário agrícola no concelho de Serpa, garante que é possível, com a água de Alqueva, produzir erva fresca e forragens para alimentar "todo o efectivo pecuário" - serão dezenas de milhares de cabeças de gado - existente na margem esquerda do Guadiana, entre Mourão e Mértola. Os agricultores concordam e propõem um programa de atribuição gratuita de forragens aos produtores pecuários, que estão descapitalizados.

O agricultor diz que bastariam entre 600 a 1000 hectares de terra com acesso à água para produzir alimento verde e fresco, frisando que esta cultura seria competitiva com as do milho e girassol, mas com uma enorme vantagem acrescida. Enquanto estas duas culturas estarão disponíveis em Setembro, a produção de erva estaria em condições de ser colhida já em Maio, possibilitando ainda a recolha de mais matéria verde nos meses seguintes. Pelas suas contas, poderiam ser produzidos 3,6 milhões de quilos de erva, se fossem cultivados cerca de mil hectares.

A alternativa que está a ser seguida pelo Ministério da Agricultura implica gastos com a aquisição de rações no mercado espanhol e francês, acrescidos dos custos de transporte das rações.

Caso os agricultores optassem pela produção de erva em vez de milho ou girassol, "obteriam praticamente o mesmo ganho", cerca de 3000 euros por hectare cultivado, disse António Barradas. Mas para que produção de forragens fosse competitiva, a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA) "teria de fornecer a água gratuitamente" durante este novo período de seca que a região está a enfrentar.

"Bastariam 25 pivots e canhões de rega" dos 50 que existem neste momento no perímetro de rega de Serpa para irrigar os mil hectares de plantação de erva, concretiza.

O consumo de água na rega seria de 4 a 5 mil metros cúbicos por hectare, ou seja, metade da que é necessária para a produção de milho (9000 metros cúbicos).

Peres de Sousa, investigador e professor na Escola Superior Agrária de Beja, considera que a ideia "deve ser apoiada" mas "tem de haver planeamento" da cultura e o envolvimento dos agricultores que se mostrem interessados.

Não se aprendeu com 2005

O docente questiona as bocas de rega que continuam sem ser utilizadas nalguns blocos de rega de Alqueva, considerando "inadmissível" que se tenha gasto "uma pipa de massa" na maior infra-estrutura de rega do país e que "não se esteja a produzir", criticando os organismos públicos por "não terem tirado ilações do que aconteceu em 2005", quando o país sofreu os efeitos da seca severa e extrema.

Peres de Sousa argumenta que Alqueva tem condições para "dar apoio em palhas e forragens" à actividade pecuária que existe em "um milhão de hectares" no Alentejo e que não beneficiam de sistema de rega.

Também Franscisco Palma, presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo, considera "positiva" a proposta apresentada por António Barradas, sugerindo que esta fosse enquadrada num programa que facultasse forragens gratuitas aos produtores pecuários que neste momento se encontram "descapitalizados".

O deputado do PSD Mário Simões, a quem António Barradas apresentou a sua proposta, considera que pode ser uma "boa alternativa" à aquisição de rações no mercado europeu, com custos acrescidos para o erário público. Neste sentido vai sugerir ao grupo parlamentar do seu partido que apresente um projecto de resolução que contemple a produção de forragens para fornecer os produtores pecuários em dificuldades.

Pôr a produzir as terras do Estado

O deputado Mário Simões vai avançar junto do grupo parlamentar com uma proposta para que a bolsa de terras do Estado que se encontram dentro da área sob influência de Alqueva seja utilizada na produção de forragens.

Este objectivo pretende responder às dificuldades que foram salientadas numa resolução de Conselho de Ministros da passada terça-feira, ao admitir que a situação de seca "está a ter efeitos muito nefastos" na produção de matéria verde dos prados, pastagens e culturas forrageiras. O Conselho de Ministros reconhece ainda "o agravamento" dos encargos com a alimentação animal, que se reflecte na "subida que se tem verificado" nos níveis de preços dos alimentos, como o feno e a palha.
http://www.publico.pt/Local/regadio...ternativa-para-alimentar-o-gado-1539942?all=1
 

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«Correio da Manhã, 1 de Junho de 2012»

Seca: Situação "trágica" para agricultores da Campina de Faro

A Associação dos Agricultores do Concelho de Faro classificou esta sexta-feira de "trágico" o estado da agricultura na campina de Faro, uma das duas regiões do país com menos humidade no solo, de acordo com um boletim oficial esta sexta-feira divulgado. A par da zona norte do distrito de Aveiro, a campina de Faro é a região do país mais afectada, com cerca de 10% de água no solo, segundo o 6.º relatório sobre o acompanhamento e avaliação dos impactos da seca, publicado pelo Ministério da Agricultura e Ambiente.

De acordo com Ana Lopes, presidente daquela associação, a falta de chuva nos campos não está a ser suprida pela rega, uma vez que "a falta de água na própria folha também afecta a qualidade e a dimensão do produto", exemplificando com o caso dos citrinos.

"Devido à falta de chuva, as nossas laranjas e tangerinas estão com falta de calibre, o que faz com que sejam rejeitadas por muitos e portanto tenham dificuldade de penetração no mercado", disse, apontando as grandes superfícies "muitos difíceis" nesta matéria.

Segundo a líder da Associação dos Agricultores do Concelho de Faro e Concelhos Limítrofes (AACFCL), devido à seca, "muitas árvores morreram e a produção caiu em muitos casos mais de metade".

O relatório do Governo indica que a percentagem de água no solo no Alentejo e Algarve apresenta valores inferiores a 40%, contra valores que variam entre 60% e 90% nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
À excepção do extremo oeste do concelho de Vila do Bispo, com seca severa, o resto da região apresenta um quadro de seca extrema, com a Campina de Faro a ter cerca de 10% de água no solo. O resto do sotavento tem 20% e o barlavento 30%, num quadro de precipitação média regional de 200 milímetros nos primeiros cinco meses do ano, isto é, um terço da média dos anos anteriores.

Ana Lopes aponta a construção do primeiro troço da Via do Infante (A22), inaugurado em 1991, como um dos principais originadores da falta de água no solo.

"Na altura, não fizeram um dique para evitar que a água viesse para sul da estrada e a água vem toda por junto pela ribeira do Rio Seco, em vez de ficar numa lagoa, onde aos poucos se iria infiltrando no solo", explicou.

Recordou que, antes disso, há mais de duas décadas, a campina de Faro produzia cerca de um terço de toda a produção hortofrutícola do país e hoje "não passa de umas poucas dezenas de agricultores.

A presidente da AACFCL desvalorizou a decisão do Governo de subsidiar a electricidade utilizada nos motores de rega, cuja utilidade disse ser "muito pouca para os mais pequenos".

Fonte da Direcção Regional de Agricultura do Algarve disse à Lusa que a futura "electricidade verde" terá como destinatários todos os agricultores portugueses, independentemente da sua dimensão, que serão subsidiados em 40% do total da factura. Os pagamentos deverão começar a ser efectuados ainda na primeira quinzena de Junho, mediante a simples apresentação de factura.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/n...-tragica-para-agricultores-da-campina-de-faro