Indústria eólica



Mário Barros

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Produção eólica afunda em Portugal
Hoje há mais potência eólica no País do que há um ano, mas os parques estão a produzir menos, tendo atingido na semana passada o menor nível de actividade desde o início do ano. Os agentes do sector acreditam que melhores ventos soprarão no futuro.

A produção de energia eólica em Portugal afundou na semana passada, atingindo um volume de 49 gigawatt hora (GWh), que é o valor mais baixo deste ano para esta fonte de geração de electricidade, ficando também ao nível do mínimo semanal de todo o ano passado (48 GWh, na última semana de Abril).

Os dados da REN – Redes Energéticas Nacionais indicam que na semana passada a produção eólica foi 65% mais baixa que em igual período de 2010. No que respeita à electricidade produzida a partir do vento desde o início de 2011, que soma 3.712 GWh, há uma queda de 10% face a 2010.

Sucede que a descida da produção eólica se verifica num contexto em que até há mais potência instalada. Quando o mínimo semanal de 2010 foi atingido (os referidos 48 GWh), a capacidade eólica em Portugal estava nos 3.539 megawatts (MW). Agora a potência disponível a partir do vento é de 3.897 MW.

O presidente da Associação Portuguesa das energias renováveis (Apren), António Sá da Costa, sublinha que “não há nada de alarmante”, realçando, num comentário ao Negócios, que “tem havido menos vento”. Além disso, acrescenta o mesmo responsável, os valores extremos (de crescimento ou descida da produção) andam normalmente em torno de 15% da média, pelo que no final do ano, ou numa análise anualizada, os dados não são preocupantes.

Nelson Quinta, director de desenvolvimento da Iberwind, considera também que estas “são típicas variações sazonais, de pequena magnitude”. Ao Negócios, o responsável da empresa de parques eólicos detida pela Magnum Capital reconhece que “este início de ano está a ser desfavorável”, mas que os efeitos “normalmente são temporários”.

Actualmente está em aberto o potencial reforço do parque eólico nacional. Tendo hoje quase 4 gigawatts (GW) instalados, os pressupostos assumidos pelo Governo no Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis (PNAER) apontam para um crescimento desta capacidade, quer por via de reforços de capacidade em parques mais antigos, quer pela instalação de novos parques.

Consórcios como a Eneop e a Ventinveste estão a progredir no terreno com a instalação de centenas de MW ao abrigo dos contratos assinados com o Estado após os concursos eólicos. Acordos esses que concederam aos vencedores o direito a desenvolver os seus projectos, com uma tarifa garantida (mais baixa naqueles dois consórcios do que as recebidas por parques mais antigos). Em contrapartida, Eneop e Ventinveste tiveram de assegurar a produção nacional dos componentes dos parques.

A EDP Renováveis tinha no final do primeiro trimestre 838 MW de potência eólica instalada em Portugal, ou seja, 12% da sua capacidade global. Nos primeiros três meses deste ano o volume de produção em território nacional já reflectia a menor disponibilidade de vento, ao apresentar uma descida de 12% face ao primeiro trimestre de 2010.

Também a energia hídrica está em queda

Mas não é só a electricidade eólica que segue em baixa. Este ano a energia das grandes centrais hídricas soma 6.698 GWh, situando-se 27% abaixo do volume gerado no mesmo período do ano passado.

Na semana passada a energia hídrica, à semelhança da eólica, bateu no fundo. Os 179 GWh produzidos a partir das barragens foram o valor semanal mais baixo desde o início do ano. O pico, de 513 GWh, foi registado em Janeiro, na terceira semana do ano, segundo os dados da REN.

Esta queda simultânea da electricidade eólica e hídrica está a ser compensada fundamentalmente pelas centrais termoeléctricas a carvão e a gás.

Na semana passada o carvão atingiu o nível de produção mais alto deste ano, com 236 GWh produzidos. Mas foram as centrais de ciclo combinado a gás natural que mais electricidade geraram, alimentando o País com 330 GWh.

Negócios
 

MSantos

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3 Out 2007
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Aveiras de Cima
É o problema da energia eólica, quando para o vento pára a produção de energia:rolleyes:

Mas em outras altura do ano a produção é bastante significativa, neste momento há pouco vento...
 

AnDré

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22 Nov 2007
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A reportagem que o iceworld nos deu a conhecer é interessante, mas a tecnologia indicada levanta alguns problemas.
Destaco um comentário a essa noticia que diz o seguinte:

O rendimento máximo que uma turbina eólica pode tirar do vento é de 45% (Teorema de Betz). As turbinas de eixo horizontal, são as que mais se aproximam deste valor, enquanto que as de eixo vertical, como as serão produzidas pelo sr.Moreira,têm um rendimento que situa nos 30%, pouco variando com a configuração das pás. Ou Betz estava errado, ou a expressão "rendimentos superiores às eólicas convencionais" não tem a ver com a engenharia do sistema.
Será mesmo que são turbinas para produzir energia eléctrica? Com tantas pás o que se consegue é maior binário e não elevadas velocidades de rotação.

É natural que estas turbinas sejam 30% mais baratas que as homólogas, em potência útil, uma vez que não necessitam de sistema de rotação do eixo em direcção ao vento.

Também não se percebe porque é que o sr. Moreira chama micro-turbinas a máquinas em cujos desenhos se vê indicar centenas de kW e mesmo 1,5MW!!

Quanto a Ucrânia ter os "melhores ventos", para produção de electricidade por via eólica, calcule-se a turbulência média e logo falamos.

Estamos a falar de uma reportagem com quase 2 anos. Desde então já se fizeram progressos. Ainda ontem era noticia que a China tinha construído a primeira turbina (de eixo horizontal) offshore com 6MW de potência.


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Quanto ao artigo que o Mário colocou, é mais um sensacionalismo.

Do relatório do sistema electroprodutor de Abril, publicado dia 30 de Maio:

Em Abril as afluências aos aproveitamentos hidroeléctricos situaram-
se dentro dos valores normais com um índice de produtibilidade
de 1.01, suportado pelas afluências aos fios de água, devido a algum
desarmazenamento dos aproveitamentos espanhóis a montante. A
produção hidroeléctrica apresentou uma redução homóloga de 38%,
abastecendo 27% do consumo. Embora com um índice de hidraulicidade
acima da média, 1.12, no final de Abril a produção hidroeléctrica
apresenta uma redução de 26% face ao mesmo período do ano
anterior, quando o índice de hidraulicidade se tinha situado 1.51.

Em Abril a produção eólica situou-se abaixo dos valores médios para
este mês, com um índice de eólicidade de 0.92, tratando-se do primeiro
valor inferior à média desde Setembro do ano anterior.

Ou seja, no mês de Abril o índice de produtibilidade hidroeléctrico ficou dentro dos valores normais, e o eólico abaixo do normal (pela primeira vez desde Setembro).

É caso para dizer que face aos últimos meses estamos mesmo mal habituados.
Mas não nos podemos esquecer da variação sazonal deste tipo de energias. Enquanto nos queixarmos de barriga cheia não estamos assim tão mal.

Quanto a Maio, e tendo em conta apenas os valores diários (o relatório mensal só sairá no final do mês), foi de facto um mês mau para ambas as energias. E comparando com Maio de 2010, que tinha sido acima da média, estamos a falar de quebras de 35% em ambas as energias.

No entanto, só hoje, dia 1 de Junho, devemos produzir quase tanta energia eólica, como os 49GWh produzidos ao longo de toda a última semana de Maio.
 

Agreste

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29 Out 2007
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Um grupo de investigadores do Departamento de Ciências Atmosféricas e Ambientais da Universidade de Albany - Estados Unidos - acaba de publicar uma investigação no Nature Climate Change sobre os efeitos dos parques eólicos no clima local. A equipa liderada pelo investigador Yuanlong Hu demonstrou que nas áreas onde se encontram grandes parques eólicos, a temperatura local aumenta até 0,72ºC por década comparando com as áreas onde estas estruturas não existem.

Para chegar a esta conclusão os autores utilizaram dados de satélite tomados desde o ano 2003 até 2011 de uma região do Texas onde se encontram 4 dos maiores parques eólicos do mundo e compararam-nos com dados de outros lugares. A principal conclusão a que chegaram é que a área em redor dos parques aquece mais que as áreas adjacentes sobretudo durante a noite.

http://www.nature.com/nclimate/journal/vaop/ncurrent/full/nclimate1505.html
 

Knyght

Cumulonimbus
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10 Mai 2009
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Uma questão compararam a variação numa região na mesma latitude para esses 8 anos, sem parques eólicos?!

Eu venho a muito tempo a afirmar que subestimamos o nuclear para caprichos dos ambientalistas e por isso estamos na cauda da Europa.